HANSENÍASE: DOS TEMPOS BÍBLICOS AOS DIAS ATUAIS

Por andressa scaravonatto | 27/04/2010 | Saúde

HANSENÍASE: DOS TEMPOS BÍBLICOS AOS DIAS ATUAIS.

RESUMO: A hanseníase que antigamente era conhecida como lepra, tem uma evolução crônica e de alto poder infecto-contagiosa. Manifesta-se por lesões cutâneas e diminuição de sensibilidade térmica. O agente causador dessa doença é o mycobacterium leprae, que ataca as células cutâneas e nervos periféricos.Existem duas formas de hanseníase: cutânea e nervosa. Cutânea é menos grave, com manchas na pele e progressiva perda de sensibilidade. Na nervosa aparecem nódulos, os nervos se transformam em cordões nodosos e sobrevêm fortes dores, insensibilidade e deformidade.Muitas pessoas têm preconceito devido à falta de informação.O tratamento é fundamental, porem difícil e demorado, com tempo mínimo de dois anos no tratamento poliquimioterapico. No tradicional o tempo é maior podendo chegar a quinze anos. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo centro de saúde, que faz um acompanhamento mensal do paciente. Tem muitos efeitos colaterais e o paciente tem que se submeter a algumas mudanças de hábitos. O tratamento é constituído por: relampicina, dapsona, clofazimina, porem informações sobre o paciente são fundamentais para cada diagnostico. Tem-se como objetivo apresentar o resultado de uma pesquisa com intuito de ensino aprendizagem, realizada nos municípios de Pato Bragado, Marechal Candido Rondon e Quatro Pontes. Chama a atenção os resultados da pesquisa, quanto ao desconhecimento específico sobre a doença, embora o conhecimento básico é tido pelas pessoas. Vale ressaltar que o preconceito ainda está presente, embora apareça de forma camuflada.

Palavras- chave: Hanseníase, tratamento, sinais e sintomas, preconceito, bacilo, transmissão.

1 INTRODUÇÃO

Conhecida antigamente como Lepra, a Hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneorológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. Causada pelo Mycobacterium Leprae, ou bacilo de Hansen que é um parasita intracelular, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O M. Leprae infecta muitas pessoas, no entanto só poucas adoecem.

A principal via de contagio é o trato respiratório, mas só acontece quando se tem um contato direto com a pessoa doente que não está fazendo o tratamento.

Mesmo assim a segregação e o preconceito fazem parte da história do paciente, visto que até hoje é uma doença estigmatizada, levando o sujeito ao isolamento da sociedade.

A Hanseníase é fácil de diagnosticar, tratar e tem cura, no entanto, quando diagnosticada e tratada tardiamente pode trazer conseqüências para os portadores e seus familiares, pelas lesões que os incapacitam fisicamente.

Sabe-se que desde os tempos bíblicos até os dias atuais a hanseníase é um grande problema de saúde publica. Devido a isso, pretende-se desenvolver um trabalho focando as principais informações sobre a doença. Como futuros profissionais da área da saúde; faz-se necessário conhecer tanto a historia, a transmissão, as conseqüências desta doença, bem como seus preconceitos e estigmas, o que justifica a escolha deste tema.

Milhares de pessoas sofrem com essa doença que prejudica muito a vida do infectado fazendo com que este, na maioria das vezes se afaste da sociedade para não sofrer com o preconceito. Com o aparecimento das deformidades no corpo e a perda de capacidade laborativa a auto-estima do doente cai muito, necessitando muitas vezes de apoio psicológico.

Por outro lado, desconhecem que há tratamento e que podem levar uma vida adequada à doença e à sociedade.

O objetivo desta pesquisa é conscientizar as pessoas que a hanseníase infelizmente existe, mas que se tratada corretamente tem cura. Uma pessoa infectada tem direitos iguais aos outros. Ninguém está livre de se contaminar com esta doença, ela não escolhe cor, estado civil ou financeiro, qualquer um pode ser infectado.

Intenciona-se saber com esta pesquisa o que as pessoas sabem sobre a hanseníase, e se elas demonstram ter preconceito ou não, a partir da aplicação de um questionário com intuito de ensino-aprendizagem.

1.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

1.1.1 PARTICIPANTES DA PESQUISA:

Foram entrevistadas 60 pessoas acima de 18 anos.

1.1.1.1 ESCOLHA DOS PARTICIPANTES:

Não foram utilizados muitos critérios para a escolha dos participantes da pesquisa, apenas delimitamos a idade que deveria ser acima de 18 anos, pois abaixo desta idade concordamos que os adolescentes não teriam uma idéia bem formada sobre o assunto, não fizemos distinção de sexo, pois a doença não escolhe homem ou mulher.

