História de Ribeirão do Largo-Ba

Por Elizabeth de Jesus Santana | 15/02/2012 | História

História de Ribeirão do Largo-Ba

O Arraial que deu origem ao município de Ribeirão do Largo, foi elevado à categoria de Vila em 17 de junho de 1921, pela Lei Estadual nº 1.483 que também criou o município de Encruzilhada, desmembrando-o de Vitória da Conquista.

Inicialmente, em meados do século XIX, o Arraial chamava-se São Hilarião. Nome dado por um padre jesuíta, chamado Fernando, que foi o responsável pela catequização dos índios Pataxós e Botocudos que habitavam o lugar. Segundo depoimentos, com o crescimento do lugar, o nome mudou-se para Ribeirão do Largo em função do rio Ribeirão, afluente do Rio Pardo. Esse rio possuía em sua margem uma área espaçosa e larga, onde as pessoas começaram a construir as primeiras moradias.

O povoado de São Hilarião, então pertencente ao distrito de Paz de Encruzilhada, jurídica e administrativamente, pertencia à Imperial Vila da Vitória, futura Cidade da Conquista a partir de 1891, e atual município de Vitória da Conquista, grande entreposto comercial da região durante todo o século XIX e XX, e também área de criação de gado.

Elevada à categoria de vila em1840, aImperial Vila da Vitória, com seu extenso território abrangia quase todos os municípios que, hoje, fazem parte da região sudoeste. O Arraial da Conquista e, posteriormente, a Imperial Vila da Vitória foi o centro irradiador da conquista e colonização da região que, na época, recebia denominação de “Sertão da Ressaca”. Em 1891, o território municipal que compunha a vila, recebeu a denominação de Cidade da Conquista, mudança que não alterou sua situação de pólo aglutinador da economia da região.

O povoado de Ribeirão do Largo compunha o distrito de Encruzilhada, que apesar de ser criado já em tempos republicanos, desde meados do século XIX, fazia parte do município da Imperial Vila da Vitória.

O distrito de Encruzilhada foi criado, através da Lei n° 03 de 18 de outubro de 1895 pelo Conselho Municipal da Cidade da Conquista.

Da Imperial Vila da Vitória partiram as primeiras famílias que instalaram as primeiras fazendas de gado no distrito de paz de Encruzilhada, do qual o Povoado de Ribeirão do Largo fazia parte. Dentre os principais troncos familiares que chegaram ao povoado, vale citar a família dos senhores Francisco Santos, João Ferraz de Oliveira e Rufino Correia de Mello. Também fizeram parte desse processo de ocupação e povoamento às famílias de Sr. Juvêncio Gonçalves da Cruz e seu irmão Sr. Prudêncio Gonçalves. De Minas Gerais, da cidade de Medina, vieram os membros da família do Sr. Policarpo Ferreira dos Anjos.

De acordo com os depoimentos, em 1900, o Sr. João Ferraz de Oliveira, construiu um casarão no Povoado onde estabeleceu uma Casa de Negócio destinada à venda de tecido, ferragens e alimentos. Foi também nesta época que se construiu uma pequena Igreja onde se realizavam missas, casamentos e batizados. Os fazendeiros da região e também os comerciantes passaram a construir suas casas de residência e de comércio na sede do povoado. Neste contexto, construiu-se um “Barracão” destinado a pouso de tropas e boiadas vindas do Norte de Minas Gerais. Com a construção da estrada que ligava a Imperial Vila da Vitória ao Norte de Minas, o povoado tornou-se parada obrigatória para os comerciantes de gado, vaqueiros e tropeiros.

Após sua emancipação em 1921, Encruzilhada sofreu algumas alterações na composição do município. No ano de 1924, outras leis municipais e estaduais estabeleceram o distrito de paz de Encruzilhada e o distrito de Campinas, atual localidade de Campinarana, no novo município de Ribeirão do Largo.

