Gin & Tônica
Por Jacot Werner Stein | 18/05/2020 | CrescimentoDedicado à Olyviaa! Olyviaa sendo Olyvia, tornou-me o que eu já sou,
mesmo sem o saber! Grato, sou-lhe grato.
Gin & Tônica é uma bebida da modernidade, portanto ela veio para atender, não às necessidades de um grupo, mas à interesses pessoais. E geralmente tudo que é pessoal tem sido escuso, estranho e, às vezes, até mesquinho. Geralmente é uma generalidade quase gigantesca, quase sem limites. Mas barbaramente as pessoas, ao lutarem, ao romperem seus limites, seus próprios limites, elas transgridem, elas usurpam aquilo que é dado, que sempre foi dado, que sempre foi concedido. Então, recusar aquilo que lhe é concedido é a maior das transgressões - penso agora em alguém que discordaria diametralmente de mim, bela Senhorita conceda-me discordar de você - então… tudo que vem depois, após à recusa, não poderá ser visto com bons olhos. Não terá mãos fraternas ou ternas para receber o que feito, o fruto da transgressão. Mas afinal o que está errado? Nada. Absolutamente nada. Tudo tem seguido sua ordem ordinariamente ordenada. Tudo tem sido chato - palavra perigosa, ela me descreve com tanta agudeza e profundidade, apesar de a derme, com toda sua superficialidade, invejar-me - sigo sendo o mais chato, o mais canhestro, mesmo quando danço, quando canto - se isto eu fizesse -, quando minto. Decidi: não vou mais mentir. Na primeira oportunidade, perante aquela “pessoa” que sempre acusou-me de muito mentir- e fique bem claro Senhor Morador da Rua São Miguel, da cidade de Passárgada, sempre quis mudar o nome de minha cidade para Passárgada! Senhor Morador e Residente esta “pessoa” não acreditou em minha superficialidade, não acreditou na palavra que mais gosto de falar, embora não goste de escrevê-la. Nem chega ser pornográfica. Tamanha sua função, sua necessidade, sua eficácia. Esperemos sempre que, ao divagar, ao menosprezar tudo aquilo que foi labutado ao longo do dia, pode a qualquer momento ser usurpado, não por ações, nem por gestos, mas principalmente por pensamentos, e o pior: quando os pensamentos tornam-se palavras e as palavras em frases, e as frases em outras frases, e estas frases em parágrafos até que a ideia nasça e rompa sua cadeia que limita-a, que a nutre e gera incessantemente, até que ela, como de um salto, como uma explosão de Husserl, torna-se uma iluminação, uma luz, e a luz como a chama de uma vela tem sentido em estar onde há escuridão, onde impera a escuridão. Assim como gosto adocicado da água tônica vai perdendo sua presença e a força do gin vai, aos poucos, misturando-se ao amargor próprio do gin, próprio do limão. Limão que, no início era pura refrescância, era puro aroma, pura pureza. - Don’t stop me now! Na presença do Dr. Nietzsche e do Dr. Foucault tudo tem ficado mais claro, mas é sempre noite. Como pode a noite ficar mais clara? Fim da primeira taça, paremos de ouvir Queen. Vamos às outras músicas! Mas, quais, pois se a Semi-Deusa já não nos dá mais sugestões e ainda disse, categoricamente, que este mês ou mês que vem, talvez no máximo em julho ela irá e não mais voltará. Se entendi, ela irá porque gosta de mim? Ela nutriu sentimentos a meu respeito? Espero que não. Sinceramente, não que cesse Queen, não quero que cesse AC/DC, não quero que cesse Guns In Rose, não quero que cesse a água tônica, pois ainda não tenho a companhia de Denni. Ou seria Deny? Companhias loucas, e elas nem sabem que aqui estou. Que cesse Queen! Pois a primeira taça de Gin & Tônica, foi-se. Foi-se primeiro Tônica, com sua refrescância, ficou o gelo, o limão, já quase amargo, e todo o amargor de Gin.
