HISTÓRIA DO PROJETO DE LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: "REUNIÃO NA SEDE DA ADEPOL E OS BRAÇOS ABERTOS DO PRESIDENTE ULISSES" - PARTE XXI (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 12/02/2018 | História

 

Data: 21.06.2016, por volta das nove horas da manhã, cheguei na Corregedoria da Polícia Civil e para variar dei de cara com o Agente de Polícia Pacheco no expediente conversando com a Agente de Polícia Graciela e mais duas pessoas. Logo que me viu no corredor me olhou daquela forma intrigante e perscrutória, como se fosse um fiscal do prédio no horário da manhã e me cumprimentou. A conversa no expediente (de onde saíram fotos...) certamente que era "Sandra Mara" em evidência. Imaginei no âmago os pensamentos mais claudicantes que poderia ter sobre sua relação com a Delegada Sandra Mara e talvez tenha conseguido a explicação: "É como uma filha, talvez, uma irmã, uma mãe... sei lá, mas tinha certeza que é uma relação muito intensa, um sentimento de superproteção, de anjo da guarda que precisa proteger, precisa espraiar todo o seu melhor numa pessoa e no mesmo passo imaginar inimigos ocultos, almas penadas, a maldade circundante... De certa forma comecei a compreender melhor a relação entre os dois e lembrei da presa Eliege, nos meus tempos de Penitenciária, que também de certa forma queria me proteger e ser útil de alguma forma.

Por volta das dezesseis horas e quarenta minutos cheguei na sede da Adepol (centro de Florianópolis) e fui direto para a sala de reuniões, onde encontrei diversos Delegados de Polícia da diretoria e conselhos reunidos, enquanto que um advogado fazia relatos sobre ações judiciais em andamento. Sentei entre a Delegada Magali e o Delegado Artur Régis cujo personagem parecia ter envelhecido precocemente. Do outro lado estavam os Delegados Bermudes, Angelo Fragellli, Gusso... Ao lado da Delegada Magali estava o Delegado Ricardo Casarolli. Vários outros Delegados estavam presentes, quase todos de terno e gravata, bem diferente deste personagem e do Delegado Sell que estava na outra ponta. O Delegado Ulisses me repassou o livro o livro dos Delegados David de Queiroz e Gusso, cujo lançamento iria ocorrer à noite na Assembleia legislativa. Dei uma folheada no material e achei muito relevante a obra. Depois Ulisses me repassou um "agravo" com relação a aposentadoria especial, assunto do causídico que palestrava. Durante umas breves incursões Ulisses se reportou a todos, dizendo que estava esperando meu estudo sobre a "lei orgânica", inclusive, que eu era o "decano" dos Delegados (me deu um frio só de pensar no fator tempo, e olhei para o Delegado Sell, bem mais velho, enquanto o Delegado Casarolli lançou uma pérola: "O senhor ainda é do tempo que recebia o salário pela coletoria? O meu pai lá no Paraná ainda era desse tempo lá na Polícia Militar...". Como todos estavam esperando alguma manifestação aproveitei apenas para dizer: "Bom, gente, não estou aqui de graça, o que vocês acham?" Em seguida Ulisses mencionou algo sobre "subsídios" e aproveitei para fazer uma última incursão, dizendo que sempre fui contra os tais "subsídios" e que agora os Delegados começaram a cair na real, especialmente os novos (olhei para muitos deles ali presentes) e conclui dizendo que não pude ser candidato à presidência da Adepol quando Ulisses se candidatou justamente porque fui contra e não poderia agora defender algo que nunca acreditei. Ao meu lado a Delegada Magali concordou com minhas palavra dizendo quase ao pé do ouvido: "O doutor Felipe sempre foi contra". Respondi que se fosse ainda um "subsídio" igual ao do Judiciário e Ministério Público, talvez... Quase perto das dezoito horas fiz sinal para Ulisses que queria conversar uns minutos em particular e ele prontamente me levou até seu gabinete. Durante a conversa relatei os problemas que tive recentemente com o Secretário Grubba e com o Delegado-Geral Nitz, sobre quererem que eu responda uma sindicância investigatória e que na minha visão tudo decorreu do meu artigo "Maquiavel no Inferno". Ulisses deu uma risada, quase que não acreditando (mas ao mesmo tempo...). Depois disso, falei do projeto da lei orgânica, da necessidade de nos prepararmos para 2017 e 2018, quando poderia fatalmente haver um alinhamento dos astros. Ulisses, demonstrando  inteligência e perspicácia, enquanto eu falava: "... o Aldo pode ser o Secretário e o Maurício é candidato...". Ulisses me interrompeu, completando: "Sim, o Eduardo Pinho vai ser o governador..". Interrompi: " O Colombo vai ficar bonzinho, já que vai ser candidato ao senado, então vamos ter que nos preparar, vamos fazer um planejamento estratégico para articular isso, já está praticamente pronta, eu trouxe aqui a metade porque não consegui imprimir ela toda, mas por aqui tu já vais ter uma ideia. Vai estudando, vê se tu concordas com as ideias, depois a gente pode melhorar, tu podes aperfeiçoá-la naquilo que achares possível. Ulisses, temos que cristalizar isso como a nossa maior aspiração histórica. Se o governador, os políticos nos perguntarem, essa é a nossa maior aspiração. E a partir do segundo semestre vamos começar a fazer contatos com políticos, a procurar a OAB como parceira, viajar o Estado. Numa frase quase provocação lancei a seguinte afirmação: “O projeto vai estar contigo, o Nitz tinha me pedido para fazer, mas depois disso tudo ele não merece, não tenho mais condições de entregar isso para ele...". Ulisses recebeu de braços abertos, dando ares de que já tinha algum conhecimento e estava esperando.