Nas divisões territoriais de 1936 e 1937, Encruzilhada era formada pelo distrito sede e os de Macarani, de Campinas e de Ribeirão do Salto. Em1943, asede do município foi transferida para a Vila de Macarani, então elevada à categoria de cidade, e o município de Encruzilhada foi transformado em vila deste novo município. Somente em 1952, através da lei estadual nº 511 de 12 de dezembro, o município foi restaurado separando-se de Macarani. O novo município ficou constituído pela sede e pelos distritos de Nova Brasília e Campinarana. O município de Ribeirão do Largo, desmembrado do município de Encruzilhada, foi criado em 03 de março de 1989 por lei Estadual nº 4850, publicada em Diário Oficial de 04 de março de 1989. A sede foi elevada à categoria de cidade, quando criou o município.

Após a emancipação política, no primeiro pleito, o Sr. Paulo de Almeida Luz foi eleito prefeito da cidade juntamente com os nove vereadores que compuseram a Câmara Municipal. Juridicamente, o município pertence à Comarca de Encruzilhada. Por ainda não ter uma Paróquia, está religiosamente, subordinada à de Encruzilhada.

A maioria da população é católica e o Santo Padroeiro do município é São João Batista, comemorado anualmente em 24 de junho. No entanto, a grande festa religiosa do município não se refere à festa do padroeiro, mas à “Romaria à Cova de Pedro”, realizada em 29 de junho. A romaria é uma tradição que é mantida desde o ano de 1925, quando aconteceu o fato que deu origem às peregrinações à cova do vaqueiro Pedro.

A memória da cidade registrou e tem reproduzido os acontecimentos que envolveram o assassinato de um vaqueiro conhecido por Pedro de Ana Rita. Diz a memória popular da cidade que o vaqueiro Pedro, homem de boa índole e muito querido pela população local, foi traído por sua mulher Ana Rita com dois outros homens, ambos filhos de uma Senhora de nome Maria Gorda. Tendo conhecimento da traição, Pedro ameaçou os filhos da referida senhora. Ocorre, no entanto, que a Senhora Maria Gorda, antes de Pedro “limpar sua honra”, contratou dois pistoleiros para assassiná-lo. Fato que se concretizou com requintes de crueldade. Pedro foi morto e arrastado a cavalo por vários quilômetros, e, posteriormente, enterrado em uma cova rasa com os braços e pernas de fora, crueldade que muito chocou a população local.

Alguns dias depois, a população enterrou o corpo e deu-se início a uma série de visitações à sua sepultura. A população começou a atribuir a Pedro fatos milagrosos, intensificando as visitações e orações em seu nome. Anualmente, a romaria é realizada pelos moradores da localidade e da região. Os moradores da cidade estimam que 10 mil pessoas venham de outras cidades e estados para participarem da romaria.  Além de ser evento religioso, que atrai peregrinos de todo lugar, a romaria também atrai políticos, comerciantes e artistas de toda região constituindo num evento de grande importância para a cidade.

O município de Ribeirão do Largo é constituído pela sede, pelo distrito de Nova Brasília, pelo povoado de Campinarana e algumas localidades, como Rio Bonito, São João, Boa Sorte, Água Bela, Jacaré, Cedro, Taquaraçu e Aragão. Limita-se com os municípios de Encruzilhada, Macarani, Itambé e Vitória da Conquista.

Ribeirão do Largo faz parte da região Econômica do Sudoeste do Estado da Bahia e da micro-região de Itapetinga. Localiza-se entre as coordenadas geográficas de 15º 13’a 15º 42’de latitude Sul e 40º28’a 40º 51’de longitude W. Gr., abrangendo uma área de 1.226,4 km². A região Econômica do Sudoeste corresponde, grosso modo, ao Planalto Sul Baiano, que se subdivide em Planalto de Maracás, ao norte e Planalto de Vitória da Conquista, ao sul. Apresenta um clima bastante variado, que vai do semi-árido até o sub-úmido. O mesmo acontece com o seu relevo, que apresenta altitudes entre 200m e 1000m. A região apresenta uma deficiência hídrica periódica devido à estiagem, à irregularidade dos rios e ao lençol freático pouco expressivo, o que impõe limites ao desenvolvimento da irrigação.

O município de Ribeirão do Largo está localizado na sub-região de Itapetinga, principal centro de pecuária bovina de corte da região, favorecida pelas chuvas, relevo, localização e tradição. No entanto, é uma atividade de rentabilidade mínima, com rebanho de baixo padrão genético, com alimentação deficiente, principalmente pela baixa produtividade dos pastos. Ainda há presença da febre aftosa, que inviabiliza a exportação da carne produzida no Estado.

