I I- FAMÍLIAS COLONIZADORAS DO MARANHÃO

Por Djalmira Sá Almeida | 17/08/2012 | História

II- FAMÍLIAS COLONIZADORAS DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ E OS AGLOMERADOS URBANOS ORIGINADOS DOS PROJETOS ADMINISTRATIVOS DO GOVERNO COLONIAL

Esta é uma parte do Segundo capítulo do Livro que trata da “História de Itaituba e sua relação geopolítica com os demais municípios do Pará”. Neste capítulo serão acrescentados os brasões e a genealogia dessas famílias encontradas na pesquisa.

 

2.1  FAMÍLIAS COLONIZADORAS DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ

 

Para mostrar a soberania portuguesa diante da falta de compromisso dos espanhóis com a terra conquistada, por  tratado internacional,  a despreocupação em ocupar as capitanias abandonadas, principalmente nas áreas que mais tarde seriam as duas Províncias do Grão Pará/Maranhão e Rio Negro/Solimões, No começo do século XVII, o Governo Português mandou subdividir as capitanias, diminuindo os tamanhos das áreas e aumentando o contingente de militares (generais, tenentes, coronéis, capitães, alferes, majores e religiosos para colonizá-las). Inicialmente, o rei de Portugal enviou 250 famílias de áreas portuguesas para o Brasil, considerando somente as cadastradas; porque muitas já estavam aqui e algumas vieram clandestinamente; dessas famílias inscritas no projeto português, 50 eram colonos que vinham da Ilha de Cabo Verde para o interior de Itamaracá – Pernambuco; 50 famílias de navegadores e camponeses vindos do Porto para a Bahia para colonizar o Vale do São Francisco; 50 famílias da Ilha da Madeira para o Rio de Janeiro; 50 famílias açorianas para os povoados do sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que, mais tarde, em torno de 50% dessas da região do contestado migraram também para a Amazônia) e 150 vindas direto de Lisboa para a região do Maranhão e Grão Pará, visando mostrar preocupação com a ocupação das terras da Amazônia, de forma organizada e produtiva.

Essas famílias entraram em terras brasileiras com brasão de família e direito de abrir fazendas, plantar, colher, instalar sesmarias para vender seus produtos; em troca pagariam tributos pelo que fosse extraído da terra pela qual teriam 50 anos para quitar a posse e tornarem-se proprietários definitivos das áreas colonizadas. Entretanto, grande número de famílias do Porto e de Lisboa já estavam aqui no período dos governos gerais, em capitanias do norte e nordeste, uns já arrendando terras e outros passando para seus filhos a hereditariedade de suas bandeiras e outras se tornaram sertanistas se embrenharam pelas florestas,  à procura da terra prometida para abrir fazendas e sesmarias, combatendo indígenas e procurando ouro.

 Muitas famílias portuguesas vieram no início do período Colonial com os Governos Gerais, na maioria parentes dos donatários; primeiro com Tomé de Sousa (grande contingente); depois com Duarte da Costa (em menor escala) e com Mem de Sá (um número tão grande que quase esvazia Portugal), e isto para fugir da peste espanhola, da pobreza e das dívidas contra a coroa e contra a igreja. Assim, poderiam, longe da pureza reinol, assumir compoder de donatário as capitanias abandonadas do norte e do nordeste. Uma grande quantidade de famílias já descendentes desses chamados Bandeirantes e Sertanistas (luso-brasileiros), netos de bandeirantes paulistas, mineiros, cariocas e baianos, passaram a procurar suas terras no interior do Brasil  principalmente do Paraná, Mato Grosso e Pará e participando dessa estratégia de colonização também outras famílias  vieram, a mando do rei de Portugal, das Ilhas de Açores, da Ilha de Cabo Verde e da Ilha da Madeira, no período imperial, diretamente para Belém. Além do grande número de judeus convertidos, mouros e moçárabes que foram convidados a sair da Península Ibérica, durante o Santo Ofício da Inquisição em Portugal e Espanha, isto sem contar a infinidade de negros e pardos das colônias da África (Angola, Guiné, Congo e Moçambique) e da Ásia (Líbano, Síria e  Turquia) que também entraram para participar dos projetos das grandes navegações na América do Sul; muitas outras Famílias continuaram vindo de Portugal e de outros países, do período colonial até a Independência, com o objetivo de transformar os povoados e sesmarias em feitorias, vilas e cidades. Além dessas, mais de 300 famílias portuguesas ou de colonias portuguesas entraram no Brasil no final do período imperial. E até mesmo durante a República Velha, após as duas Guerras Mundias, mais famílias com esses sobrenomes continuaram migrando de diferentes regiões já colonizadas pelos portugueses (Índia, África, Marzagão e Marrocos) para o Brasil, principalmente para a Amazônia.

WIEDERSPAHN (1979) destaca um aspecto de grande relevância da colonização açoriana do Brasil.

É que ela teve como base os "casais", ou seja, "marido e mulher" e isso contribuiu substancialmente para a constituição de uma sociedade formada por famílias fortemente consolidadas, sendo este um dos maiores legados herdados pelos brasileiros, do povo açoriano. Logo, devidamente respaldado nestas constatações, pode-se concluir que foi de grande significação e e grandemente valiosa a contribuição dos Açores à colonização do Brasil nos séculos XVII e XVIII. A principal característica do povo açoriano desde o povoamento das ilhas até os dias de hoje é a emigração. Os motivos da imigração geralmente se baseiam em três grandes blocos: o econômico, devido às mudanças no sistema capitalista; o geográfico, mudanças climáticas, abalos sísmicos, vulcões, tsunamis e outros fenômenos naturais; e o bélico, onde a destruição local ou o medo do alistamento militar fazem ocorrer os fluxos migratórios.

 

Conforme explica esse autor, os Açorianos passaram pelos três fenômenos e um dos principais destinos foi o Brasil, onde contribuíram muito para o povoamento tanto numericamente, como na defesa das fronteiras e, principalmente, culturalmente, trazendo suas tradições católicas, sua culinária, o trabalho na terra e no mar.Todo momento em que o açoriano se viu ameaçado por uma quebra de colheitas, estiagem, dificuldades comerciais, diminuição dos fluxos de mercadorias e estrangeiros, vulcões, sismos ou pressões políticas e religiosas; o açoriano olhava para o mar e se lançava à migração. Um dos principais destinos era, e ainda é a América, com destaque para os EUA e Brasil, porém, embora deixem sua terra natal, carregam consigo uma forte identidade regional que semeou e continua a dar frutos em diversas culturas.

 Luiz RIBEIRO (2003), em sua obra, conta sobre a chegada dos açorianos no Maranhão, nos séculos XVII e início do XVIII, cuja preocupação era garantir o domínio territorial do Norte do país que sofria ameaças francesas, inglesas e holandesas. Ocupar a costa brasileira era fundamental, já que no começo do século XVII foi a França quem chegou a estabelecer na região do Maranhão uma pequena colônia, desrespeitando o tratado de Tordesilhas. Na época Portugal estava anexado à Espanha devido à União Ibérica e o governo espanhol, com medo dos franceses invadirem suas terras, mandou uma força militar portuguesa de 400 homens em 1615, a qual expulsou os franceses e a ocupação na região sofre outros rumos; assim,  para garantir a fronteira é iniciado um povoamento de homens livres, os açorianos.

A emigração açoriana para o Brasil teve início no Século XVII, em 1619, com trezentos casais que chegaram ao Maranhão. Naquela época o norte do país era considerado selvagem, não era marcado pela busca do ouro ou pelas grandes plantações de algodão. O açoriano, como sempre, ficou com a tarefa mais difícil de desbravar, garantir fronteiras. No início da colonização brasileira o açoriano dividia o papel de povoador com os jesuítas que catequizavam os índios. Esses 300 casais chegavam a mil pessoas, pois vinham com seus filhos e criadagem, então para os padrões da época, era uma considerável massa de pessoas, tanto que logo tiveram influência para ocupar importantes cargos na administração regional.

No Pará, a emigração açoriana prosseguiu com a chegada de mais 50 famílias constituídas por 219 pessoas que embarcaram, no dia 29 de março de 1677, no barco “Jesus, Maria e José”, em Horta, na Ilha de Faial, com destino ao Grão Pará, atual Estado do Pará, conquistando o restante do território amazônico, ultrapassando as fronteiras do tratado de Tordesilhas. Os Açorianos que foram enviados a toda a região amazônica sofreram com insetos, calor, falta de qualquer conforto, apoio governamental, além de ser impedidos de comercializar com os franceses, os mais próximos a região, sendo tudo escasso, eram verdadeiros desbravadores.  Também em Macapá, mais tarde, em 1751, seguindo a política de povoamento, o Rei de Portugal encaminha para  Francisco de Mendonça Furtado, que comandava a região de Belém do Pará, um grupo de 432 pessoas que iriam fundar a Vila de São José do Macapá e lá instalar um forte, sob a supervisão dos padres da Companhia de Jesus. A idéia era não só povoar, mas trazer juntamente com os açorianos a cultura portuguesa, a fé católica, nos moldes portugueses europeus e não dos indígenas.

Embora o açoriano tenha contribuído e crescido muito na região, através da agropecuária, a vida dos açorianos nunca foi fácil, a começar pela viagem que era péssima; depois a luta com os indígenas locais, a falta de mão-de-obra, pois os índios eram protegidos pelos jesuítas, mas com eles disputavam fronteiras. Os índios, a pedido dos missionários, chegaram a ajudar no combate aos holandeses e franceses, que tentaram invadir o Maranhão, enquanto forças do Pará e Pernambuco se uniram para apaziguar a região.  Era a Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão que transferia boa parte dos colonos, patrocinando sua viagem, para que  pudessem povoar o norte, espalhar a cultura portuguesa, trabalhar a terra e lutar contra os holandeses e franceses, tanto que a importância açoriana é descrita já em 1808, quando os outros europeus já haviam sido expulsos, os chefes de famílias açorianas que agora adiministravam o forte e a região eram uma parcela considerável da população, muitos já com filhos e netos penetrando no interior do Pará, contribuindo para a colonização das áreas ribeirinhas aparentemente ‘desconhecidas’ dos luso-brasileiros.

Entretanto,  o principal problema era a falta de mão de obra, sem escravos africanos e com poucos índios, ficava difícil manter a cultura predominante do império que era o grande sistema monocultor de produção de açúcar e os altos custos das mercadorias trazidas de Portugal. Os colonos então se juntaram no Pará, em 1684 e expulsaram os jesuítas, queriam acabar com o abuso das taxas de comércio cobradas. Esse movimento ficou conhecido como a revolta de Beckman, o líder do movimento, mas a vinda de um novo governador geral acabou com a revolta e vários colonos foram presos. A influência dos açorianos era tão grande que São Luís do Maranhão, onde  se fixou a maioria,  tornou-se a capital do Estado Português; chegou, em 1654, a unir as capitanias do Maranhão e Grão-Pará numa área que vai do Ceará ao sul do Amazonas e parte de Goiás. Assim, com as diversas lutas por melhores condições de vida e comércio, fizeram com que, na região, pudessem ser implantadas as grandes monoculturas de açúcar, de algodão e borracha, que garantiam o sustento, não só dos açorianos, mas de toda a região norte do país.

Tanto no sul como no norte, as festas regionais trazidas pelos açorianos se moldaram com a cultura local, deixando raízes luso-espanholas profundas, como a festa do boi-de-mamão, que narra a retirada de um bom touro de uma fazenda, para fazer a farra do boi, festa que durava dias, até o touro cair cambaleante de exaustão. Este tipo de festa vem da tourada de corda da Ilha Terceira e das festas do divino de Alcântara, no Maranhão; além da própria festa do Divino Espírito Santo que também é comemorada no norte do pais, mesclada com a cultura anterior espanhola e a africana local. Em 1630, os holandeses invadiram Pernambuco, região menos policiada e grande produtora de açúcar. Até 1634 enfrentaram a resistência portuguesa, porém a desestruturação da lavoura canavieira e a destruição dos engenhos nas lutas e fugas dos escravos acabaram em rendição. A partir de 1645 inicia-se uma luta contra a Companhia das Índias Ocidentais, habitantes da colônia ajudados por Portugal o qual lutava para se reestruturar, proclamam a Insurreição Pernambucana. Em 1654 expulsam os holandeses. O madeirense chamado João Fernandes Vieira, superintendente das fortificações das capitanias do Norte do Brasil, em 1674, participou da Guerra contra os Holandeses (1645 – 1654) e na restauração de Pernambuco (1654); ganhou muitas terras na Região como prêmio por sua dedicação ao império, mas quando assumiu o cargo de chefe do Norte do país, implorou ao Rei que  enviasse casais açorianos para povoar a terra, fortificá-la contra futuras invasões e espalhar a cultura portuguesa. Escolheu os açorianos porque sabia das adversidades que os mesmos enfrentavam em sua terra natal, de acordo com a afirmação de RIBEIRO:


São essas capitanias muito abertas ao mar e já tenho feito aviso que toda a casa de gente serve para estas conquistas e se forem casais com suas famílias s e povoarão com mais facilidade e das ilhas dos açores pode vir quantidade de gente, desta ou da ilha da Madeira, sem ali fazer falta; o pedido foi acatado e muito apreciado pelo Rei já que o Próprio D. João se dispunha a pagar as despesas da viajem de 300 a 400 famílias, a serem pagas com trabalho pelos açorianos e madeirenses.precisava-se de todo tipo de gente, carpinteiro, padeiro ferreiros, etc. ele aconselhava o Rei de Portugal a fortificar o nordeste, pois a terra era boa, e bem povoada daria muitos frutos ao império, como a cana de açúcar deu no futuro. (Luiz RIBEIRO, 2003).

 

 Mas, como os açorianos já haviam ido ao Pará e Maranhão, então enviaram madeirenses; João faz um novo pedido de casais, desta vez especificamente da Graciosa que passava por grande crise agrária, o que foi prontamente atendido pelo Rei. João Vieira não poupou esforços e colocou seus próprios barcos e alugou outros esperando que fosse trazer 200 casais da Graciosa, a serem pegos na Ilha Terceira, pois estes não tinham porto. Porém, somente 30 casais se predispuseram a vir, porque uma boa safra de vinhos no ano anterior fez com que os ilhéus quisessem ficar na Graciosa, já que a mentalidade deles era somente ter o suficiente para sobreviver e tinham medo do que uma nova terra poderia proporcionar.

