Há 15 anos que São Paulo está na "U.T.I."
Por Edson Terto da Silva | 24/03/2010 | PolíticaHá 15 anos que São Paulo está na “U.T.I.”
Edson Silva
Aquele meu amigo, o Lynno Typpo voltou ligar e desta vez estava literalmente atacado contra o que chamou de estado de “U.T.I” (Unidade Tucana de “Inteligência”) em que se encontra São Paulo, faz 15 anos. Quis saber o motivo da revolta e ele foi logo dizendo, não sem antes relembrar sua origem da nobreza inglesa, a história de não sei quem, não sei quem, não sei; ser conhecido do quase parente de não sei quem, não sei quem, não sei quem... Em seguida, ele relatou os fatos a seguir, todos por conta e risco da experiência vivida por ele, ou seria mal vivida?
Bom, recém inaugurado em Campinas, o Corredor Metropolitano de Transporte Urbano, deixou só três pontos de ônibus centrais na avenida Suleste, entre o Trevo da Bosch e o Centro, ficando assim distâncias quilométricas entre eles. Não bastasse isso, a “Unidade de Inteligência Tucana” diminuiu a oferta de coletivos e por um motivo: muitos não têm portas também no lado esquerdo, o que os impedem de parar na plataforma central. Não apenas eu (no caso Lynno), mas todos que esperavam os ônibus estavam impacientes e revoltados e o pior: nem podiam acender um cigarrinho, pois a “Lei do Moto Serra” direito impede também de pitar em local semicoberto.
Fiquei imaginando quem será multado se algum santo paciente usuário do ônibus decidir fumar na plataforma. Será que seria o estado? Pois nos bares, se o cliente fumar o culpado é o dono e ele pode ser multado, por isso ou ele arranja fregueses compreensivos e educados; ou sai no tapa e sabe-se lá o que pode acontecer; ou chama a Polícia para prender o fumante, já que parece que os índices de violência “não” estão altos e a Polícia está com tempo para atuar também em situações ditas menores.
Se bem, que quem não se lembra dos policiais moldados na “U.T.I.” paulista que, ao invés de dar esculacho na professora e diretora e dizer que tinham mais o que fazer, preferiram “prender” e levar para uma Delegacia uma “perigosa meliante”? Era uma estudante de primeira série (do Fundamental mesmo!), com pouco mais de sete anos, que apresentava problemas neurológicos e por isso estaria “pondo em risco” toda a direção da escola.
Imaginei também se, no caso de um fumante rebelde acabar preso, não por fumar, mas eventualmente por um bate-boca, que viraria desacato, ele poderá fumar na cadeia, que é lugar fechado? Se não, será que o Palácio dos Bandeirantes mandou a emenda para que o Governo Paralelo? (Tem hora que parece que só há um governo em São Paulo e obviamente não é a “U.T.I.”) para que os locais corretos para fumar sejam inclusos no Estatuto das Prisões?
Ah, não sou fumante, mas não acho certo tornar um hábito em contravenção e não punir quem o pratica, mas sim donos de estabelecimentos. Para terminar, então que a “U.T.I.” siga nossa sugestão de usuário revoltado de ônibus interurbano (quando tem): “Vamos fiscalizar quem fuma “crack” em locais cobertos ou não e neste quem serão os multados?”
Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré