Gordon - o besouro rola-bosta

Por Vicente Ivo | 16/01/2012 | Contos

                                   

                                      Primeira Parte

                                             Dilemas


Gordon era um pequeno rola-bosta - um besouro -. Todo o dia acordava cedinho junto com os primeiros raios solares para se reunir com seus parentes para limpar os campos. Passava o dia todo no campo carregando, de um lado para o outro, bolas pequenas e grandes de bosta. Mas, Gordon não gostava desta vida. Passava a maior parte do tempo reclamando. Seus parentes, já acostumados, só faziam ri. De vez em quanto, um passava perto e dizia: __ Você é e sempre será um rola-bosta!  
 Assim, os dias iam se passando, sem nenhuma mudança na vidinha de Gordon. As vozes que ecoavam na mente de Gordon eram a mesmas: “__Você é um rola-bosta e vai ser sempre um rola-bosta!”. Dormia e acordava com as vozes ecoando.
Em certo dia, não mais suportando, resolveu mudar a sua vida. Sentou-se em sua cama e disse para se mesmo.
“__ Hoje não irei para o campo, vou ficar em casa. Não vou mais ser um carregador de bosta!”
Em quanto isso, como sempre, todos os seus parentes estavam no campo a rolarem suas bolas, menos Gordon. Acostumados ao ouvirem as reclamações, notaram que o campo estava mais silencioso. Havia uma voz calada. De vez enquanto, todos paravam de rola suas bolas e fixavam o olhar na estrada tentando ver se ele vinha, no entanto, a estrada estava vazia. Apenas o vento passava levantando um manto de poeira no ar.   
A manhã foi passando e nada de Gordon chegar. Um de seus primos, Antenor, um besourozinho que sempre ficava rindo das reclamações de Gordon começou a ficar preocupado. No inicio da tarde, não mais suportando a espera, resolveu ir à casa de Gordon que ficava no final da Rua da Bisouratec – a cidade dos besouros - para descobrir o que tinha acontecido.
Seguiu por dentro do mato por uma trilha de formiga. Atravessou um pequeno riacho por cima de uma árvore que formava, com seu tronco, um arco de uma margem a outra. O dia estava ventilado e o vento balançava as galhas deixando a luz do sol penetrar e refletir nas águas do riacho formando um jogo de luzes.
No céu, varias libélulas mergulhavam em voo rasante as águas do riacho, muitas serviam de alimentos para os peixes que saltavam de dentro da água. Ao chegar à casa de Gordon notou que estava toda fechada, no entanto, ao em vez de ir embora, foi até a porta e ficou batendo insistentemente.  
Lá dentro, Gordon ouvia as batidas, mas não dava importância. Pensava ele: “__ Daqui a pouco, quem quer que seja vai embora.” Dez minutos depois, as batidas continuavam, e cada vez mais forte. Não suportando mais se levantou, foi até a porta. Antenor estava quase desistindo quando a porta se abriu. Nervoso, ao ver o primo foi logo perguntando.
__ Você esta bem?Aconteceu alguma coisa?
 Gordon deu um sorriso meio discreto.
__ Por qual motivo não foi trabalhar?
__ Ora, simples! Não quero mais ser um rola-bosta, deste dia em diante mudarei minha vida.
Antenor coçou a cabeça. __ Vocês está com febre??
 __ Não estou!! __ Eu só não vou mais ficar rolando bosta por ai. Amanhã bem cedinho, parto em busca de aventura.
__ Você ficou louco? O sol queimou seus miolos?
__ Não primo! Eu não suporto mais viver nesta vidinha. Quero conhecer o mundo, viajar, conhecer novos lugares.
__ Então, vai ter de me levar. Eu quero ir com você. Posso ir?
__ Pode! Venha amanhã bem cedinho.
Antenor, todo contente, foi para sua casa. À noite, em suas casas, cada um arrumava a bagagem. Ao amanhecer, com os primeiro raios solares, Antenor já estava na casa de Gordon.
__ Oi primo! __ Disse Antenor. __ Qual será nosso caminho?
__ Você está vendo estrada lá na frente, depois do grupo de pedra.
__ Estou!
__ Seguiremos por ela. Meu pai me contou, quando eu era um besourinho, que ao sul do Pântano Negro existi um campo muito lindo. Um lugar cheio de flores e grandes árvores. É um paraíso para os insetos. Mas, também, me preveniu que a estrada era cheia de perigos.
Antenor ouvia atentamente seu primo. Um medo tomou conta dele, mas ficou calado, não diria ao seu primo que estava com medo. Iria segui-lo para onde fosse. Perigoso ou não, não desistiria da aventura. Assim, no início da manhã, os dos aventureiros seguiram pela estrada em busca de aventuras.

Continução ...................