GESTÃO ESCOLAR: A importância do coordenador pedagógico na unidade de ensino

Por Maria Cristina da Silva Reichert | 23/08/2018 | Educação

Maria Cristina da Silva Reichert

Maria Luiza A. A. Serra

RESUMO

Este artigo tem o objetivo de responder questões relacionadas ao coordenador pedagógico, tais como, responsabilidades frente ao projeto político-pedagógico da escola, formação continuada de professores. A coordenação pedagógica é um termo novo, introduzido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n. 9394/96. Atualmente há a possibilidade de o professor com mais de três anos de profissão contínua, assumir o cargo de coordenador pedagógico. A formação continuada é um quesito exigido pelo atual contexto e a busca de novos conhecimentos para o exercício competente da profissão pode ser por meio de cursos de pós-graduação, seminários, grupos de estudos, etc. na área. A formação continuada promove o aprofundamento de conhecimento, auxiliando o coordenador pedagógico em seus afazeres, já que ele também é responsável pelo currículo escolar, sendo que algumas das suas funções diárias é o acompanhamento do professor em sala de aula, atualizando a didática e técnicas de ensino.

PALAVRAS-CHAVE: 1 Coordenação pedagógica. 2 Projeto político pedagógico. 3 Formação continuada. 4 Currículo escolar.

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INTRODUÇÃO

A profissão de coordenador pedagógico é nova, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n. 9394/96 e possibilita ao professor com mais de três anos de profissão contínua, assumir o cargo de coordenador pedagógico. As mudanças são significativas na atualidade assim como as demandas em relação à função de coordenador pedagógico isso estimula a busca de conhecimentos específicos para compreender e responder competentemente os desafios próprios do cotidiano escolar. Uma das formas de buscar o conhecimento é a formação em um curso de graduação e, posteriormente uma pós-graduação na área. Este conhecimento é importante porque o coordenador pedagógico é o profissional que auxilia o professor em sala de aula, faz a ponte entre a comunidade e a escola, conforme as demandas do currículo escolar e do projeto político pedagógico da escola.

Considerando que o coordenador pedagógico é responsável pelo currículo escolar há de se preocupar com a educação continuada dos professores, inserindo no cotidiano e nas reuniões pedagógicas novos temas, novos cursos, novas didáticas de ensino.

Sabemos que a atual função do coordenador existe há muitos anos, contudo, não existia uma formação específica para tal. Esta função era assumida por um professor depois de alguns anos de experiência em sala de aula. Partindo deste princípio, a pesquisa se propõe a responder as seguintes questões:

- Existe diferença na ação do coordenador a partir do conhecimento construído através dos cursos de formação? Ou seja, o coordenador realiza competentemente suas funções?

Os objetivos propostos na presente pesquisa são identificar o papel do coordenador pedagógico na instituição de ensino; analisar a importância da coordenação pedagógica na motivação dos professores iniciantes, na formação continuada e no desenvolvimento do projeto político pedagógico. Portanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa e bibliográfica por meio do levantamento, seleção para posterior leitura crítica de autores que estudam o tema, como, Placco (2004), Campos (2012), Almeida (2007), entre outros.

1 O COORDENADOR PEDAGÓGICO

Quem é o coordenador pedagógico? Será que ele existe em todas as escolas? Tem o mesmo nome para todos os estados brasileiros? Em alguns lugares como em São Paulo é chamado de Orientador Pedagógico, em outros é chamado de Coordenador Pedagógico. Campos, (2014, p. 42), afirma. “Para iniciar, digo que o orientador pedagógico trabalha dentro da escola. Em algumas escolas particulares ou em outras redes públicas de ensino, esse mesmo profissional recebe o nome de coordenador pedagógico”.

O professor após três anos de atuação na profissão, pode exercer a função de coordenador pedagógico, o que muitas vezes é bastante prejudicial a nova função desempenhada, por que muitos coordenadores não se sentiam a vontade no novo cargo, talvez dessa forma se justifica a quantidade de trabalho burocrático desenvolvido pelo coordenador, muitas vezes é um refúgio para as próprias dúvidas quanto as funções que devem fazer parte do seu cotidiano.

