Idealismo de docente do ensino superior
Por Roberto Messias Amorim | 20/09/2010 | EducaçãoRoberto Messias Amorim
Pós Graduando MBA em Análise, Projeto e Gerência de Sistemas(Simonsen)
Resumo:
O professor do ensino superior é um facilitador do aprendizado, é um cidadão crítico que estimula seus alunos a serem pesquisadores do conhecimento, ele não pode ser um daltônico cultural pois tem por base nas relações interculturais o desenvolvimento de metodologias para facilitar o processo de ensino.
Palavras-Chave: professor, cultura, ensino
O docente, ao longo de muitos anos tem tido o papel de maior importância no processo de ensino, GIL (2009) "Classicamente no processo de ensino tem sido atribuída maior importância ao professor. Tanto é que este aparece na maioria dos trabalhos publicados nos últimos três séculos como figura mais importante no processo de ensino." (p.18), porém, nos dias atuais a realidade que nos deparamos, não é mais a do docente no papel principal de todo o processo de ensino e aprendizagem.
Atualmente, com os avanços tecnológicos, e no mundo cada vez mais globalizado é comum termos acesso à informações de qualquer parte do mundo através das tecnologias da internet, rádio, televisão e etc. A facilidade de se obter informação e conhecimento é tão vasta, que mudou a visão de que o papel fundamental do professor é de ensinar, colocando-o no papel em que sua principal responsabilidade é de ajudar o estudante a aprender, ou seja, ser um "facilitador da aprendizagem".
Rogers (apud GIL,2009) narrava, "ensinar é uma atividade relativamente sem importância e vastamente supervalorizada" e propõem que o professor se transforme em um "facilitador da aprendizagem". (1985, p.125)
O docente após ter seu papel fundamental modificado com o passar dos anos, não perde sua importância, pois é justamente graças a estas modificações, que o fazem se especializar e que além das qualificações básicas, busque especializações nas técnicas pedagógicas de ensino e títulos de competência como por exemplo a especialização de docentes do ensino superior com o Lato sensu e o strictu sensu.
Em meio a variedade de informações disponíveis é difícil para o aluno ser auto didata e absorver todos os conhecimentos disponíveis, com isso entra o papel fundamental do professor universitário, FREIRE (1996) "Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino." (p.85) ensinar exige curiosidade, exige que o professor seja um contínuo pesquisador para que possa ser um facilitador de conteúdo, de forma didática a compreender as dificuldades e variedades de diferenças sociais encontradas em sala de aula, e ajudar o aluno a encontrar um atalho que vença o obstáculo para o aprendizado.
"mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas ? mas que elas vão sempre mudando" (Guimarães Rosa)
O ser humano nunca termina o seu aprendizado, sua busca por conhecimento, pois enquanto há vida é possível se aprender com os fatos e as experiências que ela nos proporciona, a curiosidade proporciona um contínuo processo de seleção e filtragem de conhecimentos. MACHADO (2007) cita o filósofo John Locke (1632-1704) que cita suas ideias na sua obra Ensaio acerca do entendimento humano.
"(...) a mente humana, ao tempo do nascimento, não é mais do que um quadro branco dotado apenas da capacidade ilimitada de obter conhecimento através de um processo que hoje chamamos de endoculturação (socialização)." (p.18)
Em todo o mundo as pessoas buscam aprender o caminho da felicidade, do sucesso, da auto satisfação e isso nos torna iguais por sermos aprendizes até o ultimo segundo de vida e diferentes pelos motivos que nos levam a busca do aprendizado.
O professor de um modo geral tem um papel fundamental na vida de muitas pessoas, pois ele é o instrumento facilitador do aprendizado, é ele o responsável por estimular ou desestimular um aluno a buscar o conhecimento, e o professor do ensino superior desempenha um papel muito importante pois tem o dever ético de transformar os seus alunos em pesquisadores autônomos, afim de que possam buscar conhecimento e desenvolver pesquisas por si próprio.
FREIRE (1996) "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." (p.47)
Assim como é dito no trecho da frase de Guimarães Rosa ".. as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas ? mas que elas vão sempre mudando". As pessoas enquanto vivas, nunca estarão terminadas, pois estão em constante aprendizado e através disto é possível aprimorar suas ideias e seus conhecimentos fazendo com que elas estejam sempre mudando.
FREIRE (1996) cita "Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade." (p.29)
Ensinar exige segurança e competência profissional, FREIRE (1996) "O professor que não leva a sério sua formação, que não estuda, que não se esforça para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe."(p.92) para que se desenvolva um processo de ensino eficaz é necessário estar atualizado ao o que acontece ao seu redor e a novos pontos de vista, ou seja, é necessário que se faça um contínua reciclagem de conhecimentos.
FREIRE (1996) ".. o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da sua experiência vital" (p.50)
Com isso se pode concluir que não há nenhuma pessoa que se encontre em uma estagnação total que não possa ser mudada, pois enquanto houver vida há uma constante reciclagem de conhecimentos e aprendizados.
Uma ferramenta que pode ser utilizada pelos docentes na missão de ajudar no aprendizado dos alunos, é a relação interpessoal com os mesmos, pois as relações interpessoais facilitam a comunicação e estabelecem laços nas relações humanas. Estes laços necessitam ser fortalecidos para que se possa entender os anseios e dificuldades dos alunos, de modo que com base nisso se possa criar uma estratégia para combater as dificuldades dos alunos. A maior dificuldade por parte do estudante na sala de aula é entender o propósito do conhecimento que está sendo oferecido a ele, é raro o docente tentar identificar quais são os tipos das múltiplas inteligências ele pode encontrar nos seus alunos, não é dada a devida importância aos testes vocacionais nos ensinos de nível médio, e com base nisso derivam em estudantes de nível superior que não sabem qual carreira seguir.