Ele tentou novamente em 1678, agora para trazer imigrantes ilhéus de todas as ilhas. E mais alguns lhe foram enviados e se espalharam por Pernambuco e Rio Grande do Norte, porém em pouco número. Isto porque, embora o Rei parecesse solidário, desde o início do povoamento, passando por todas as fases do Brasil, o sudeste sempre foi privilegiado e os imigrantes eram enviados para trabalhar lá, por vários motivos. Em 1876, já no segundo império, de 30.000 imigrantes, somente 60 casais foram para o norte, mesmo com a escassez de mão de obra, não havia vontade política e os poucos açorianos, deixados à própria sorte, é que ajudaram a desenvolver e manter as fronteiras brasileiras. (Luiz RIBEIRO, 2003).

A leva de imigração para a Bahia é bem mais recente, mesmo depois do fim do império, os portugueses continuaram a chegar em grande número em terras brasileiras, dando prioridade ao sudeste que era mais desenvolvido. Mas, como Salvador era parada obrigatória dos navios que traziam os imigrantes, muitos açorianos também lá ficaram, na região ao sul do estado, conhecida como Rio Belmonte, no início do século XIX. Atualmente, há um número bem maior de imigrantes açorianos, quase todos em Salvador, onde existe a Casa dos Açores da Bahia, fundada em 1981. Muitos emigrantes vem por laços de parentes, redes de relações, laços regionais, tanto no Rio de Janeiro e São Paulo. Dos 130 açorianos natos que se uniram, 95% eram da Graciosa, pois, além da Casa dos Açores que tem na Bahia, eles eram atraídos por outras instituições, que dão apoio, como o Hospital Português, a Quinta da Beneficência Portuguesa, além dos vários portugueses que habitam a Bahia desde sua fundação. Mas foi no sul do país que a imigração Açoriana se deu com mais intensidade. Isto porque, principalmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, ocorriam ataques constantes dos Espanhóis estabelecidos na região fronteiriça e os açorianos tinham conhecimento anterior dos conflitos e sabiam como lidar com galegos.

Em 1680, o Rei de Portugal implantou, à margem esquerda do estuário do Prata, a Colônia Militar do Santíssimo Sacramento, desafiando os espanhóis de Buenos Aires que ameaçavam as possessões portuguesas. Em 1737, estabeleceu-se uma Comandância Militar na foz da Lagoa dos Patos, região pouco povoada e apenas trilhada pelos caçadores de couro, a soberania lusitana só seria atingida se fossem desenvolvidas condições efetivas para um povoamento estável. Para enfrentar os espanhóis, o tipo de povoamento feito nas outras regiões do Brasil não era suficiente, eram necessárias medidas mais urgentes, uma ocupação mais sólida e numerosa, como explica o historiador João Borges Fortes:

 

A missão de ocupar, guardar, defender e aumentar o patrimônio territorial e moral da pátria era uma missão de tal maneira transcendente, que os índios, animalizados, e os negros escravos, meros instrumentos humanos de trabalho, seriam incapazes de realizar. Os novos colonizadores iam receber o legado de conservarem ilesos os ideais portugueses. (FORTES, 1978, p. 76).


        Além dos problemas fronteiriços no sul do Brasil, a Coroa portuguesa tinha de enfrentar o problema da explosão demográfica ocorrida nos Açores. Nesta época, o aumento populacional gerou uma escassez de terras, além disso, o aparecimento de doenças que poderiam trazer problemas para o Império português e a miséria, resultado do fraco desenvolvimento das ilhas na produção do trigo e do pastel, uma planta tintureira, outrora as suas maiores riquezas (SERPA,1978).  Aliado a isto, uma série de catástrofes naturais como sismos e vulcões alarmavam a população que ansiava uma fuga das Ilhas. Tudo isto gerou um questionamento sobre o que fazer com a população crescente no arquipélago. Enviar famílias açorianas para ocupar os territórios problemáticos no Brasil, principalmente no sul do país, era a solução e resolvia os dois problemas de uma só vez:

No dia 9 de agosto de 1747, depois de ouvido o Conselho Ultramarino, o rei D. João V assinou a autorização para que as famílias dos Açores fossem transferidas para as partes do Brasil em que fossem mais necessárias, tendo em vista principalmente a Ilha de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Anunciou também uma série de atrativos para os açorianos como: transporte, concessão de terras, ajuda de custo em dinheiro, ferramentas e gêneros alimentícios. O resultado foi que em menos de um ano, 7.817 pessoas declararam o desejo de se transferirem para o outro lado do Atlântico. Contudo, para se estabelecer no Brasil era necessário cumprir certas exigências como ser católico, estar em idade reprodutiva e/ou acompanhado da família, ter menos de 60 anos, e o principal, ser casado. Os casais iam juntos para o mundo novo, garantindo assim a perpetuação da família e mais rápida adaptação ao Brasil (BARROSO, 2002).

 

Vale lembrar que a presença açoriana se estabeleceu por todo o país e gerou contribuições na agricultura da Santa Catarina e Rio Grande do Sul; na caça a baleia no Pará e Paraíba; na extração mineral em Minas Gerais; na Pecuária em São Paulo e São Vicente; na produção de Açúcar na Bahia e Pernambuco; na produção de borracha no Amazonas e nos serviços e comércio no Rio de Janeiro. Até hoje o povo açoriano continua atravessando o Atlântico para se estabelecer em terras tupiniquins,  fugindo do isolamento ilhéu, da instabilidade geográfica e econômica,  em busca de atingir melhores condições de vida, sem esquecer-se de suas famílias nas ilhas e de suas tradições e sem deixar de procurar apoio nas comunidades e clubes espalhados pelo país. Atualmente, vivem no Brasil mais de um milhão e 200 mil portugueses, boa parte constituída por açorianos e seus descendentes (COSTA, 2008).

Esta imigração continuou se espalhando por toda orla marítima brasileira e no seu interior até hoje em dia, seja por iniciativa individual ou familiar, como atestam os inúmeros núcleos açorianos espalhados pelo Brasil, influenciando direta ou indiretamente na cultura local em vários aspectos, principalmente no âmbito religioso, com as congregações em torno das Sociedades Particulares do Divino Espírito Santo, doando os “Bodos de Leite” (antigamente pães, e hoje, diversos tipos de doações) aos pobres no Rio de Janeiro, desde os tempos Imperiais, até os dias atuais; e no âmbito tecnológico como as lanchas baleeiras usadas nas costas Catarinenses e no Rio Grande do Sul até o século XX, pertencentes a uma tradição de técnica de construção Naval de origem Nórdica. (COSTA, 2008).

 Para ocupação da Província do Maranhão e Grão Pará foram destinadas no século XVII, 270 famílias portuguesas, das quais 50 Famílias que vieram direto para Belém do Pará eram Açorianas, as quais vieram para colonizar a Ilha de Santa Catarina  e o Rio Grande do Sul e as demais já eram descendentes luso-brasileiros com direitos adquiridos para assumir as terras de seus antespassados, donatários das antigas capitanias. Em registros históricos encontram-se citações e provas de que a verdadeira colonização do Brasil através da imigração começou em 1532, com a chegada da  expedição de Martim Afonso de Sousa, que fundou a primeira vila no Brasil, uma feitoria chamada de São Vicente que prosperou, vindo a constituir sede da capitania, atual São Paulo. No Pará, nesta mesma época, tanto o norte do estado quanto o oeste já estavam ocupados por índios e vários povos europeus: espanhóis, franceses, ingleses e holandeses, sendo que o português, ao contrário do que se espera, é o último a se manifestar pela terra e pelas águas da Amazônia.

José Pinheiro Machado de ASSIS BRASIL (1956 ) afirma que, a partir dali, numerosos portugueses foram se estabelecendo no litoral brasileiro, desde a foz do Amazonas até o estuário do Rio da Prata, atraídos pelos bens que a nova terra lhes oferecia, graças aos tesouros enterrados em seu subsolo, à exuberância de sua natureza e à prodigiosidade de seu solo adequado ao cultivo agrícola e pastoril. A isso se aliava a relativa facilidade de obtenção do braço indígena trabalhador, pois os brasilíndios litorâneos eram pouco hostis aos primeiros desbravadores. A colonização das novas terras descobertas por Pedro Álvares Cabral foi se processando por levas de imigrantes mais ou menos numerosas e aportadas em épocas as mais diversas.

        Em 31 de agosto de 1746, o rei Dom João V de Portugal comunicou aos habitantes das ilhas dos Açores que a Coroa oferecia uma série de vantagens aos casais ilhéus que decidissem emigrar para o litoral do sul do Brasil. Nos termos de um edital fartamento distribuído pelas nove ilhas do arquipélago as vantagens do convite eram evidentes: "haverá um grande alívio nas ilhas porque elas não mais verão padecer os seus moradores, uma vez que vão diminuir os males da indigência em que todos vivem; haverá um grande benefício para o Brasil, já que os imigrantes irão cultivar terras ainda não exploradas."

          O edital acenava com uma série de mordomias, a partir do "transporte gratuito até os sítios que lhe prometiam para as suas habitações”.

 “...E logo que chegarem onde iriam habitar, se dará a cada casal uma espingarda, duas enxadas, um machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas tesouras, duas verrumas, uma serra com sua lima e travadeira, dois alqueires (27,5 litros) de sementes, duas vacas e uma égua. No primeiro ano se lhes dará a farinha para o sustento, assim dos homens como das mulheres, mas não às crianças que não tiverem 7 anos e, aos que tiverem até os 14, se lhes dará quarta e meia de alqueire para cada mês. Se dará a cada casal um quarto de légua em quadra, para principiar as suas culturas, sem que se lhes levem direitos nem salários algum por esta sesmaria. E quando, pelo tempo adiante tiverem família com que possam cultivar mais terra, a poderão pedir ao governador do distrito".

 

Foram 60 casais, com mais de 300 pessoas que vieram juntar-se aos povoadores iniciais e transformaram o local em uma cidade que foi chamada oficialmente de Porto de São Francisco dos Casais em homenagem a esses imigrantes. O sucesso desse esforço de povoamento assegurou ao Brasil a integração das terras situadas mais ao sul do Estado de São Paulo, complementando a ação das Entradas e Bandeiras que, acompanhando os afluentes da margem esquerda do Rio Paraná, já se haviam entranhado e apossado de quase toda a bacia desse grande rio. Deve-se destacar que os açorianos aparecem, na história do Brasil, em diversas regiões. Além dos que se estabeleceram em Grão-Pará e Santa Catarina, outros se espalharam pelo Brasil. Atualmente, vivem no Brasil mais de 1 milhão e 200 mil portugueses, grande parte constituída por açorianos e seus descendentes. As principais atividades exercidas variavam de acordo com a região onde se fixaram: Agricultura: Santa Catarina e Rio Grande do Sul;Caça à baleia: Pará e Paraíba; Extração Mineral: Minas Gerais; Pecuária: São Paulo e São Vicente;  Pesca: Santa Catarina; Produção de Açúcar: Bahia e Pernambuco; Produção de Borracha: Amazonas; outros serviços: Rio de Janeiro.

Muitos sobrenomes que entraram no Pará, em situações de colonização, durante todas as tentativas de ocupação portuguesa na Amazônia, eram apelidos assumidos na Espanha e Portugal, cumprindo critérios da Igreja, no Brasil colônia viravam sobrenomes, de forma que deveriam esquecer aqui suas batalhas antigas em outras terras. Na maioria eram militares da navegação, que tinham direito a Brasão e Armas, muitos eram descendentes de árabes e judeus, alguns ilhéus fugidos das guerras da Península Ibérica, os quais adotavam nomes dos lugares de onde vinham, de árvores, animais, plantas e ocupações, omitindo as origens de seus antepassados, passando a vigorar a identidade portuguesa que era representada por brasões e, no caso do Brasil, servia como passaporte para toda a família e até para os que nascessem sem sobrenome nas capitanias.(Site dos Judeus no Brasil).

Dos 300 sobrenomes de bandeirantes luso-brasileiros, 50 sertanistas descendentes destes mais 270 famílias de ilhéus portugueses vieram para o Pará, no período imperial, além dos que  já estavam desde os governos gerais e os clandestinos, foram mais de 1000 famílias transportadas para o norte e nordeste e que até hoje tem remanescentes na Amazônia. Alguns dos que até hoje ainda tem representantes no Pará estão transcritos, com seu respectivo brasão e um breve  histórico de cada família:

1. Abreu, 2. Abud, 3. Agra, 4. Aguiar, 5. Aguirre, 6. Albuquerque, 7. Alcântara, 8. Alencar, 9. Almada, 10. Almeida, 11. Alvarenga, 12. Alves, 13. Alvino ou Alvim, 14. Amorim, 15. Andrade, 16. Andréa/D’Andréa, 17. Angelim, 18. Amaral 19. Anjos, 20. Aquino, 21 Aragão, 22. Aranha, 23. Araújo, 24. Assis Brasil, 25. Arraes. 26. Arriaga. 27. Antunes, 28, Àvila, 29. Azevedo, 30. Azuelo, 31. Baião, 32. Baggio, 33. Bandeira, 34. Barata, 35. Barbadinho,  36. Barbado, 37. Barbalho, 38. Barbosa,  39. Barros, 40.  Batista, 41 Benevides, 42. Berenguer, 43. Belém, 44. Bentes, 45. Bessa, 46. Betencourt, 47. Bezerra, 48.Braga, 49. Bragança, 50. Brandão, 51. Brasil, 52. Brício, 53. Brito, 54. Borges, 55. Botelho, 56. Bulhões, 57. Cabral,  58. Caetano, 59. Caldas, 60. Caldeira, 61. Campos, 62.Cananéia, 63. Canuto, 64. Carmo, 65. Carneiro, 66. Carvalho, 67. Castelo Branco, 68. Castilho, 69. Castro, 70. Cordeiro, 71. Cavalcante, 72. Cerqueira, 73. Cipriano, 74.Climaco, 75.Coelho, 76. Correia/Corrêa, 77. Costa,  78.Coutinho, 79. Couto, 80.Crispim, 81.Cruz, 82. Cunha, 83. Clemente, 84. Custódio. 85. Dias, 86. Diaz, 87. Diniz, 88. Domingues/ Domingos, 89. Dornelas, 90. Duarte, 91. Dumont, 92.Drummond, 93. Durão, 94.. Dutra, 95.Espinosa. 96. Falcão, 97. Farias, 98. Félix, 99. Fernandes, 100. Ferraz, 101. Ferreira, 102.Figueiredo, 103. Florêncio, 104. Florentino 105. Fontenelli, 106. Fontes, 107. Fortunato, 108. Franco, 109. Freire, 110.Freitas, 111. Furtado, 112. Galvão, 113. Gama, 114. Garcia,115. Garrido, 116. Gomes, 117. Gonçalves, 118. Guedes, 119. Gueiros, 120. Guerra, 121..Guilherdia, 122.Guimarães, 123. Goulart, 124. Gutierrez, 125. Gusmão, 126. Hernandes, 127. Horta, 128. Jordão, 129. Lameira, 130. Limeira. 131.Leão, 132.Lemos, 133. Leirós,  134. Leitão, 135. Leite, 136. Lima, 137. Lins, 138. Lira, 139. Lobato, 140. Lobo, 141. Lopes, 142. Loureiro, 143. Lourenço, 144. Lustosa, 145. Lucena 146. Machado, 147. Maciel, 148. Macedo 149. Magalhães, 150. Maia, 151. Malcher, 152. Marques 153. Martins, 154. Mascarenhas, 155. Matos, 156. Melo, 157. Medeiros, 158. Mendes, 159. Mendonça,160. Menezes, 161. Mesquita, 162. Miranda, 163. Moreira 164. Monteiro, 165. Montenegro, 166. Mota, 167. Motta, 168. Morais, 169. Moura, 170. Mousinho, 171. Muniz, 172. Nascimento, 173. Neri, 174. Neves, 175. Nogueira, 176. Noronha, 177. Novais, 178. Nunes, 179. Oliveira, 180. Paes Leme, 181. Paiva, 182. Pacheco, 183 Paes, 184. Pantoja, 185. Parente, 186. Prado, 187. Passos, 188. Passarinho, 189. Pedroso/Pedrosa, 190. Peralta, 191. Peixoto, 192. Pereira, 193. Pimenta, 194. Pimentel, 195. Pinheiro, 196. Pinto, 197. Pires, 198. Pontes, 199. Portal, 200. Porto, 201. Portela, 202. Queirós/ Queiroz, 203. Ramalho, 204. Ramos, 205 Rebelo, 206. Rego, 207. Reis, 208. Resende, 209. Ribeiro, 210. Rocha, 211. Rodrigues, 212. Rohan/Rohano, 213. Roiz/Ruiz, 214 Salinas, 215. Sá, 216. Sales, 217. Sampaio, 218 Sanchez, 219. Santos, 220. Sarmento, 221. Seixas, 222. Sena, 223. Silva, 224. Silveira, 225. Simões, 226. Siqueira, 227. Soares/Soeiro, 228. Sousa/Souza, 229. Soutomayor, 230.Tavares, 231. Teixeira, 232. Teles, 233.Torres, 234. Valois, 235. Vargas, 236. Vasconcelos, 237. Veiga, 238. Veronese, 239 Veloso, 240. Viana, 241. Viagim, 242. Vicente,  243 Vieira, 244.Villas Boas, 245. Villaça, 246. Viseu, 247. Weneck, 248. Whitaker, 249. Xavier, 250. Ximenes.

2.2 AGLOMERADOS URBANOS ORIGINADOS POR ESTRATÉGIAS DE GOVERNO COLONIAL

 

Váios povoados surgiram no século XVII, ainda quando a Amazônia estava sob domínio da Coroa Espanhola, criados por estratégia do Governo Colonial Português na tentativa de ocupar as áreas que antes não foram divididas em capitanias por estarem do lado protegido pelo Tratado de Tordesilhas, que, coincidentemente era a área do atual Estado do Pará que Portugal tentava conquistar para seu reino. Paralelamente outras monarquias que aqui já mantinham expedições exploradoras também disputavam entre si a região Amazônica, trazendo missões católicas francesas, inglesas, holandesas, alemãs e irlandesas para exigir o cumprimento dos tratados internacionais entre as Coroas Européias. Muitas vilas e cidades que primeiro surgiram faziam parte dos projetos missionários de diferentes ordens e origens, uns defendendo a Espanha, outros defendendo franceses, ingleses e holandeses, poucos defendendo Portugal, tais como:  o Padre Antonio Vieira e os seus cônegos, todos explorando as riquezas da Amazônia, em nome da religião católica. Sucessivas viagens realizadas por europeus de diversas nacionalidades, que chegaram a fazer plantações na Amazônia e aí edificar fortificações, despertaram o interesse hispano-lusitano para a conquista do norte do Brasil, onde aquele domínio se achava visivelmente ameaçado. Coube a Francisco Caldeira Castelo Branco, um dos heróis da expulsão dos franceses do Maranhão, teve a honra de comandar uma expedição de 200 homens, com o objetivo de afastar do litoral norte os corsários estrangeiros e iniciar a colonização do "Império das Amazonas".

A 12 de janeiro de 1616, Francisco Caldeira Castelo Branco fundou na foz do grande rio, uma Fortaleza, na baía que os indígenas chamavam de Paraná-Guaçu, hoje Guajará, um quadrilátero feito de taipa de pilão e guarnecido de cestões. Essa fortificação, que teve inicialmente o nome de Presépio, é hoje o histórico Forte do Castelo. Ao redor do forte começou a formar-se a povoação, que recebeu então a denominação de Feliz Lusitânia, sob a invocação de Santa Maria de Belém. Constituiu-se logo a Câmara do Senado, que a 1.º de setembro de 1627 recebeu o primeiro patrimônio municipal, pela Carta de Doação e Sesmaria passada pelo Capitão-General do Maranhão e Grão Pará, Francisco Coelho de Carvalho.

Vigia é um município paraense fundado em 6 de janeiro de 1616, seis dias antes da fundação da também paraense Belém do Pará, por Francisco Caldeira Castelo Branco, durante sua expedição de conquista do Grão-Pará. Considerado o mais antigo aldeamento conquistado pelos navegantes colonizadores portugueses onde construíram um posto fiscal ‘A Vigia’ para fiscalizar as embarcações que abasteciam Belém, o que originou o nome do local. Os primitivos habitantes da região foram os índios Tupinambá que  viviam na aldeia Uruitá,  ficando o atual município situado na zona fisiográfica do salgado, local em que o governo colonial da época transformou em um posto alfandegário guarnecido, uma fortaleza denominada Vigia, para fiscalizar e proteger, de contrabandistas as embarcações que demandavam Belém. Essa iniciativa fora a causa da formação do povoado, que se elevou à Vila, em 1693 e assim permaneceu até a Independência do Brasil. Em 1613 e 1614, os franceses já estavam estabelecidos na aldeia de Maracanãs, onde construíram grandes embarcações para expandir seus domínios. naquela época o único meio de transporte ao município, era o fluvial. Os espanhóis chegaram ao município em 1622, estiveram na Ilha do Marco, deixaram um monumento demarcatório, sinalizando 50 léguas da Costa Ocidental do rio Turiaçu em Maranhão, limite de uma pretensa capitania Hereditária. Daí surgiu o nome da ilha em decorrência do "marco" ou monumento de pedra. A mando do Reino, o Padre António Vieira saiu de Lisboa comandando a 8ª expedição, a bordo da caravela Nossa Senhora das Candeias, em 22 de novembro de 1652. chegando a Belém em 24 de novembro de 1653, apresentou ao Governo Provincial a carta Régia que lhe dava a faculdade de evangelizar, educar, fundar igrejas, missões pelo sertão, levar índios consigo, etc.

Em 1698, Vigia obteve categoria de município. Entretanto, o seu patrimônio territorial só veio a se formar em 1734, com a concessão da carta de data e sesmaria. Com o advento da Lei Pombalina, expedida em 1761, os jesuítas foram expulsos do Brasil e Vigia foi elevada a Paróquia secular, sendo também criado, ali, um colégio secular. Nessa época, a localidade já contava com uma casa que fora transformada em templo, em 1732, pelo padre José Lopes, provincial da Companhia de Jesus e com o Colégio Mãe de Deus, construído pelos jesuítas

Antes da separação do Maranhão e do Pará, em 1774, Salinas pertencia a Capitania do Caeté, criada pelo Decreto Lei de 25 de fevereiro de 1652. Esta Capitania começava no rio Gurupi e se estendia 50 léguas de costa até o Guamá. (Relatório do Ouvidor do Maranhão bacharel João Antônio da Cruz Diniz, em 1751). Dois elementos contribuíram para a fundação da cidade: A fabrica de sal e a praticagem na Ilha do Atalaia. Em 1645 os jesuítas ensaiaram um princípio de localização, mas o fundador oficial da povoação foi André Vidal de Negreiro, que em 1656 reuniu alguns práticos e suas famílias em um pequeno povoado, localizado na Ilha do Atalaia no alto de um barranco de uns 20 metros de altura, de onde sinalizavam para as embarcações da proximidade dos recifes. Segunda denominação do município, dada durante o governo do Capitão Geral do Maranhão André Vidal de Negreiro que administrava o Pará em 1655.

Durante seu governo, foi enviado a este município o Capitão-Mor do Pará Feliciano Corrêa, com a função de colocar canhões, cujos disparos faziam a sinalização das embarcações que navegavam pela costa da proximidade dos recifes (na época eram usadas fogueiras para este fim, mas o então Capital Geral as julgou pouco eficientes e mandou substituí-las). O local escolhido para ser colocado a canhão foi uma ilha, que era a ponta mais saliente da costa, hoje Ilha do Atalaia, nome dado justamente por ter sido escolhida como local para se “vigiar” esta aproximação, evitando que ocorressem acidentes (Atalaia, s. Vigia; sentinela). Como os práticos que executavam este trabalho eram destacados a tal função deu-se origem ao nome Destacado. Os primeiros a exercerem a função de práticos neste município foram os índios, guiando as embarcações que faziam a rota Salinas/Belém e Salinas/São Luis. Eram profundos conhecedores dos rios, furos e enseadas desta região. Com a chegada dos portugueses foram promovidos a função de pilotos. Outra denominação dada ao município devido a existência de uma pequena salina, fábrica de extração de sal da água do mar, durante o período colonial. Administrada pelos jesuítas que utilizavam principalmente a mão-de-obra indígena.

Como o sal era muito usado para conservação do peixe com os quais se abasteciam durante a piracema, o nome Salinas foi consolidado pelo Capitão General José de Nápoles Teles de Menezes em 1781, que elevou Salinas a categoria de Freguesia, sob o padroado de Nossa Senhora do Socorro de Salinas. Esta freguesia tendia ao desaparecimento não fosse o empenho do prático Francisco Gonçalves Ribeiro, que com muita luta e enfrentando grandes dificuldades, que já não agüentando fazer nada sozinho foi a presença do então Governador Francisco de Souza Coutinho em 1793, pedir auxilio para a construção de uma igreja. Solicitação esta que foi aceita pelo Governador e em dois anos as obras da paróquia estavam concluídas. O mesmo Francisco Ribeiro dotou a Igreja de alfaias e conseguiu a vinda do Bispo D. Manoel de Almeida Carvalho para dar a bênção a Igreja.

De acordo com historiadores, as origens de Portel remontam à metade do Século XVII, quando o Padre Antônio Vieira fundou no local a aldeia de Arucará, com alguns índios Nhengaíbas, extraídos da Ilha Grande de Joanes, passando a ser assim administrada pelos padres da Companhia de Jesus.  O historiador Carlos Roque informa que no ano de 1758, Portel foi elevada à categoria de vila pelo então presidente da Província, Mendonça Furtado que, pessoalmente, instalou o seu Senado da Câmara, precisamente em 24 de janeiro daquele ano. No ano de 1786, a vila sofreu um ataque dos índios Mundurucus, em que morreram alguns de seus moradores. A localização da Aldeia de Arucará, que posteriormente tornou-se vila de Portel, e sua consolidação como povoação próspera, obedece à estratégia geopolítica da Coroa Portuguesa de ocupar as terras amazônicas que deveriam pertencer à Espanha, e assim, garantir sua posse de fato e, posteriormente, de direito.

Em Maracanã, Padre Antonio Vieira ergueu uma capela de palma e batizou o primeiro índio (chefe) Copaúba, o qual recebeu o nome de Lopo de Souza. Devido ao seu rápido progresso, em 1700, ganhou os foros de freguesia. O município foi criado em 1755. Meio século depois, com a expulsão dos jesuítas, em cumprimento da Lei Pombalina de 6 de junho de 1755, o governador do Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do marquês de Pombal), mudava-lhe o nome para Cintra, dentro de sua política de substituir os nomes indígenas por topônimos portugueses. Na mesma ocasião, elevou-se à categoria de vila. Porém, só foi instalada em 1757, com o nome de Vila de São Miguel de Cintra, em virtude do achado da imagem de São Miguel.

Em 1636, chegaram padres jesuítas e alguns colonos. Quatro anos depois e por período pouco superior a um ano, o governo esteve nas mãos de Pedro Teixeira, um dos primeiros expedicionários. Iniciou-se, a esse tempo, a escravização de Tupinambás e Pacajás sob o título de resgate.  O Forte de Santo Antônio de Gurupá localiza-se na ilha grande de Gurupá, na confluência do rio Xingú com o delta do rio Amazonas, sobre um rochedo em posição dominante daquele canal de navegação, no atual município de Gurupá, no estado do Pará, no Brasil. Existiu sobre os escombros de um forte erigido por neerlandeses no primeiro decênio do século XVII (Forte de Tucujus) e conquistado em 1623 por Bento Maciel Parente (SOUZA, 1885:66; Luiz Aranha de Vasconcelos, apoiado por tropas cedidas por Bento Maciel Parente, cf. REIS, 1966:43), que o reconstruiu em taipa de pilão, sob a invocação de Santo Antônio.

Sobre a sua fundação, CERQUEIRA E SILVA (1833), registrou, a respeito da cidade de Nossa Senhora de Belém, cabeça da "Feliz Lusitânia":

"Bento Maciel Parente, já então Capitão-mor do Pará (...) tendo fundado a fortaleza do Gurupá no lugar Mariocay que deixou guarnecida com cinquenta praças." (op. cit., p. 189-190). O seu primeiro comandante foi o capitão Jerónimo de Albuquerque. (OLIVEIRA, 1968:743).