1.1.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL:

A pesquisa foi realizada nas cidades de Pato Bragado, Quatro Pontes e Marechal Cândido Rondom, onde habitam aproximadamente 5.000, 3.800 e 45.000 pessoas respectivamente, ambas situadas no Oeste do Paraná. Nestas cidades os habitantes são na maioria de origem alemã e italiana. Entrevistamos pessoas da sociedade em estabelecimentos comerciais e familiares nossos em suas casas.

1.1.3 MATERIAL:

Para a realização da pesquisa utilizou-se folhas A4 com as perguntas digitadas nas mesmas, e canetas azuis e pretas.

1.1.4 PROCEDIMENTO GERAL:

Foi formulado um questionário com uma série de perguntas ordenadas que foram respondidas pelos informantes. O questionário era objetivo, limitado em extensão e estaca acompanhado de instruções que esclareciam o propósito de sua aplicação, bem como ressaltando a importância da colaboração do informante na pesquisa.

O questionário era composto por 5 perguntas de múltiplas escolhas, com mais de uma alternativa correta em cada questão com o intuito de ensino e aprendizagem.

O mesmo era constituído em blocos temáticos, obedecendo a uma ordem lógica na elaboração, de acordo com a revisão bibliográfica anteriormente feita.

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a pesquisa será, de acordo com Silva e Menezes (2001) uma pesquisa quantitativa qualitativa, pois além de traduzir em números opiniões e informações, estas serão analisadas, interpretadas e atribuídas significado.

Do ponto de vista de seus objetivos, segundo Silva e Menezes (2001), a pesquisa será exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.

1.2 HISTÓRIA DA HANSENÍASE

Santos (2003), diz que a hanseníase tem muitos sinônimos no Brasil (como morféia, lepra, elefantíase-dos-gregos).

Conhecida desde os tempos bíblicos como lepra, de evolução crônica e de alto poder infecto-contagiosa. Manifesta-se por lesões cutâneas e diminuição de sensibilidade térmica. (EIDT, 2004).

Segundo Cunha (2002), na época que Cristo viveu, conforme citação bíblica havia casos de hanseníase.

No Antigo Testamento, em Levítico, capítulo 13, encontra-se toda uma orientação sobre a doença, seus sinais para identificação e cuidados em relação aos doentes, mas dificilmente se pode comprovar que se tratava de hanseníase. (CUNHA, 2002).

É uma das mais antigas doenças que acomete o homem. Acredita-se que seja originária da Ásia, "sendo conhecida há mais de três ou quatro mil anos na Índia, China e Japão, já existia no Egito quatro mil e trezentos anos antes de Cristo, segundo um papiro da época de Ramsés II", (EIDT, 2004).

Conforme Eidt (2004), "os médicos medievais consideravam a lepra simultaneamente uma doença contagiosa e hereditária, ou oriunda de uma relação sexual consumada durante a menstruação".

No entanto, "a hanseníase teria se tornado endêmica devido a associações de fatores como as más condições de higiene, alimentação e moradia", (CUNHA, 2002).

Eidt (2004), diz que, assim como em outras regiões da América, não havia hanseníase entre os índios brasileiros. Mas a doença entrou no Brasil, por vários pontos do litoral, com os primeiros colonizadores portugueses, ou açorianos, que colaboraram para sua disseminação, embora que outros povos europeus também colaborassem com tal, posteriormente.

1.3 TRANSMISSÃO E CONSEQUÊNCIA

O agente causador da hanseníase é o mycobacterium leprae (M.leprae), que ataca as células cutâneas e os nervos periféricos (EIDT, 2004).

Eidt expõe que em decorrência do acometimento do sistema nervoso periférico, surge "a perda de sensibilidade, as atrofias, paresias, e paralisias musculares, que se não tratadas adequadamente, podem se tornarem incapacidades físicas".

O Ministério da Saúde (2002, pg. 13) completa que, incapacidades estas que têm tratamento e cura, porém se no momento do diagnóstico o paciente já apresentar alguma deformidade física, esta pode ficar como seqüela no momento da alta.

Conforme Santos, Faria e Menezes (2008), a doença pode apresentar duas formas: a hanseníase cutânea e a hanseníase nervosa. "A primeira é menos grave, com manchas na pele e progressiva perda de sensibilidade". Na outra forma, aparecem nódulos, "os nervos se transformam em cordões nodosos e sobrevêm fortes dores, insensibilidade e deformidade. Finalmente, o bacilo ataca os tecidos, consumindo as mãos, os pés, o nariz, os olhos".