A principal dificuldade para muitos professores é justamente estabelecer uma relação interpessoal com os alunos, pois o fazendo, o professor tem que se despir de todo o preconceito com a diferença de conhecimentos entre ele e o aluno, fato este que o coloca num pedestal, e assim dificulta o entendimento das dificuldades encontradas por seus alunos.
ANTUNES (2004) "As relações que envolvem alunos e professores, professores e professores, professores e pais e ainda muitos outros atores do universo escolar são marcadas pelo imprevisível e, como assim são, nem sempre é possível antecipar o uso das relações interpessoais."
Com o multiculturalismo encontrado nas salas de aulas, até mesmo nos dias de hoje é possível se encontrar preconceitos que envolvem desde questões sociais até questões raciais e religiosas.
MACHADO (2002) ".. afirmar que nossa sociedade é marcada por uma diversidade cultural significa reconhecer a pluralidade de grupos sociais, étnicos e culturais que a compõem. Significa, também, valorizar a riqueza que essa heterogeneidade traz à sociedade e rejeitar quaisquer mecanismos discriminatórios " (p.31)
A preocupação do reconhecimento do multiculturalismo somado com a importância das relações interpessoais com os alunos, é possível ter base para planejar uma adaptação no currículo proposto de ensino, afim de que se possa obter um resultado mais eficaz no sistema ensino e aprendizagem. Nos dias atuais é de suma importância adequar o currículo do curso as realidades da sala de aula, e com isso rever e modificar se necessário, as metodologias e bibliografias antes definidas no escopo do planejamento.
GIL (2009) "A maioria dos professores universitários reconhece a importância do planejamento do ensino. Mas nem todos planejam seus cursos de maneira criativa. Muitos simplesmente seguem os capítulos de um livro-texto, sem considerar o que é realmente necessário que os alunos aprendam. Também é grande o número de professores que utilizam sem muita reflexão os mesmos métodos de ensino e os mesmos procedimentos de avaliação." (p.94)
O Planejamento da aula é algo indispensável para o docente, pois é com base no plano de aula que é traçado um roteiro sistemático das atividades a serem desenvolvidas dentro e fora da sala de aula, com o planejamento o docente aborda os objetivos que os alunos devem alcançar e todos os pontos relevantes para o conteúdo programático adequado para o alcance desses objetivos. Para facilitar o alcance desses objetivos, o avanço tecnológico proporciona a utilização de muitos recursos uteis no processo de ensino, tais recursos como internet, computador, data show, são hoje indispensáveis para o processo de ensino e aprendizagem.
A avaliação do processo de aprendizagem do aluno é um tema que requer muita atenção do docente e preocupação por parte do aluno, pois na maioria dos casos o aluno não encara como algo benéfico para demonstrar o que aprendeu, e dedica sua atenção apenas para obter a nota necessária para ser aprovado na disciplina.
GIL (2009) "A avaliação vem se modificando ao longo dos tempos, em decorrência não apenas da incorporação de novas tecnologias, mas também da filosofia que a rege. A existência de uma diversidade cada vez maior de procedimentos avaliativos com notável nível de precisão contribui para que os professores adotem novas atitudes em relação à avaliação. " (p.246)
É importante que se haja ética na elaboração das avaliações e se use o critério de avaliação com fins de melhorar o aprendizado do aluno em forma de uma avaliação contínua, que estimule ainda mais o seu aprendizado e não de forma apenas burocrática.
O bom professor é o que tem sede conhecimento, pois sabe que ensinando ele está em constante aprendizado, está se atualizando, pesquisando, revendo seus conceitos.
FREIRE (1996) "É vivendo criticamente a minha liberdade de aluno ou aluna que, em grande parte, me preparo para assumir ou refazer o exercício de minha autoridade de professor" (p.90)
O bom professor é um cidadão ético, que pensa certo, que tem compromisso com a sua responsabilidade em ser crítico e dar a sua opinião, fazer a sua parte para mudar o que está errado e com isso serve de espiração para os seus alunos.
FREIRE (1996) "O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento." (p.86)
A conclusão chegada, é que devido a evolução natural de conhecimento, na qual o professor era visto como símbolo central da origem do conhecimento, transformou-se em um símbolo de facilitador do aprendizado. Mais especificamente os professores de nível superior, tiveram que acompanhar esta mudança, se atualizando e se especializando com cursos e aquisição de títulos comprobatórios do seu conhecimento e de suas habilidades para facilitar o aprendizado. Uma das principais ferramentas que auxiliam o professor a desempenhar o seu papel de facilitador do aprendizado, é a relação interpessoal desenvolvida por ele junto aos seus alunos, pois através dos laços estabelecidos por estas relações ele consegue compreender as dificuldades dos alunos e montar uma metodologia de ensino e uma adaptação no currículo a ser seguido, afim de tornar o aluno apto a vencer suas dificuldades e a se tornar um pesquisador autônomo.
Bibliografia
ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 4 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.
ANTUNES, Celso. Relações Interpessoais e auto-estima. A sala como um espaço do crescimento integral. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.
GIL, Antônio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MACHADO, Cristina Gomes. Multiculturalismo: muito além da riqueza e da diferença. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2002.