Agora, na presença de uma segunda taça, na presença de U2, uma banda que, embora eu não tenha recebido sua sugestão, ela certo dia concordou quando eu disse que a ouvia, pareceu-me que tive sua autorização. Mesmo assim, esperemos sua partida. Nunca foi tão chocante: esperar a partida de alguém que não recebi um beijo sequer, que loucura. Que intensidade! Uau! Lembro-me de seu perfume, lembro de seu olhar terno, mas decidido, lembro-me de sua audácia, lembro do movimento de seus quase curtos cabelos naquela frio da rua do Bosque! Após sua partida espero nunca mais vê-la, pelo resto de minha vida. Jamais! Mas também espero espero poder vê-la uma vez por semana, mesmo que longe, e preferencialmente que ela não me veja vendo-a. Admirando-a, namorando-a. Isso o que é? É tortura. Pois ela já disse que irá embora, que bom, sem brigas. Sem sentimentos. Semi-Deusa, você sabe que é, para mim, Semi-Deusa, e somente em seu encontro com Psiqué que te tornará Deusa. Já espero habitar o Hades ou mesmo Tártaro, para que eu não veja sua entrada triunfal ao Ades! Resplandescente! Onde, de cada unha sua irradiará raios, reluzirá beleza de cada olhar, de cada sorriso - que loucura - seu olhar é magnífico, seu sorriso é encantador. Admiro-a em cada gesto, em cada gesto. Em cada fragância, em cada loucura, em cada gargalhada, em suas roupas simples, mas perfeitas em seu corpo. E que corpo! Mas seu corpo fica ainda mais belo quando você, perante uma indagação, uma interrogação, uma pergunta, um questionamento - se põe, efetivamente à pensar. You say one love, one live. It’s one need in the night! Quanta intensidade. Para quê, me diga velha Senhora, para quê querer o que não se pode querer, o que não se deve querer? - Mesmo estando só na segunda taça, aguça-se uma sensibilidade que os dedos já não acompanham, que a mente não quer transformar em palavras, para não se perder. Tudo que é transformado em palavras é diminuído, é des-intensificado! Não posso perder essa intensidade, devo perder, devo distanciar-me dessa intensidade, devo correr dessa grandeza, devo correr dessa falsa modéstia. U2! Em sua presença, Semi-Deusa, tive o que nunca tive, e saiba que tive coisas maravilhosas, mas o Diabo é ardiloso, ele nos faz querer somente aquilo que não devemos querer. Tenho consciência disso, tenho ciência disso. O Diabo tem sido minha companhia não somente nas madrugadas frias, mas também nas tardes quentes. O Diabo faz pensar. Ele provoca, como nunca fui provocado antes. Senhorita, bela senhorita não relaciona-o ao Diabo, jamais, tanta beleza, tanta pureza em seu olhar. Espero e já solicitei ao meu pároco que, cada pecado seu, cometido comigo, que cada pensamento impuro seu, cometido em minha presença, que cada pensamento impuro seu, seja tudo colocado em minha conta. Pois o que você fez foi apenas atender meus pedidos, você não induziu-me a nada, jamais! Você veio porque solicitei sua presença, e você gentilmente, elegantemente em jeans, chegou, e depois chegou também em floral, depois de calça jeans, depois de short, sempre chegou, e somente chegou porque solicitei, porque pedi. Então peço: não lhe seja nenhum desses pecados, mesmo que cometidos em pensamentos, que lhe imputado Semi-Deusa. Rogue você também, brade. Não tive culpa, não tenho culpa, tenho somente sentimentos. Mas nem estes você concedeu-me o direito de ter. Uma taça longa de Gin & Tônica! Espero, ah se espero. Mas não mais poderei dizer: Espero-te! Frase magnífica. Amanhã, provavelmente, pela última vez no mercado municipal, caminharei a seu lado. Com todos aqueles cheiros, com aquele ar quase frio daquela ou desta cidade, já nem sei onde está meu espírito, pois meu coração sei onde está. E estará! Quando você se for, serei monge. Serei monge! Não sei por quanto tempo aguentarei, mas irei, após sua partida, à Aparecida do Norte entregar meu coração, ou o que sobrar dele. Chega de U2, fim da segunda taça.
