HISTÓRIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SANTA CATARINA: CONFLITOS ENTRE FACÇÕES - DEFESA DE INTERESSES - PODER DENTRO DA SEGURANÇA PÚBLICA – VIRADA DO MILÊNIO – ANO 2000 (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 11/10/2017 | História

 

Com a chegada do ano 2000, conclui-se que o ex-Deputado Estadual Júlio Teixeira não tinha mais interesse no projeto de criação da Procuradoria-Geral de Polícia no Estado de Santa Catarina (unificação dos comandos das Polícias Civil e Militar que subscreveu).

Aliás, já havia esquecido bem antes, quando ainda estávamos em plena campanha eleitoral (1998) e ele concorria à reeleição para uma cadeira na Assembleia Legislativa. Nessa ocasião o Delegado Wanderley Redondo e outros deixaram de apoiar Sidney Pacheco (teve sua candidatura inviabilizada pelo Tribunal de Contas) e se comprometeram com a sua campanha num acordo velado, cuja variável inicial era se alijar outras facções (“amigas e antagônicas”),  comprometidas com a proposta de criação daquele “projeto”, além de bater de frente com o grupo liderado pelo Delegado e Deputado Heitor Sché (adversário político de Júlio).

Nos primeiros meses do novo ano, Júlio Teixeira foi nomeado para responder pela Pasta dos Transportes, isso enquanto o ex-Deputado Leodegar Tiscoski encontra-se afastado. Em razão disso, seu cacife estava aumentando e, segundo se comentava, havia indicado o Delegado Moacir Rachadel (irmão de um vereador na cidade de Nova Trento e ligado ao ex-Deputado Pedro Bittencourt) para substituir o Delegado Evaldo Moretto no comando da Polícia Civil.

Acerca de Tereza (secretária do Deputado Júlio Teixeira), Jorge comentou com muita convicção quando estive em sua residência no dia 08.05.2000, por volta de vinte horas,  que soube na Assembleia Legislativa de suas ligações com Júlio, porém não mais teve notícias de seu paradeiro. Evidente que não quis acreditar, tão somente, porque sei que ela estava mais para “guru espiritual”.  Julinho nas reuniões com os miseráveis do Sistema Penitenciário Catarinense estava prometendo que em janeiro/2001 reassumiria uma vaga na Assembleia Legislativa. Diante disso, o pessoal inocentemente parecia demonstrar fé que isso realmente iria se concretizar... e eu sem poder dizer a verdade.  Também, corria a informação de que Júlio irá assumiria provisoriamente uma cadeira como parlamentar, em razão das licenças que estão sendo concedidas aos deputados em campanha para as eleições municipais em outubro. Segundo foi informado, por volta do mês de abril/maio/2000, houve um almoço na sede do Clube dos Policiais Civis/Fecapoc (atual Assesp - praia do Campeche), com a presença de presidentes de associações do interior do Estado. Do evento participaram Julio, o Promotor Antenor Chinato (Secretário/SSP) e dezenas de policiais civis. Heitor Sché não compareceu, apesar de convidado. O assunto tratado foi o novo plano de carreira dos policiais civis, dentre outros.

Nesse quadro, surge o outro Júlio:

“O retorno – O deputado Júlio Garcia voltou a exigir medidas urgentes para a área de segurança pública. Pelo visto levantou esta bandeira e não pretende baixá-la enquanto não for atendido. “Se o Estado não se estruturou ao longo dos anos para pelo menos garantir ao cidadão seu direito de ir e vir  ou de ter assegurada a inviolabilidade do seu lar, também este não é o momento para reflexão e transferência de responsabilidade. É o momento, sim, de abnegação, de consciência e acima de tudo de decisão” (Diário Catarinense - DC, Paulo Alceu, 06.07.2000).

Quanto ao ex-cabo eleitoral de Júlio Teixeira:

“Ex-delegado Carlos Sontag pode ser preso – O ex-delegado de polícia de Ibirama Carlos Sontag Neto pode ser preso nas próximas horas. É que a 5a Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu o pedido de habeas corpus. Ele foi condenado a  quatro anos” (A Notícia, 17.8.2000).