HISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: Delegado Gustavo Vogelsanger em Joinville
Por Felipe Genovez | 25/08/2017 | História"Delegado Gustavo Vogelsanger"
O principal meio de imprensa de Joinville no início costumava afagar o Delegado Gustavo Vogelsanger, isso até a primeira metade da década de trinta quando respondia pela Delegacia de Polícia Especial - DPE e Inspetoria de Veículos da Manchester Catarinense, com os cumprimentos de praxe (jornal "A Notícia", 05.09.1933). Nessa época a autoridade policial podia acumular essas duas funções com direito a receber custas em razão do recolhimento de taxas na área de trânsito.
Poucos registros existem sobre a passagem dessa ilustre figura pela Polícia Civil, tão só por meio da imprensa que acompanhava de perto o exercício da suas funções, exercendo uma fiscalização externa, como pode se observar no seguinte caso: "Delegado Gustavo Vogelsanger - art. 138 do Regulamento Policial do Estado - licença para bailes - futebol, requerimento" (jornal "A Notícia", 10.01.1934).
Com o passar do tempo Vogelsanger teria encarnado uma postura de Delegado de Polícia tipo "Tolerância Zero" para sua época, passando a exigir os rigores da lei e a observância dos bons costumes, tudo isso de forma inflexível, o que pode ter contribuído para que galvanizasse muitas antipatias e inimigos. A imprensa deixou algumas pistas nesse sentido: "Delegacia de Polícia e Inspetoria de Veículos de Joinville - crítica à Polícia - 'Roubos e excessos de velocidade' - Delegado Gustavo Vogelsanger" (Jornal "A Notícia", 07.04.1934).
Nos meses que se sucederam, o mesmo jornal surpreendeu a população com a notícia de Joinville tinha um novo Delegado de Polícia, divulgando a nomeação do redator do jornal "Correio da Tarde" - Sr. Mimoso Ruiz que assumiu o lugar de Gustavo Vogelsanger em razão de "uma licença por trinta dias", além da nomeação do Sr. Alfredo Soares para o cargo de Inspetor de Trânsito (Jornal "A Notícia", 27.06.1934).
Na sequência dos fatos, novas manchetes demonstravam que uma urdida trama havia sido preparada para a derrocada da mencionada autoridade policial, tudo aplacado pela imprensa que preparava a sociedade local para o porvir e ao mesmo tempo desconstruía o antigo (a figura do velho "Xerife"), com divulgações negativas a sua pessoa, quer por meio de especulações quer por meio de manchetes sensacionalistas acerca de sua demissão (Delegado de Polícia Especial cumulando as funções de Inspetor de Veículos de Joinville), inclusive, porque seria responsável pela implantação de um "regime de terror" naquela cidade (Jornal "A Notícia", 07.07.1934).
A bem da verdade Vogelsanger passou a se incompatibilizar com os jornais, em especial, com "A Notícia" que passou a atacá-lo publicamente, com registros denunciando que: "apadrinhava transgressores da lei, razão porque foi afastado das funções". Pelo visto, Sr. Mimoso Ruiz passou a simbolizar "a esperança" e as perspectivas de um bom alinhamento com a imprensa local. A partir da nomeação do novo titular para a DPE a imprensa passou a divulgar a inauguração do "novo prédio da DPE" a partir da inauguração de novos serviços, cuja data estava prevista para o dia 25/07/1934: "Setores de Deportação de Pessoas e Patrulhamento Noturno" (Jornal "A Notícia", 18.07.1934).
As críticas contra Vogelsanger se protraíram nos dias que se seguiram, chegando ao ponto de se cogitar que nossa autoridade policial havia pecado por ser ingênua enquanto esteve investida nas referidas funções públicas (Jornal "A Notícia", 20.07.1934).