A paisagem do município é formada por um complexo de fatores físicos e bióticos entre os quais se destacam o clima, o solo, o relevo, a vegetação e os recursos hídricos. O clima é seco a sub-úmido, com valores pluviométricos entre700 a900 mmanuais. O período mais chuvoso se situa entre os meses de novembro a abril e os mais secos de maio a outubro, a temperatura média anual é de 21º a 23º. As isotermas indicam uma temperatura média anual em torno de 21º a 23º. As condições climáticas condicionam a estacionalidade foliar da cobertura vegetal, representada pela Floresta Estacional Semidecidual e Decidual, que se encontra descaracterizada ou completamente destruída pelo antropismo, sendo substituída por atividades agropastoris.

Os solos podzólicos ocupam a maior extensão do município e são profundos a moderadamente profundos, com fertilidade que varia de alta (eutróficos) a baixa (distrófilos), geralmente associados a solos rasos em topografia ondulada a fortemente ondulada. Ocorrem Latossolos profundos, de baixa fertilidade natural com características físicas profundas ao bom desenvolvimento das plantas. 

O relevo se apresenta muito movimentado, constituído por colinas e morros resultantes de intensa dissecação sofrida pelo planalto. As cotas altimétricas variam entre 200 e800 metros. O relevo exerce influência na distribuição de chuvas, resultando num clima mais seco nos vales e sub-úmido nas encostas a barlavento.

O município é beneficiado pela bacia hidrográfica do Rio Pardo e é recortado pelos rios Mangerona, Mangeroninha, Ribeirão, São João, Monos, Suçuarana, Água Bela, Pateirão, Rio Preto e, Rio do Curral além de vários córregos e riachos.

Em Ribeirão do Largo, o clima é seco (nos vales) e sub-úmido (nas encostas a barlavento), com pluviosidade média anual de700 a900 mm, concentrados no período de novembro a abril, favorece ao desenvolvimento de uma vegetação representada pela Floresta Estacional Semidecidual e Decidual, que se encontra descaracterizada ou completamente destruída pelo antropismo, dando lugar as ativiades agropastoris, sustentada por solos Podzólicos na sua maioria profundos a moderadamente profundos, com fertilidade natural que varia de alta (eutróficos) a baixa (distróficos) Ocorrem ainda Latossolos profundos, de baixa fertilidade natural, com características físicas propícias ao bom desenvolvimento das plantas. O relevo apresenta-se bastante acidentado, muitas vezes fortemente ondulado e montanhoso. As cotas altimétricas variam entre 200 e800 metros. A sua hidrografia, cuja rede de drenagem pertence à bacia do Rio Pardo, é formado por rios intermitentes.

A interação de algumas das características ambientais naturais encontradas em Ribeirão do Largo, já atua no sentido de promover certo desequilíbrio, como chuvas concentradas em um relevo bastante acidentado com solos de pouca estabilidade estrutural. A erosão dos solos nas encostas e o entupimento (assoreamento) dos rios, riachos e baixadas é o sentido natural da evolução da paisagem, neste tipo de ambiente. Naturalmente que a ação antrópica tende a acelerar este processo, principalmente quando a intervenção é feita sem o devido conhecimento, com descuido ou descaso. O município de Ribeirão do Largo vem sendo sistematicamente desmatado, sendo sua vegetação nativa utilizada como lenha e na produção de carvão; obras de infraestrutura, como as estradas existentes, cortam as encostas e o leito dos rios retirando a vegetação e expondo os solos; nascentes, olhos d’água, rios e riachos têm suas matas ciliares retiradas, favorecendo a diminuição da vazão e, em alguns casos, o rápido desaparecimento de mananciais.

             A população ribeirense origina-se da miscigenação entre os primeiros desbravadores no início do século XX, escravos que aqui vieram, após a abolição e os índios imborés.A estimativa do IBGE para o ano de 2009 é para uma população de 14.528 habitantes conforme quadro abaixo, a população tem predominância rural e masculina e com menos de 35 anos. A população de Ribeirão do Largo obteve uma diminuição do número populacional, devido a perda de território para Encruzilhada em 2010, porém, esse número poderá subir, pois a justiça deu ganho de causa a Ribeirão do Largo no ano de 2011.