Segundo o Ministério da Saúde (2002, pg. 12), o contágio da doença dá-se através de uma pessoa doente do bacilo, que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis. A principal via de eliminação do bacilo e a mais provável porta de entrada no organismo é o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada.

O aparecimento da doença e suas diferentes manifestações clínicas dependem dentre outros fatores, da relação parasita (hospedeiro), pode ocorrer após um período de incubação que varia em média, de dois a cinco anos. (ARAÚJO, 2003).

1.4 PRECONCEITOS E ESTIGMAS

O estigma e o preconceito associados à doença, permanecem no imaginário da sociedade, "trazendo grande sofrimento psíquico aos seus portadores com sérias repercussões em sua vida pessoal e profissional". (BAIALARDI KS, 2007).

Borenstein et al (2008), diz que as pessoas têm preconceitos a hanseníase devido à falta de informação, já que atualmente as pessoas acometidas pela doença não necessitam mais de internação, porém no passado, pela inexistência dos medicamentos eficazes, era imprescindível que o fizessem. "No momento em que eram diagnosticados como "leprosas", costumavam ser encaminhados para grandes instituições, longe das cidades, de onde praticamente nunca mais sairiam, eram os chamados "leprosários"".

Ainda segundo Borenstein, estas instituições eram responsáveis por um tratamento excludente ao longo dos séculos. "Acarretaram como conseqüência a produção de uma imagem de "horror à doença", tendo como conseqüência um profundo estigma social".

Conforme Dias, Cyrino e Lastória (2007), o doente de hanseníase passa por inúmeros conflitos como perda de capacidade laborativa, modificação do corpo, com o aparecimento das deformidades, discriminação, preconceito e alteração de sua auto -estima.

"Os doentes que apresentam sinais da doença mais pronunciados como manchas em partes visíveis do corpo ou deformidades físicas encontram-se numa situação de estigma ainda mais pronunciado", afirmam os autores. Para esses indivíduos, é muito difícil, arranjar um emprego, ter amigos, procurar uma companheira a constituir uma família. "Isolado, o indivíduo internaliza algum tipo de culpa". Mesmo ele conseguindo esconder muito bem a doença, a preocupação de ser descoberto é um tormento, principalmente para os mais jovens. (QUEIROZ, CARRASCO, 1995).

Na hanseníase, o estigma é um fenômeno real, que afeta a vida dos indivíduos nos seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e econômicos e representa o conjunto de fatores como crenças, medos, preconceitos, sentimento de exclusão que atinge os portadores da moléstia. (BAIALARDI, [S.I])

1.5 TRATAMENTO

Conforme o Ministério da Saúde (2002 PG. 30), "o tratamento do paciente com hanseníase é fundamental, para curá-lo". Compreende o tratamento quimioterápico especifico - a poliquimioterapia (PQT).

Queiroz e Carrasco (1995), dizem que "o tratamento da hanseníase é difícil e demorado, exigindo um tempo mínimo de dois anos no caso do paciente estar se submetendo à poliquimioterapia." No caso do tratamento ser de forma tradicional, o tempo é maior, podendo chegar a 15 ou mais anos, dependendo do caso.

Embora mais eficaz, segundo os autores, alguns pacientes não toleram a poliquimioterapia, devido aos seus efeitos colaterais. Um deles é o escurecimento da pele além de indisposições estomacais, prejuízo para o funcionamento dos rins a indisposição geral para o exercício de atividades físicas a mentais.

"Há necessidade de um esforço organizado de toda a rede básica de saúde no sentido de fornecer tratamento quimioterápico a todas as pessoas diagnosticadas com a hanseníase." (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, PG. 30)

Além dos antibióticos, o tratamento requer uma disciplina que altera os hábitos do paciente, exigindo abstinência de bebidas alcoólicas e exercícios físicos diários para os tendões e filamentos nervosos. "Os antibióticos são fornecidos gratuitamente pelo Centro de Saúde que acompanha a evolução do tratamento, exigindo a presença mensal do paciente." (QUEIROZ, CARRASCO, 1995).

O Ministério da Saúde (2002, pg. 30) diz que, na tomada mensal de medicamentos, é feita uma avaliação do paciente para acompanhar a evolução da doença. Por outro lado, o Ministério da Saúde sugere que sejam dadas orientações sobre auto-cuidado que os pacientes devem ter com a doença.

A PQT mata o bacilo tornando-o inviável, logo, o bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença. "A Poliquimioterapia é constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos: Relampicina, Dapsona e Clofazimina, com administração associada." Informações sobre o doente são fundamentais para selecionar o esquema de tratamento adequado ao seu caso. "A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas por doses pelo esquema terapêutico." (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, PG. 31).

