Gestão com Pessoas: de onde vem?

Por Carlos Reis | 27/04/2010 | Adm

Ao acompanhar a evolução das Teorias da Administração, percebe-se que Fayol aponta uma das primeiras funções da organização a se preocupar com as pessoas em seu local de trabalho: a segurança.

Para que possamos entender melhor o seu significado é fundamental compreender a inserção das organizações em seu ambiente. No início do século passado, o grande objetivo da abordagem clássica da administração, era aumentar a produção a fim de atender a crescente demanda.

Dessa forma, após 2ª. Revolução Industrial, a máquina era uma grande novidade e cumpria um papel fundamental ao contribuir com o aumento da produtividade. O Homem, que realizava um trabalho simples e repetitivo, era visto como o apêndice da máquina. Atribui-se ao Ford a frase: - "Por que sempre que eu peço um par de braços, vocês têm que me trazer um ser humano junto!".

O problema é que a máquina só irá funcionar se houver um homem para operá-la. Sendo assim, foi estruturado o departamento de segurança que teria,entre suas competências, trabalha na prevenção de acidentes de trabalho que possam afastar o operário da produção e prejudicar a produtividade organizacional.

Hoje, de acordo com Chiavenato (1993), a segurança foi absorvida pelo processo manter pessoas, juntamente com outras como a disciplina, qualidade de vida, higiene e a medicina no trabalho.

Acompanhando a evolução histórica, na tentativa de defender o interesse do trabalhador em uma negociação conflituosa entre capital e trabalho, ganham força os sindicatos. Dessa forma, surgiram os departamentos de relações industriais com o intuito de atender e harmonizar as negociações entre a empresa e os sindicatos.

Em seguida, nasce o departamento de pessoal ou simplesmente DP. Os DP´s foram criados para atender a toda a gama de legislação trabalhista que se fortalece, principalmente depois da2ª. Guerra Mundial. Como os Aliados lutavam contra ditaduras, não seria mais coerente manter as relações de trabalho sem garantir direitos ao trabalhador. Aqui no Brasil houve um grande movimento liderado por Getúlio Vargas, na tentativa de unificar as leis trabalhistas em uma só legislação, conhecida por Consolidação das Leis Trabalhistas ? CLT.

Logo após, o departamento que compete fazer a gestão dos funcionários na organização incorporou novas funções como o recrutamento, seleção, descrição de cargos e salários, treinamento & desenvolvimento, avaliação de desempenho, entre outras. Assim nasce o departamento de Recursos Humanos -RH.

Na década de 80, o futurista Alvin Toffler, escreveu um best seller conhecido como "A terceira Onda". Neste livro o autor apresenta o surgimento de uma nova era econômica na história da humanidade: a era do Conhecimento. Esta Era tem como uma de suas principais característica a valorização dos ativos intangíveis em detrimento aos ativos tangíveis. Um destes principais ativos é o capital intelectual que permite a organização ter uma capacidade de criar e inovar, fundamental para enfrentar as mudanças em seu ambiente. A partir daí, as empresas começam a tomarem medidas a fim de garantir a qualidade de vida no trabalho. Não que as empresas tenham ficado "boazinhas"; estão apenas tentando garantir a permanência dos trabalhadores em seu quadro. Se o funcionário estiver insatisfeito e sair da organização, leva consigo o capital intelectual dentro de sua cabeça.

Esta nova ordem, juntamente com o aperfeiçoamento da Tecnologia da Informação - TI, muda completamente a maneira de lidar com as pessoas dentro das organizações. Apesar do fortalecimento da marca RH, seu nome não se demonstra mais adequado! Chiavenato (1999) modificou a "Administração de Recursos Humanos" para "Gestão de Pessoas" e, junto a esta, incorporou duas novas funções: manter pessoas, com o principal objetivo de preservar o conhecimento dentro da organização; e monitorar pessoas, com a competência de gerar informações sobre colaboradores que possam subsidiar o processo decisório.

Por fim, surge então, a Gestão com Pessoas. A mudança de nome que a princípio implica apenas na mudança da preposição "de" para "com", na realidade, significa uma mudança de postura. Enquanto que na Gestão de Pessoas os funcionários adotavam uma postura reativa em relação à gestão, tornando-se agentes passivos da mudança; na Gestão com Pessoas esta postura é alterada, passando a serem, os colaboradores, um agente da mudança.

É importante observar que uma organização que queira adotar a gestão com pessoas não terá que passa necessariamente por todas as etapas do processo de evolução e que a gestão com pessoas pode não representar, por si só, a melhor opção para seu negócio. A decisão da etapa mais adequada à sua organização pode depender de uma série de fatores, como por exemplo, o porte, a estratégia e o próprio negócio. Para compreender melhor a complexidade deste modelo evolutivo da gestão com pessoas, comece respondendo a seguinte pergunta: em qual estágio da evolução encontra-se a organização em que trabalha?

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

__________.Introdução à Teoria Geral da Administração. 4. ed. São Paulo: Makron, 1993.

TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. Rio de Janeiro: Record, 14 ed. 1980.