Geronimo, EKIA

Por Pedro Santos Pereira | 04/05/2015 | História

 

 

 

 

Geronimo, EKIA

 

 

Por Pedro Santos Pereira

 

 

 

 

 

Temas: Osama Bin Laden, CIA, EKIA, 9/11, OBL, Al Kaeda, Geronimo

 

 

 

26 de Maio 2012

INTRODUÇÃO

“For God and Country – Geronimo, Geronimo, Geronimo. Geronimo[1] E.K.I.A[2].

O assalto que resultou na morte e sequestro do corpo de Osama Bin Laden foi planeado para decorrer no espaço de 40 minutos. No total, entre a entrada do “comando” norte-americano e a sua saída do complexo onde se escondia Osama bin Laden, decorreram 38 minutos. Entrada, assalto e captura demoraram apenas 15 minutos[3], e em algumas versões, entre a entrada e a morte de bin Laden decorreram escassos 30 segundos.

Como foi possível esta impressionante precisão? Que revela uma enorme eficácia, sobretudo se considerarmos que a acção foi furtiva, decorreu em território hostil e começou alegadamente da pior forma com a queda de um dos helicópteros de assalto no interior do complexo.

A resposta a esta questão não é uma mas várias. Não houve um elemento causa per se mas sim uma série deles onde pontuam, entre outros, a organização, a tecnologia, o treino e a intelligence porque permitiu todas as outras. Com efeito, não fossem as informações e não seria possível organizar e preparar a operação da forma que ela foi preparada, e que incluiu a construção de um complexo em tudo semelhante ao de Abbottabad, em Camp Alpha, Bagran[4], no Afeganistão.

Examinar a caça a OBL (Osama bin Laden) é algo difícil não só devido à sensibilidade da missão como também porque muita da informação pública hoje disponível é provavelmente desinformação com o propósito de ocultar as fontes e métodos de intelligence utilizados, o que se compreende porque muitos dos informadores serão provavelmente locais (Paquistão e Afeganistão) sendo necessário protegê-los.

A esse respeito lembremo-nos que o Senado dos Estados Unidos aprovou uma recompensa de 25 milhões de dólares pela informação da localização ou captura de OBL, posteriormente duplicada em 13 de julho de 2007 para 50 milhões. Uma tal importância consegue milagres e a probabilidade de um informador ter reclamado essa verba é muito elevada, como elevada é a probabilidade de ele ser posteriormente protegido e até utilizado em outras operações.

Há ainda outra razão justificadora de uma verdade oficial, que é a necessidade de branquear os campos de detenção e interrogatório no Afeganistão e em Guantánamo já que, alegadamente, sem esses tão contestados interrogatórios não teria sido possível obter as pistas que conduziram ao correio de OBL.

Por outro lado todos os indícios e algumas notícias dão-nos conta da circunstância desta operação ter sido uma “kill operation”, com o único propósito de neutralizar bin Laden em absoluto e definitivo.

São várias as questões que se põem à operação e à “caça” propriamente dita. Se um dos objectivos do presente trabalho é justificar de que modo a intelligence contribuiu para o sucesso da operação Neptune Spear, aquela que liquidou Osama bin Laden em Abbottabad, procurarei também, através da análise da informação disponível em open source encontrar inconsistências e descontinuidades que justifiquem a possível realização de posteriores trabalhos especificamente dirigidos.

Deste modo começarei por fazer um levantamento dos meios e métodos de intelligence utilizados para em seguida efectuar uma análise à informação disponível. Para esse efeito criei um instrumento analítico de suporte, baseado nos instrumentos utilizados pelas agências de intelligence, que permitirá dissecar e apreender o significado das notícias de uma forma mais científica. Face às conclusões que daí extraio estabeleço uma discussão que visa realçar as inconsistências e termino sugerindo ulteriores pistas de investigação.


MEIOS DE INTELLIGENCE UTILIZADOS

Vários foram os métodos de intelligence utilizados. Como à partida OBL e os seus correligionários não utilizavam telefones nem internet, os meios vulgarmente conhecidos como SIGINT (Signal Intelligence) de comunicações (COMINT – Communications Intelligence) e electrónica (ELINT – Electronic Intelligence) foram utilizados em menor escala e acredito que a OSINT (Open Sources Intelligence) não tenha assumido especial relevância.

Como complemento da panóplia de métodos e operações a CIAutilizou sistematicamente o processo “red teaming”[5] na recolha e análise de intelligence. O processo consistiu na avaliação independente de provas circunstanciais e factos disponíveis de que OBL estivesse acantonado em Abbottabad, concluindo que o candidato que mais se ajustava a ocupar o complexo era efectivamente OBL, apesar de nunca se ter conseguido uma fotografia ou registo de voz que evidenciasse inequivocamente essa forte suposição[6], nem a possível existência de algum tipo de bunker subterrâneo ou mecanismo de evasão[7], cuja hipotética existência foi uma das razões que alegadamente obliterou a opção de um bombardeamento.