Avôhai! Ainda jovem não imaginei viver a possibilidade de ser cristão seja no sacerdócio, seja no matrimônio! Ao meu redor! É bem pior. Avôhai! E agora tudo muda, a intensidade se perde, o um pouco desespero chega até nós. Tudo de novo? Mas, se Hegel tem razão, estamos subindo uma escada em espiral. Sempre em frente, sempre otimista, sempre para cima. Ciência e Religião! Agora será um percurso: onde está a felicidade? Quem ama nunca sente medo. De contar os seus segredos? Mas amanhã será um novo dia, quem sabe amanhã não descobrimos um novo segredo, um cego procurando a luz na imensidão do paraíso. Perdi a razão. Talvez eu nunca tenha tido: razão. Pois, tudo a minha volta é sempre sentimento, é sempre amor ou é sempre ódio. Chega! Mas em um dado momento, decidimos mudar, dar uma guinada, não chega a ser uma mudança rota, me parece muito mais um retorno, isso mesmo, um retorno de rota! Espero algum dia, poder encontrar um sentido nisso tudo. Já é quarto momento, se não estiver enganado, sim, é quarto momento. Não no texto, mas na vida, em minha vida. Agora a pouco, fui correspondido por alguém, mas não quero atenção, ou talvez eu só queira atenção! Chega! As pessoas são-me simpáticas, cordiais, ligeiramente gentis, elas ainda não perceberam que não tenho a profundidade que encontram na imagem que fizeram de mim. Chega! Quero voar. Vou pular de paraquedas nestas férias próximas de outubro, com chuva, com vento, com audácia. Mas também com muito medo. Frevo mulher! Sim, quantos? É medonho, por isso ela tem que ir, por isso você deve ir. Vá! Seja feliz! Você já é feliz, mas seja ainda mais feliz, realize seus sonhos. Já que sou o que sou, sem ser realmente eu mesmo, então que seja: o olhos eram de fé. Agora, em minha boca é só gin, aquele amargo característico… está chega, então, maybe, seja a hora de buscar ou de correr de algo. Entendem? É como buscar o mapa da alma da mulher, ninguém tem esse mapa. E ainda, um ser maravilhoso entre a serpente e a sereia. Isso está ficando melhor que vinho. Simultaneamente: o doce e o amargo, simultâneos, mas uma audácia se anuncia. Não quero prejudicar ninguém, não quero mais a vida que tinha, vou me arrepender dessas palavras, claro que vou, talvez já o tenha arrependido após as palavras de um amigo, aquele da Rua São Miguel, eita! Naquela busca incessante, muito bem descrita por um amigo: sempre à procura do que não existe! Sangrando, como um duelo, pergunto: o que acompanha gin & tônica? Não consigo pensar em nada. Parece-me que se completam. Sem ilusões! Toco a vida, não sei se pra frente, sempre à espera. Mas de quê? Nunca chorei por ela, ou por qualquer um que vive. Só chorei por aqueles que faleceram, triste isso, sem audácia, sem paixão, sem amor. É como se um defunto fosse mais importante que qualquer vivo para mim… Isso não me agrada. Mas o que realmente me agrada? Conversar com os amigos! Sim. Conversar com estes, mesmo que muitos me digam que sou calado. Não sou calado, só não tenho nada a ti dizer. Pois, a quem tenho o que dizer: digo! Essa taça está mais longa que as anteriores. A música está mais lenta, as letras estão mais intensas. Bolas! Não sei inglês. Espero, não hoje, não amanhã, poder olhar para isso, totalmente contra o evangelho, e poder dizer: sim, no todo, não fui tão errado, houveram sinais que queriam dizer mais do que realmente diziam. Mais do que realmente podiam dizer. Espero. Sempre espero. Mas