Houve uma redução no número relativo de crianças nas primeiras idades e a tendência de crescimento do grupo de20 a29 anos. Caracterizando um processo de envelhecimento relativo da população: reduzindo desta maneira a população na faixa etária de crianças com menos de 01 ano de idade, devido ao alto índice de mortalidade provado pela falta de assistência médica especializada, e também é possível perceber uma população economicamente ativa considerável principalmente no grupo de pessoas que variam de20 a39 anos, além de uma expressiva população de pessoas com mais de 50 anos de idade resultado do aumento da expectativa de vida. Boa parte da população ribeirense vive em condições econômicas próximas a pobreza. A taxa de analfabetismo é bastante significativa o que coloca o município com um dos mais baixos IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.

No que se refere ao contingente populacional, em meados da década de 50, o IBGE, registrava a população de 450 habitantes para Ribeirão do Largo. Já em 1996, após a emancipação, apresentava um contingente populacional de 13.786 habitantes, tendo crescido a uma taxa de 0,76 AA., no seu primeiro período censitário 1991/1996. Atualmente, é um município eminentemente rural, com apenas 25% de sua população vivendo na sede municipal e no distrito de Nova Brasília.

Em1996, adensidade demográfica do município é de 11hab/km², dado ainda inferior aos padrões estaduais e regionais. Contudo, considera-se de grande contribuição para o crescimento da taxa de urbanização à vinda de pessoas de outros municípios, estas a procura de novos empregos seja pela colheita de café nas fazendas da região, concursos públicos, prestação de serviços ou/e contratos de emprego. A estrutura etária da população do município apresentava um perfil de uma população jovem devido o maior peso relativo da faixa de0 a19 anos. No que se refere à distribuição da população por sexo, os dados demográficos de 2009 identificados pelo IBGE indicam um sensível predomínio dos homens no município: 54,77%. No entanto, houve uma queda do número de habitantes, de acordo com o censo demográfico de 2010, Ribeirão do Largo está uma população de com 8.602 habitantes numa área territorial (Km²) de 1.271,344 com densidade demográfica (hab/Km²) 6,77. (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1)

Dados de 1991 mostram que 95,54% da PEA do município se concentravam nas atividades ligadas à agropecuária, à extensão vegetal e à pesca. Os dados demonstram um pequeno destaque para as atividades sociais e a construção civil, todas com predomínio absoluto para a mão-de-obra masculina. As informações estão de acordo com a estrutura produtiva e o nível sócio-econômico da população do município. Segundo o IBGE 1991 há uma maior empregabilidade em relação ao sexo masculino que o feminino na cidade, no entanto, esses dados são compatíveis quando analisados a tabela 05 quando se refere ao número maior de homens que mulheres.

             O município de Ribeirão do Largo possui IDH 0, 568 médio (PNUD/2000), PIB de R$ 47.736 mil (IBGE/20056) e PIB per capita R$ 2.577,00 (IBGE/2005). Com este índice de desenvolvimento humano do País, o município ocupa a posição de nº 5.135 no ranking dos 5.507 municípios brasileiros, segundo o censo do IBGE de 2000. Mostrando que urge ações séries e sistemáticas de combate à pobreza, ao analfabetismo e a baixa qualidade de vida na cidade.

    Segundo o censo de 2000, apenas 31,5 % dos domicílios possuíam abastecimento de água e 53% não tinham esgotamento sanitário, esta realidade ainda perdura em nossa cidade. Houve um aumento considerável da coleta de lixo, devido à conscientização em relação ao meio ambiente a partir da criação da Secretaria de Meio Ambiente em 2005, e ainda com a instalação de aterros sanitários, o que provocou a diminuição do lixo queimado e jogado em outros destinos.

Na agricultura as principais atividades são: fruticultura, culturas agroindustriais, culturas alimentares e olerícolas. Na fruticultura cultiva-se de maracujá, limão, banana e abacaxi. Com destaque para as plantações de maracujá e banana.

