HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA II
Por Thiago Barbosa Soares | 02/10/2017 | FilosofiaThiago B. Soares[1]
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[1] Doutorando (PPGL-UFSCar). E-mail: thiagobsoares@bol.com.br
Nada mais salutar ao dizer sobre a modernidade do que iniciarmos com a colaboração de um eminente sociólogo italiano, para quem a síntese da modernidade consiste em:
Bacon nasce em 1561 e morre em 1626; Galileu nasce em 1564 e falece em 1642; Descartes vem ao mundo em 1596 e dele parte em 1650; e Newton nasce em 1642, morrendo em 1727. Se quiséssemos ceder à tentação de simplificar os complicados processos da criatividade, até mesmo quando o objeto criado é uma nova época histórica, poderíamos afirmar que, num século e meio, como obra desses quatro personagens, o Ocidente inventou a modernidade (DE MASI, 2005, p. 240).
De Masi trata das contribuições desses grandes pilares do desenvolvimento da modernidade ocidental. As novas bases da Filosofia estão aliadas com a Física, por extensão, um novo paradigma para se estabelecer a construção sólida de conhecimentos são lançados. As concepções moldadas pelo domínio da religião com caráter até então de verdades absolutas, portanto inquestionáveis, são deixadas de lado para ceder lugar à busca de indagações prementes. Nesse caminho, surgem teorias que colidem com as anteriores, mas que resultam num maior desempenho das capacidades humanas, gerando assim grandes avanços em todas as áreas nas quais o homem atua.
A revolução científica proporciona uma reviravolta, a qual nas palavras de James Mannion:
A humanidade pressupunha que ela, depois de Deus, era o centro do universo. A Terra era o centro de tudo; o Sol e todos os corpos celestiais revolviam em volta dela. A visão aristotélica sustentava que os céus eram imutáveis ou absolutos, e que a Lua, outros planetas e as estrelas eram astros estáveis e inexploráveis. Essa foi a visão adotada pela Igreja Católica (2010, p. 81).
Nesse sentido, a teoria Heliocêntrica iniciada por Nicolau Copérnico (1473 – 1543), corroborada por Johannes Kepler (1571 – 1630), levada até as últimas consequências por Galileu Galilei, é um dos grandes marcos do começo da modernidade.
Um retorno ao ceticismo, forma de pensar o mundo desenvolvida por Sexto Empírico, que criticava a valoração determinada dos sentidos, sentimentos e relações com seres e objetos, tendo por um de seus maiores representantes Michael de Montaigne (1533 – 1592), é uma das bases da modernidade. Essas em conjunto com a invenção da imprensa tipográficapor Johannes Gutemberg proporcionam um rearranjo nas formas de produção e disseminação de conhecimento, noutras palavras, aceleram odesenvolvimento e ampliação do saber crescente da época.
O cenário social e político europeu se (re)organizam, sendo ambos fontes de reflexões geradoras de matéria prima para Filosofia, que por sua vez, se estabelece como uma disciplina significativa e influente nas demais, como a Matemática, Medicina, Física e etc. Nesse sentido, Bacon contribui para a fundamentação das bases da Idade Moderna ao propor entendermos o mundo conscientes dos vários obstáculos que nos impedem de perceber as coisas claramente. Em contrapartida, Descartes, alvitra um ceticismo moderado para se duvidar de tudo, criando um método fundamental para as Ciências, o qual consiste em uma análise minuciosa das menores partes do objeto para em seguida compreender as relações de causa que elas possuem entre si, de forma a atingir um saber sólido sobre esse algo que se estuda.
Entre as muitas contribuições que o período moderno lega para Filosofia, que não se restringem ao confronto dual de empirismo e inatismo, pode-se afirmar que as direções que o conhecimento toma e suas contribuições nas diversas áreas de atuação humana deram algo tão fundamentalmente importante, isto é, a luz. A concepção dessa luz na modernidade, em termos mais simples, a razão, legará novas formas do homem se relacionar consigo e com o mundo, levando a cabo outras revoluções em busca de mais luzes, movimento conhecido como Iluminismo.
Muitas as contribuições, muitos os contribuintes, certamente, uma grande ganhadora, a humanidade, consequentemente, a Filosofia. Essa grandiosa mãe que jamais deixou de contribuir para o esclarecimento de seus amados filhos.
REFERÊNCIAS
DE MASI, Domenico. Criatividade e grupos criativos: Descoberta e Invenção. Trad. Léa Manzi e Yadyr Figueiredo. – Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
MANNION, James. O Livro Completo da Filosofia: entenda os conceitos básicos dos grandes pensadores –de Sócrates a Sartre. Trad. Fernanda Monteiro dos Santos. – 6ª ed. – São Paulo: Madras, 2010.