HISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: "CONVERSA COM O DELEGADO REGIONAL DIRCEU SILVEIRA - (DRP DE JOINVILLE) SOBRE O FUTURO GOVERNO RAIMUNDO COLOMBO (2011) E A SEGURANÇA PÚBLICA (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 28/09/2017 | História

Dia 23.11.2010, horário: quinze horas e dez minutos, estava na Delegacia Regional de Polícia de Joinville e fui direto para o gabinete do Delegado Dirceu Silveira para cumprimentá-lo e saber das últimas novidades.

Durante o curso da conversa Dirceu fez várias considerações:

“...Eu acho que vai ser o Grubba, o Grubba (Promotor de Justiça para o cargo de Secretário de Segurança Pública do Estado de Santa Catarina). A PM é muito forte. Tem um Coronel ligado ao Merísio (Deputado Estadual e Presidente da Assembleia), eu não sei se tu conheces, é o Coronel Luiz Henrique Hein, eles são como unha e carne. O Merísio e ele são assim... Esse Coronel está lá na Assembleia Legislativa com o Merísio e não vai querer sair de lá, imagina, com cem por cento de gratificação. Mas o comando da PM passa por esse Coronel, é ele que vai decidir quem vai ser...(referia-se ao Comando-Geral da PM). O Eliésio andou se colocando a Disposição, mas não tem chance. Também tem o Fernando (Coronel) que está no gabinete com o André (André Mendes da Silveira – Delegado de Polícia). Mas se depender dos Coronéis novos... Eles querem mandar e os Coronéis antigos... Não sei se tu conheces o Coronel Nazareno, conheces?” Interrompi para dizer que não conhecia e que nunca tinha ouvido falar do mesmo. Dirceu continuou quase que um monólogo: “...Esse Nazareno é inteligente, úúúhhh, se ele assumir o comando...”.

Dirceu não completou a frase, mas de forma espartana deixou entender que vai incomodar a Polícia Civil, e continuou:

 “...Se depender dos Coronéis novos eles vão votar em peso no Nazareno”.

 Aproveitei para reiterar o projeto da “Procuradoria-Geral de Polícia” e Dirceu me questionou porque não me candidatava ao cargo de Delegado-Geral. Respondi que dependia muito de “Julio Teixeira” (Delegado de Polícia e ex-Deputado Estadual) e como seriam movimentadas as pedras dentro do tabuleiro do jogo de poder na Segurança Pública e na Polícia Civil. Relatei que segundo soube “Grubba” não seria o Secretário de Segurança e Dirceu quis saber a causa. Tentei argumentar que era mais comentário de alguns Delegados que são seus amigos ou conhecidos e que querem a sua ascensão.  Citei os comentários a respeito do nome do Juiz de Direito Geraldo Bastos (Lages – ex-Delegado de Polícia), do Procurador de Justiça Ancelmo, do Promotor de Justiça Onofre Agostini e do Delegado Julio Teixeira. Dirceu comentou que há duas semanas tinha encontrado Ancelmo que disse  que não queria nada. Argumentei que soube que Ancelmo estava afastado das funções. Quanto a “Grubba” argumentei que soube que ele não desejava o cargo e que não foi consultado sobre o assunto. Já Onofrinho não pode assumir o cargo em razão da legislação e quanto a Geraldo Bastos não saberia informar nada. Acabamos falando de Julio Teixeira, o grande nome, e externei meu ceticismo já que o Governador Raimundo Colombo certamente que não é bobo nem nada, deveria realmente optar por alguém do Judiciário ou Ministério Público. Argumentei que era aguardar para ver Acabamos a conversa falando sobre a “Queda do Império Romano” e o que isso tem haver com a Polícia Civil. Fiz um relato sobre esses acontecimentos históricos e também da importância de nós termos cidadãos romanos trabalhando na Polícia Civil, e não povos bárbaros, digo, contratados, indicados por politiqueiros.

Depois que saí do gabinete de Dirceu pensei na palestra que daria para duzentos policiais na noite da próxima sexta-feira na Acadepol, sobre história da Polícia Civil, e que estava aí um bom tema para ser abordado: “A Queda...,  digo, como se fazer para ir ao encontro do abismo”. Acabei conversando sobre a época da Presidëncia da Adepol/Adpesc da Delegada Sonéia que desapareceu de cena à francesa, depois da tal da “PEC 549” e de suas idas-e-vindas à Brasília, levando consigo a tira-colo o Delegado Artur Regis, e outros, como a Delegada Karla de Rio do Sul, tudo num “ôba-ôba” para blindar o governador Luiz Henrique e cobrar uma fatura política mantendo os Delegados quietos e amordaçados, com sonhos tipo “Alice no País das Maravilha”.

Dirceu interrompeu para dizer que esteve na Capital fazendo lobby para aprovação da referida “PEC” da carreira jurídica, defendendo a luta do Delegado “Renatão” da Adepol. Interrompi para criticar dizendo: “Mas Dirceu, essa ‘PEC’ da carreira jurídica é um engano, você sabe disso, é só mais um empurra com a barriga. Tu visses o texto da ‘PEC’?”  Dirceu respondeu negativamente não viu e aproveitei para completar:

“Então, se isso viesse a ser aprovado seria só um título honorífico. Mas eu pergunto: ‘Para ser Delegado não é exigido o curso de Direito? Vê se Juiz e Promotor pediram alguma ‘PEC’ nesse sentido? Pelo o que eu estou vendo só os Oficiais é que vão ter algum benefício com isso, amanhã poderão invocar o direito de presidirem auto de prisão em flagrante, inquéritos... porque também serão considerados carreiras jurídicas, dá licença”.

Dirceu parece que entendeu meu discernimento e aproveitou para comentar o que eu já sabia, ou seja, que a “PEC” dificilmente seria aprovada naquela legislatura, isto é, ficaria para o próximo governo. Dirceu ainda confirmou que o Delegado aposentado Malinverne de Lages (Marlus ou seu tio) está cotadíssimo para ser o “Chefe da Casa Civil” ou assumir alguma posição na Segurança Pública no futuro governo Colombo, haja vista serem muito amigos. Argumentei que achava aquilo muito difícil porque no último encontro que tive com Marlus no Supermercado Angeloni da Beira Mar Norte (Florianópolis), por volta do ano de 2007 ou 2008 ele havia me confidenciado que estava muito decepcionado com o seu abandono, ostracismo, especialmente, depois que ficou doente (coração), resultando em invalidez para o serviço ativo, não podendo nem falar ouvir falar no nome Polícia Civil, Delegados,  em razão do trauma causado por sua diáspora compulsória e sem foguetório. Dirceu ouviu atentamente meu relato e deu com os ombros, tudo na verdade era apenas “falatório”, e meu papel era registrar, registrar, e registrar.