HOMENAGEM À ESCRITA

Por Mário Paternostro | 22/05/2010 | Crônicas

HOMENAGEM À ESCRITA



Como é dolorida a arte de escrever, pegar a caneta e guiá-la por caminhos que não tem placas de direção. O sangue muitas vezes é derramado e confundido com o suor, mas as frases têm que sair. Cada parágrafo é o começo do trabalho, onde a escrita começa a agir. A pausa que a vírgula dá, é o descanso que se tem para pensar e colher a palavra que muitas vezes se esconde atrás do texto.
Escolher o tema, a conjunção correta, o caminho a ser seguido, tudo isso causa angústia, pois nada é oferecido, tudo é buscado de forma às vezes simples ou de maneira em que nos entregamos em holocausto. A ninguém é dado o direito de brincar com a caneta. O respeito pela palavra é que vai mostrar o valor do conteúdo do texto. É preciso muitas vezes se desnudar de preconceitos e regras, pois a palavra é nua e crua, ela não admite máscaras e nem maquiagem pra se mostrar. É necessário ter intimidades com a escrita, até mesmo se possível, dormir com ela. É de bom tom tentar vê-la despida, mas sem constrangê-la. Tentar arrancá-la de seu estado de descanso é brigar de forma grosseira e não esqueça, ela reage com brutalidade, não obedece a ditadores, apenas a regras que ela mesma criou (gramática). Pontuar sempre com discernimento é o segredo para a clareza, pois sem isso como iremos respirar as frases. O dicionário deve estar sempre ao lado, pois a ninguém é ofertado o direito de tudo saber. Qualquer duvida ele esclarece.
Não há necessidade de um vocabulário rico, o importante é ser entendido e colocar as coisas de maneira clara e legível, assim, multiplicar-se-ão os assuntos e a palavra vai sempre pedir permissão na hora de beijar o papel. Antes de terminar o texto, enxugue o suor do rosto, analise e ponha o ponto de segmento, deixe o ponto final para quando encerrar a sua própria história.