Assim, à medida que as pessoas que ocupam cargos responsáveis pela área pedagógica não detêm um domínio específico da área, passam a refugiar-se nas atividades administrativas para encobrir a dificuldade de atuar na área em que deveriam e para o qual não estão preparados profissionalmente. (PINTO, 2003, livro eletrônico)

Saber o papel do coordenador pedagógico não é uma questão que se passa despercebida, afinal, são muitos os Professores Coordenadores Pedagógicos (PCP) que gostariam de saber quem são, e a que vieram afinal a função pode ser nova, mas o debate sobre a educação já vem acontecendo há muitos anos. (MATE, 2012)

Hoje, no mundo, ocorrem muitas mudanças principalmente em relação a globalização e aos novos recursos tecnológicos que fazem parecer que cada vez o mundo está menor, desafiando profissionais de todas as áreas do conhecimento. São tantas mudanças no contexto cultural, social, político e até mesmo na urbanização das cidades, que influencia o papel a ser desenvolvido pelo coordenador, com tantas tarefas que pode parecer impossível responder as demandas, como afirmam, Silva, Holanda e Andrade (2014).

A profissão de coordenador pedagógico foi ao longo do tempo tornando-se cada vez mais complexa, dado o contexto social, econômico e político, transformado vertiginosamente pelo desenvolvimento científico e tecnológico, bem como pelo processo de urbanização. Sabe-se que a educação é um fenômeno histórico e social, consequentemente, pode-se afirmar que as práticas pedagógicas e a configuração do trabalho do coordenador pedagógico evoluem em função de circunstâncias e necessidades econômicas, sociais, políticas e culturais. Para assim responder às questões colocadas pelas novas exigências da sociedade. (SILVA; HOLANDA; ANDRADE, 2014, p. 115-116)

Bruno (2008), ressalta que a década de 1990 no Brasil foi essencialmente afortunada em termos de produção de reformas e mudanças na educação. Essas reformas educacionais foram, pouco a pouco, se colocando como uma necessidade, criando um clima institucional que, provoca educadores a assumir inovações que nem sempre estão esclarecidas, e ao mesmo tempo oferece oportunidade para manifestação de desejos de uma possível construção da escola de qualidade desejada por todos os educadores.

Segundo Boccia e Dabul (2013), o coordenador pedagógico é um sujeito que está posicionado à frente de uma equipe, que deve estar presente no ambiente escolar, tendo clareza de seus objetivos e dos objetivos da escola, estando seguro do seu papel, sendo aquele indivíduo que reflete em suas ações, de forma compromissada e envolvida com a escola da qual faz parte. Sendo tarefas primordiais acompanhar e assessorar os professores, apoiando-os nas tarefas pedagógicas e didáticas, em conformidade com o currículo de suas disciplinas.

1.1 AS FUNÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

Em muitas escolas o coordenador pedagógico tem sido uma peça-chave ao lado da direção da escola. Ao investir na construção das competências técnicas do coordenador pedagógico se fortalece o trabalho educativo. (CARVALHO; KLISSYS; AUGUSTO, 2006, p. 145) destacam as seguintes funções do coordenador na escola:

Diagnosticar as prioridades pedagógicas, constantemente. Para tanto, o coordenador dedica parte de seu tempo à investigação e aos estudos para compreender melhor as questões pedagógicas e educacionais e as necessidades da comunidade onde atua e para construir hipóteses de trabalho para a formação de seu grupo de educadores.

Coordenar os projetos institucionais, do ponto de vista pedagógico. Ele estabelece uma afinada parceria com o diretor no desenvolvimento desses projetos, de modo que os professores sejam envolvidos e pensem juntos em modos de fazer com que as mudanças no CEI revertam em novas aprendizagens e em melhoria da qualidade de vida para as crianças. Oferece apoio sistemático ao planejamento de atividades educativas com crianças e pais, segundo diretrizes metodológicas e educativas do CEI.

Supervisionar o andamento da rotina pedagógica, oferecendo apoio e orientação aos professores na gestão do tempo, promovendo mudanças e ajustes, de acordo com as necessidades das crianças.

Segundo Neves (2014, p. 56), “O coordenador pedagógico é o elemento responsável pela orientação, coordenação, acompanhamento, avaliação e controle das atividades na área de atuação que lhe for atribuída”. Contudo, essa mesma função é ampliada devida a importância do coordenador pedagógico nas instituições de ensino, como se pode observar nas palavras da autora a seguir.

