História das Redes Sociais

Por André Zanuto | 08/11/2012 | Tecnologia

História das redes sociais

Desde sua introdução, sites de redes sociais como o MySpace e o Facebook, têm atraído milhões de usuários, muitos dos quais têm esses sites em suas práticas diárias. Atualmente existem centenas de redes sociais, que acompanham uma vasta gama de interesses e práticas. Enquanto os seus principais recursos tecnológicos são bastante consistentes, as culturas que surgem em torno destas são variadas.

A maioria dos sites sociais servem para ajudar pessoas a se conectar com outras pessoas, com base em interesses comuns, opiniões políticas ou atividades. Alguns sites atendem a diversos públicos, enquanto outros atraem pessoas com base em linguagem comum ou interesses sexuais, religiosos ou de nacionalidade.

De acordo com Marteleto (2001, p.72), as redes sociais são “[...] um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”.

Figura 1: SixDegrees.com

A primeira rede de conexões reconhecível como uma rede social, foi a SixDegrees.com, lançada em 1997.

Boyd (2008) argumentam que SixDegrees.com permitia aos usuários criar perfis, sua lista de amigos e visualizar as listas de amigos. Mas cada uma destas características de alguma forma, já existiam antes da SixDegrees.

Perfis existiam na maioria dos principais sites de namoro e em muitos sites de comunidades, como o AIM(AOL Instant Messenger) e o ICQ(I Seek You) que possibilitava ter listas de amigos, embora seus amigos não fossem visíveis a outros. SixDegrees foi o primeiro site a combinar esses recursos em uma única ferramenta. O site se promoveu como uma ferramenta para ajudar as pessoas a ligar e enviar mensagens para outras.

Apesar do SixDegrees ter atraído milhões de usuários, ele não se tornou um negócio sustentável, e em 2000, o serviço fechado. Segundo o fundador A. Winreich, SixDegrees estava simplesmente à frente de seu tempo. “Enquanto as pessoas estavam migrando para a Internet, a maioria das pessoas ainda não tinham amigos online.” (A. Weinreich, 2007)

Nessa época, havia pouco a fazer depois de aceitar pedidos de amizade, e a maioria dos usuários não estavam interessados em estranhos. Esse fato só seria revertido com o crescimento do número de usuários na internet. Entre 1995 a 2000 a internet teve um crescimento espantoso. Seu crescimento chegou a cinquenta milhões de usuários em cinco anos, o que se tornou um fenômeno de aceitação, quando comparada com outras tecnologias de comunicação. A televisão por cabo demorou o dobro do tempo, dez anos, para atingir a mesma marca de usuários.(Greenstein e Feinman, 2000).

De 1997 a 2001, uma série de ferramentas de websites sociais começam a utilizar várias combinações de perfis de amigos.

No ano de 1999, a rede LiveJournal foi lançado. Neste website, as pessoas adicionavam perfis como amigos para seguirem suas opiniões colocadas na rede social. Foi a primeira rede social a permitir gerenciamento de configurações de privacidade, Pride(2012, p.289) no ano seguinte, websites como MiGente, demonstrado na figura 2 e o LunarStorm, são considerados os websites que criaram o renascimento das redes sociais. Eles permitiram aos usuários criar perfis pessoais, profissionais, e de namoro, onde perfis-pessoais poderiam identificar amigos, sem procurar aprovação para essas conexões.

Figura 2: MiGente.com

A próxima onda de redes sociais começou quando o site Ryze.com foi lançado em 2001 para ajudar pessoas a alavancar suas redes de negócios, seguido por Tribe.net, LinkedIn e Friendster.

Ryze e Tribe nunca adquiriam popularidade em massa, o LinkedIn tornou-se uma poderosa rede social para profissionais e Friendster se tornou, “uma das maiores decepções da história da Internet” (Chafkin, 2007, p. 1).

Friendster, uma das maiores decepções da história da internet:

Friendster, lançado em 2002, foi projetado para competir com Match.com, um lucrativo site de namoro on-line (Cohen, 2003). Enquanto a maioria sites de namoro tinham foco na introdução de pessoas, com estranhos de interesses semelhantes, Friendster foi concebido para ajudar amigos-de-amigos se encontram, com base no pressuposto de que amigos-de-amigos iriam fazer melhores parceiros românticos do que estranhos com interesses em comum.

Quando Friendster ganhou popularidade, o site encontrou dificuldades técnicas e sociais (boyd, 2006b). Os servidores e bancos de dados do site, não estavam preparados para seu rápido crescimento e seus usuários frustrados começaram a substituir o website. Além disso, o crescimento exponencial significou um colapso em contextos sociais: os usuários tinham seus amigos e chefes lado a lado, como seus amigos íntimos.

Para complicar, Friendster começou a restringir o atividades de seus usuários, a mais de quatro graus de distância (amigos-de-amigos-de-amigos-de-amigos). Para visualizar perfis adicionais, os usuários começaram a adicionar desconhecidos para expandir seu alcance. Alguns começaram maciçamente a coleta amigos e para aumentar a aceitação iniciou-se a criação de perfis falsos, onde personagens de ficção como celebridades e empresas eram criados.

Figura 3: Friendster

Estes usuários falsos chamados de Fakesters, foram banidos pela empresa e assim foi eliminado o recurso mais popular do site.(boyd, no press-b).

Embora poucas pessoas realmente tenham criado Fakesters, muitos gostavam dos Fakesters para entretenimento ou utilizavam Fakesters de empresas (por exemplo,''Universidade Mario Schenberg'') para encontrar pessoas que eles conheciam.

