Historia de Canudos
Por Maria Alzenira Rodrigues | 05/06/2015 | PoesiasHISTORIA DE CANUDOS
A vida do pobre hoje em dia
Está desfrutando a bonança
O governo é muito protetor
Trouxe ao nordestino esperança
De todos os horrores do passado
No futuro ser apenas uma lembrança.
No passado o pobre nordestino
Nada tinha e nada esperava
Botava a trouxa na cabeça
E pelos caminhos esmolava
Esta guerra diaria contra a fome
Quase sempre a fome é quem ganhava.
Orgulho, força e vontade
Tudo isto a fome vencia
A seca cruel tudo matava
Era pior que uma epidemia
Eram desterrados da nação
Que pouco ou nada fazia.
A historia do nordestino é assim
Porém poucos conhecem seu teor
Tanto que existe preconceito
Dizem ser uma raça inferior
Contrariando esta ideia vou contar
A historia de um cearense de valor.
Seu nome era Antônio Maciel
Conhecido como Conselheiro
Natural de Quixeramobim
Do céu tornou-se mensageiro
Percorrendo todo o sertão
Logo era seguido por romeiros.
Para aquele povo sofredor
O beato prometeu a salvação
Alegava que aqui na Terra
Estavam seguindo a lei do cão
O seu jeito de vestir e de falar
Conquistou o povo do sertão.
Usava uma longa veste
Empunhando um cajado na mão
Não demorou para que formasse
De seguidores uma multidão
E foi o estado da Bahia
Onde ele juntou a população.
No lugar chamado Belo Monte
Os romeiros construíram um arraial
Que recebeu o nome de Canudos
E lá todo mundo era igual
Sobre a proteção do Conselheiro
Tudo ia bem ninguém passava mal.
Então no meio do sertão
Nasceu uma comunidade socialista
A produção colhida era de todos
E a mesma pela igreja era malvista
Começaram a acusar o Conselheiro
De ser um farsante comunista.
Fato é que todo retirante
Lá chegando era alimentado
O Conselheiro era um santo vivo
Para aquele povo maltratado
Isto deixou os fazendeiros
Furiosos e muito amedrontados.
Exigiram então de Prudente
O presidente da nação
Que contra aquela gente
Efetuasse logo uma ação
Que acabasse de vez
Com aquela população.
Imaginaram ser fácil
Com Canudos acabar
E que Antônio Conselheiro
Iria se entregar
Mas Canudos não se rendeu
Conforme o que vou contar.
Esta página da historia
Foi o ato mais insano
A maior carnificina
O ato mais desumano
Os sertanejos banharam
Com sangue o solo baiano.
As primeiras expedições
Que Canudos atacaram
Os beatos de tocaia
Os soldados derrotaram
Uma luta desigual
Que com coragem ganharam.
O governo reagiu
Com tamanha violência
Mandou guarnição do exército
Pois Prudente tinha urgência
Para destruir Canudos
Sem piedade e clemência.
E Canudos foi cercado
Por canhões bombardeado
Dia e noite sem trégua
Aquele fogo cerrado
Quem não morreu na bala
Por espada foi degolado.
Velhos, mulheres e crianças
Todos friamente executados
A imprensa da época elogiou
A vitória dos bravos soldados
Pois venceram uma luta feroz
Contra sertanejos desarmados.
Certo que na luta de tocaias
Os sertanejos foram maiorais
Lutando somente com suas facas
Também enchiam de pedras os bornais
Porem na luta com canhões
Foi crueldade demais.
Faz 118 anos
Que isto tudo aconteceu
Das historias a mais conhecida
Foi Euclides da Cunha quem escreveu
No seu livro “Os Sertões”
Só não sabe quem não leu.
Na historia do Brasil
Tem esta triste lembrança
Um massacre cometido
A um povo sem esperança
Milhares de sertanejos
Foram vítimas da matança.
Quem conhece o sertanejo
Pode bem compreender
A romaria ao beato
A escolha de morrer
É um povo calejado
Que sabe o que é sofrer.
Encerro aqui meu livreto
Agradecendo a atenção
De quem estes versos ler
Com bom senso e coração
E desculpas pois não pude
Controlar minha emoção.
Maria Alzenira Rodrigues
Fevereiro de 2015.