2 RESULTADOS

GRÁFICO 1: Hanseníase conhecida desde os tempos Bíblicos.

Com relação à questão 1, perguntou-se como a Hanseníase era conhecida nos tempos Bíblicos e informou-se aos entrevistados que havia mais de uma alternativa correta. A opção Lepra, foi assinalada 45 vezes (64%), 4 vezes a opção Chagas (6%) foi assinalada; 13 conheceram ela como Mal das Manchas (18%),1 pessoa disse conhecer com Leishmaniose (1%), 3 responderam Morféia ( 4%) , 1 assinalou Elefantíase – dos – gregos (1%), e por fim 4 pessoas disseram conhecer a Hanseníase nos tempos Bíblicos como Mal das Bexigas ( 6%). 11 entrevistados assinalaram 2 respostas.

GRÁFICO 2: Formas que a Hanseníase pode apresentar.

Conforme á questão 2, afirmou-se que segundo alguns autores a Hanseníase pode apresentar duas formas, perguntou-se quais são elas. 38 entrevistados disseram ser Hanseníase Cutânea (40%), 30 responderam Hanseníase Tecidual (31%), 13 pessoas assinalaram Hanseníase Muscular (14%), 11 disseram ser Hanseníase Nervosa (11%), 1 pessoa respondeu ser Hanseníase Parietal ( 1%), e 3 disseram conhecer Hanseníase Morfológica (3%). 24 entrevistados assinalaram apenas uma opção.

GRÁFICO 3: Medicamentos envolvidos no tratamento.

Com relação a questão 3, explicou-se que a Hanseníase tem cura se tratada corretamente. Perguntou-se então quais os medicamentos que estão envolvidos no tratamento da mesma, e informou-se que havia mais de uma alternativa correta. 8 pessoas assinalaram o medicamento Ibuprofeno (8%), 1 entrevistado respondeu Tamiflu (1%), 25 responderam Dapsona (23%), 8 assinalaram Nitrendifina ( 8%), 18 entrevistados disseram ser Clofazimina (17%), 5 responderam Medgeron (5%), 11 disseram que Relampicina faz parte do tratamento (11%),10 pessoas assinalaram Azitromicina (10%), 2 disseram ser Bálsamo Alemão o medicamento usado no tratamento da doença (2%), 8 entrevistados responderam Histamin ( 8%), 4 assinalaram Paracetamol ( 4%), e 3 pessoas disseram que o medicamento usada para a cura da doença é Tamisa 20 (3%). 43 entrevistados assinalaram mais de uma opção.

GRÁFICO 4: Primeiros Sintomas.

Conforme a questão 4, perguntou-se aos entrevistados quais os primeiros sintomas que a pessoa infectada pela bactéria da Hanseníase sente. E afirmou-se que havia mais de uma alternativa correta. 54 entrevistados responderam Perda de sensibilidade (43%), 53 assinalaram Manchas dormentes como um dos primeiros sintomas (41%), 3 pessoas disseram que Queda de cabelo faz parte dos sintomas ( 2%), 6 responderam Atrofia ( 5%), 5 entrevistados assinalaram Paralisia Muscular (4%), 4 disseram que Dor de cabeça é um dos sintomas do infectado (3%), e 3 responderam Fraqueza (2%). 68 entrevistados assinalaram mais de uma opção.

GRÁFICO 5: Diante de alguém infectado.

Com relação à questão 5, afirmou-se que muitas pessoas tem preconceito a Hanseníase devido a falta de informação, então perguntou-se com intuito de saber a porcentagem de preconceituosos, o que o entrevistado faria se estivesse diante de alguém infectado. 28 entrevistados disseram que pediriam se a pessoa já esta seguindo um tratamento (37%), 39 pessoas assinalaram que agiriam normalmente (51%), 3 responderam que gritariam diante de uma situação como está (4%), 3 assinalaram que sairiam de perto (4%), e 3 pessoas responderam ainda que sentiriam nojo e medo de ser infectado (4%). 16 entrevistados assinalaram mais de uma opção.

3 DISCUSSÃO/ANÁLISE

Em relação ao gráfico 1, onde perguntou-se como a Hanseníase era conhecida nos tempos Bíblicos, podemos dizer que todos os entrevistados já ouviram falar sobre a doença, mas que a maioria deles não dá muita atenção a mesma. Quando responderam o questionário, assinalaram até mesmo a opção mal das bexigas que não se relaciona com Hanseníase, mas sim com a Varíola, embora segundo Santos (2003), citado acima, a hanseníase é conhecida como lepra, morféia e elefantíase- dos- gregos.

