HISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: "UM JANTAR COM HEITOR LUIZ SCHÉ" (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 10/03/2018 | HistóriaHISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: "UM JANTAR COM HEITOR LUIZ SCHÉ" (Felipe Genovez)
Um jantar com Heitor Sché:
No mês de junho de 1996 - ao entrevistar o Deputado Heitor Sché sobre a sua trajetória pessoal, profissional e política, na sede do Partido da Frente Liberal - localizado na rua Barão do Batovi – Centro de Florianópolis SC, pude notar algumas mudanças importantes naquele que foi um dos homens mais fortes do Governo Esperidião Amin (1982-1986) e emblemáticos na História da Segurança Pública do Estado de Santa Catarina.
Sché, com tradição na Polícia Civil Catarinense, filho de Fiscal de Armas e Munições de Rio do Sul, iniciou na carreira de Delegado de Polícia no início da década de sessenta, ainda no governo Celso Ramos (durante a gestão do Secretário de Segurança Pública Jade Saturnino Vieira Magalhães 1961- 1964), passando pela Delegacia Especializada de Furtos, Roubos e Defraudações, também pela Delegacia Regional de Polícia de Rio do Sul (nos tempos do Coronel Danilo Klaes – Secretário de Segurança Pública 1964-1965), agora de fora do Poder Executivo se apresentava como um Delegado simples, receptivo, amigo e mais amadurecido. Penso que com uma visão crítica sobre possíveis erros cometidos no passado (o que não deixava de ser novidade porque todos nós erramos, entretanto, insistir no erro...) e, talvez, procurando retornar ao círculo do poder como se para remediar possíveis erros do passado, lamentos, enfim, a busca por uma nova oportunidade para realizar um novo projeto.
Depois de alguns encontros esporádicos e aleatórios, no dia 25 de abril de 1997 veio o jantar no Restaurante Pegorini (Bairro Kobrasol – São José - SC). A iniciativa do convite partiu do próprio Deputado Sché e no horário e data aprazada (por volta das vinte horas e trinta minutos) nos encontramos para conversarmos sobre assuntos políticos e institucionais. O prato principal certamente que foi o projeto político de Sché de se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal. Afirmei que não via nenhum empecilho nessa sua pretensão, muito pelo contrário, mesmo porque já estava comprometido com o Delegado Júlio Teixeira para estadual (apesar de que não havia um compromisso formal previamente estabelecido; na minha imaginação e contexto Júlio representava o novo e a busca de espaços que até então estavam vazios, o que possibilitaria ao certo a realização de um projeto futuro).
Sabia que com Sché viria uma série de figuras jurássicas – companheiros de outros tempos em lados opostos no plano institucional – cujas ideias também não seriam compatíveis com as de uma nova geração. Aliás, sabia que o próprio Sché teria dificuldades de assimilar essa nova visão (evidente que se tivesse estaria seria muito bom...), no sentido de se desvencilhar do antigo, que pudesse procurar reciclar suas amizades, renovar suas ideias e respirar novos ares. Entretanto, um projeto à Câmara Federal era de suma importância institucional e viável, portanto, merecia todo o meu incentivo e apoio.
No curso da conversa – refrescada por goles de cerveja e picanha – fiz uma retrospectiva rápida sobre o meu projeto de candidatura à Câmara Federal no ano de 1986 e sua importância estratégica para a instituição, especialmente, em razão da Constituinte de 1988.
Além disso, relatei os meus projetos de criação da Federação Catarinense dos Policiais Civis e Associações Regionais em todo o território catarinense e, a seguir, as ideias que resultaram nas LCs 55/92 e 98/93. Também, aproveitei para comentar com Sché sobre a necessidade de se vincular qualquer projeto político a um projeto institucional, sem maiores detalhamentos. Sché finalizou conclamando-me para que tão logo instalasse seu escritório político, contasse com a minha participação para formulação de ideias e atendimento dos policiais. Respondi que aguardaria o contato e depois de dividirmos a conta nos despedimos em clima cordial e amistoso.
No caminho para casa fiquei me questionando se realmente Sché conseguiria colar a sua imagem a um projeto institucional, como única alternativa de conseguir apoio a sua causa a Câmara Federal. Também, lamentei que no ano de 1986 ao invés da minha candidatura quase que impossível não tivesse Sché assumido esse desafio, pois certamente teria se elegido e poderia assim ter contribuído sobremaneira na constituinte de 1988, especialmente, na área de segurança pública. E pensei: “quem sabe agora Sché mais maduro e humilde talvez venha fazer a diferença por uma causa tão nobre...”.