 

Gurupá sofreu ataques em 1629 (por dois naviosingleses sob o comando de Roger North) e em 1639, quando, sob o comando do Capitão João Pereira Cáceres, afugentou forças neerlandesas que para ali retornavam (GARRIDO, 1940:23). Em 1647, um novo assalto neerlandês a esta posição foi tentado: uma expedição de oito navios adentrou a boca do rio Xingú e, entre o rio Pery e o rio Acaraí, erigiu o Forte de Mariocai. Foram batidos pelo Capitão-mor do Pará, Sebastião Lucena de Azevedo, que arrasou essa posição (SOUZA, 1885:66) (ver Fortim neerlandês do rio Maiacaré). Sobre esta última, OLIVEIRA (1968) refere: "Existe confusão em torno da expedição de Bandergus (Van Der Goes, segundo Varnhagen), que se teria apossado da Fortaleza de Gurupá, em 1646." (op. cit., p. 743)

Em 1636, sob o comando do capitão Pereira de Cáceres, passaram pela fortificação os padres Domingos de Brieba e André de Toledo, em sua viagem desde Quito. (OLIVEIRA, 1968:743). Permaneceu abandonada por meio século apesar do interesse dos governadores Artur de Sá e Menezes, Manuel Guedes Aranha e Gomes Freire de Andrade. (OLIVEIRA, 1968:743) afirma que :

...arruinado pela ação erosiva do tempo e da natureza, o Governador e Capitão-General do Pará, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, ordenou a reconstrução do Forte de Gurupá em 1690, trabalhos que se iniciaram no ano seguinte (1691), dando-lhe a forma poligonal. Data deste momento o desenvolvimento urbano de Gurupá. (OLIVEIRA, 1968:743)

 

 Para o século XVIII, GARRIDO (1940) cita informação do historiadorPedro Calmon, informando que a praça foi artilhada com peças de bronze para ela mandadas fundir em Gênova, em 1735, por D. João V (1705-1750) (op. cit., p. 23). Trabalhos de reconstrução se sucederam em 1742, com o Engenheiro genovês Domingos Sambucetti (SOUZA, 1885:66); em 1761, com o Capitão Engenheiro Gaspar João Geraldo de Gronfeld; e entre 1771 e 1774, com risco do Ajudante Antônio José Pinto, seu comandante à época (GARRIDO, 1940:24).  Em 1774 D. Frei Caetano da Anunciação Brandão, dava notícia de que as obras ainda não se encontravam prontas. Neste período, a fortificação exercia a função de Registro, visitado, em 1784, pela expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792), que sobre ela observou que se encontrava em boa posição, sobre um rochedo, dominando perfeitamente a boca do Xingú, sendo os navios obrigados a irem aí apresentar os seus passaportes (SOUZA, 1885:66).

À época do Brasil Império, BAENA (1839) afirmava que esse Registro era meramente para servir de alguma coisa, e não por ser apropriado para esse fim, visto oferecer o Amazonas naquela paragem muitos trânsitos fora da sua vista; entretanto reconhece que "(...) essa fortaleza foi obrada com alguma luz de arquitetura militar." (BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Ensaio Chorographico do Pará. 1839. apud SOUZA, 1885:66).

A resistência silvícola não se fez esperar e grandes foram as dificuldades com que tiveram de lutar os colonizadores, com a ampliação da guerra que lhes moviam os invasores ingleses, holandeses e franceses. Terminadas as lutas, a cidade teve seu nome alterado para Nossa Senhora de Belém do Grão Pará, com foros de sede de Capitania que Ihe foram concedidos por Felipe de Espanha.

Concluiu-se a construção da Fortaleza da Barra do Forte de São Pedro Nolasco e do convento e igreja de Santo Alexandre, onde Vieira pregou alguns de seus memoráveis sermões. Belém constituía-se não apenas como ponto de defesa, mas também centro de penetração do interior e de conquista do Amazonas. Para povoá-la vieram das ilhas dos Açores, em 1676, a primeira leva de colonos, constituída de 50 famílias de agricultores, com mais de 200 pessoas.

Em 1713, foi criado o Bispado do Pará, com sede em Belém e, em 1727, estava a cidade dividida em duas freguesias. A primeira, a da Sé vinha desde a sua fundação e localizava-se na atual Cidade Velha; a segunda, de Santana, no bairro da Campina, tendo por matriz a igreja do Rosário. Os novelos de algodão e os gêneros nativos, que até então constituíam o sistema comercial de trocas foram legalmente substituídos por moedas de cobre; prata e ouro, a partir de 12 de junho de 1748. A Companhia de Comércio, fundada em 1755, a requerimento dos habitantes, durou mais de 20 anos e levou ao Pará 12.587 escravos africanos. Belém gozava de grande nomeada e as suas relações se faziam principalmente com a Europa, e não com o Sul do País.

Várias Vilas e cidades surgiram ao mesmo tempo no Pará. Monte Alegre é um exemplo de um dos municípios do Estado do Pará, conhecido como um dos mais antigos povoados do norte do Brasil, do período Colonial, localizado na Amazônia Brasileira, perto da maior floresta tropical do mundo, a floresta amazônica, distante da capital, Belém, 631 Km. É banhado pelo rio Gurupatuba. Pesquisas antropológicas registram que as terras de Monte Alegre já eram habitadas há 11.200 anos, os paleoíndios, os quais deixaram desenhos pintados em paredes de pedra,cavernas (Serra da Lua e da Pedra Pintada).

As serras do Ererê, Payuna e Aroxi possuem grande quantidade de pinturas rupestres, provas da prática indígena antiga, feitas de óxido de ferro que hoje fazem parte do patrimônio histórico e artístico da Amazônia. Também os “Pauxis”, índios que habitavam a margem esquerda da “garganta” do Amazonas, assim conhecidos porque colaboravam com os navegantes portugueses a assinalar com um X a madeira que deveria ser embarcada; viviam na região em que a largura do rio é de apenas 1892 metros e a profundidade de 75. Situado a cerca de 8 milhas abaixo da embocadura do rio Trombetas, o local foi observado por Orelana, que o considerou ideal para a construção de uma fortaleza. Assinalado no roteiro da expedição de Pedro Teixeira, em 1637, foi posteriormente visitado por diversos navegadores, todos acordes quanto à necessidade da construção de um forte que assegurasse o domínio de Portugal. Adventícios de diversas nacionalidades passaram calmamente a subir e descer o rio, fazendo contrabando das chamadas “drogas do sertão” e preando índios.Este fato determinou providências do governador Coelho de Carvalho, que ordenou a Manuel da Mota Siqueira, em 1697, que erigisse uma fortificação na margem esquerda da angustura. À casa de taipa precariamente equipada, foi dado o nome de “Forte dos Pauxis”. Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal e governador da Amazônia, mandou erguer a aldeia junto à fortaleza, unindo-lhe, para torná-la mais populosa, das aldeias dos padres da Piedade.  Em virtude da semelhança topográfica com a cidade portuguesa de Óbidos, deu-lhe o mesmo nome.

Há registros das primeiras caravelas que navegavam nos rios dessa região sob o comando do Espanhol Francisco Orellana, em 1541, o qual verificou a presença de índias guerreiras que foram chamadas de amazonas, dando nome ao rio Amazonas que banha Monte Alegre pela margem esquerda. Em 1639, Pedra Teixeira passou pela região encontrando uma tribo chamada Curupatuba, mais tarde conhecida como Gurupatuba, nome dado ao povoado e ao rio. Porém, além dos índios Gurupatupa outros moravam na área correspondente ao município de Monte Alegre: Mariau, Caraboca, Bubuíze, Serranos e outros. A chegada dos europeus provocou imensos conflitos, sendo que provavelmente os Gurupatubas tenham tido estratégias eficientes nas relações com os colonizadores e garantiram seu espaço.

            A população primeira de Monte Alegre, antes da chegada dos europeus, tinha outras formas de manifestar sua fé que não foram aceitas pelos visitantes. A partir daí, as ações dos religiosos da Companhia de Jesus passaram a se sobrepor sobre a religião dos que habitavam a região amazônica, a partir de 1639, sendo reconhecida como povoado cristão somente em 8 de dezembro de 1657, quando o rei de Portugal, D. João IV, dividiu as ordens religiosas que atuavam na região. Por meio de uma carta régia, houve a autorização para os padres portugueses, os Capuchos da Piedade substituírem os jesuítas ‘estrangeiros’ na catequese dos índios, pois a presença desses religiosos representava uma maneira de controle de Portugal em relação ao domínio da terra que pelo Tratado de Tordesilhas pertencia à Espanha. 

 Pela história oficial de Monte Alegre desconhece-se, com precisão, a data da fundação do núcleo que originou a atual sede do município, localizado na zona do Baixo-Amazonas. Para alguns historiadores há muitos vestígios da presença dos padres espanhóis da Companhia de Jesus, principalmente em relação ao estilo da Capela da Virgem da Conceição. Há ainda em Monte Alegre a Capela do Bom Jesus ou do Senhor Jesus, cuja construção é do período colonial, época em que a Igeja Matriz de São Francisco de Assis ainda estava em construção.

Quanto ao seu fundador, há divergêrcias. Segundo a tradição, a vila foi criada pelos Padres da Piedade, juntamente com os índios da aldeia de Gurupatuba, situada à margem do rio do mesmo nome. Entretanto, o relatório datado de 1751, do Bacharel João Antônio Diniz da Cruz Pinheiro, que inspecionou as missões da Amazônia revela que o povoamento fora fundado pelos jesuítas e continuada sua obra pelos Freis Capuchos de São José, e mais tarde pelos Padres da Piedade, pertencentes à mesma ordem Franciscana, porém, de província religiosa portuguesa, respnsáveis pela continuidade da missão.  Constituída a freguesia de São Francisco de Assis, em 1758, o Governador e Capitão-General do Grão Pará outorgou-lhe categoria de Vila, cuja instalação ocorreu no mesmo dia. Devido ao bom clima ali existente, Monte Alegre muito se desenvolveu no período colonial, contribuindo, também, uma olaria que fabricava telhas e tijolos, construida em 1765, pelo Tenente Manoel Lobo de Almada, então Diretor da Vila. Em 1786, o naturalista brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira já registrava a arte das mulheres indígenas de pintar cuias e percebeu o seu valor comercial ao ponto de serem alvo de escambo dos europeus com tribos de Mato Grosso, o que tornou o povo de Monte Alegre conhecido como Pinta Cuia.

Segundo o bacharel João Antônio Diniz da Cruz de Pinheiro, a origem histórica do município de Porto Moz, localizado na zona do Baixo Amazonas, data também de 1639, quando os padres capuchos de São José lançaram os fundamentos da atual sede, com a denominação de adeamento Maturu, sob a invocação de São Braz. Em decorrência das primeiras explorações da parte baixa do rio Xingu, o aldeamento se desenvolveu. Em 1758 instalou-se a Vila de Porto Moz, cujos limites territoriais foram marcados pelo Ouvidor Pascoal Abranches Madeira Fernandes. Esses limites permaneceram até 1801, quando, por ordem do Governador e Capitão-Geral D. Fracisco de Souza Coutinho, o Ouvidor Francisco Tames de Araújo ampliou-os, para incluir no território do município e na sua jurisdição o lugar de Boa Vista.

 Também a história de Curuá inicia-se ainda no século XVII, com a fundação da Missão Baré, fundada em 1694 pelos Padres Franciscanos Capuchos da Piedade, mais tarde transferidos para a aldeia Surubim, em Alenquer sendo o lugar denominado Arcozello por Mendonça Furtado. O restante da população foi transferido para a aldeia Pauxis, em Óbidos, que estava em decadência. Os registros da formação do povoado que originou o atual município de Alenquer datam da primeira metade do século XVIII, aproximadamente em 1775, quando os capuchos da Piedade estabeleceram a sede da catequese no Rio Curuá. Ali trabalharam na convenção dos índios Arabés. Naquele local, enfrentaram uma série de doenças tropicais que os levaram até o Rio Surubiú, onde permaneceram.

O atual município de Almeirim, situado na zona fisiográfica do Baixo Amazonas, teve também seu início nos meados do século XVIII, (1777) pelos frades Capuchos de Santo Antônio que fundaram, juntamente com os índios descidos do centro, a Aldeia do Paru. Ela prosperou, inclusive, quando se uniu à taba dos índios do Rio Uacapari. Na época, o Capitão Manoel da Mota e Siqueira, da expedição portuguesa, objetivando defender o território contra os franceses e ingleses, construiu à margem esquerda do Rio Amazonas, no local onde se encontra hoje a Sede Municipal, um forte de pedra e barro, denominado Forte do Paru. Essa iniciativa foi um dos principais fatores do desenvolvimento do povoado Aldeia do Paru.

A região onde hoje está o atual município de Faro localizada na zona fisiográfica do Baixo Amazonas, primitivamente fora uma aldeia dos índios Vaboys ou Jamundás, missionados pelos capuchos de Nossa Senhora da Piedade. Na ocasião estava situada abaixo da confluência dos rios Pratucu e Jamundá. O local não propiciava o desenvolvimento da missão, por isso, os frades providenciaram a sua transferência para o Lago onde, atualmente, se encontra erigida a sede municipal.

Precisamente, desconhece-se a data da criação da Freguesia. Sabe-se, porém, que surgira com a denominação de São João Batista. Em 1768 foi realizada na localidade, a cerimônia do levantamento do pelourinho. Na mesma data, adquiriu categorias de Vila e Município, cuja instalação ocorreu no ano seguinte. O topônimo português é de origem controvertida pela qual Xavier Fernandes manifesta-se pelo étimo hazune, árabe, indivíduo que teria legado o nome à povoação da qual proveio Faro, cidade do Algarve. Os habitantes locais são chamados de “farenses”.

Entre os poamentos coloniais inclui-se Prainha, Município que teve sua origem à margem do rio Urubuquara com a denominação de Outeiro. O local não dava acesso fácil e cômodo, foi motivo para que seus moradores o transferissem para as margens do rio Amazonas, sendo elevado à categoria de freguesia, em 1758, por Francisco Xavier de Mendonça Furtado.

Pela história Oficial, o núcleo urbano de Santarém é outro que surgiu como obra da posse das terras da Espanha para a Coroa Portuguesa, pelo navegador português Capitão Pedro Teixeira. Consta que ao explorar o rio Amazonas, assistido por Frei Cristóvão de São José, com 26 soldados e numerosos índios, dez anos após a fundação de Belém, Pedro Teixeira aportou na aldeia de Tupuyus, Tapayó (pronúncia: tapadióz) ou Tapaius, na foz do Rio Tapajós. A expedição foi bem sucedida, visto terem os índios, anteriormente entrado em contato com os civilizados, principalmente com os espanhóis que ali haviam passado, gerando as boas relações que mantiveram em proveito da nova povoação, que dali surgiria, posteriormente, a Aldeia do Tapajós.

