Iara mãe d'água: olhos cheios de lágrimas

Por emerson ramos de souza | 21/02/2015 | Crônicas

IARA MÃE D’ÁGUA: OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS

(...) Água que nasce das fontes... A bem pouco tempo atrás um distinto senhor de Goiânia escreveu um texto a respeito do amapá. O fato é que esta produção gerou revolta e comoção em todos os nossos irmãos “índios”, sim é como nos tratam no restante do brasil.

Bem, hoje reafirmo na íntegra o que este nobre senhor, em tom de ironia, relatou sobre a terra dos tucujus. Tal senhor afirmou que o Amapá é a terra do imaginário, já que tudo aqui refere a marco zero (grande cartão postal), onde passa a linha imaginária do Equador.

Meu bom senhor, o Amapá é realmente a terra do imaginário mesmo, e me orgulho disso, afinal somos a parte do brasil mais bem preservada e, por conta disso, o senhor ainda consegue presenciar poucas chuvas desse lado daí do Brasil. Concordo que nossos times de futebol são poucos expressivos e que realmente um dos nossos tomou de goleada de um dos seus, mas o brasil tomou de sete da Alemanha e mesmo assim, nem eu nem o senhor deixamos e ser brasileiros. Ah! Quase me esqueço, nossas “tribos” torcedoras adversárias não precisam ser escoltadas pela polícia antes e depois dos jogos, pois somos selvagens o suficiente para entender que futebol é entretenimento e congratulação entre os irmãos que tem gostos diferentes.

Você fez críticas duras, sorriu, ironizou, debochou e menosprezou, contudo você não podia prevê que os estados civilizados e admirados por vossa senhoria iriam sofrer com um problema pelo o qual o nordeste vem sofrendo desde que o monte Pascal foi visto pelos bravos europeus que dizimaram parte dos nossos irmãos. Talvez por uma visão tão preconceituosa quanto a sua para as “autoridades” a água nunca foi um problema enquanto só atingia nossos irmãos “cabas da peste”, agora que passou a fazer falta para a população civilizada virou tema de comoção nacional e, acredite nos preocupa também, porque apesar de haver mentes como a sua em todo território nacional, nós selvagens somos humanos e não nos deliciamos com o sofrimento alheio.

Nobre senhor “mim” e meus irmãos gostaríamos de lhe contar algo que vossa nobreza não acreditaria...nós temos água em abundância, o estado tem controle sobre todas as áreas do território amapaense, tem tráfico de drogas e outras porcarias que a civilização oferta, mas ainda assim os narcotraficantes não possuem o domínio territorial, e olha que nossa força policial é precária tal qual a daí. Você não vai acreditar, mas: sequestro relâmpago, explosão de caixas eletrônicos, assalto a carros fortes e arrastões ainda não temos. Isso não é inimaginável?

O rio Amazonas, maior rio em volume e extensão de água do planeta, passa bem aqui em frente ao nosso principal ponto turístico, a fortaleza de São José de Macapá. Ele, o rio, para nós, é tão sagrado quanto a vida de cada cidadão brasileiro e por isso gostaríamos de fazer um convite, venham aqui, venham desfrutar de nossa selvageria e aprender como conviver com a mãe natureza. Lógico não estou dizendo que todos os irmãos aqui são selvagens, alguns se tornaram civilizados e acreditam que comemos e bebemos dinheiro, ganância e riqueza, porém estes por aqui ainda são a minoria.

Temos muitos problemas senhor, e talvez por ironia o único que nos torna parecidos com o restante do Brasil é a praga decorrente do parasitismo conhecida como “políticos corruptos”, eles sugam mais da metade das verbas que vem daí (obrigado por isso), só ainda não os extirpamos porque eles tem o mesmo colete daqueles que sugam a Petrobrás e a nação como um todo “o código penal brasileiro”, que concede aos abastados condição de intocáveis. O que também é culpa nossa, pois chega a ser vergonhoso ter uma presidente que se comove com um traficante (quantas vidas foram mesmo tiradas ou perdidas pelo reflexo da profissão dele?) E não faz nada por pacientes de boa índole que estão nos hospitais do Brasil, na mesma condição do meliante, ou seja, no corredor da morte.

Então nobre senhor e demais irmãos “mim” deseja que superem seus problemas, principalmente aqueles que tornaram-se condição essencial para manutenção da vida, tal como é a falta de água, mas se precisar de ajuda estaremos aqui pra receber cada irmão de braços abertos afinal, somos selvagens, somos índios, somos amapaenses, somos nortistas, somos brasileiros. Ah! Quase me esqueço de mandar um salve a todos os brasileiros, sejam do nordeste, do sul, centro oeste ou sudeste, que assim como a maioria de nós são selvagens e respeitam as diferenças!        Por: Emerson Ramos de Souza