No grupo das olerícolas destaca-se o cultivo de tomate, sendo a pouco produzida na Região, temos ainda neste grupo o cultivo de batatinha, de chuchu, pimentão repolho e pepino, uma atividade realizada em pequenas propriedades rurais e desenvolvida por pequenos produtores usando mão de obra familiar, entretanto este tipo de lavoura já é cultivado por médios produtores e apresenta uma dinâmica diferenciada principalmente no que se refere à mão de obra e insumos.

Na agroindústria destacam-se as lavouras de café, cacau, cana-de-açúcar e mamona. Em relação ao cultivo de café na Região passa por ciclos de ascensão e queda, que tem como fatores entre outros as variações de preço e estiagens prolongadas. A cana-de-açúcar produzida na Região não apresenta grande expressividade em relação à produção Estadual, mas dinamiza a renda dos pequenos produtores devida seu uso na fabricação de cachaça e alimentação do gado. As áreas produtoras de cacau na Região apresentam-se relativamente estáveis, entretanto a produção apresenta um decréscimo principalmente pelos problemas enfrentados por esta lavoura ao longo do tempo.

 A pecuária bovina é bastante expressiva com um bom número de cabeças, encontrando-se espalhada, nas formas de pecuária de corte e de leite, esta atividade foi beneficiada pelas condições climáticas e do relevo que se apresentam como favoráveis para seu desenvolvimento. Entretanto os criadores praticam a pecuária extensiva de baixa rentabilidade e contrárias aos padrões produtivos atuais, que apresentam alto grau modernização.

A suinocultura aparece como a segunda atividade expressiva na pecuária local, entretanto assim como nas demais atividades pecuaristas ainda não há uma produção voltada para integração em cadeias produtivas complexas.
Na avicultura já se percebe a viabilização desta produção com o uso de tecnologias e uma semi-integração com a agroindústria, entretanto a produção não atende o mercado interno, que é suprido em parte pela produção do Centro-Sul do País. A caprino-ovinicultura já aparece em alguns municípios da Região, entretanto necessita de estruturação para atrair maiores investimentos. A agropecuária ainda incorpora duas outras atividades: a apicultura e a piscicultura.

O município de Ribeirão do Largo se enquadra do ponto de vista do desenvolvimento humano e econômico como um dos mais pobres da região Sudoeste da Bahia.

Neste sentido, pode-se deduzir que a base produtiva e infra-estrutural do município, em geral, encontra-se ainda bastante precária. Ou seja, as atividades econômicas do município são, na sua maioria, atividades pouco rentáveis, por apresentarem uma série de problemas estruturais, necessitando, portanto da intervenção dos agentes propulsores de desenvolvimento.

Possui grande parcela da população residindo na área rural (70,91% IBGE: 2000), daí a grande importância que representa a agricultura e a pecuária para o mesmo. Quanto à distribuição das propriedades rurais pode-se perceber, conforme dados da tabela 05 que existe uma grande quantidade de propriedades muito pequenas, e que existem apenas 4,1% de grandes imóveis. Isto mostra que o município além de possuir graves problemas sócio-econômicos, possui uma distribuição de terras desigual; maior quantidade de propriedades muito pequenas e número reduzido de grandes propriedades.

Além dos problemas já levantados, existem ainda problemas em torno da questão agrária e produtiva em geral no município, como a falta de incentivo dos governantes, falta de financiamento (piscicultura, apicultura, bovinocultura e caprinocultura), falta de um sistema de eletrificação rural em algumas áreas e ainda apoio substancial para Secretaria da Agricultura do município.

Atualmente os produtores rurais podem contar com 01(um) Engenheiro Agrônomo contratados pela prefeitura para atuar no município durante três dias, convém salientar que a prefeitura assinou um convênio de cooperação técnica com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), a qual esse agrônomo representa.

Segundo a CAR, a economia de Ribeirão do Largo é sustentada, principalmente, pela cultura do café, que é uma das principais zonas do Planalto de Conquista. Há também outras culturas como: feijão, que se localiza junto à lavoura do café, cultivado na sua entressafra, a mandioca, que se concentra principalmente na região dos Tiagos e Rio do Meio, a cana-de-açúcar com a produção de alambiques (sendo tradição no município) e o milho.

