HISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: Delegados e Xerifes - Renato Hendges e Eloi Gonçalves de Azevedo (Felipe Genovez)i

Por Felipe Genovez | 17/10/2017 | História

 

Delegado Renato Hendges foi apresenado como naquela máxima: imagens valem por milhões da palavras. Figurava na mídia, especialmente, durante as décadas de dois mil e dois mil e dez como um successor do “Delegado Elói”, mais parecendo um “Xerifão”, com sua biografia, seu orgulho, seus feitos, seu “errantismo”… e mais do que nunca parecendo um messiânico que se transformará em icone passante, até que outro surja em seu lugar: No devido contexto (espaço e tempo) Renato foi uma das figuras mais emblemáticas nos últimos anos na Polícia Civil Catarinense, após a “Era Elói Gonçalves de Azevedo”:  

“XERIFE BOM DE JOGO - Renatão 27 x 0 Sequestradores - Em 1973, na Ponte da Amizade, fronteira do Brasil com o Paraguai, o cabo do Exército de 26 anos fazia o policiamento da travessia entre os dois países. Atuava para coibir os sacoleiros que buscavam na época no país vizinho uísques, calças jeans da marca Lee e cigarros. Do lado de cá, criminosos locais partiam para o Paraguai levando café brasileiro. Havia enfrentamentos com os contrabandistas e era o Exército que investigava as quadrilhas, as regiões em que atuavam e para onde ia o material ilegal. O protagonista desta ação era militar, mas queria ser policial, médico ou aviador. Seguiu os passos do trabalho que desenvolveu na fronteira e entrou na Polícia Civil de SC. Hoje, tem 62 anos – 36 anos como policial. Carrega uma marca invejável: esclareceu todos os os 27 sequestros de que se teve notícia no Estado desde 1980. Mesmo nos que houve pagamento de resgate, o dinheiro foi recuperado e os bandidos presos. A história na ponte e o feito policial pertencem ao delegado Renato Hendges, o Renatão, da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Florianópolis. O titular da Divisão Anti-Sequestro da Deic há 20 anos é reconhecido no meio policial, e também fora dele, como o grande especialista em investigar casos difíceis e crimes que ameaçam ficar impunes. Mas a trajetória de Renatão vai além do currículo profissional, no qual figuram investigações que fizeram história na crônica policial de SC. Renatão nasceu em Palmeira das Missões, (RS). Filho de agricultores, foi morar ainda criança com os pais em Cascavel (PR). Estudou em colégio interno e serviu ao Exército em Foz. O homem de voz grossa e estatura alta também era atleta. Faixa preta em judô, participava de campeonatos e guarda até hoje em sua sala uma das medalhas que ganhou. Em 1974 entrou na Polícia Civil como comissário. O início da carreira foi em Blumenau. Em seguida se envolveu com a investigação de sequestros. Em 1980, Renatão esteve na equipe de policiais civis de Blumenau que trabalharam no sequestro de um integrante da família Hering. O sequestrador se dizia terrorista. Raptou a vítima e armou uma bomba em seu corpo. Ameaçava explodi-la caso não voltasse com o dinheiro. Renatão lembra com detalhes da negociação. Os explosivos não estavam interligados. Também em Blumenau foi baleado numa das mãos ao fazer uma abordagem. O tiro atingiria o peito se não colocasse a mão. Em 1983, ano de enchente no Estado, Renatão tornou-se delegado de polícia. Foi destacado para atuar em Rio do Sul. Quando chegou na cidade, conta, a delegacia e os carros da polícia estavam embaixo d’água e teve de transferir os 43 presos do local.