Greve versus crise

Revolução industrial. Intensa urbanização. Proletariado insatisfeito. Foi nesse cenário que a classe trabalhadora, através dos sindicatos, criou as greves trabalhistas. Atualmente, em um país que passa por intensa crise econômica e institucional, as greves estão cada vez mais frequentes nos diversos setores do trabalho. Enquanto milhares de pessoas fazem o possível e o impossível para manter seu trabalho e consequentemente a renda de sua família, outras estão reivindicando o aumento de seus salários. Observa-se uma contraposição que não deveria existir, visto que nosso país enfrenta uma monstruosa crise na economia.

Que as greves, em sua maioria, trazem resultados é inegável. Parar de fornecer mão de obra com o objetivo de melhorias nas condições de trabalho, além de aumentos no piso salarial é um método eficiente, fato comprovado historicamente pelas greves realizadas, sobretudo durante as revoluções industriais, e justo, afinal, todos os cidadãos merecem boas condições de vida. Entretanto, diante da depressão econômica que o país vivencia, ao invés de lutar por melhores salários, a população precisa se preocupar em manter seu emprego, pois a taxa de desemprego tende a subir gradualmente.

Como se não bastasse, além de colocar o emprego em risco ao realizar uma greve, essa paralisação implica na retirada de uma engrenagem em todo o sistema produtivo, que só funciona bem e impulsiona a economia quando se encontra completo, para que assim o ciclo empregatício e econômico volte a funcionar de maneira benéfica a todos. Sendo assim, a população precisa se conscientizar de que não prejudicará somente a empresa em que trabalha ao realizar uma greve, mas interromperá um ciclo que ao longo do tempo poderá tirar o Brasil da crise.

Portanto, é imprescindível que o povo brasileiro entenda o problema que o Brasil está passando e se conscientize de que em um momento como esses, a reivindicação por aumento salarial ou qualquer coisa do gênero através de greves é um tiro no pé da própria população, afinal, diante desse cenário, entende-se que cada um precisa garantir o emprego, e não colocá-lo em risco.