A economia local apresenta também atividades de pequeno porte como hortifrutigranjeiros e o comércio. Segundo depoimentos de agricultores do município, muitas associações têm enfrentado diversos problemas, principalmente, devido a falta de compreensão do princípio cooperativista entre os diversos associados, o que vêm provocando o fim de algumas associações, diante da inadimplência dos empréstimos contraídos e dificuldades variadas de manter funcionando as mesmas.

A pecuária é uma atividade tradicional no município, sendo a segunda economia. O rebanho bovino é a atividade principal e é explorada para a produção de corte e leite, era comercializado pela cooperativa de leite de Itapetinga (Cooleite), tendo uma filial nesta cidade, hoje quase desativada. A empresa Glória recolhe a produção municipal de leite através de um tanque resfriador situada na sede do município.

Enfim, as atividades de criação no município são, geralmente de baixo rendimento, com emprego de pouca mão-de-obra, criação na sua maior parte familiar e extensiva. Em algumas propriedades de maior porte de investimentos, apresentam um rebanho, principalmente o bovino, de melhor rendimento; no entanto, ainda representa uma atividade de pouco rendimento se comparar com a média de rendimento do setor no Estado.

O setor comercial de Ribeirão do Largo é ainda insipiente, apesar do crescimento que o mesmo tem apresentado nos últimos anos, visando atender basicamente a população da zona urbana da sede, distrito, povoado e zona rural do próprio município. A configuração do comércio se dá em função mesmo do formato da própria estrutura urbana. Ou seja, ao longo das poucas avenidas se destacam um aglomerado de pequenas casas comerciais, com pequenos mercados, pequenas lojas e vendas de pequeno porte. Existem somente 32 estabelecimentos comerciais no município registrado na Receita Federal, segundo a Prefeitura. São essencialmente comerciantes locais.

O município apresenta um aspecto a ser destacado: Existem feiras livres onde há muitos ambulantes de cidades próximas, inclusive de Vitória da Conquista. Atualmente, o município conta com uma área coberta destinada exclusivamente a esses ambulantes.

Os principais produtos comercializados no município são geralmente gêneros de primeira necessidade, como alimentos, tecidos, gás de cozinha, objetos de consumo elementar e cotidiano, além de materiais de construções. Quando se demanda algum produto de uso mais restrito ou sofisticado o mesmo é quase sempre procurado no comércio de Vitória da Conquista.

Os serviços oferecidos na cidade são basicamente os chamados sociais, como saúde e educação e os serviços privados básicos que a população busca no próprio perímetro urbano da cidade. O serviço de transporte em todo o município é bastante precário, devido o fato das estradas não ser asfaltadas fazendo com que as empresas de ônibus não se interessem em colocar mais veículos a disposição. Dessa forma o transporte limita-se apenas a um ônibus que saí pela manhã com destino a Vitória da Conquista e outro que retorna à tarde da mesma localidade.

O serviço de água foi implantado pela prefeitura (SAAE), onde é feito tratamento e distribuição canalizada de água tratada, com os custos repassados a população.

Quanto ao serviço telefônico, conforme dados conseguidos em campo, verificou-se que o município possui carência de telefones, principalmente no distrito e povoados. Possui o atendimento de uma operadora de celular (TIM).

Para os serviços bancários, os habitantes de Ribeirão do Largo buscam as cidades de Encruzilhada e Itambé, possuindo atualmente um banco postal e uma casa lotérica, ambos na sede do município.

A cidade não possui potencial turístico de relevância, contudo, alguns elementos poderiam ser explorados enquanto lazer e turismo temporário. É o caso da Romaria da cova do Pedro realizada no dia 29 de junho, dia de São Pedro, em que se armam barracas para o consumo de comidas e bebidas e para jogos, em louvor a Pedro, um vaqueiro da região assassinado barbaramente no início do século, que se tornou uma lenda para seus habitantes, a partir do testemunho de milagres que teria praticado. A festa é muito concorrida e representa uma grande animação para a vida social e comercial local, segundo autoridades entrevistadas, necessitando de apoio do governo Estadual. Além disso, o município conta com uma paisagem cênica que poderia ser melhor explorada como turismo ambiental.

O município não possui atividades industriais que mereçam grande destaque. Pode-se considerar, em pequeno porte, apenas as pequenas casas da fabricação de farinha.

