Gestão para Avaliação Educacional
Por Douglas Diego Palmeira Rocha | 08/07/2014 | EducaçãoGESTÃO PARA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
HOFFMAN, Jéssica Fernanda de Andrade
ROCHA, Douglas Diego Palmeira
RODRIGUES, Paula Margherita Maria de Oliveria
1. Introdução
O presente artigo tem por objetivo discutir acerca do aproveitamento da questão da avaliação, bem como de propor uma ação de intervenção para o contexto atual de se avaliar de maneira sumária e punitiva. Este disserta acerca de como a gestão deve orientar seus professores quanto avaliação.
Esperamos que, a partir deste, possa tornar-se, como em nós fez-se, a realidade da compreensão da avaliação enquanto instrumento pedagógico, de favorecimento da aprendizagem, que promova o desenvolvimento de todo o processo de ensino-aprendizagem. Uma compreensão educativa de ultrapasse a visão engessada de teste e medição decimal, e proporcione a educador e educando sua análise de resultados, positivos ou nem tantos, de modo a prosseguir cada vez melhor na busca do conhecimento.
Enfim, que tal pesquisa proporcione nosso crescimento de aprendizagem, que a partir de tudo que aprendemos nesta pesquisa, possamos melhor agir em nossa ação docente, aprendendo sempre e cada vez mais... Isso é avaliação!
2. Análise da avaliação educacional
Ao contrário do que muitos pensam, avaliação vai muito além das provas que estamos habituados a “aplicar” ou resolver. Avaliação é todo o processo educativo, toda a construção do saber, dia após dia. E não se retém somente a isso; ela também inclui o espaço físico que a escola proporciona para o desenvolvimento das atividades, a prática pedagógica, a gestão, a família, enfim, ela envolve todas as partes que caracterizam a educação.
Muitos autores dissertam acerca da questão da avaliação da aprendizagem. Para Luckesi (in: Libâneo, 1991, p. 196) esta se dá como "uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho", para Golias (1995, p. 90) como “um processo dinâmico, continuo e sistemático que acompanha o desenrolar do ato educativo" e para Libâneo (1991, 196) “uma componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, a determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes". Por fim, Gadotti (2003, p. 03), em texto trabalhado em sala, ainda vai dizer e definir a avaliação como “redefinição conjunta dos caminhos a serem trilhados
Por muito se pensou que era papel do professor identificar os erros e puni-los. Assim, os estudantes ainda são testados sistematicamente, muitas vezes recebendo notas baixas e, em casos extremos, sendo retidos no mesmo ano letivo. Costumamos ouvir que um bom professor é aquele que toda a turma tem um bom resultado em suas provas. Entretanto, ele, o professor, compõe apenas uma das partes da avaliação.
A prova/exame, geralmente é realizada no final de um ciclo ou um período de troca de experiências e conhecimentos entre alunos e professores, porém – como acontece na maioria das vezes – ela não é a última etapa do processo educativo. Pelo contrário, ela pode ser considerada uma das primeiras. Pois é após ela que o aluno pode saber onde estão seus erros e a partir deles, se apoiar para novas construções, reorganizar o saber. Além de tudo, não se trata apenas de um processo educativo de conceitos e sim de um processo de superação de seus próprios limites, são novos desafios que podem ser alcançados e que são ótimas fontes de entusiasmo.
Ver o erro como um indicador do raciocínio do estudante possibilita criar situações que o levem a pôr as ideias inadequadas em xeque. É preciso analisar as incoerências, categorizá-las e problematizá-las. A chave é levar todos a pensar sobre o que não sabem e, com isso, aproximá-los do conhecimento esperado para o nível em que estão. Um olhar atento é fundamental para entender os erros de cada aluno, possibilitando a correção e a compreensão do conteúdo não assimilado.
3. Proposta de intervenção
Nossa proposta visa a substituição real e concreta da avaliação sumativa, aquela que se dá apenas no fim do semestre, de modo a testar e conferir notas de pontuação segundo o desempenho do aluno apenas naquele específico momento, desconsiderando todo o processo.
Temos consciência de que uma avaliação crítica, responsável e comprometida, mais que punir ou gratificar, dizer quem pode ou não, que merece ou não, ela deve levar a conhecer o aluno, verificar os ritmos de progresso do aluno, detectar as dificuldades de aprendizagem e orientar a mesma, de modo a não esbarrar e permanecer inerte diante das dificuldades verificadas, mas a partir delas a vançar e superá-las.