 Dez anos após a fundação de Belém, Pedro Teixeira junto a Frei Cristóvão, 26 soldados e numerosos índios exploravam o Rio Amazonas, quando se depararam com a aldeia de Tupuliçus na foz do Rio Tapajós e atracaram alí. A expedição foi bem sucedida, pois os índios que ali viviam já haviam entrado contato com os homens civilizados, principalmente espanhóis que passaram por ali gerando boas relações que mantiveram em proveito da nova povoação, que dali surgiria. Pelos registros históricos existentes nos Livros Tombos das capelas  e igrejas, Santarém foi fundada então pelo Padre João Felipe Bettendorff, em 22 de junho de 1661, sob o nome de "Aldeia dos Tapajós". Logo ao chegar, o fundador construiu a primeira capela de Nossa Senhora da Conceição. Posteriormente, Pedro Teixeira explorou o Rio Tapajós e então coube aos jesuítas a fundação de uma aldeia com fins missionários, no lugar onde o padre Antônio Vieira esteve no primeiro semestre de 1659.

Com o progresso das missões, Francisco da Mota Falcão iniciou, a construção de uma fortaleza, a qual foi terminada por seu filho, Manoel Mota Siqueira em 1697. Essa fortaleza tinha a forma quadrada, com baluartes nos ângulos, foi o núcleo da vila que deu origem a cidade de Santarém. Em 1762, estando em ruínas, a fortaleza foi reconstruída, passando daí por diversos reparos, porém hoje nada mais existe. A Aldeia dos Tapajós foi elevada à categoria de vila em 14 de março de 1758 pelo governador da província do Grão Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, recebendo então o nome de Santarém em homenagem a cidade portuguesa de mesmo nome. Santarém foi elevada à categoria de cidade, em 24 de outubro de 1948 em consequência de seu notável desenvolvimento.

A origem do nome da cidade provém da cidade portuguesa de mesmo nome. A partir do desenvolvimento dessa aldeia originaram-se outras povoaçães como as de São José dos Matapus em 1922 (hoje conhecida como Pinhel), Tupinambarana ou Santo Inácio em 1737 (hoje conhecida como Boim) e Borari em 1738 (hoje conhecida como Alter-do-Chão). Pelas consultas a documentos sobre o regimento das capitanias do Maranhão e Grão Pará ,percebe-se que Santarém foi fundada em 22 de julho de 1661, sendo então a segunda cidade mais antiga do norte do país (depois de Belém). Em 1758 foi elevada a categoria de vila e quase um século depois em consequência de seu notável desenvolvimento foi elevada a categoria de cidade em 1948. Está incluída no plano das cidades históricas do Brasil.

Com o progresso das Missões, Francisco da Mota Falcão iniciou, a construção de uma fortaleza, a qual foi terminada por seu filho, Manoel Mota Siqueira em 1697. Essa fortaleza tinha a forma quadrada, com baluartes nos ângulos, foi o núcleo da Vila que deu origem a cidade de Santarém. Coube aos jesuítas a fundação dessa aldeia do Tapajós, um conjunto de aldeamentos criados com fins missionários, onde o padre Antônio Vieira esteve em 1659, fazendo sermões para os colonos, caboclos e índios, conforme consta no livro “História da Inteligência Brasileira” do historiador Wilson Martins, citando os aldeamentos que surgiram e as povoações dos índios Tupaius e Tapajós, como as de São José dos Matapus, hoje Pinhel; em 1722, Tupinambarana ou Santo Inácio, atual Boim; em 1737 e Borari ou Franciscana, hoje Alter do Chão, em 1738. Sendo as de Pinhel (1722) e Boim (1737) em que estavam incluidos os aldeamentos de Itaituba, porto vinculado ao entroncamento de Nossa Senhora da Conceição, com os “descimentos” de índios, um onde hoje é a Praia do Índio até Miritituba; outro que hoje é a Praia do Mangue até o atual DENIT e os do Piracanã nas proximidades da Maloquinha, parte da Aldeia do Tapajós, que pertence hoje à zona urbana da atual cidade de Itaituba.

Nessa época, estavam em destaque os primeiros habitantes de Barcarena, os índios Aruans/Aruás, alvo de ação religiosa das missões, os mesmos que, durante da colônia, foram catequizados pelos padres jesuítas,  quando o povoado foi elevado à categoria de freguesia, sob a invocação de São Francisco Xavier de Barcarena, no ano de 1758, não havendo registros históricos mais exatos. O historiador Theodoro Braga refere que, antes de 1709, as terras, hoje ocupadas pelo município de Barcarena, eram conhecidas pelo nome de fazenda Geribirié e, mais tarde, como “Missão Geribirié”, de propriedade dos padres jesuítas, antes de converter-se em freguesia de São Francisco Xavier de Barcarena. Sua história se acha bastante vinculada ao trabalho da igreja católica antes do período imperial até os primeiros trinta anos de século XX, ligados aos acontecimentos politicos-administrativos e territoriais do município de Belém. Referem-se igualmente, os seus historiadores que o nome desse município se originou da presença, no assentamento populacional formado por índios de diferentes missões, de uma grande embarcação que havia sido batizada como “Arena” e à qual os habitantes do lugar chamavam de barca. A junção das duas palavras fez com que a localidade ficasse conhecida com Barcarena.

O distrito de Beja foi o berço da colonização de Abaetetuba. Por volta de 1635, padres capuchos vindos do Convento do Una em Belém, após percorrerem os rios da região, juntaram-se a uma aldeia de tribos nômades. O aglomerado foi chamado de Samaúma e depois batizado de Beja pelo governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, embora Francisco de Azevedo Monteiro seja considerado, no imaginário popular, o fundador, pois chegou para tomar posse desse território como proprietário de uma sesmaria. Na beira do rio Maratauíra, num local protegido das marés pela ilha de Sirituba e nas proximidades do sítio Campompema e da Ilha da Pacoca, fundou um pequeno povoado, em 1724.

Em Breves foram os índios da tribo dos Bocas os primeiros habitantes. Em 19 de Novembro de 1738, o capitão geral do Pará, João de Abreu Castelo Branco, concedeu aos irmãos portugueses Manuel Breves Fernandes e Ângelo Fernandes Breves uma sesmaria, localizada às proximidades do rio Parauhaú. Com a instalação de um engenho, o lugar passou a ser chamado de “Engenho dos Breves”, em homenagem aos seus fundadores.

A povoação de Cachoeira do Arari originou-se da freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira do rio Arari, em 1747 e a origem do Município de Muaná encontra-se numa fazenda particular que, pelo seu desenvolvimento, transformou-se em povoado e, posteriormente foi elevado à categoria de freguesia de São Francisco de Paula, em 1757.

As origens do Município de Muaná remontam o século XVIII, com a instalação dos padres mercedários na aldeia dos Muanás. Eles achavam à época na então Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira (atual cidade de Cachoeira do Arari), onde se encontravam, mas não podiam desenvolver seus trabalhos, devido à existência de propriedades particulares. Então seguiram para a localidade que os padres chamaram inicialmente de Mangabeiras, pela proximidade de uma praia com o mesmo nome, até ser alterada para Ponta de Pedras, devido às pedras existentes no local, elevando à condição de Freguesia em 1737.

Com o Tratado de Madri em 1758, quando o governo português passou a considerar a questão implantando uma administração específica para a Amazônia, o marquês de Pombal mudou o nome do Estado do Maranhão e Grão Pará para Estado do Grão Pará e Maranhão, transferindo a sede de São Luís para Belém, uma estratégia fisiológica, nomeando seu irmão Francisco Xavier de Mendonça Furtado como Governador do Novo estado e criou a Capitania de São José do Rio Negro, para evidenciar a sobrenaia portuguesa sobre a região.

Em 1772, Pombal fez nova divisão do Estado do Grão Pará e Maranhão em estado do Maranhão e Piauí, com sede em São Luís e Estado do Grão Pará e Rio Negro, com sede em Belém, configurando uma administração exclusiva para a Amazônia, diretamente subordinada a Lisboa, não pertencendo ao Vice-Reinado que se transformou em Império do Brasil. A influência Portuguesa no Estado do Grão Pará e rio Negro era muito forte, com controle absoluto na Amazônia Colonial. Chegaram a projetar um vice-reino de Portugal em Belém, cujo território envolveria a Amazônia, o Maranhão e o norte de Goiás, com poderes de novo país.

 

2.3 POVOADOS, VILAS E CIDADES DO PARÁ SURGIDAS NO PERÍODO IMPERIAL

 

Os planos estratégicos do período imperial para a Amazônia, de D. João VI, passando pelo de D. Pedro I até o 2º Império Brasileiro, estavam mais voltados para delimitar terras, diagnosticar pontos de garantir o domínio da Real (Luso–Brasileira ) instalada no Brasil, principalmente emitindo títulos de posse a descendentes de portugueses chamados de  Bandeirantes, Sertanistas e Entradistas aos quais eram atribuídos títulos de nobreza, brasões de armas e de famílias, patentes de príncipes, princesas, vice-reis, governadores, coronéis, tenentes, capitães, comandantes, barões, baronesas, condes, visconde, condessas, marquês, marquesa, duques, duquesas, com ou sem parentesco. 

Dados da história do Brasil evidenciam os reinados de D. Pedro I e D. Pedro II, os períodos em que foram emitidos muito mais títulos e patentes do que no Período Colonial em só tinham poderes os descendentes das Coroas de Portugal e Espanha, estratégia que os imperadores sentiram necessidade de utilizar para aplacar revoltas dos filhos da aristocracia brasileira, aproveitando-os para ajudar a governar, os chamados ‘reinóis’.  Esses titulados passavam a aplicar o absolutismo do império e o mercantilismo estimulado pela escravidão autorizada e os poderes ampliados para desenvolver as capitanias, abrir as fazendas, fundar as vilas e  construir as cidades.

A área correspondente ao atual município de Juruti localiza-se zona fisiográfica do Baixo Amazonas. Segundo o historiador Domingos Álvares Ferreira Pena, fora primitivamente, uma aldeia dos índios Mundurucus, fundada em 1818 e sujeita à direção de um missionário com poderes paroquias.

Quando foi realizada a divisão da Província em termos e comarcas, por volta de 1832 e 1833, a localidade adquiriu categoria de Freguesia, ficando integrada ao termo de Faro. Nessa época, estabeleceu-se também, o limite ocidental da então criada Freguesia de Nossa Senhora da Saúde de Juruti, na serra de Parintins, com os Estados do Pará e Amazonas.

Em 15 de agosto de 1823, o Pará aderiu à Independência e cinco anos depois foi criada a Câmara Municipal de Belém, em substituição ao Senado da Câmara. O surto de revoluções nativistas que convulsionou o País, com denominações diversas (farroupilha, balaiada, etc), repercutiu em Belém. em 1835. no movimento conhecido sob o nome de Cabanagem, que levantou toda a Província, na página mais emocionante e dramática da historia da Amazônia.

Mais adiante, a abertura dos rios Amazonas, Tocantins, Tapajós, Madeira e Negro, à navegação dos navios mercantes de todas as nacionalidades, proporcionaram indiscutível desenvolvimento à capital paraense. O movimento abolicionista e o republicano encontraram no Pará a melhor repercussão. As últimas décadas do século XIX trouxeram-lhe fase áurea, consequência do ciclo da borracha.

Essa situação foi superada com a descoberta dos processos de vulcanização da borracha, o que permitia a sua utilização em indústrias diversificadas. Era a “Era da Borracha” que começava. Belém converteu-se numa praça comercial febril, centro do comércio mundial da borracha. A prosperidade era tão grande que esse período ficou conhecido como uma Belle Époque Amazônica. No imaginário burguês do período, a capital do Pará era a “petite Paris”, ou a “Paris n’ América”. Grandes lojas e magazines foram abertos, bem como bancos, casas seguradoras, empresas de crédito e firmas de toda sorte. Nesse período, por exemplo, o centro da cidade foi intensamente arborizado por mangueiras trazidas da Índia. Daí o apelido que até hoje estas árvores (já centenárias) dão à capital paraense. (Portal do Governo, 2012.)

 

Com a expansão do comércio da borracha, por volta de 1840, iniciou-se uma nova fase de ocupação da Amazônia. Por causa da grande procura pelas seringueiras quase toda a região foi explorada, surgiu povoados como que deu origem a Belterra, município que está intimamente ligado a essa época.

A 25 de Outubro de 1851 foi criado o município de Breves. Atualmente, o município de Breves é constituído pela sede e distritos de Antônio Lemos, Curumu e São Miguel dos Macacos, nomes que lembram personagens das antigas povoações. São Sebastião da Boa Vista é uma localidade tipicamente marajoara, com um povo bastante hospitaleiro e alegre. A origem do município vem dos tempos coloniais, o nome foi dado por Mendonça Furtado, ao criar a freguesia e o município de Boa Vista, segundo Ferreira Penna, "pelo fenômeno de miragem que oferece a vista do povoado dos que dele se aproximam".

No ano de 1758, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, presidente da província, concedeu o predicamento de freguesia, sob a invocação de São Sebastião. Perdeu a categoria e foi anexada à freguesia de São Francisco de Paula, que pertencia ao município de Muaná. Em 1868, por meio da Lei nº 584, de 23 de outubro, voltou a possuir o título de freguesia de São Sebastião da Boa Vista. No dia 5 de abril de 1872, a Lei nº 707, concedeu a categoria de vila, criando o município, instalado a 7 de janeiro do ano seguinte, sob a presidência de Possidônio Rodrigues de Manfredo, juramentado perante a Câmara de Curralinho.

A lei nº 944, de 18 de agosto de 1879, suprimiu-lhe a categoria de vila, extinguindo o município que, no ano seguinte, com a Lei nº 963, de 8 de março, foi restaurado e sua reinstalação acontecendo em 7 de janeiro de 1881.

São Sebastião da Boa Vista continuou sofrendo pressões dos meios oficiais e, com a Lei nº 1.084, de 6 de novembro de 1882, teve seu território extinto, ficando, assim, até o advento da República, embora a Lei nº 1.399, de 5 de outubro de 1889, o houvesse restaurado, sem tê-lo, entretanto, instalado.