A eliminação dos Fakesters sinalizou para alguns que a empresa não compartilhava dos interesses dos usuários. (Anderson, 2003, p.1)

Muitos deixaram o website por causa da combinação de dificuldades técnicas, sociais e uma ruptura de confiança entre os usuários e o site (boyd, 2006b). No entanto, em ao mesmo tempo que desaparecia a sua popularidade nos EUA, ela disparou nas Filipinas, no Singapura, na Malásia e na Indonésia (Goldberg, 2007), posteriormente caindo pelo mesmo problema.

Expandindo em nichos:

Paralelamente a estes serviços abertos, outras redes sociais se lançaram para apoiar a demografia de nicho, antes de expandir para um público mais amplo. Ao contrário redes sociais anteriores, o Facebook foi projetado para suportar apenas seletas redes de faculdades. Facebook começou no início de 2004, funcionando apenas na faculdade de Harvard (Cassidy, 2006). Para participar, o usuário tinha que ter um endereço de e-mail da faculdade havard (@harvard.edu). Quando o Facebook começou a apoiar outras escolas, os novos usuários também foram obrigados a ter endereços de e-mail de universidades associadas a essas instituições, uma exigência que transparecia uma percepção do site como uma comunidade, íntima e privada.

Começando em setembro de 2005, o Facebook expandiu suas atividades para aceitar estudantes do ensino médio, profissionais de redes corporativas, e, eventualmente a todos. A mudança para uma inscrição aberta não significava que os novos usuários poderiam facilmente acessar os usuários em redes de acesso restrito ou a redes corporativas, que ainda necessitava o endereço de e-mail apropriado.

Ao contrário de outras redes sociais, usuários do Facebook eram incapazes de fazer seus perfis completamente públicos, para todos os usuários. Outra característica que diferenciou o Facebook é a capacidade de desenvolvedores de aplicativos externos construirem aplicações que permitissem aos usuários personalizar seus perfis e executar outras tarefas como por exemplo, comparar as preferências de filmes e livros.

Figura 4: Facebook Apps.

Este crescimento levou muitas empresas a investir tempo e dinheiro na criação, compra, promoção e publicidade dentro destas redes, ao mesmo tempo, outras empresas estão bloqueando os seus funcionários de acessar os sites, como os exemplos dos militares dos EUA que foram proibidos de acessar o MySpace (Frosch, 2007) e do governo canadense proibiu funcionários de acessarem o Facebook (Benzie, 2007).

O aumento de redes sociais indicou uma mudança na organização das comunidades online.

Embora sites dedicados a comunidades de interesse ainda existam e prosperem, atualmente as redes sociais são organizadas em torno de pessoas, não de interesses. 

Isto espelha com precisão mediadas estruturais de uma sociedade, onde “o mundo é composto de redes de pessoas, não grupos” (Wellman, 1988, p. 37).

A proliferação do acesso as redes sociais, abriram oportunidades para as empresas a lidar diretamente com os milhões de indivíduos de uma forma "[...] imediata, interativa e de baixo custo[...]" (Miller 2009, p 306)

Atualmente uma grande quantidade de estatísticas provam que os sites de redes sociais tornaram-se uma das principais formas de comunicação entre empresas e consumidores. Estes sites são responsáveis por um a cada onze minutos gastos on-line. (Nielsen Company, 2009a). 

Nos Estados Unidos, 67 por cento dos usuários on-line entre 18 e 32 fazem uso de sites de redes sociais, tornando a rede social mais popular que o próprio e-mail. - Nielsen disse que "sites de redes sociais encobriram o e-mail em alcance global em 68,4% contra 64,8% em fevereiro de 2009 "(Nielsen Company, 2009b, p. 9)

O tempo dos usuários nas redes sociais, tem sido maior até mesmo do que nas mídias convencionais. Um estudo da Ofcom dos hábitos de mídia do Reino Unido com pessoas entre quinze e vinte e quatro anos, mostra que, desde a popularização das redes sociais, a quantidade de tempo que gasto lendo jornais diminuiu 27 por cento; leitura de revistas em 21 por cento; ouvir rádio 15 por cento e assistindo televisão em 13 por cento (Ofcom, 2006).

No geral, há evidências de que sites de redes sociais são vistos por jovens como parte integrante da sua vida (Constantinides e Fountain, 2008 p. 237). Enquanto os adultos, utilizam os sites de redes sociais para se conectar com pessoas de suas vidas offline, como amigos e familiares (Ofcom, 2008 apud Pempeka.).

Nielsen Company (2009a), “Global face and networked places: a Nielsen report on social networking’s new global footprint”http://blog.nielsen.com/nielsenwire/wp- content/uploads/2009/03/nielsen_globalfaces_mar09.pdf

Nielsen Company (2009b), “The global online media landscape: identifying opportunities in a challenging market” http://nielsen-online.com/emc/0904_report/nielsen- online-global-lanscapefinal1.pdf

Ofcom (2006), “The communications consumer”, Office of Communications. www.ofcom.org.uk/research/cm/cm06/cmr06_print/main.pdf

boyd, d. (2008). Why youth (heart) social network sites: The role of networked publics in teenage social life. In D. Buckingham (Ed.), Youth, Identity, and Digital Media (pp. 119–142). Cambridge, MA: MIT Press.

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Constantinides, E. and Fountain, S.J. (2008), “Web 2.0: conceptual foundations and marketing issues”, Journal of Direct, Data, and Digital Marketing Practice, Vol. 9 No. 3.

MARTELETO, Regina Maria. Análise de redes sociais: aplicação nos estudos de transferência da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 30, n. 1, p. 71-81, jan./abr. 2001.

GREENSTEIN, M.; FEINMAN, T. Electronic commerce: security, risk management and control. Boston: McGraw-Hill, 2000. 400p.

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