HISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: "TRIUNVIRATO: 'A INVIABILIZAÇÃO DA PRETENSÃO DO DELEGADO LAURO CESAR RADKE BRAGA PARA CHEGAR À DELEGACIA-GERAL - 2002'" (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 16/10/2017 | História

A “conspiração” para inviabilizar as pretensões do Delegado Braga para assumir a Delegacia-Geral da Polícia Civil:

Dia 16.7.2002, por volta de dez horas da manhã dei uma passada no Gabinete de Braga na Gerência de Fiscalização de Jogos e Diversões. Durante o curso da conversa Braga reiterou algo que já havia me dito anteriormente: “(...) encontrei na semana passada o Teixeira. Bom, agora eu sei que ele foi um dos responsáveis pela minha queda. Eu não sabia, agora sei que ele participou de tudo. Ele que comandou o triunvirato”. Aproveitei para perguntar uma coisa óbvia: “Triunvirato? O Júlio comandou o triunvirato?” Braga continuou: “Sim, o triunvirato: Lipinski, Rachadel e Wanderley Redondo. Agora eu sei, vários contatos que eu tive com pessoas bem informadas me relataram o que aconteceu. Tem um promotor aposentado que era muito amigo do Carvalhinho (Luiz Carlos Schmidt Carvalho - ex-SSP/SC) ele acompanhou tudo e me disse que foi o Júlio Teixeira que vetou o meu nome e aí colocaram o Moretto (Delegado Evaldo Moreto) naquele esquema da maçonaria. Esse promotor me contou que o ‘Carvalhinho’ entrava em contato com os promotores, juízes, autoridades, políticos e fazia apenas duas perguntas: ‘quem é que vocês indicariam para os cargos de Delegado-Geral e Diretor da Deic? O Carvalhinho só queria saber desses dois cargos. Eu não sei por quê?’ Mas anteriormente eu encontrava o Teixeira e ele me abraçava, conversava como  se fôssemos amigões. Depois que eu soube fiquei pensando como é que pode existir pessoa tão f.? Na semana passada quando  encontrei ele, logo que vi que ele vinha em minha direção virei a cara. Não! Eu não quero mais saber dele. Depois dessa fiquei pensando como é que pode haver f., né?” Sai da sua sala meio impressionado com tanta ingenuidade.  E, pensei no velho amigo Júlio Teixeira e como deveria estar com água na boca vendo o resultado das votações para deputado estadual.

Uma visão do Delegado Júlio Teixeira:

Dia 10.2.2003, por volta de onze horas e quarenta e cinco minutos estava subindo a escada em direção à “Assistência Jurídica” e resolve olhar para baixo para ver quem é que estava chegando... Júlio Teixeira chegou na Portaria do prédio trajando uma camisa azul clara de manga curta, calça social azul marinho ou preta... Logo que chegou foi até o elevador, tendo olhado para Zulmar (Agente Administrativo) e dado um sorriso que não escondia o político que estava acabando de chegar... era um sorriso “dócil”, “inocente”, “amigável”... e certamente que estava se deslocando até o quarto andar para conversar com Peixoto ou Dirceu – ex-companheiros no governo passado, para acertar a sua situação. Certamente que deve estar se sentindo em casa, muito à vontade... daí porque sua face não trazia qualquer preocupação, muito pelo contrário... Deixei aquele meus pensamentos, continuei ganhando degraus até para evitar que minha presença fosse notada...  Para lembrar Júlio Teixeira de que ninguém tem mais notícias...

Uma situação bem confortável para o ex-deputado que agora volta às fileiras da Polícia Civil:

“Portaria n. 0789/GEARH/DIAD/SSP de 08.07.2003 – DESIGNAR, com base no artigo 3º, item II, da Lei Complementar n. 243, de 31 de janeiro de 2003, JÚLIO VANIO CELSO TEIXEIRA, matrícula n. 190.677-1, ocupante do cargo de Delegado de Polícia de 4ª entrância, para prestar serviços na Consultoria Jurídica (COJUR), com efeitos a contar de 23.06.2003 – JOÃO HENRIQUE BLASI – Secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão” (DOE n. 17.193, de 14.7.2003). 

Talvez vai ser na Consultoria Jurídica que o Delegado Júlio Teixeira (ex-deputado) vai ter tempo para escrever seu livro de memórias:

“Memórias - O relator da CPI dos Precatórios, o ex-deputado Júlio Teixeira (PFL), está escrevendo seu livro de memórias. Vai relatar fatos registrados nos bastidores da Assembléia durante a votação do impeachment do ex-governador Paulo Afonso. O livro já tem título: ‘Os Bastidores do Impeachment: os Subterrâneos da Vergonha’" (A Notícia, Moacir Pereira, 21.9.2003).