depois da Semi-Deusa, após a Semi-Deusa que vai embora, e com certeza vai-se para sempre. Não poderei vê-la, não devo vê-la. Sim, fui dispensado, pela primeira vez em minha vida, apesar de eu ser tão feio, sim, fui dispensado pela primeira vez. É um sentimento covarde que sinto. Só sinto, nada realizo, são apenas sentimentos, sentidos, nenhuma ideia. Nenhuma vocação. Parece que eu fiquei surdo! Surdo para as coisas do alto! Não me lembro o dia o horário, o dia sim, mas as horas não, jamais. Foi-se e ainda vão-se mais, vão-se as coisas, ficam-se as saudades, os sabores. Até isso tenho lembranças, da beleza, do perfume, do sabor, das formas, dos contornos, do tonalidade, da tenacidade, da suavidade, da voz, dos sons, dos aromas, dos gestos, dos movimentos, dos impulsos, das vicissitudes! Quero bater na porta do céu, quero que ela esteja aberta para minha chegada. Mesmo após tudo isso, quando aos olhos de muitos, inclusive dos meus, mas quero as portas abertas. E quero que as duas estejam abertas! Sim, vou caminhar até Aparecida do Norte, mesmo que seja no Sudeste! Sim, vou caminhar até lá. E será, logo após minha chegada dos museus, quero ter em que pensar, não quero simplesmente rezar, quero ter o que dizer, mas também quero saber como dizer, mesmo que isso se pareça, e me pareça o mais difícil, é o que espero. Poder chegar, poder caminhar até lá. Os olhos eram de fé! Se ao invés de caminhar por mais de mil quilômeros eu pedalar por esta mesma distância, serei uma companhia melhor para mim mesmo, pois o prazer que sinto ao pedalar, é maior que o prazer em caminhar, aliás não sinto prazer em caminhar. Exceto na companhia da pessoa mais magnífica que já conheci. Com ela tudo é lindo, tudo é belo, não refiro-me à Semi-Deusa, mesmo ela sabe disso. Que ela se vai, mas fica, e ficará, alguém magnífica, fantástica, etc. Para ela e somente para ela me faltam as palavras. Quase um caminho natural: de um a outro, de uma coisa à outra, se hoje sou deserto, pois também as flores também perdem as força na ventania, até mesmo elas se cançam de lutar. Coração: não ver já cria sentimentos, então como não criar sentimentos ao conversar, ao sorrir, ao cheirar, ao caminhar junto mesmo que pouco, como não criar sentimentos ao jantar juntos, ao almoçar juntos, ao tomar café da manhã juntos. Só não houveram beijos, que bom que não houveram beijos, pois ainda resta algo para imaginar, para criar. Naquele momento em que te vi, poderia ter dito: amo-te. Mas disse apenas: Uau! Foi tudo o que meu coração consegui dizer. Foi tudo o que minha boca, sedenta por um beijo, consegui balbuciar. Vamos embora sem demora de repente, vamos embora sem demora, vamos pra frente porque pra trás não dá mais, pra ser feliz num lugar, pra sorrir e cantar tanta coisa a gente inventa, mas uma dia que a poesia se arrebenta, e este o dia em que você vai-se embora. Vá em frente, siga seus sonhos! Realize seus sonhos, pois os meus já comecei a realizar. Adeus Semi-Deusa! Com vocês descobri gargalhadas, sabores de carnes finas, sabores de vinhos justapostos, um ao lado de outro, assim como nós não poderemos ser: justapostos, um ao lado de outro, mas foi magnífico o tempo em que passamos juntos! Só uma coisa me entristece: o beijo de amor que não roubei! Já não é mais Zé, já é Fagner, mas também, a terceira taça já se esvai, em goles ora lentos, saborosos, ora audaciosos, assim como seu sorriso! Adeus Semi-Deusa!