Gripe Suína

Por Fábio Dourado | 12/05/2009 | Crônicas

Gripe Suína


Não basta somente querer controlar a gripe suína tentando apenas monitorar os casos suspeitos  e a entrada de novos turistas e brasileiros que chegam de outros países que já foram contaminados. É necessário uma vigília mais rígida, minuciosa, contínua e eficaz,  pois com vírus não se pode vacilar, principalmente em se tratando de uma gripe que se alastra rapidamente apenas pelo contato físico e que se propaga pelo ar.
É decretar aos contaminados a quarentena, sem deixá-los ter contato com lugares públicos e pessoas que estão fora do risco da doença. Quarenta dias em tratamento sem contato com outras pessoas, exceto as da família, que diga-se de passagem, protegidas, não irá matá-los, pelo contrário irá beneficiá-los e assim irão mais rapidamente ficar livre do vírus. Quanto mais contaminados, mais demanda por médicos, medicamentos, estrutura e pessoas bem treinadas para conter o vírus, ou seja, chega um momento que se perde o controle e começa a faltar recursos suficientes. Quanto menos isso acontecer, melhor atenção terão os profissionais da área de saúde para extinguir de vez a doença no país e melhor serão os cuidados com os doentes. É inversamente proporcional a lógica, e nem precisa um expert em matemática pra entender a questão.
O único problema é que o governo para tentar mostrar à população que tem o controle de tudo e de todos, tenta amenizar-nos da maneira mais equivocada possível, ludibriando-nos de que está tudo sob controle e que há estrutura, medicamentos e profissionais da saúde bem treinados. Isso é balela, “papo furado”, pois bem sabemos que se não temos controle da dengue que pra ser contaminado é  preciso ser picado por um mosquito, imagine um vírus que se alastra tão facilmente quanto se pega um resfriado em época de inverno.
O tão ilustre e ainda inexperiente Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostra-se preocupado com a facilidade com que a doença está se espalhando e já está tomando medidas mais drásticas para tentar conter a doença. Se os americanos já são bem chatos quanto à entrada de novos turistas que apresenta apenas uma crise de rinite alérgica, imagine com uma doença como essa, que entra na extensa lista de restrições para se entrar no “limbo das Américas”.
O nosso governo tem que parar com essa “síndrome de Lula”, onde tudo o que está acontecendo está sob controle, desde o mensalão até as quotas de passagens aéreas dos parlamentares. Não é crítica somente ao chefe de estado e governo, é crítica aos que acham mesmo que está tudo nas rédeas.
Não muito distante, em 2003, o mundo teve quase uma pandemia com a SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória Aguda), um vírus considerado letal que ataca o aparelho respiratório do contaminado. Ela foi diagnosticada pela primeira vez na Ásia em novembro de 2002, na província de Guangdong na República Popular da China, no entanto, somente em 2003 a Organização Mundial de Saúde emitiu um aviso global sobre a doença.  Em questão de semanas o vírus já contaminava vários países, sobretudo parte do leste e sudeste da Ásia, chegando até mesmo em Toronto no Canadá. Felizmente, ela foi controlada e extinta, aliás, ainda não se sabe de fato, pois pode ainda existir em animais que não apresentam os sintomas. O fator principal para o controle dessa doença foi justamente porque ela esteve em países com estrutura e política de controle mais apurado, rígido e contínuo, além de questões sócio-econômicas.
Com relação à gripe suína, se esta continuar a se propagar na velocidade em que está, pode chegar a se combinar com a SARS ou até mesmo com a gripe aviária, algo que sabemos que não é impossível de se acontecer. Não é caso de mero roteiro sobre um filme de ficção científica, onde o mundo entra em colapso causado por pandemias. É assunto que deve ser tratado com seriedade.
O governo brasileiro que se cuide, que seja proativo, visionário, pois se “dormir de botas” a qualquer momento pode ser surpreendido e aí todos estarão em maus bocados.