História Republicana

Por MARCOS TÚLIO FERNANDES MELO | 30/05/2012 | Política

UM BREVE RELATO SOBRE A REPÚBLICA BRASILEIRA 

Vamos falar um pouco da história republicana brasileira, a república no Brasil teve início em 1891. A data da proclamação da república, na verdade, foi através de um golpe militar, liderado pelo então Marechal Deodoro da Fonseca, e futuro presidente do Brasil. Após a proclamação da república, o primeiro país a reconhecer um Brasil republicano foi a Argentina, historiadores afirmam que o Governo Provisório republicano foi a primeira ditadura militar do Brasil, pois por um decreto resolveu-se instituir a censura e suprimir a liberdade de imprensa, criando uma junta, composta só de militares, incumbida de julgar sumariamente os que fossem acusados de abusos no exercício do jornalismo.

Floriano Peixoto que era vice de Deodoro da Fonseca, assumiu a presidência em meio a uma grave crise oposicionista, tanto por parte do congresso, quanto da população brasileira que estava sofrendo uma grave crise econômica. Nessa época é bom que se diga a eleição para vice-presidente era em chapa separada da eleição para presidente.

Depois de Floriano Peixoto, assumiu a presidência Prudente de Moraes, o último presidente antes do inicio do ciclo da política do café-com-leite, iniciada por Campos Sales. Após esse período veio a política do café com leite, onde ocorreu a alternância de poder entre a elite paulista e a elite mineira, de um lado São Paulo e seus ricos e poderosos barões do café, de outro Minas Gerais nessa época o  maior colégio eleitoral do país.

Essa política de alternância de poderes começou basicamente com as circunstâncias que levaram o governo a assumir a divida contraída pelos barões do café através de um acordo da divida externa chamado: funding loan. Campos Sales conquistou o apoio da elite mineira, que contava com a maior bancada de deputados federais do país. Campos Sales indicou o paulista Rodrigues Alves, dando inicio de fato á política do café-com-leite. Dentre os principais nomes desse período vale lembrar do mineiro, Afonso Pena, Artur Bernardes, entre outros. Essa política foi quebrada quando, o então presidente Washington Luis apoiou a candidatura do também paulista Julio Prestes, o que desagradou a elite mineira que se aliou à elite gaúcha, sendo um dos principais motivos que fez com que Getulio Vargas chegasse ao poder, outro fator importante para o fim da republica do café-com-leite, foi a crise de 29, que derrubou os preços do café no mundo inteiro e conseqüentemente enfraquecendo os barões do café que formavam a elite paulista dominante do poder.

Então Julio Prestes foi eleito mas não tomou posse, pois a revolução de 30 depôs Washington Luis, os paulistas tentaram o troco com revolução constitucionalista de 32, onde tentaram sem sucesso derrubar Getulio, inicia-se no Brasil o período de industrialização. Getúlio foi um grande estadista um homem revolucionário, consolidou as leis trabalhistas, e melhorou muito a vida dos trabalhadores para aquela época, porém teve seu lado ditador.

O mundo vivia um momento difícil havia tido a crise de 29 que assolava o mundo, mas que foi domada por Roosevelt nos Estados Unidos com grande maestria, um homem que por sinal era paraplégico, e de uma cadeira de rodas orquestrou todo um plano econômico, de um outro lado crescia o socialismo encabeçado pela URSS, após a revolução russa de 1917,

Getúlio governou o Brasil num primeiro momento de 30 à 45, seu ministro de guerra, nesse entretempo assumiu Eurico Gaspar Dutra, cuiabano. Getúlio volta pelos braços do povo, e a ameaça comunista se manifestava cada vez mais forte.

Em 1955, no governo de Juscelino houve uma tentativa de golpe  porém sem sucesso. Juscelino assumiu tendo como vice João Goulart, fez um grande governo, incentivou e proporcionou através de investimentos o processo de industrialização brasileira, criou a indústria automobilística, entre outras ações, incentivou a interiorização do Brasil com a transferência da capital para Brasília.

Jânio quadros assumiu após Juscelino, Brasília já havia sido inaugurada, mas era público a insatisfação de Jânio na sua moradia na nova capital, com isso gera uma grave crise política que abriu brechas para que os comunistas pudessem dar um golpe, e é nesse contexto que os militares começaram a proliferar a idéia de que deveria haver uma intervenção militar para que pudesse haver uma garantia da preservação do sistema capitalista no Brasil, de fato eles garantiram, porém é um grande equívoco hoje em dia achar que o regime militar foi benéfico para o Brasil, é claro naquela época houve um grande apoio principalmente por parte da mídia, do Sr. Roberto marinho , dos grandes jornais, enfim.