Assim, propomos que salte do papel e torne-se real e concisa a que chamamos de avaliação formativa, tendo como técnicas a observação de trabalhos, os exercícios práticos e as provas em si (tendo em vista dessas não como fim, mas como integrante do processo).
Uma avaliação que ocorra ao longo do ano letivo, que permita e possibilite o acompanhamento progressivo do educando; que o ajude a desenvolver suas capacidades cognitivas, ao mesmo tempo fornecendo informações sobre seu desempenho. Assim, dentro do processo, poder-se-á informar se os objectivos estão ou não sendo atingidos pelos educandos, além de poder identificar obstáculos que estão a comprometer a aprendizagem e localizar os desafios a serem superados.
Esta proposta de intervenção deve dar-se numa ação coletiva e consensual, com a concepção investigativa e reflexiva, atuando como mecanismo de diagnóstico da situação, promovendo apostura cooperativa entre professor e aluno, privilegiando a compreensão e incentivando a conquista da autonomia do aluno.
4. Considerações finais
A avaliação não é, de fato, um ponto de chegada, mas deve sê-la como ponto de partida, como instrumento presente no processo. Ela não deve encerrar a caminhada, mas abrir, descortinar novos horizontes. Não deve estar a serviço do teste e da punição, mas atuar como proposta de verificação dos passos dados e de como prosseguir tal peregrinar. Deve ser um note que proporcione, tanto a educando quanto a educador, prosseguir com os pés no chão, as mãos na massa e os olhos no horizonte.
A partir das aulas em sala, dos textos lidos e do Projeto de Prática de Ação Pedagógica apresentado, bem como em sua proposta de intervenção, torna-se possível concluir que não há como compreender a prática educativa sem a avaliação, todavia, que também não se esqueça de usá-la como benefício, visando o desenvolvimento da aprendizagem, e não como material de punição.
A avaliação é de extrema relevância, e sua presença proporciona o avanço, a continuidade, o progresso, o desenvolvimento. Só se é capaz de aprender quando torna-se consciente de onde há o que melhorar e o que é necessário fazer para que tal propósito solidifique-se. Assim, que cada um de nós, próximos do pleno exercício na esfera educacional, possa usufruir da avaliação e, com ela, também avaliar-nos, para proporcionar aos nossos educandos seu direito e condição em “ser mais” (cf. Freire, 1996).
"Não sei se você se recorda do seu primeiro caderno... Eu me recordo do meu. Com ele eu aprendi muita coisa! Foi nele que descobri que a experiência dos erros, ela é tão importante quanto à experiência dos acertos. Por que vistos de um jeito certo, os erros, eles nos preparam para nossas vitórias e conquistas futuras. Por que não há aprendizado na vida que não passe pela experiência dos erros. Caderno é uma metáfora da vida, quando erros cometidos eram demais, eu me recordo que nossa professora nos sugeria que a gente virasse a pagina. Era um jeito interessante de descobrir a graça que há nos recomeços. Ao virar a pagina os erros cometidos deixavam de nos incomodar e a partir deles a gente seguia um pouco mais crescido. O caderno nos ensina que erros não precisam ser fontes de castigos: Erros podem ser fontes de virtudes! (...) Uma coisa é a gente se arrepender do que fez outra coisa é a gente se sentir culpado. Culpas nos paralisam, arrependimentos não. Eles nos lançam pra frente, nos ajuda a corrigir os erros cometidos. (...) O que está escrito em mim, comigo ficará guardado se lhe dá prazer. A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer... Só peço, a você, um favor, se puder: Não me esqueça num canto qualquer." (Fábio de Melo – Poema e canção “O caderno”)
5. Referências bibliográficas
GADOTTI, Moacir. Escola cidadã, cidade educadora – Projetos e práticas em processo. Disponível em: http://siteantigo.paulofreire.org/pub/Institu/SubInstitucional1203023491It003 Ps002/Escola_Cid_Cidade_Educadora_2003.pdf
LIBÂNEO, José; A Prática Pedagógica de Professores da Escola Pública. São Paulo, 1991.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 14ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.