Nessa mesma direção, a mesma imprensa continuou a soltar foguetórios com a chegada do novo titular da DPE, por exemplo, o jornal "A Notícia" estampava matéria de cunho sensacionalista relatando que o Sr. Mimoso Ruiz continuava na imprensa, mesmo assim, proclamava elogios a sua atuação como Delegado de Polícia - DPE" (Jornal "A Notícia", 25.07.1934). No mesmo sentido: "Delegacia de Polícia de Joinville - inauguração da sala de imprensa - Sr. Mimoso Ruiz faz discursos" (Jornal "A Notícia", 27.07.1934). "Delegacia de Polícia de Joinville - discurso do Delegado Mimoso Ruiz - inauguração da sala de imprensa na DPE/Joinville" (Jornal "A Notícia", 28.07.1934).
Não bastasse isso, Vogelsanger continuou em evidência e objeto das conversas por toda a cidade, mercê da divulgação contínua de notícias sobre sua pessoa, de maneira a encetar a formação de opinião negativa contra aquele que representava o antigo, tipo: "Cadeia Pública: quatro condenados presos denunciam torturas. Elogio ao Delegado Mimoso. Delegado Vogelsanger encontra-se de férias e presta esclarecimentos sobre a selvageria" (Jornal "A Notícia", 27.07.1934). "Delegacia de Polícia de Joinville - regime de terror - Delegado Gustavo Vogelsanger" (Jornal "A Notícia", 29.07.1934). "Delegacia de Polícia de Joinville - 'Ménage a trois' - Delegacia de Polícia de Joinville - regime de terror - Delegado Gustavo Vogelsanger" (Jornal "A Notícia", 31.07.1934).
No final do mês de julho/1934 os jornais divulgavam que o Sr. Adolpho Everhardt havia sido nomeado para o cargo de Delegado de Polícia Especial de Joinville, assacando novas críticas a Gustavo Vogelsanger, considerando que o mesmo não queria deixar a DPE (e Inspetoria de Veículos), lançando uma pergunta ao público: "será que ele permanecerá?" (Jornal "A Notícia", 31.07.1934).
Curiosidade: Gustavo Vogelsanger recebeu a CNH n. 1 de Joinville no dia 15 de abril de 1916.
Depois que foi "demitido" do cargo de Delegado de Polícia Gustavo Vogelsanger (que já desde 1913 trabalhava com carros de aluguel juntamente com seu irmão Adolpho), aproveitando-se também da sua experiência como autoridade policial e como Inspetor de Trânsito de Joinville, adquiriu seu primeiro veículo para transportes urbanos (comprou o caminhão com carroceria de madeira do padeiro Sanz que fornecia pães para o Exército e reformou o veículo para ser utilizado como ônibus de passageiros), passando a realizar transporte municipal, exercendo as funções de motorista, cobrador e mecânico. Dotado de experiência, a partir daí começou uma nova empreitada de sucesso em sua vida, agora como empresário (alienou sua empresa no ano de 1936).
No ano de 1945 retornou aos negócios de transportes coletivos, rumo a construção de um grande negócio que fez história no norte do Estado, a partir de uma nova empresa de ônibus (Viação Vogelsanger & Filho) que perdurou até 1964, com uma frota de onze veículos. Depois disso seus filhos deram continuidade a seu trabalho e incursionaram noutras atividades que resultaram no "grupo" econômico que leva seu nome: "Vogelsanger"
Mais sobre a vida e história do ex-Delegado e empresário Gustavo Vogelsager (com fotos), consultar (dentre outras):
https://www.google.com.br/search?q=Gustavo+Vogelsanger&biw=1067&bih=517&tbm=isch&imgil=DLHEXSCeik5jPM%253A%253BgXcQPF-pRXiKmM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.gidion.com.br%25252Fa-historia-do-transporte-em-joinville%25252F&source=iu&pf=m&fir=DLHEXSCeik5jPM%253A%252CgXcQPF-pRXiKmM%252C_&usg=__1_ZOksMvly1sBDzMX4YU5uLW4A4%3D&ved=0ahUKEwjU2LSN78rNAhUBfpAKHatSA_QQyjcIJw&ei=DYFyV5SeEoH8wQSrpY2gDw#imgrc=DLHEXSCeik5jPM%3A