A infraestrutura produtiva do município é bastante precária e tem emperrado tanto a produção como o escoamento dos produtos dessa região. A rede de estradas vicinais do município é toda de terra, somente as vias de acesso principal são cascalhadas e mesmo assim de extensão.

Neste sentido, a principal reivindicação da população em geral do município é, a pavimentação das estradas que interligam os municípios aos eixos rodoviários importantes da região, como a construção implantação de estradas vicinais; o que com certeza poderá dinamizar e viabilizar diversas atividades no município com a conseqüente melhoria na qualidade de vida da população como um todo.

É evidente, neste contexto, a importância da atuação dos governos estadual e federal no sentido de facilitar o acesso ao crédito para a implantação de atividades no município, como também a implementação de diversas obras de infraestrutura que podem colaborar para o desenvolvimento de atividades que proporcionem maior geração de emprego e renda.

Ribeirão do Largo é uma cidade tipicamente interiorana, suas manifestações culturais centram-se em torno da família e da religião, tendo, atualmente, como principal festa popular o seu aniversário em janeiro, quando se realiza uma festa em praça pública aberta a todos e uma, já tradicional festa de camisa, fechada, mas nem por isso menos grandiosa na participação dos moradores e de visitantes. Outra festa que se destaca são os festejos juninos, onde são tradição as festas nas roças, com muita bebida e comidas típicas da região, derivadas principalmente, dos produtos da terra como a mandioca, as criações de terreiro como bode, porco e galinha; as bebidas derivam da cana: A cachaça é a estrela para os homens e para as mulheres há os licores; o que não quer dizer que em festa de roça não haja, também, os alimentos e bebidas industrializados. Há neste período uma intensa movimentação na igreja católica local com muitos casamentos e batizados, havendo assim mais motivos para os festejos familiares e religiosos.

A maior parte da população é católica, mas existem também denominações evangélicas e ainda, uma minoria ligada ao candomblé. Como toda cidade pequena, Ribeirão do Largo conserva, ainda, algumas tradições centenárias, e mantém seus ritos e mitos culturais em momentos como nascimentos e enterros. Ao nascer uma criança a família faz uma comemoração chamando os amigos para um “pirão de parida” regado a muita “temperada” (cachaça com ervas curtidas durante os nove meses de gestação); o enterro também é cercado de seus ritos, por exemplo: velar o morto por uma noite inteira ao som de rezas e piadas, regadas a aguardente e comida para receber os parentes que moram longe.

Possuímos um artesanato variado: em couro produzimos artefatos de selaria, em tecido, roupas e bordados, na tecelagem produzimos crochê e tricô, e, em pequenas indústrias domésticas produzimos queijos e requeijões, licores, doces e biscoitos. A base da alimentação dos ribeirenses é o feijão e arroz, o consumo de carne principalmente bovina, há ainda, o consumo de frutas da região e verduras produzidas em inúmeras pequenas hortas, gostamos de bolos e biscoitos caseiros derivados da mandioca e de derivados caseiros do leite como o queijo, o requeijão e a coalhada.

           Outra manifestação importante é o ritual de visitação do dia 29 de junho à Cova de Pedro, evento cada dia mais grandioso, iniciado após o assassinato brutal do vaqueiro Pedro Afonso do Nascimento, que hoje se agrega ao rol dos santos populares e sua sepultura tornou-se um santuário de visitação constante, onde há a mais densa manifestação de fé e devoção da região.

A cidade possui apenas três estabelecimentos socioculturais: Um Centro de Cultura onde são realizadas as manifestações públicas, um ginásio poliesportivo e uma biblioteca pública.

Possui prédios públicos como Prefeitura, uma Câmara Municipal, Postos de Saúde e Hospital, Mercados Públicos, um Centro de Abastecimento e várias Igrejas de diversas denominações, destacando-se a Igreja Matriz São João Batista, a 1ª Igreja Batista Bíblica, Igreja Adventista, entre outras. A vida social resume-se em festejos coletivos como eventos esportivos, principalmente os jogos de campo e quadra, reuniões familiares e domésticas de cunho celebrativo como os casamentos, batizados, velórios, eventos religiosos, cavalgadas, festejos juninos e aniversário da cidade.