 Soure foi outra vila  fundada em 20 de Janeiro de 1847 por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, chamada a "capital informal" da Ilha de Marajó. As origens de Benevides também são encontradas na política administrativa, ainda no tempo do Império, com o objetivo de colonizar a Zona Bragantina, criando núcleos agrícolas que atendesse a demanda de Belém, as voltas com problemas de abastecimento. A colônia agrícola de Benevides foi a primeira ação efetiva patrocinada pela Província do Grão-Pará pautada na imigração estrangeira, no caso de Benevides, predominantemente francesa, suprimida posteriormente por grandes levas de nordestinos. Viria ser reconhecida como povoado, sob a invocação de São Miguel Arcanjo, através de um ato da Assembleia Legislativa Provincial, em 10 de junho de 1878.

Atribui-se a origem do povoado de São João de Pirabas, segundo a crônicas históricas, ao assentamento de duas famílias identificadas pelos sobrenomes de Florêncio, Matos Muniz e a do português Barbado por volta da segunda metade do século XIX. O nome do município se deve a existência de uma espécie de peixe conhecido pelo nome de piaba ou pirabas, que é bastante abundante nas águas doces dos seus rios e o "São João" é resultado da grande devoção na qual os habitantes tinham pelo santo do mesmo nome.

Theodoro Braga e Palmaz Muniz, nos seus relatos históricos sobre São João de  Pirabas, registram que em 06 de junho de 1895, através da Lei nº 342, foi reconhecido como povoado do município de Salinópolis, entretanto somente em 16 de janeiro de 1896, por força do Decreto nº 166, a lei foi promulgada.  

De acordo com Theodoro Braga e Palmaz Muniz , S. J. de Pirabas conseguiu sua elevação a categoria de município de Salinópolis no ano de 1901, o que ficou referendado pela Lei nº 697 de 22 de outubro do mesmo ano. Sob essa categoria S. J. de Pirabas passou a existir como distrito de Salinópolis, caracterizando-se por ser um ponto terminal de navegação a vapor pela Amazon River Company na Região do Salgado, o que resultou em um grande crescimento urbano. Quando em 1930 o município de Salinópolis foi extinto, toda a sua área patrimonial foi anexada ao município de Maracanã até o ano de 1933, quando mediante a promulgação do Decreto Estadual nº 1002 de 30 de junho, Salinópolis voltou a ser conduzida a categoria de município.

O historiador Teodoro Braga relata que em Benevides, em 30 de março de 1884, contando-se com a presença do então presidente da província do Grão Pará, general Visconde de Maracaju, foi realizada uma sessão solene na qual foi concedida a liberdade a todos os escravos residentes nesse território. O ato teve como cenário a sede da Sociedade Libertadora de Benevides, alcançando enorme repercussão, a ponto de atrair para o lugar uma grande quantidade de escravos, que se encontravam na condição de fugitivos em outras localidades. Dessa maneira, a libertação concedida provocou uma concentração dessa mão-de-obra, que foi empregada nas atividades agrícolas. Esse fato foi responsável pelo progresso que Benevides alcançou naquela época.

Os historiadores Theodoro Braga e Palma Muniz, embora não construam uma história referida diretamente a Benevides, quando escrevem sobre o Pará e a sua capital, Belém, registram que, pela Lei nº 646, em 6 de junho de 1899, o então povoado foi elevado à categoria de Vila, sem que isso representasse a sua transformação em Município, pois ficou estipulado que, em tal condição, continuaria vinculado ao Município de Belém, há referência histórica de que, com a construção da Estrada de Ferro de Bragança, Benevides foi contemplada com uma das estações ou paradas, que se achava localizada no Km 33 daquela via. O nome de Benevides se constitui numa homenagem prestada ao Governador Francisco de Sá e Benevides.

Com a criação do Município de Ananindeua, em 30 de dezembro de 1943, Benevides foi considerado parte integrante do seu patrimônio territorial, na categoria de distrito. Segundo informações estatísticas de ano de 1956, Benevides, como distrito de Ananindeua.

O atual município de Oriximiná, localizado na zona fisiográfica do Baixo Amazonas, teve início em 1877, período em que o Padre José Nicolino de Souza, natural de Faro, desbravou a região e fundou uma povoação denominada Uruá-Tapera ou Mura-Tapera, à margem esquerda do rio Trombetas.

Nove anos depois, a então povoação foi elevada à Freguesia de Santo Antônio de Uruá-Tapera, por ato de Joaquim da Costa Barradas, Presidente da Província do Pará e Desembargador do Estado Do Maranhão. Sua origem de aldeamento indígena é a de Oriximiná refere-se às águas consta que em 1894 Uruá-Tapera adquiriu categorias de Vila e Município, cuja instalação deu-se no mesmo ano. Nessa época, passou a chamar-se Oriximiná e seus limites agrangiam o rio Trombetas, igarapé Sapucuá e Maria Pixi, com respectivo lago, até a boca do igarapé Timbó, seguindo ao Centro.

Originalmente, o lugar onde hoje está cidade de Terra Santa, era conhecido por Pedra Santa, pois era ali que os indígenas faziam seus rituais sagrados, em uma ponta de pedra no lago. Já a denominação de Terra Santa foi dada em 1887, por causa de uma lenda local que falava de um surto de gripe que se alastrou entre as índias amazonenses, numa época em que a doença era fatal. Ainda segundo a lenda, o pajé da tribo determinou que as mulheres afetadas se banhassem no lago, junto às pedras, afirmando que ali as águas eram sagradas. As índias obedeceram e foram curadas da terrível moléstia.

O atual município de Afuá, situado na extremidade norte - ocidental da Ilha de Marajó, teve início por volta de 1845, quando Micaela Arcanja Ferreira ali se estabeleceu, ocupando uma posse de terras, a que denominou Santo Antônio. Por ser a localidade apropriada para um porto e ponto de paragem de trânsito do estuário amazônico, pois em 1869, já existia ao redor do sítio, um núcleo populacional formado de diversas barracas. Em 1870, Micaela doou terras para a formação da capela, que vai do igarapé divisa no Rio Marajó, desce pelo Rio Afuá, até o Igarapé Jaranduba, no Rio Cajuuna.

Com essa iniciativa, Mariano Cândido de Almeida, juntamente com outros moradores locais iniciaram a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Afuá, concluindo-a em 1871. Em virtude da facilidade de aquisição de lotes de terras, o povoado então formado logo se desenvolveu e se elevou à freguesia, em 1874, a qual foi extinta por duas vezes, até que em 1889, com a abolição readquiriu sua condição e Afuá obteve categoria de vila e município, cuja instalação ocorreu no mesmo ano.

A História Oficial de Afuá traz menções político-administrativas que lembram a ocupação da Amazônia pelos antigos donatários das capitanias.  Manoel Barata, no seu importante folheto “A antiga produção e exportação do Pará”, em uma nota à página 38, sobre o Marajó, escreveu: “Esta Ilha, primitivamente conhecida como Ilha Grande de Joanes, foi criada capitania e concedida em donataria de juro e herdada pelo Rei D. Afonso ao seu Secretário de Estado, Antônio de Sousa Macedo, por carta de doação de 23 de dezembro de 1665. O donatário tomou posse dela por seu procurador em 02 de setembro de 1667. Ao filho de Antônio de Sousa Macedo, deu o mesmo D. Afonso VI, o título de Barão da Ilha Grande de Joanes, por carta de mercê de 27 de setembro de 1666. Equivocadamente dizem, porém, alguns escritores que esse título fora dado ao mesmo Antônio de Sousa Macedo, quando, antes dos autores citados, o próprio Antônio de Sousa Macedo, que só tivera a doação da capitania, sem o título de Barão, diz expressamente, em uma memória por ele escrita em 1675: “No Grão - Pará, Estado do Maranhão, sou senhor e capitão geral da Ilha Grande de Joanes (donde meu filho tem o título de Barão)...”  

Antônio de Sousa Macedo foi escritor erudito e autor de várias obras as quais “EVA E AVE” e o poema “ULYSSIPO”. Faleceu a 1º de Novembro de 1682.Sucedeu-lhe na donataria da capitania seu filho Luiz Gonçalo de Sousa Macedo, primeiro Barão da Ilha Grande de Joanes, que faleceu em 10 de Agosto de 1727. A este sucedeu na donataria e no título de Barão, seu filho Antônio de Sousa Macedo, que faleceu a 30 de Novembro de 1738, sucedendo-lhe seu filho Luiz de Sousa Macedo, quarto donatário e terceiro Barão de Joanes, e que foi, também, o último na posse da capitania e da baronia.

Em virtude de ajuste feito entre ele e o governo de D. José I e por decreto de 29 de Abril de 1754, foi extinta a donataria e reunida a capitania aos bens da coroa e fazenda real, sendo dado ao mesmo Luiz de Sousa Macedo, o título de Visconde de Mesquitela, em lugar do Barão da Ilha Grande de Joanes, além da renda de três mil cruzados cada ano. Por aviso de 06 de junho daquele ano, o Ministro determinou ao governador do Pará que tomasse posse da Ilha, o que foi logo executado. A denominação proveio do nome do Rio que a regra, e, segundo diz Ferreira Pena, uma palavra que não é nem de origem indígena. À edificação da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição deve à sede do município de Afuá a sua fundação e existência.

Antes de 1845 estabeleceu-se em terrenos do Rio Marajó, que então fazia parte do Distrito de Chaves, D. Micaela Archanja Ferreira, ocupando uma posse de terras que denominou Santo Antônio. Com a criação da Lei nº. 601 de 18 de Setembro de 1850, e em obediência ao regulamento baixado com o decreto nº. 1318, de 30 de Janeiro de 1854. D. Micaela Ferreira deu a registro, na freguesia de Chaves, o seu sítio Santo Antônio, que media aproximadamente uma extensão de meia légua, ficando compreendida dentro dele a zona em que hoje assenta a sede do município.

Em 1869, em torno da casa daquela posseira já existiam muitas barracas, pelo fato de ser o local apropriado para um porto de paragem cômodos, para quem saía ou entrava para o grande Estuário Amazônico. Naquele ano, Mariano Cândido de Almeida pôs em campo toda a sua atividade, conseguindo organizar uma espécie de comissão com os principais moradores do local, a fim de levar a feito a construção projetada, não mais de uma capela, mas de uma igreja, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição de Afuá.

Escolhido o local, preparados os primeiros materiais, tiveram início os trabalhos de construção da igreja em 1870, havendo estado ficado concluída no ano seguinte. Não faltou D. Micaela Ferreira à sua promessa, pois que, já em 1870, segundo declaração escrita de seus filhos legítimos Firmino Das Mercês Coelho E Geraldo Antônio Coelho, datada de 1º de Junho de 1899, testemunhado pelo major Antônio Maciel Fonseca e Capitão Antônio Gomes de Sousa, confirmando-a, doou para patrimônio de Nossa Senhora da Conceição o terreno que começa no Igarapé Divisa, no Rio Marajó, desce pelo Rio Afuá e vai até o Igarapé Jaranduba no Rio Cajuúna.

Em torno da Igreja e com as facilidades aquisitivas de pequenos lotes de terras, cresceu o povoado, que, em 14 de Abril de 1874, pela Lei provincial nº. 811, recebeu a categoria de freguesia sob a invocação predileta de Mariano Cândido de Almeida. As lutas políticas de 1878, com as vicissitudes a que ficavam sujeitos os vencidos políticos, concorreram para que, pela Lei nº. 908, de 05 de Junho, lhe fosse suprimida a prerrogativa de freguesia, ficando seu território anexado ao de Chaves, até 8 de março de 1880, quando a Lei nº. 963 lhe restituiu o predicamento antigo. Não teve longa duração este segundo período de constituição da freguesia pois que, em 1882 a Lei nº. 1094, de 6 de Novembro, a extinguiu novamente, para restituir-lhe em 1889 o seu predicamento, com a Lei nº. 1386 de 02 de Outubro.

Embora não conste nos dados oficiais da cidade, pelas pesquisas de áreas de engenho e feitorias do Pará, Afuá é uma área que foi ocupada por negros no período imperial, escravos de engenhos das antigas capitanias, que após várias contendas com os filhos dos donatários, herdeiros dos colonos portugueses, foi prometida aos quilombolas pelo Conselho Imperial, por ter sido ali um antigo reduto de africanos fugidos da escravatura. Isto sendo experimentado somente no segundo momento da república. O nome Afuá é de origem africana e significa “aglomerado, abrigo ou ajuntamento”. No caso, é possível que se refira à quantidade de pessoas que se abrigaram no mesmo lugar. A partir de então passou a ser considerada uma Terra Santa pelos índios. O desbravamento da região começou por volta de 1883, graças às explorações das riquezas naturais que eram abundantes: borracha, essências como o pau-rosa, peles de animais, pesca e madeira-de-lei e outras.

 

 

2.4 A CABANAGEM E MOVIMENTOS  NATIVISTAS

 

Com a Independência, o Brasil acordou para problema geopolítico da Amazônia, herança deixada pelo domínio português, entretanto, o sentimento nativista permanecia e a revolta de inspiração liberal desafiava o absolutismo do Governo Português, em Belém, cujas intenções não eram compreendidas pelo povo nem pela Junta Governativa, pois não aceitavam a Independência do Brasil nem queriam isoladamente pertencer a Portugal.

  Assim, sob pressão, a adesão da Província do Grão Pará e Rio Negro à Independência do Brasil representou uma adesão da Amazônia. A Capitania Unida de São José e Rio Negro não aceitava mais sua vinculação ao Estado do Grão Pará. D. Pedro I e José Bonifácio queriam que a Amazônia continuasse fora do Império do Brasil, como Colônia Portuguesa.

A 11 de agosto de 1823, o Brigue Maranhão chegou ao Porto de Belém, sob o comando do inglês John Pascoe Greenfelll que obrigou à Junta Governativa a aderir à Independência do Brasil, sendo que somente em maio de 1824, José de Araújo Rego assumiu a Presidência da Nova Província. Mesmo com os problemas de distância, tempo e decisões que demoravam a chegar, a Capitania de Rio Negro, através de sua Junta Governativa, proclamou sua adesão à Independência do Brasil em 9 de novembro de 1823, evidenciando a soberania brasileira sobre a antiga Amazônia Portuguesa. Apesar de estar sob a soberania do Império Brasileiro, a Província do Grão Pará e Rio Negro continuava sob o domínio português, no controle da economia regional e dos cargos políticos e administrativos de Belém, o que não agradava aos nascidos na região, gerando novas manifestações nativistas.

