Idioma Missionário
Por Paulo de Aragão Lins | 14/11/2008 | FilosofiaQuando estava no Colégio Quinze de Novembro, em Garanhuns,conheci muitos missionários americanos. Eles foram uma verdadeira inspiração para minha vida e para muitos dos meus colegas de ministério.
Um deles era tão sorridente que tinha o apelido de "Happy Neville", que significa "Neville Feliz". De todos os missionários que conheci foi ele o que teve mais dificuldades em absorver nosso complicado idioma. Para nós que convivíamos com eles não era novidade escutar uma missionária dizer:
-Rapaz, pode ver se minha carra (para dizer carro) está bem entusiasmado (para dizer estacionado).
O Rev. "Happy" Neville, apesar da dificuldade do idioma, estava sempre pregando em toda parte, com alegria e disposição.
Certo dia resolveu pregar sobre o encontro de Nicodemos com Jesus e eis o que saiu:
-Quando Nicodema foi se encontrar com Jesus, ele perguntou sobre a vida eterna e Jesus lhe disse:
-Rapaz, você precisa nascer de novo!
-E como é que eu vou nascer de novo? Perguntou Nicodema. Como é que eu vou entrar na venta de minha mãe e nascer outra vez?
Mas outro pregador americano, o Rev. Henderlite, pregando sobre o filho pródigo, também disse coisas bem esquisitas. Confira:
-E quando a filha pródiga voltou à casa paterna, seu pai não lhe deu um chute não. Seu pai mandou colocar um anel no seu dedo, uma túnica em suas costelas e mandou matar um besouro cevado para ele comer.
Quando estava de férias fiz algumas viagens missionárias com o Rev. Pierre DuBose, americano da Flórida, apesar do nome francês. Certa vez almoçamos na cidade de Açu, um verdadeiro banquete oferecido pela família Montenegro. Quando terminamos de almoçar, Pierre elogiou muito a comida oferecida e completou:
-Gostei de tudo, mas o que para mim estava melhor foi esta porcaria.
Ele estava se referindo a um saboroso pernil de porco assado que fazia parte do lauto banquete.
Foi ele mesmo que mandou um dos candidatos ao ministério que iria voar conosco até Campina Grande tirar as calças.
O rapaz ficou encabulado e confuso, porque havia muitas pessoas da igreja que tinham vindo se despedir de nós. O rapaz, então, perguntou a Pierre?
-Reverendo, onde é que eu vou tirar as calças e o que é que eu vou vestir?
- Não são as suas calças, rapaz, são as calças do avião! (Ele estava se referindo, é claro, aos calços do avião, para podermos decolar.)