Sem dúvida o período do regime militar foi o mais desaprovado pela população sob o ponto de vista, das garantias dos direitos, foram outorgadas duas constituições nesse período, a de 67 e a de 69, o primeiro presidente desse período foi o general Castelo Branco, depois veio Costa e Silva, teve a criação dos atos institucionais, porém o endurecimento do regime veio com o ato institcuional nº 5, depois veio o presidente Médici, Ernesto Geisel, que já possibilitou a recriação dos partidos políticos, por fim o último presidente do regime militar; João batista Figueiredo.

Em 1985 houve novamente eleição presidencial, algo que não houve durante o regime militar com a participação do povo, de um lado Tancredo neves, do outro Paulo Maluf, saiu vencedor Tancredo porém não assumiu devido a sua morte nas vésperas da posse, no seu lugar assumiu José Sarney, que disse que à época, que se dependesse somente de sua vontade, ele não teria assumido, pois sabia da popularidade de Tancredo, e sabia a frustração na qual o povo se encontrava, porém fez um governo voltado para a transição do regime militar para democracia plena novamente, lançou o plano cruzado, plano Bresser.

Em 1989 houve uma das mais importantes eleições presidenciais de todos os tempos, grandes nome compuseram o rol dos candidatos, dentre eles: Mario Cóvas, Luis Inácio lula da silva, o então jovem Fernando Collor de Mello, Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, um dos fundadores do PMDB, Silvio Santos, porém os dois candidatos que foram ao segundo turno foram Fernando Collor de melo e Luis Inácio Lula da silva.

Collor saiu o vencedor da disputa, fez um governo inesquecível, muita gente não esquece o que ele fez, certamente um de seus maiores equívocos foi o confisco da poupança, Collor foi o responsável pela abertura comercial do Brasil, foi no governo dele que foi criada a lei dos servidores públicos, porém por outro lado ele caçou, com cedilha, funcionários públicos  demitindo-os, sofreu o impeachment.

Em seu lugar assumiu o vice Itamar Franco, por muitos considerado o pai do plano real, em 1995 chega à presidência Fernando Henrique Cardoso, domou a inflação com grande maestria, com o real valorizado houve um favorecimento às importações, o que contribuiu para uma grande entrada de dólares no Brasil, seu primeiro mandato foi digno, para um homem com a capacidade do FHC, serviu para estabilizar o plano real, colocou o Brasil novamente nos trilhos do crescimento, em 1997 ele fez lobby para que fosse aprovada a emenda constitucional que autorizava o segundo mandato, a partir daí ele começou a mostrar suas verdadeiras garras.

Em 1995 houve a crise do México, e o Brasil sacudiu, em 1997 veio a crise asiática e sacudiu o Brasil mais uma vez, no ano seguinte veio a crise da Rússia, portanto essa sequência de crises contribuíram e muito para que em 1999 viesse a crise cambial brasileira.

Nesse momento a inflação já começava a subir, o desemprego subia também a taxa de juros seguia esse mesmo caminho, em 2003, Luis Inácio lula da Silva finalmente chega ao poder, depois de disputar sua 4ª eleição, com grande expectativa e ao mesmo tempo medo por parte da população.

Lula cumpriu a promessa que havia feito em campanha, que era justamente manter as diretrizes econômicas do governo FHC,  uma coisa é certa com o governo lula o Brasil avançou em todos os sentidos, o Brasil finalmente cresceu com distribuição de renda, esse governo quebrou alguns tabus históricos que existiam no Brasil, alguma parte da sociedade mais letrada, aí incluindo os políticos, economistas, jornalistas, enfim, diziam que primeiro o Brasil deveria crescer para depois distribuir as riquezas produzidas, ou seja, deveria fazer o bolo crescer para depois repartir, o governo Lula mostrou que quando você disponibiliza um certo poder aquisitivo nas mãos dessa camada social menos privilegiada, eles podem contribuir e muito com o aquecimento da economia, foi o que nós vimos no Brasil durante a crise econômica dos EUA de 2008, quem de fato contribuiu para que o Brasil não entrasse numa brutal crise foi as classes baixas, que fomentaram o mercado interno,

Aliás essa crise serviu para quebrar um tabu que já estava na hora de vir abaixo, que é o neoliberalismo econômico, o qual prega um estado destinado somente a cuidar do social, ou seja àqueles assuntos que lhe é inerente, ao passo que os investimentos, cabe à iniciativa privada, mais um tabu que veio a baixo, visto que se não fosse o estado, não só o Brasil, mas cada país no mundo fazendo a sua parte, disponibilizando crédito na economia, desonerando impostos, enfim, essa crise sem dúvida nenhuma teria alcançado proporções muito maiores,

E essa questão de um estado forte atuante, ou de um estado fraco coadjuvante dos destinos da economia é um ponto a ser debatido, eu defendo um estado forte, com o que há de melhor na iniciativa privada, práticas corporativas de gestão ,enfim, o Brasil é um país com vocação democrática, nosso conjunto de leis, estão entre os melhores do mundo.