Humano Demasiadamente Humano. Nietzsche.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 21/11/2013 | FilosofiaHumano demasiadamente humano.
Nietzsche a partir da sua obra em referência resolveu superar definitivamente a metafísica, superando de certo modo a Filosofia, criticando o modo de o mundo ser e se fundamentar, por um duplo procedimento.
A crítica desenvolvida pela exegese e a crítica formulada pela genealogia. A análise elaborada pela exegese entende Nietzsche que a metafísica é a mais absoluta falsificação. A mesma faz uma leitura totalmente errônea das coisas, sobretudo, a respeito da materialidade.
O entendimento da natureza é totalmente deturpada. A metafísica quer entender, saber o que está por detrás do mundo. Isso significa para Nietzsche que a metafísica não tem sentido como instrumento epistemológico.
Ela está enlouquecida para compreender o sentido do mundo, quando na verdade não existe nada como substrato do mesmo, a substância do mundo, está na sua própria realidade, o que significa que o mundo fundamenta na natureza dele mesmo, e, que nada externo ao mesmo, tem significação.
Tentar explicar a realidade por procedimentos metafísicos é a mais absoluta enganação, em primeiro lugar não existe uma justificação divina para o mundo.
O mundo existe por si mesmo e se justifica pelas suas leis, tudo que for entendido fora do comando do próprio mundo não tem razão de ser. A metafísica não decifra os fenômenos tais como eles são; ocultam por projeções fantasmagóricas.
Com a metafísica não se chega a lugar nenhum, a ideia de deus é um conceito cuja historicidade não tem nenhuma base de sustentação, a relação do homem com o transcendente para Nietzsche é apenas uma ideologia.
O mundo é demasiadamente humano, tão somente humano, não tem nenhuma outra lógica a não ser a referência do homem como cultura empírica.
Entender o mundo com a interferência de deus é simplesmente absurda. Na realidade prática do mundo, tudo é muito simples, apenas a realidade material do mundo explica o próprio mundo.
Motivo pelo qual a metafísica é uma grande confabulação em torno do nada, mas Nietzsche explica esse procedimento do engano em torno das coisas, as quais deveriam ser reais. A ideologia é simples diz Nietzsche, o nada é vivenciado como se fosse o real, sendo desse modo o ideal da realidade.
O fundamento é, com efeito, uma ficção, sendo a mesma transformada erigida em forma de ídolo. O homem covardemente procura um princípio sem nenhum fundamento e através do mesmo procura desprezar a realidade do mundo.
Exatamente por esse motivo diz Nietzsche que deus é uma ideologia extremamente prejudicial ao desenvolvimento das civilizações, com o mesmo espírito que escreveu o Anticristo elaborou também a sua magnífica obra: Humano demasiadamente humano.
O homem inventou deus disse Nietzsche, com objetivo claro, caluniar o mundo real negando o mesmo na imaginação ideológica, a terra o mundo real deve ser negado, a certeza que terá outro mundo como compensação, a realização da imaginação de uma ideologia negativa.
Então o homem escolheu o nada fez da sua escolha a invenção de deus, como inclusive se o referido tivesse criado o mundo, quando teve sua origem em si mesmo, nenhuma realidade fora da realidade do próprio mundo, poderá ser realidade, a suposta outra vida é simplesmente uma ilusão, produto do mais elevado delírio de uma anticultura.
Deus não existe é chamado a julgar o povo e condenar a essa existência, se o homem não tiver existido em acordo com a ética da cultura dominante. O homem inverte a realidade para a fantasia, essa é sua crítica exegética da ideologia metafísica como explicação do mundo e de deus.
A crítica genealógica formulada por Nietzsche, dado que o ideal, deus e o nada, apenas um ídolo, ou seja, uma invenção, não tem nem mesmo sustentação cultural, mas sendo essa perspectiva vista como verdade, a metafísica não está preocupada em saber a origem do mal, já que o mesmo não poderia ser físico.
A metafísica então está apenas preocupada em fundamentar a existência do ídolo mediante uma ideologia, formulada a mesma, a partir desse momento tudo o que fundamenta é ela mesma, como se fosse de fato à representação de deus.
Então a metafísica cria um conjunto de valores que alto justificam com os mais variados argumentos, a origem dessa ideologia ou ontologia metafísica é: a decadência do ideal humano.
Que para Nietzsche realiza na forma de um sonho ilusório a efetivação da própria debilidade, o que é esse sonho delírico, a realização de uma vontade fora do mundo real, como ideal apenas na perspectiva da ideologia do mundo criado na imaginação. A vontade são os ideais disfarçados como se fossem reais, o desejo tentando ser realidade na metafísica.
Essa é a crítica genealógica formulada por Nietzsche, nessa perspectiva que podemos entender a complexidade do seu pensamento, a crítica ao Anticristo, O Humano demasiadamente humano e o Super-homem.
Edjar Dias de Vasconcelos.