Idade

Por Nivea Santana | 18/11/2011 | Crônicas

Hoje me sinto velha, não velha como as jovens senhoras de cabelos brancos que passeiam com seus netos à tarde, mas como um livro antigo e empoeirado, esquecido ou guardado na última estante do canto mais escuro da biblioteca de um grande museu, que se veste de mofo e traças e cujo o mais leve toque pode fazer esfarelar.
Velha como as melhores garrafas de vinho de uma adega e como as histórias de assombrar crianças.
O peso do tempo arqueia meus ombros e enruga minha pele, quase posso sentir as camadas de carne sobrepostas se agarrando aos ossos, puxando, e comprimindo os nervos sob seu peso milenar. Pernas e pés tornaram-se qual troncos de um velho carvalho. Sou obrigada a ver o mundo passando em desabalda carreira, enquanto eu mal posso caminhar.

Hoje não tenho dias, mas eras de existência.