Gestão do conhecimento e competitividade

Por Renata de Oliveira Lima | 18/10/2010 | Adm

Renata de Oliveira Lima
Graduanda do curso de Administração da Universidade Estadual de Feira de Santana ? email: renataoliveira_10@hotmail.com

Resumo

Este artigo trata do tema gestão do conhecimento e competitividade. Focando os recursos humanos e os fatores que atuam sobre o desempenho da organização. Traz uma síntese sobre a importância dos gestores dedicarem mais atenção ao capital intelectual, na hora de formalizar estratégias. Para isso o estudo direcionou-se a uma revisão bibliográfica com diferentes abordagens.

Palavras-chave: gestão do conhecimento, competitividade e capital humano.

GESTÃO DO CONHECIMENTO E COMPETITIVIDADE

1. Introdução

Na atual dinâmica da economia, o capital intelectual tem relevância significativa na definição da estratégia competitiva. Pois, o crescimento de qualquer organização, que tem como foco o mercado global, depende da formulação de estratégias tanto sólidas quanto focadas na disseminação do conhecimento. Sendo de suma importância a dinamização deste por todas as áreas da empresa através de uma gestão eficaz e promissora.
Gestão esta que, para Rosini (2003, p.105), deve preocupar-se com as pessoas que estão a procura de processos-chave motivacionais, pois a organização que não se antecipar com investimentos em recursos humanos estará fadada ao insucesso. Ou seja, ao disponibilizar insumos necessários à capacitação dos funcionários, a empresa estará proporcionando crescimento a si mesma, através de seu capital humano.
Sendo assim, propõe-se neste artigo uma revisão bibliográfica acerca da gestão do conhecimento e da competitividade. De modo a investigar como esse tipo de gestão atua frente a um mercado em constante transformação, proporcionando vantagem competitiva frente à concorrência. Com abordagens acerca dos principais conceitos e aplicações.

2. Gestão do conhecimento

Diante da busca constante por resultados satisfatórios, as organizações têm buscado ferramentas que dêem sustentação à estratégia competitiva traçada por seus gestores. E a gestão do conhecimento tem sido muito usada para alavancar a competitividade, através da incorporação desta nos projetos de produtos e processos. Para entender seu funcionamento nas empresas, abordar-se-á as principais definições acerca do tema.
Inicialmente traz-se um conceito que trata, basicamente, da disseminação do conhecimento, como um recurso vital para ampliar o desempenho organizacional em toda a estrutura organizacional. Segundo Orsi (2004, p.91),

a gestão do conhecimento parte do pressuposto de que esse é um ativo estratégico e fundamental para a competitividade da empresa e que tanto o conhecimento existente como o que deve ser adquirido precisam ser tratados sistematicamente para que a empresa possa aproveitá-los em toda a sua potencialidade.

Tal conceito tem seu alicerce fundamentado em teorias de autores como Probst, o qual relata a composição da gestão do conhecimento em métodos que influenciam os ativos intelectuais da estrutura e orientam o desenvolvimento. Assim como Fleury, que atribui a tarefa de identificação, desenvolvimento, disseminação e atualização estratégica do conhecimento, seja por processos internos ou externos à organização.
Tendo como pressuposto a formação de valor e aprendizado no ambiente empresarial, apartir dos processos de criação, compartilhamento e aplicação, nos aspectos humanos e tecnológicos, Ferraresi (2010, p.23) propõe que essa ferramenta

é o processo de coordenação deliberada e sistemática das pessoas, da tecnologia, das atividades e da estrutura de uma organização com o objetivo de adicionar valor por meio do uso do conhecimento para a inovação. Essa coordenação é alcançada por meio da criação, do compartilhamento e aplicação do conhecimento assim como pela alimentação de lições aprendidas e das melhores práticas que compõem a memória corporativa, e ainda, suportada por uma cultura de aprendizagem.

Destarte, a aplicação desse conceito é inerente à cultura organizacional, pois é ela que estabelece as bases para a disseminação do conhecimento em busca de inovação no âmbito corporativo.
Rosini (2003, p.111) ressalta a importância da qualificação do capital humano como fator de alavancagem competitiva. Este autor relata que

as pessoas e seus conhecimentos são a base, a coluna vertebral de uma empresa. Sem profissionais motivados, treinados e qualificados, a empresa perde seu propósito e sua eficiência. Uma empresa jamais obterá inteligência competitiva se não tiver profissionais qualificados.