Por ocasião da Independência, a Província do Grão Pará e Rio Negro já possuía em torno de 80.000 habitantes, 46 municípios (9 no Amazonas e 37 no Pará) com economia desorganizada pelo absolutismo pombalino e exploração da população nativa pelos colonizadores. Em 1835 estourou a Revolução da Cabanagem, feita pelos cabanos, habitantes das comunidades com pequenos casebres no meio rural, formadas por índios aculturarados e seus descendentes, negros africanos e caboclos miscigenados. Admite-se que o termo “cabano” era denominação pejorativa que os soldados do Império davam aos revoltosos, em razão da pobreza em que os caboclos viviam. Descrevendo a figura do Cabano, o historiador Arthur Cezar Ferreira REIS (1965) afirma:

 

“Cabanos eram os caboclos que viviam ao longo dos rios, nos sítios, nos pontos de pesca, nas fazendas de cacau, viviam quase à lei da natureza, sem qualquer possibilidade de ascensão social, econômica e política e agora vinham cobrar, cheio de ódio, aos bem instalados, aos brancos, que eram portugueses ou deles diretamente descendentes, a situação difícil em que encontravam, responsabilizando-os pelo que sofriam”.

 

 

Segundo RIBEIRO (2006) a Cabanagem foi uma guerra civil ocorrida na Província do Pará, de 1835 a 1840, quando essa área compreendia toda a Amazônia. Alguns historiadores discorram quanto ao período. No caso, Caio Prado Júnior afirma ser de 1833 a 1836. O Cabano, militante da Cabanagem era eram assim conhecidos em função de suas moradias, pequenes casebre decobertos de palhas, predominando índios, caboclos e negros escravos, parcelas maginalizadas da colonização.

As causas dessa revolta foram marcadas pelas condições sócio-econômicas da época que, conforme afirma FLÁVIO:

 

 

 “O Pará foi a primeira província brasileira a aderir às ideias constitucionalistas do Porto, apenas seis meses de pois do movimento ter surgido em Portugal. Mas também a última província a aderir à Independência Nacional. Na verdade a dominação colonialista portuguesa permaneceu praticamente intocável até 1835, quando ocorreu a Cabanagem.”

A Cabanagem caracterizou-se como um movimento tipicamente social de libertação, tendo sido preparada na cidade  por intelectuais, mas que eclodiu nos campos com os cabanos, uma guerra de índios contra brancos, dos sem terra contra os proprietários. A Regência do Império tentou resolver o problema essa tensão social com solução militar, subjugando pelas armas  aqueles que já estavam subjugados pelo poder econômico e político da classe dominante. (SANTOS, 1986). O Movimento foi derrotado, pela falta de consistência ideológica e despreparo das suas lideranças. Mas, mesmo com a sua desorientação estratégica teve a glória de conseguir, partindo de uma simples agitação, ser a primeira insurreição popular, mesmo por pouco tempo, a tomar o poder.

A Província do Pará, desde  o período colonial, abrangia toda a região amazônica brasileira, tinha um governo à parte e vivia isolada do restante do país, mantendo contato maior apenas com a metrópole portuguesa.

Nessa revolta violenta da  cerca de 40.000 pessoas morreram. Os cabanos assumiram o Poder em Belém por 3 vezes. Félix Antonio Clemente Malcher, Francisco Pedro Vinagre e Eduardo Nogueira Angelim eram presidentes do Movimento Cabano, jovens nordestinos que marcaram a História do Pará pelo significado geopolítico que sua ação nativista de brasilidade repercute até hoje.

Em outubro de 1835, o navio inglês Clio, carregado de armas pelo presidente da província Lobo de Sousa, foi assaltado em Salinas, na embocadura do rio Amazonas. O povo de Salinas tomou a embarcação, matou os tripulantes e saqueou a carga (RIBEIRO, 2006). Os ingleses reagiram no ano seguinte e em ofício, o então presidente cabano, o comandante britânico exigia reparação dosdanos, prisão dos saqueadores e indenização da embarcação e carga. Exigia ainda o hasteamento da bandeira inglesa em todas as fortalezas da cidade, tendo por baixo a bandeira brasileira e uma salva de 21 tiros em saudação à bandeira inglesa. Em resposta à correspondência do comandante inglês, Eduardo Angelim, seringueiro pernambucano, com apenas 21 anos, recusou-se a atender às exigências em relação ao hasteamento da bandeira inglesa; quanto aos saqueadores informou que não os entregaria sem ordem do governo imperial e que seriam punidos pela lei do país e quanto às cargas roubadas seriam indenizadas.  

 Os argumentos de Angelim foram aceitos, apesarda postura de brasilidade da cabanagem, o governo central tratou essa revolução como um dos demais motins que estavam ocorrendo em todo o país. Eduardo Angelim deixou o poder por pressão das forças do Império, comandadas pelo brigadeiro Soares Andréia, a 30 de abril de 1836. Angelim foi traído por todos que lhe prometeram apoiar a revolução, França, Inglaterra e EUA, inclusive Portugal.

O historiador Ernesto CRUZ , no livro “Nos bastidores da Cabanagem” diz que Eduardo Angelim recusou recursos militares do governo americano para proclamar a Independência da Amazônia”. Percebe-se que a Cabanagem teve grande significado geopolítico para a Amazônia, uma vez que suas autoridades quando seus líderes se recusavam a proclamar isoladamente a Independência da Amazônia, que correspondia à Província do Grão Pará e Rio Negro, apesar do apoio prometido por outras nações.

RIBEIRO (2006) afirma que a Amazônia assumiu a integração do Brasil por causa dos cabanos, que não aceitaram o controle econômico do sistema produtivo e comercial na Província do Grão Pará e Rio Negro. Na época da cabanagem, o Padre Diogo Antonio Feijó, Regente do Império Brasileiro na época, durante a menoridade de D. Pedro II, expôs a Amazônia à cobiça dos ingleses. Esse fato foi confirmado em documento que David Cleary descobriu em Londres  a 17 de dezembro de 1835, que o Regente Feijó havia tido uma reunião secreta com embaixadores da frança, da Inglaterra e de Portugal, combinando cada nação reunir 1000 soldados, colaborando com o Brasil para sufocar a revolução da cabanagem. Esses soldados ficariam em Belém e atacaram as regiões de Marajó, Cametá e outros próximos. Em contrapartida, o Brasil reuniria 2.000 soldados regulares e 1.000 recrutas para tomar a cidade de Belém. Para o Governo Brasileiro, os revoltosos cabanos tinham que ser destruídos, mesmo que se colocasse em risco a soberania brasileira sobre a Amazônia.

Na “Agenda Amazônica”, Ano 1, nº 5, de janeiro de 2000, o jornalista Lúcio Flávio Pinto comentou em seu periódico: “ Quando a Inglaterra não quis tentar ser dona da Amazônia”, onde transcreve trechos da carta que o embaixador inglês respondeu ao Regente Feijó. Nelson de Figueiredo RIBEIRO (2006) professor paraense do interior, da região do Nhamundá, em sua Obra “A Questão Geopolítica da Amazônia: da soberania difusa à soberania restrita” destaca os pontos pendentes que ficaram após a Independência do Brasil:  “ ... uma com a França, o mais problemático deles, quanto ao domínio da Guiana Brasileira, hoje Estado do Amapá; outra com a Inglaterra, sobre os verdadeiros limites do Brasil com as possessões inglesas, nas áreas limítrofes entre entre a que mais tarde seria conhecida como Guiana Inglesa que hoje forma a República da Guiana; do lado do Brasil, a que seria mais tarde o Território do Rio Branco, hoje Estado de Roraima; finalmente, nas últimas décadas do século XIX e logo no início do século XX, o problema dos limites com a Bolívia, que ficou conhecido como a Questão do Acre e compreende hoje o Estado do mesmo nome.

RIBEIRO (2006) discute essas questões do Amapá, de Roraima e do Acre tiveram soluções no final do século XIX e início do século XX pela atuação do Barão do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos, filho do Visconde do Rio Branco, na consolidação das fronteiras do Brasil com os outros países da América do Sul, principalmente Uruguai, Argentina e demais países amazônicos, Venezuela, Equador e Peru. Esses desentendimentos entre Peru, Equador e Colômbia excluíram as relações de fronteiras entre o Brasil e o Equador. Em 1942, o Protocolo do Rio de Janeiro encerrou a guerra entre esses países e definiu os seus limites.

Quanto à questão do Amapá, pelos limites do Brasil com a Guiana Francesa, apesar de ser problema do início da ocupação da Amazônia pelos portugueses, no século XVII, só foi resolvido no final do século XIX. Através do laudo arbitral de 1º de dezembro de 1900 do Barão do Rio Branco, encerrando a questão de limite do Brasil com a Guiana Francesa.

Ao ocupar a Guiana, os ingleses perceberam que os luso-brasileiros entraram pelo alto rio Branco e seus afluentes até a região do alto Rapununi, afluente do Essequibo, rio que limitava a área inglesa. Ao longo do século XIX, o Brasil manteve-se numa situação litigiosa com a Inglaterra em uma área de 30.000km, no período republicano, a 28 de dezembro de 1898, quando a questão foi submetida ao árbitro do rei Vitório Emanuel III, da Itália, com o estadista Joaquim Nabuco como representante do Brasil. A Inglaterra conseguiu ganhar 19.630 km realizando seu objetivo de acesso à Amazônia pelo rio Tacatu, pelo rio Branco e rio Negro até chegar ao Amazonas.

Quanto à questão do Acre, em 27 de março de 1867, as fronteiras do Brasil com a Bolívia foram definitivamente desenhadas pelo Tratado de Ayacucho. Na área que correspondia à época, ao Estado do Mato Grosso e parte do atual Estado de Rondônia até as confluências dos rios Mamoré e Beni, formadores do rio Madeira.

Com o envolvimento da Bolívia na Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1884 as demarcações ficaram suspensas, perdendo para o Chile a área que dava acesso ao pacífico. Somente em 1895, o Brasil e a Bolívia retornaram às estratégias de  demarcações. A chegada de pioneiros para exploração da borracha no alto dos rios Purus e Juruá, provocou o problema que agravou a demarcação. O Rush da Borracha, de significado econômico para a indústria automobilística, que atraiu população oriunda da região seca do nordeste do Brasil, implicando diretamente na definição dos limites com o Peru.

O governo boliviano, pela ação do Capitão João Manoel Pando alertou seu país para o fato dos sertanistas brasileiros estarem explorando o alto Purus e seu afluente, rio Acre, em território boliviano. Os desentendimentos entre o Brasil e a Bolívia provocaram lutas das forças bolivianas contra os brasileiros. Em 19 de fevereiro de 1895, foi assinado o Protocolo de reconhecimento das áreas ocupadas pelos brasileiros e autonomia para a Bolívia implantar uma Alfândega na área de Porto Alonso, sob a garantia das forças armadas brasileiras.

Os brasileiros que ocupavam a região não aceitaram o acordo e em 9 de maio de 1889 expulsaram os bolivianos e proclamaram a República do Acre. Para governar a Nova República, o espanhol Dom Luiz Galvez foi contratado em Belém pelos seringueiros, a 14 de julho de 1899, sendo embargado um ano depois por uma flotilha naval inglesa que restabeleceu a alfândega para a Bolívia.

Com o surgimento do Bolivian Syndicate do boliviano Avelino Aramayo, com vinculação com empresas de capital internacional, norte-americano e inglês, que arrendaram a região para a exploração econômica da borracha, os brasileiros ocupantes da região decidiram expulsar os americanos e ingleses, sob o comando do gaúcho Plácido de Castro (ex-aluno da escola Militar de Porto Alegre) que depôs em 6 de agosto de 1902 as autoridades bolivianas acampados no Xapuri (pronúncia: diapuri) e proclamou a instalação do Estado Independente do Acre.

O Governo brasileiro enviou tropas sob o comando do General Olímpio da Silveira, o qual se desentendeu com Plácido de castro. Em 21 de março de 1903 acabou-se a contenda e dissolveu-se o Bolivian Syndicate. Em 17 de novembro desse mesmo ano, com o Tratado de Petrópolis, o Brasil incorporou a área de disputa ao seu território e em contrapartida concedeu outra área, com 2.296 km na linha divisória, a construção de uma estrada de ferro, a Madeira-Mamoré e o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas à Bolívia. Essa vitória diplomática do Brasil, na questão do Acre, teve grande alcance geopolítico preventivo em relação aos problemas que iria ter com a Inglaterra e estados Unidos, os quais poderiam também reivindicar direitos.

No período colonial já havia a política de manter fechada a Amazônia aos estrangeiros. Com D. João VI, a abertura dos portos não incluís os que estivessem às margens dos rios e no período imperial nunca houve acordo para aceitar navegação pelo rio Amazonas e afluentes, pois a cada manifestação, evidenciavam-se os interesses dos estrangeiros, além da navegação.

Em 1824, a primeira dessas manifestações ocorreu em Nova York, com a The Amazon Steam, uma companhia organizada para fazer a navegação do Amazonas, com aprovação do embaixador do Brasil, nos EUA, José Silvestre Rebelo. Sobre o assunto, a historiadora Nícia Vilela Luz, no seu livro “A Amazônia para os Negros Americanos” mostra como a questão da Amazônia tem sido sempre alvo de interesses estrangeiros. Diz ela que a Companhia South American Steam Boat Association, criada em Nova York solicitaram ao Rio de Janeiro o privilégio da navegação do Amazonas por 25 anos, o que foi recusado pelas autoridades brasileiras. Não satisfeita com a recusa, a Companhia decidiu entrar em Belém com o navio “Amazonas”, em abril de 1826, cujo comandante afirmou que pretendia abrir o comércio com as repúblicas hispano-americanas, subindo o rio até a Grã-Colombia.

Durante três décadas, a questão da navegação do Amazonas continuou, enquanto emissários estrangeiros divulgavam a situação de miséria em que estavam os habitantes da região. Essa situação decorreu de  duas situações: a expulsão dos jesuítas, que tinha uma economia baseada nos aldeamentos que, pelo menos garantia a sobrevivência dos nativos; e a Revolução da cabanagem, na década de 30 do século XIX, em que os brasileiros não aceitavam o domínio dos portugueses sobre a economia regional, o que somente foi reorganizado no final do século com a exploração da borracha.

