Hitler não amava os judeus
Por Osorio de Vasconcellos | 04/10/2013 | CrônicasResumo: Comenta a produção de filhos para alavancar o poder de saque à conta do Bolsa-Família e do Brasil Carinhoso.
Hitler não amava os judeus
Ensinam os mestres, Pascal em particular, que só é possível amar a singularidade. Ninguém ama qualidades abstratas, nem particularidades gerais, físicas ou não. O amor recai exclusivamente sobre o que o outro ou a outra possui com absoluta exclusividade.
Hitler não amava os judeus porque não via neles a singularidade de cada um. Tratava-os genericamente como representantes de determinadas qualidades raciais. Por isso matou sem piedade.
Um casal decide ter um filho, antevendo o brilho singular dos olhos da criança. O seu encanto original e único. Chamemo-lo filho singular.
Mas um casal também pode produzir um filho com a intenção deliberada de alavancar o seu poder de saque à conta do Bolsa-Família e do Brasil Carinhoso. Nesse caso o rebento vale impessoalmente por suas qualidades estatísticas. Chamemo-lo filho genérico.
As crianças crescem. As singulares são tratadas com carinho, cuidado, atenção.
As genéricas estão por aí levando porrada, do pai, da mãe, do tio, do vizinho, do irmão mais velho. E, como se não bastasse, sofrendo abusos de estirpe ainda mais perversa. Ao nível do tato, abusos corporais. Ao nível da visão, abusos cênicos, promíscuos, que agridem a inocência inerente à subjetividade infantil.
As crianças genéricas continuam crescendo. Chegam à adolescência e são atraídas para o mundo dos vícios, das drogas, da prostituição.
A fase dos assaltos e dos crimes de morte é o passo seguinte.
Passo coerente, vale ressaltar. Coerente porque no assalto e no ataque letal o adolescente nada faz além de arrastar a sua vítima para dimensão da generalidade em que foi criado. A única dimensão que ele conhece. A única que a sociedade lhe ofereceu.
Isto faz sentido. Para eles, nada mais genérico que uma vítima. Nada mais genérico que a morte.
Antigamente se dizia: ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil. Penso que algo semelhante poderia ser dito hoje a propósito da proliferação desse cancro alimentado pelos cofres públicos.