Os processos de gestão do conhecimento agrupam-se em quatro dimensões, configurando sua eficácia, segundo Gold in Ferraresi (2010), são elas: aquisição de conhecimento, conversão deste em uma forma utilizável, aplicação ou uso e proteção do conhecimento.
Ao ficar evidente a necessidade de aprendizado organizacional, o foco da gestão estratégica muda para as pessoas, as quais são consideradas a fonte de aprendizado nas empresas. Dessa forma, o capital humano aparece como um fator altamente relevante para a competitividade e, consequentemente, deve ser gerenciado de forma cuidadosa (RHINOW, 2001, p.4)
No tocante ao exposto, percebe-se a necessidade de estabelecer bases sólidas, através do ativo intelectual, na busca pelo aumento da competitividade num ambiente altamente dinâmico.

3. Competitividade

Após essas considerações sobre a gestão do conhecimento e a importância do investimento em pessoas dentro das empresas, veremos agora a questão da competitividade. Porter (1989) relata que um dos principais condutores da concorrência é a transformação tecnológica, e que muitas empresas surgiram da capacidade dessas transformações. Ou seja, um capital humano capacitado a desenvolver insumos imprescindíveis ao crescimento da organização proporciona vantagem competitiva e coloca a organização à frente de seus concorrentes potenciais.
Para Wood Jr e Caldas (2007, p.70), "a competitividade pode ser definida, de forma geral, como a capacidade de um sistema ? país, setor industrial, grupo de empresas ou uma empresa específica ? de atuar com sucesso em um dado contexto de negócios". Entende-se apartir desse conceito, que as empresas podem se destacar em meio a competição mercadológica ao constituir um ambiente positivo, com flexibilidade, agilidade, valorização das relações pessoais e capacidade de adaptação como pilares em seus modelos de gestão.
Segundo Coutinho e Ferraz in Wood Jr e Caldas (2007), o desempenho competitivo de um sistema é tratado em três níveis diferentes: dos fatores sistêmicos, dos fatores estruturais e dos fatores internos à empresa. Os fatores sistêmicos são aqueles externos ao ambiente empresarial, como os fatores macroeconômicos, os políticos e institucionais, os regulatórios, os de infra-estrutura, os sociais, os relacionados à dimensão regional e os internacionais.
Os fatores estruturais são aqueles que se referem ao setor no qual a empresa opera e que estão parcialmente sob sua influência, incluem-se as características gerais dos mercados consumidores, a configuração geral da indústria na qual a empresa atua e o modelo de concorrência (COUTINHO e FERRAZ in WOOD JR e CALDAS, 2007).
Os fatores internos à empresa são compreendidos por traços e condições que estão sob a decisão dos gestores, estes incluem as competências e recursos acumulados ao longo do tempo, e que podem constituir vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Entre eles estão o domínio de determinada tecnologia, a propriedade ou controle da capacidade de produção, a competência mercadológica e operacional dos recursos humanos, a capacidade de atender aos requisitos de qualidade e aos desejos dos compradores e à articulação de toda a cadeia de valores. Assim como, a competência em gestão, ou seja, a capacidade dos executivos de orquestrar de forma eficiente e eficaz todos os recursos, diferenciando-se dos competidores e agregando valor (COUTINHO e FERRAZ in WOOD JR e CALDAS, 2007).

4. Considerações finais

Tendo em vista o que foi exposto e discutido no referencial teórico do presente artigo, pode-se inferir o quão importante é investir em uma boa gestão do conhecimento. Pois, o conhecimento adquirido e disseminado depende da forma adequada de sua aquisição e aplicação ao contexto organizacional, isso é fundamental para alavancar a competitividade das empresas, e deve ser compartilhada por todos os interessados.
Além do que, quando bem disseminada pelas diversas áreas e níveis organizacionais proporciona à empresa vantagem competitiva. E isso depende de uma boa gestão do conhecimento, que valorize o capital humano/intelectual. Uma vez que, diante do contexto vivenciado atualmente, investir, capacitar e inovar os recursos organizacionais torna as empresas sustentáveis, e consequentemente, competitivas.



Bibliografia

FERRARESI, Alex A. Gestão do conhecimento, orientação para o mercado, inovatividade e orientações para o mercado: um estudo em empresas instaladas no Brasil. São Paulo, 2010. 213 p. Tese (Doutorado em Administração) ? Universidade de São Paulo.

ORSI, Ademar. Gestão do conhecimento ? os modos de conversão do conhecimento nas incorporações de bases externas. Revista Facef Pesquisa, São Paulo, v.7, n.2, p.91 ? 109, 2004.


PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 33.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989.

RHINOW, Guilherme. Inovando e competindo por meio da gestão de pessoas. Revista de administração de empresas, São Paulo, v.8, n.1, p.2-7, jan/mar 2001.

ROSINI, Marco Alessandro. Administração de sistemas de informação e a gestão do conhecimento. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

WOOD JR, Thomaz; CALDAS, Miguel P. Empresas brasileiras e o desafio da competitividade. Revista de administração de empresas, São Paulo, v.47, n.3, p.66-78, jul/set 2007.