Honoré de Sarney Balzac.

Por Jean Tanzerino | 06/08/2009 | Política

Na última sessão do parlamento a ordem do dia era aprovar os agradecimentos a apresentar aos juízes que decidiram proibir a publicação de relatórios policiais pela imprensa.

O presidente da casa levantou um brinde ao rei.

Um ladrão propôs um brinde à prosperidade do comércio; outro brindou os juízes.

Em seguida, o orador fez uma análise dos progressos na arte de roubar, desde a origem até nossos dias. Esse hábito – disse ele – data da antiguidade. Os honestos, bem como os ladrões – mas sobretudo os ladrões – não devem criticar as leis que protegem a propriedade. Elas são o nosso maior apoio. Dão ao público uma falsa sensação de segurança e nos proporcionam os meios de atuar em nossa profissão: o roubo.

Nosso único capital é a astúcia, e quem não a tiver deverá ser punido. Hoje, segundo os textos das leis, dispomos de mil maneiras de escapar. Bendito seja o legislador que declarou que antes de nos castigar, era necessário que se provasse o delito. Presenteou-nos com uma verdadeira guarda de honra!

Honoré de Balzac (Interpretação livre de Antônio Abujamra)

O Senado brasileiro, aos sete de agosto de 2009, foi capaz de belíssima e rara proeza através do perene ardil pútrefo: fez, da arte, realidade.