Coordenar significa dispor de recursos próprios e catalisar recursos alheios em busca de uma finalidade comum. O coordenador, portanto, seria a figura central do processo educativo, mas dele se espera também que tenha a capacidade de fazer-se periférico, para que os professores desenvolvam autonomia. (CONCEIÇÃO, 2011, p. 24)

Durante muitos anos o coordenador pedagógico tinha as atribuições de um fiscal do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores, Silva, Holanda e Andrade, (2014, p. 116), ressaltam que essa concepção está mudando, “[...] - hoje no exercício de sua função, o coordenador é visto como sujeito que pode contribuir de maneira significativa para que realize na escola um ambiente educativo que favoreça o desenvolvimento da aprendizagem não só dos alunos, mas dos professores e dele próprio”. Isso quer dizer que ele não somente realiza questões burocráticas e passa a ter funções mais voltadas ao fazer pedagógico.

Em algumas cidades existem, inclusive um regimento que descreve a função do coordenador pedagógico como forma de orientar trabalho desse profissional, como, por exemplo, no Regimento Comum das Escolas Municipais de Ensino Fundamental de Campinas, município do estado de São Paulo, regulamentado no ano 2000. Campos, (2014, p. 48-49), afirma:

Participar de implementação, execução e avaliação do plano escolar, juntamente com a equipe escolar e Conselho de Escola;

Propor, juntamente com a equipe escolar, medidas que visem diminuir a retenção e evasão;

Estimular as relações entre a comunidade e a escola;

Refletir com os professores sobre como se processa a aquisição do conhecimento pelo aluno;

Assessorar o professor na construção de metodologias de ensino, da dinâmica de classe, da construção de materiais didático-pedagógicos e do processo de avaliação;

Buscar continuamente o assessoramento dos Coordenadores Pedagógicos e dos Supervisores da Secretaria Municipal de Educação, tendo sempre presentes os objetivos da escola e as diretrizes da Secretaria Municipal de Educação;

Coordenar as atividades ligadas à utilização dos recursos e projetos.

Mesmo trabalhando em instituições que possuem o regimento interno, como nas cidades do estado de São Paulo, ainda assim, muitos coordenadores se sentem perdidos em suas funções pelo fato de não conseguirem estabelecer uma rotina voltada estritamente para os aspectos pedagógicos, tendo seus dias “engolidos” por outras demandas, que mesmo não sendo pedagógicas, devem ser resolvidas para não se tornarem problemas maiores. Nesses momentos aparecem as metáforas sobre a função do coordenador, como “apagadores de incêndio”, de “coringa” por suprir diferentes emergências, desde a substituição de um professor que faltou, que se atrasou, um pai que não marcou horário e deseja falar com ele, etc. e que muitas vezes não fazem parte de suas funções. (CAMPOS, 2014, ALMEIDA, 2007) 

Por isso, é possível perceber certa urgência na definição do papel do coordenador pedagógico, mesmo sabendo que vai depender muito do nível de conscientização da escola onde ele trabalha, que se esquece que “por ser um intelectual, sua prática comporta as dimensões reflexivas, organizativa, conectiva, interventiva e avaliativa”, como afirmam Silva, Holanda e Andrade, (2014, p. 118), devendo desenvolver um trabalho estritamente pedagógico junto com os professores.

Segundo Silva (2012), os profissionais de ensino estão vivendo grandes desafios nos últimos anos, que são o acesso e permanência do aluno em sala de aula e ensino de boa qualidade. Nesse momento destaca a função articuladora do coordenador pedagógico, de um lado os professores anseiam por um auxílio de outros profissionais que os apoiem para enfrentar os novos desafios do currículo escolar. Nesse momento o coordenador pedagógico integra a equipe da escola para somar seus conhecimentos em prol dos objetivos a serem atingidos pela instituição.

A função articuladora da supervisão hoje do seu ponto central, está totalmente voltada para o ensino e aprendizagem do aluno, passando por vários aspectos do currículo, como a didática, as técnicas de ensino, as estratégias de recuperação e de avaliações, passando pelas relações interpessoais do coletivo da escola e a formação continuada de professores, tendo a clareza que a função articuladora não é exclusiva do coordenador pedagógico, mas está ligada intimamente ao fazer da supervisão. Dessa forma faz a transição da função controladora e burocrática do passado recente para a função articuladora do currículo e das relações na escola, reinventando e recriando a função do coordenador pedagógico. (SCHNEIDER, UZACK ,2010)

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