Outro fato que criou problema para a Amazônia, na década de 50 do século XIX foi a campanha dos EUA, através do Tenente da Marinha Americana, Matheus Fontaine Maury, que tentou convencer as autoridades americanas da validade da Teoria do Destino manifesto, em que os EUA eram superiores e detinham potencial para dominar o México, O Caribe e a América do Sul até à Amazônia. Pregava que os EUA tinham direito divino de unir as Bacias do Missipi-Missouri com o Orinoco e o Amazonas. Seria criada na Amazônia uma República para os negros americanos, considerando que os trópicos úmidos seria o habit natural do negro escravo. Assim, suas ideias estavam voltadas para a colonização da Amazônia, superando as dificuldades do Sul, destacando a exploração da borracha, garantindo que a preservação da Amazônia era uma decisão de Deus, uma questão de determinismo geográfico e predestinação divina que a Amazônia fosse povoada por escravos norte-americanos. Utilizando essa teoria, os EUA passam então a exigir a abertura da navegação do Amazonas, pressionando o governo brasileiro por meio do embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Teixeira de Macedo.

Com a demora de decisão do Governo Imperial Brasileiro, Maury resolveu organizar uma expedição para explorar o Amazonas, a partir de Lima, no Peru, comandada por seu cunhado Williams Lewis Herndon, a qual dividiu em duas frotas; um pelo rio Marañon e a outra comandada por Lardner Gibbon pela Bolívia, rio Madeira até o rio Amazonas. Ambos apresentaram relatórios no Congresso Americano, sendo que o de Herndon insistia na possibilidade de transformar a Amazônia em grande centro de produção, enquanto a de Gibbon dava base para a campanha de Maury.

As autoridades americanas, apesar de mostrar interesse em manter relações conciliatórias com o Brasil, apoiavam a campanha de Maury quanto á navegação do amazonas, utilizando-se dos ideais democráticos para defender um espaço da Amazônia para os negros americanos.  Estava em vigor em 1823, uma política do presidente James Monroe, que visava afastar a influência européia sobre os países do continente americano, cuja doutrina chamada Doutrina Monroe tinha um propósito: “A América para os americanos”, com a finalidade de sustentar o imperialismo e o controle norte-americano em relação à Amazônia.

Em sua obra, o professor paraense RIBEIRO (2006) deixa claro que D. Pedro II com sabedoria diplomática manteve boas relações com os EUA, sem abrir mão da soberania, ora reagindo às pressões com o silêncio, ora agindo com passos estudados. Somente em 1850 é que foi aprovada a lei que autorizava o governo a implementar a navegação a vapor no Amazonas e seus afluentes.

Segundo RIBEIRO (2006), essa tarefa coube ao empresário Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, a organizar uma empresa de navegação com exclusividade por 30 anos. A Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, com obrigação de fundar 60 colônias ao longo dos rios amazônicos, formadas por estrangeiros e índios. Pressões internacionais exigiram que o Brasil retirasse a exclusividade dessa Companhia de navegação. Mauá percebeu o elevado custo amazônico com a navegação pelos rios, pediu exclusão da obrigatoriedade de fundar colônias, fator que também deve ter desanimado o Governo Americano de ocupar a Amazônia. A geopolítica brasileira em relação à Amazônia era considerada na época como contraditória; na bacia do Prata pedia livre navegação, enquanto no Amazonas pregava o fechamento do rio. A Amazônia era área ocupada apenas formalmente, o que exigia cautela por parte das autoridades brasileiras.

Mas a luta do Tenente Mauá continuava, ora acentuando a questão da navegação da Amazônia, ora sensibilizando as autoridades americanas para a ocupação da Amazônia. Isto trouxe preocupações para o Brasil, provocando a sugestão do embaixador norte-americano no Brasil, James Watson Weber, ao presidente Abraham Lincoln, em 1862, para que enviasse para o Amazonas os negros libertos para formarem a República dos Negros Americanos. Lincoln chegou a apresentar a proposta para os líderes negros que não aceitaram sair dos EUA.

Com a criação da Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, sob o comando do Barão de Mauá, houve grande avanço tecnológico, introduzindo a navegação a vapor. A expansão do comércio, apoiado na navegação fluvial para os seringais deu origem a duas empresas privadas: a “Companhia Fluvial Paraense” e a “Companhia Fluvial do Alto Amazonas”.

Outro brasileiro que se mostrou favorável a uma ação cooperativa com projetos norte-americanos foi Aureliano Cândido Tavares Bastos, o solitário, que defendia a abertura da navegação do Amazonas aos estrangeiros pelo modelo norte-americano.

O desinteresse das potências marítimas da época estrangeira superou o temor do Brasil quanto à abertura da navegação no Amazonas. Um decreto imperial, em 1866, abria o rio Amazonas à navegação estrangeira, sendo limitada à concessão específica nos eixos fluviais dos rios Tocantins até Cametá; do rio Tapajós até Santarém; do rio Madeira até Borba e do rio Negro até Manaus.Mas essa abertura só começou de fato,  7 anos  depois, em 1874, quando surgiu em Manaus o 1º navio dinamarquês, uma embarcação à vela, sendo que nesse meso ano outra empresa estrangeira incorporou as nacionais, era a Amazon Steam Navigation que não chegou exercer monopólio sobre as brasileiras.

 

2.5 CIDADES RESULTANTES DOS PROJETOS DA REPUBLICA PARA A AMAZÔNIA

           

Com a mudança de Império para República, os projetos do Governo Brasileiro para desenvolvimento da Amazônia deixam de aplicar estratégias de colonização com estrangeiros e revelam a preocupação de ocupá-la com brasileiros, principalmente nordestinos. Daí em diante, começam a surgir vilas e cidades com nomes de árvores, rios, animais, santos católicos, nomes de pessoas que atuavam na liderança dos projetos, herdeiros de colonizadores, filhos de capitães e de tenentes-coronéis, nomes de reis e rainhas que já estavam na história do Brasil  e do Pará, além de personagens de histórias místicas que atribuem benefícios aos milagres de santos, característica própria da cultura cristã nordestina. A partir daárea metropolitana de Belém já começam os distritos se emanciparam em consequência do crescimento provocado por Projetos institucionais do governo federal para desenvolvimento da Amazônia.

Ananindeua, município vizinho da Capital, através da rodovia Belém-Brasília, transformou-se um subúrbio de Belém com granjas e piscinas de igarapés de água doce servem para programas de fins de semana. É atribuído à construção da Rodovia Belém-Brasília, determinada pela interiorização da Capital Federal, a responsabilidade de ser o fator ponderável para o desenvolvimento da cidade.

A origem histórica de Ananindeua remonta a meados do século XIX, quando surgiu alí uma parada da extinta Estrada de Ferro de Bragança, com o citado nome e teve continuidade, depois de constituída em freguesia e mais tarde em distrito de Belém. O nome de Ananindeua, de origem indígena originou-se da grande quantidade de árvores chamadas anani, que existiam ali em tempos remotos, especialmente à margem do igarapé Ananindeua.

Entretanto, há localidades das quais se desconhece a sua origem, como no caso do atual município de Bujaru, localizado na zona fisiográfica Guajarina, na margem esquerda do rio Guamá. Sabe-se, porém, que o seu território fora habitado, inicialmente, por famílias nordestinas, que ali chegaram atraídas pela fertilidade das terras, para fins agrícolas. Assim, não estando definido oficialmente que tipo de plano de governo foi adotado ali ou como foi divulgado.

Com o aumento gradativo da população, a localidade progrediu, pois, em 1758, já figurava como distrito do município de São Domingo do Capim. Entretanto, essa situação perdurou até 1938, quando por ocasião da extinção de sua categoria, passou a integrar a zona do distrito-sede de Capim, de onde se desmembrou, em 1943, para construir-se em unidade autônoma. O topônimo proveio do rio Bujaru que corta o município, cujo significado indígena é “boca da cobra”.

O território do atual Município de Inhangapi encontra-se situado na zona fisiográfica Bragantina. A sua ocupação data de fins de 1898, quando ali foi fundado um núcleo colonial que recebeu a denominação de Inhangapi, em virtude do local ser banhado pelo rio desse nome. Até 1900, a colônia era composta, somente, por imigrantes nacionais. Mais tarde, após a instalação de 12 fornos de cobre para fabricação da farinha, a localidade prosperou, e, já em 1920, constituía-se, como distrito da 11ª circunscrição do município de Belém, subordinado a Castanhal. Entretanto, essa situação teve duração até 1943, quando se desmembrando dali, obteve autonomia político-administrativa. O topônimo indígena, de origem tupi, significa “caminho do diabo”.

Conforme dados oficiais da história de Castanhal “....quando os trabalhadores que construíram a Estrada de Ferro de Bragança atingiram o local onde pretendiam implantar uma estação para a ferrovia, existia alí uma frondosa castanheira, razão pela qual se deu à localidade, o nome de Castanhal”..., que também  Vila em Portugal com o mesmo nome. Na política governamental de colonizar a zona bragantina, os campos de Castanhal foram divididos em lotes agrícolas e entregues aos imigrantes cearenses para cultivo. Mediam esses lotes 110 m de frente por 440 m de fundos, e se localizavam nas proximidades da estação ferroviária, formando a povoação de Castanhal.

 Em 1902, o Governo do Estado, mandou dividir o distrito de Castanhal em núcleos coloniais, e, no ano seguinte, conseguiu conforme acordo firmado com o governo espanhol, a vinda de famílias de imigrantes, a fim de desenvolver a agricultura. Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 1-IX-1920, figura no município de Belém o distrito de Castanhal.

O município de Marituba, cujas terras foram desanexadas do município de Benevides, em 1995, está localizado na mesorregião metropolitana de Belém, integrado a microrregião de Belém. É o município de menor extensão territorial com 111,09 km. Sua densidade demográfica é terceira mais elevada do Pará. A maioria do seus habitantes, devido à escassez de emprego na cidade, trabalha em Belém, por isso, o município é chamado de cidade-dormitório.

Por volta de 1920, o povoado de Santa Bárbara já estava subdividido em três adensamentos: Tracuateua, Candeua e Santa Rosa, onde foram instalados as primeiras escolas: Mista de Candeua, Mista de Tracuateua e Mista de Santa Rosa, que administravam o ensino primário básico de 1º a 4º séries.  Em 1962, Santa Bárbara, que já fazia parte do município de Benevides, desmembrando de Ananindeua, elege seu 1º vereador Raíldo Alves de Souza, descendente dos Gomes da Silva e herdeiro das terras que doou alguns hectares para a expansão do povoado e posterior assentamento da Vila de Santa Bárbara. Existem três versões sobre a origem do nome do município de Santa Bárbara. Segundo conta o morador Jorge Moreira, a origem do povoado remontaria ao terceiro decênio do século XIX, nos idos da Cabanagem, onde os cabanos ali teriam se aquartelados, embaixo das mangueiras, talvez à espera do momento oportuno para tomar de assalto a capital da província de Belém. Nessa sua estada na área teriam encontrado semi-enterrada, uma pequena imagem a qual identificaram como sendo de Santa Bárbara, daí a origem do nome do local.  Porém, uma antiga moradora da região conhecida como “Dona Ciló”, afirma que o nome deve-se a uma promessa feita e atendida pela Santa, para que não chegasse ao local uma grande epidemia que se alastrava pelas redondezas.  A outra versão é a Raimundo Alves de Sousa, segundo ele, a denominação para o povoado teria advindo da data em que Felipe Santiago Gomes da Silva, primeiro morador do local, teria terminado a construção de sua casa: 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara.

Na história de Santa Isabel também há controvérsias com relação ao topônimo. Um antigo morador, Mestre Cícero Cavalcante, diz que esse nome foi dado à localidade, em virtude do Padre Lira, Vigário da Colônia Benevides, ter introduzido no altar da Capela, a imagem da Rainha Santa Isabel, de Portugal, doada por um dos colonizadores espanhóis, em substituição à imagem de Santa Maria Isabel, da Espanha. O município de Santo Antonio do Tauá recebeu esse em homenagem ao Padroeiro da Cidade e, também, ao rio Tauá que banha grande parte do seu território. Tauá é topônimo de origem indígena e significa “barro amarelo”. O desbravamento da região onde se localiza Santo Antônio do Tauá teve início no século XIX, quando os adeptos do movimento da Cabanagem instalaram-se nas matas do atual município de Vigia, inclusive na Vila de São Raimundo dos Borralhos. Para atingir a Capital do Estado, os cabanos utilizavam-se dos rios ali existentes, bem como dos caminhos que foram abrindo, nos quais surgiram diversas povoações.

Em 1890, vieram para o Estado do Pará alguns espanhóis. O então Governador José Paes de Carvalho, objetivando povoar e incrementar a agricultura nesse território cedeu-lhes uma área de terras, na expectativa de que os recém-chegados a explorassem e a cultivassem. Para isso, mandou construir três barracões que lhes serviram de alojamento e também lhes supriu de mantimentos até aguardarem a colheita dos produtos. Entretanto, a permanência desses espanhóis foi de curta duração, restando somente os três barracões.

Em 1901, entraram na Capital do Estado inúmeras famílias nordestinas chefiadas pelo major potiguar Manoel Cornélio Barbosa Cordeiro Peixoto, fundador da Cidade. Na ocasião, pleiteou e obteve do Governador Augusto Montenegro a mesma área de terras antes doada aos espanhóis.  Em consequência da implantação da agricultura e de um engenho de açúcar, a localidade desenvolveu-se, vindo a adquirir categoria de município, em 1961. Curralinho se originou de uma fazenda particular, que cresceu face ao agrupamento de pessoas ligadas a seus proprietários em decorrência de interesses comerciais. Sua denominação vem de "curralzinho", usado pelos aventureiros portugueses que, com o uso, perdeu o "Z". O município de Curralinho foi criado em 31 de Dezembro de 1936.

Com o declínio dos dois ciclos da borracha, veio uma angustiante estagnação, da qual o Pará só saiu na década de 1960, com o desenvolvimento de atividades agrícolas no sul do Estado. A partir da década de 1960, mas principalmente na década de 1970, o crescimento foi acelerando com a exploração de minérios, principalmente na região sudeste do estado, como o ferro na Serra dos Carajás e do ouro em Serra Pelada.

Na região do Tapajós, principalmente em Itaituba, Fordlândia e Belterra, no começo do século XX, foram a Borracha e o Ouro que seguraram a economia; somente depois de 1970 é que a Madeira e o Comércio passaram a dividir espaço com as anteriores, surgindo recentemente as atividades ligadas à Agropecuária  e ao Agronegócio com destaque na região. Atuamente, atividades do terceiro setor, principalmente serviços e Educação, tem sido o alvo dos que encaram o desafio de morar nessa parte da Amazônia.

 

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