Ilhéus: A Princesinha do Sul da Bahia

Por Márcia Dias do Nascimento | 15/02/2018 | Sociedade

ILHÉUS

“A PRINCESINHA DO SUL DA BAHIA

NASCIMENTO, Márcia Dias do[1]

RESUMO

Em dezembro de 2017, deixei o Rio de Janeiro, cidade onde construí toda minha vida pessoal e profissional seguindo rumo a cidade de Ilhéus – BA, onde estou residindo atualmente e acredito ter sido um privilégio esta oportunidade.

O contato com lugares, costumes e pessoas diferentes despertou-me o interesse em investigar as complexidades desta cidade, compreender as peculiaridades e diversidades da cultura e influências na etnia, apresentar as reais características dos ilheenses.

A “Princesinha do Sul”, assim propagada, despertou curiosidade e esperança de inúmeras pessoas, em busca de uma nova perspectiva econômica. Com base nessas realidades, uma ampla literatura foi desenvolvida por autores da região, como Jorge Amado e Adonias Filho, contando os dissabores e escabrosidades dos coronéis[2] do cacau, histórias verídicas e algumas delas com um “toque” a mais de intensidade para despertar o interesse e imaginação dos leitores.

Palavras chave: Ilhéus. Cultura. Diversidade.

INTRODUÇÃO

A cidade de Ilhéus foi considerada uma das mais prósperas da Bahia durante toda a primeira metade do século XX. Toda aquela prosperidade aconteceu em decorrência das grandes plantações de cacau que a cidade possuía. Era a época do "Fruto de Ouro", época em que os coronéis acumularam grandes fortunas e construíram imponentes palacetes.

Em verdade, o que chamamos de Região Cacaueira ocupa todo o sul da Bahia, espaço que abrangia as capitanias hereditárias de São Jorge dos Ilhéus e de Porto Seguro, do Brasil colonial. Aí, o cacau foi apontado desde aquele tempo, quando “Aires de Casal, em 1817, ao descrever a vila de Ilhéus ou São Jorge já registra ‘algum cacau’ ao lado do arroz e café” (Adonias Filho, 1976, p.14).

O medo do “diferente” não foi uma característica evidenciada no processo migratório dos sírios e libaneses para o Brasil, a grande maioria que entrou no Brasil era de mão-de-obra agrícola, com poucos artesãos. Existe grandeinfluência e presença desses imigrantes na formação cultural da cidade de Ilhéus, nos âmbitos da sociabilidade e podendo-se atribuir um registro significativo ao aspecto gastronômico. É verdade que alguns tinham ofícios e que os praticavam no Brasil. A maioria, contudo, conhecia poucas técnicas que lhe pudessem servir na nova terra e, evitando a agricultura e a indústria, começou a mascatear fósforos, armarinhos e fazendas pelas ruas da cidade e do interior (1960, p. 186). Essa afirmação vai encontrar eco em Adonias Filho[3], quando afirma que a chegada dos sírios e libaneses para a região se deu por volta de 1871.

Dos imigrantes estrangeiros, em sua maioria foram os árabes que vieram quase todos para ser comerciantes. Muitos hábitos alimentares hoje recomendados como salvação para a saúde, como o valor dado aos grãos, o trigo, a lentilha, a fava, o arroz, bem como o uso de carnes de carneiro, aves e peixes; a utilização de temperos e especiarias, como a cebola, o alho, a hortelã, o coentro, a salsa, a canela; a importância da coalhada fresca ou seca, isolada ou no preparo de alimentos; o hábito hoje tão louvado de ingerir legumes crus ecom casca, bem como o uso constante de folhagens na alimentação; enfim, tudo isso é presença árabe na sociedade ilheense.

Esta pesquisa, está dividida em três etapas, na primeira relata a história de Ilhéus na remota época das capitanias hereditárias.

Na segundo etapa, Início da plantação de cacau quando em 1754 o governo português acabou com o sistema de capitanias hereditárias e as terras brasileiras voltaram para as mãos do governo. Foi nessa época que iniciaram o plantio do cacau.

Na terceira etapa, com a cultura do cacau em abundância, Ilhéus atraiu imigrantes e forasteiros, e se consolidou como polo irradiador de desenvolvimento de toda a Região Sul da Bahia. O bom relacionamento de etnias tão diferentes que fazem parte da construção cultural e social da cidade de Ilhéus...

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