De acordo com Oliveira (1990), a Hanseniase é muito mais do que uma doença dermatológica, pois envolve a situação social, pessoal, familiar e econômica de todo o ser.

É uma doença considerada por Santos (2007), Brasil (2002) e Vieira ET AL (2004) como infecto contagiosa crônica, sendo um estigma muito grande na sociedade.

Conforme o gráfico 2, perguntou-se as formas que a Hanseníase pode apresentar, concordamos que esta foi uma questão difícil para os entrevistados responderem, e que a maioria assinalou qualquer opção, pois 49% assinalaram respostas completamente erradas como Hanseníase tecidual, muscular, parietal e morfológica. Santos, Faria e Menezes (2008) afirmam que as formas que a doença apresenta são: Cutânea e Nervosa.

Segundo Nakae (2002), Monteiro (2004) Brasil (2002) Pereira et AL (2006) e outros, a hanseníase tem por característica a multiplicação lenta e baixa patogenicidade. Além das manchas esbranquiçadas e avermelhadas, seu agente etiológico tem predileção pelos nervos periféricos, o que diminui e causa a ausência de sensibilidade térmica, tátil ou dolorosa, além disso causa incapacidade e deformidade.

A questão do gráfico 3, gerou grande discussão, pois perguntou-se os medicamentos envolvidos no tratamento da Hanseníase. Apenas 51% dos entrevistados assinalaram opções corretas. Conforme o Ministério da Saúde (2002, pg.31), os medicamentos usados para a cura da doença são: Relampicina, Dapsona e Clofazimina. Os entrevistados assinalaram opções como Tamiflu, medicamento que está na mídia atualmente por fazer parte do tratamento da gripe H1N1, Paracetamol, medicamento analgésico usado contra constipação comum, gripe, febre. Até mesmo as opções Tamisa 20 que é um anticoncepcional e Bálsamo Alemão foram assinaladas.

No gráfico 4, abordou- se os primeiros sintomas que a pessoa infectada sente. Eidt (2004) expõe que os sintomas são: perda de sensibilidade atrofia paresias e paralisias musculares. Com as respostas assinaladas pelos entrevistados, concordamos mais uma vez que as pessoas não se preocupam muito com a doença, nem mesmo os sintomas grande maioria reconhece. Foram respondidas opções como Fraqueza, perda de cabelo e dor de cabeça.

Na questão do gráfico 5, afirmou-se que muitas pessoas tem preconceito a hanseníase devido a falta de informação e perguntou-se o que o entrevistado faria diante de alguém infectado. Ficamos surpresas e felizes com as respostas, pois apenas 12% dos entrevistados mostraram ser preconceituosos assinalando opções como: sentir nojo e medo de ser infectado, gritar, e sair de perto.

Conforme Kaufmann, Mariame, Neville apud Eidt (2000) "ter a hanseníase não consiste só numa simples diferença, mas representa uma modificação verdadeiramente substancial, da vida de uma pessoa (...) significa mudanças físicas e sociais que, por sua vez, podem causar modificações no plano pessoal de vida".

Preconceito, afastamento social, dificuldades para realizar tarefas simples do dia a dia fazem parte do universo do doente(SÁ; PAZ, 2007).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concordamos que o assunto escolhido para o trabalho é de imensa importância, pois a Hanseníase é um problema de Saúde Pública em todo o Brasil. As pessoas não dão essa importância toda a doença, não se preocupam muito em saber o que ela causa, de onde vem, etc. O que realmente nos deixa intrigadas é que com a análise dos resultados, pudemos perceber que a Hanseníase, doença que se tratada corretamente tem cura, causa mais medo nas pessoas do que por exemplo a Aids que ainda não se tem nada cientificamente comprovado de sua cura.

Percebemos também falta de interesse e compreensão dos entrevistados para responder o questionário, pois perguntas como a dos medicamentos envolvidos no tratamento, algumas respostas poderiam ser eliminadas imediatamente, por exemplo a opção Tamiflu, medicamento este que nos ultimos meses está sendo muito comentado pois age no tratamento da popularmente chamada Gripe Suina, e mesmo assim a opção foi assinalada como parte do tratamento da Hanseníase.

Achamos que a pesquisa deveria ser prosseguida, pois a muitas coisas sobre a doença que não foram abordadas neste trabalho. Poderiam ser feitas também, mais campanhas com palestras educativas sobre o assunto, deixando assim as pessoas por dentro do que é a Hanseníase, o que ela traz de consequências, suas formas de tratamento entre outros pontos interessantes a serem debatidos.

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