HUMINT

O papel da HUMINT (Human Intelligence) foi certamente substancial embora as fontes pouco nos relatem a esse respeito. Encontrar OBL em uma envolvente hostil protegido por amigos e simpatizantes representou um enorme desafio para os serviços de intelligence dos EUA e, ainda assim, sabemos que durante oito meses, nas imediações do complexo, houve a presença de agentes[8], certamente undercovered, localizados numa casa alugada, imediatamente abandonada após a morte de OBL[9]. Sabemos também que um “médico”, o Dr. Shakil Afridi[10], implementou um programa de vacinação a crianças nas imediações do complexo, na expectativa de recolher amostras de ADN dos filhos de OBL,[11] e que os detritos da casa onde ele se acoitava foram analisados na pista de marcadores genéticos[12] e sabemos pouco mais. Contudo o papel da HUMINT não terá sido negligenciável.

Recorde-se que à data do início da caça ao homem, em Setembro de 2001, e desde os anos 90, os serviços secretos americanos estavam bastante desfalcados de meios e recursos, como resultado da queda do império soviético e, naquela região, a presença da CIAfazia-se sobretudo com a troca de informações com o ISI (the Directorate for Inter-Services Intelligence)[13]. As conexões com este serviço começaram nos anos 80 com a finalidade de financiar grupos afegãos que lutavam contra o exército soviético e muitas destas ligações perderam-se quando da retirada soviética. Contudo os paquistaneses continuaram a servir-se delas no seu próprio interesse e muitos dos agentes paquistaneses acabaram por se tornar simpatizantes jihadistas[14].

Os americanos terão reiniciado os contactos na região depois dos atentados de 1998 às suas embaixadas de Nairobi e Dar-es-Salaam, nos quais morreram 256 pessoas e 5.100 ficaram feridas. Após estes atentados bin-Laden torna-se o terrorista mais procurado pelos EUA e após o de 12 de Outubro de 2000 ao USS Cole, que vitimou 17 militares americanos, os Estados Unidos começam a sua demanda por OBL, muito embora, à época, as capacidades de HUMINT americanas na região continuassem limitadas. Além do mais a intervenção humana é sempre um problema para os americanos por causa do impacto das casualties na opinião pública e porque não é fácil colocar WASPs[15] num teatro de operações em que eles são imediatamente considerados aliens. Com efeito quanto menos um agente se parecer física e culturalmente com os locais maior é a dificuldade em utilizar e desenvolver esse(s) agente(s), o que levou aCIA a depender de ligações com a intelligence local, fossem serviços governamentais ou oficiais das forças armadas, polícia e outros autóctones ou, alternativamente, a iniciar um moroso programa étnico de recrutamento, cooptação e infiltração.

Os acontecimentos de Kunduz e Tora-Bora em que milhares de talibans e o próprio OBL escaparam, literalmente, nas barbas dos norte-americanos com o apoio de operacionais do ISI, vieram mostrar à saciedade que os serviços paquistaneses, em que assentava a segurança da fronteira e o grosso da intelligence não eram fiáveis e que as lealdades ideológicas se sobrepunham às alianças político-militares[16]. Ficou clara a necessidade de criar uma rede própria em que fosse possível testar a segurança da informação e uma rede dessa natureza em território hostil levou certamente muito tempo a montar, o que explica o aparente silêncio quanto à localização de OBL durante mais de quatro anos. Houve que procurar recrutar agentes e fontes de informação que estivessem dispostos a sê-lo, por dinheiro, ideologia, coerção ou ego[17], para depois testar a segurança e fiabilidade desses agentes e fontes. Infiltrar agentes com características étnicas e morfológicas apropriadas implicou tempo, muito tempo, até se tornarem confiáveis aos olhos dos autóctones e muitas vezes eles não terão usado informações, por serem balões de ensaio à sua confiabilidade, do ISI, da Al-Qaeda ou até dos relacionamentos entretanto criados.

O incidente de 27 de Janeiro 2011, com Raymond Davis, operacional da CIAresponsável pela segurança dos agentes paquistaneses, na sequência de este ter abatido dois homens armados em Lahore, e o subsequente pedido do governo paquistanês para a CIAafastar outros 300 agentes, semelhantes a Raymond[18], demonstrou a dimensão da infiltração dos serviços secretos norte-americanos no terreno bem como a insegurança do relacionamento com a ISI. Outro aspecto que mostrou a relativa ineficácia das ligações com serviços locais foi a quebra de segurança que permitiu o ataque suicida de Khost às instalações da CIA, em que morreram vários operacionais. Com efeito, oportunamente o GID[19] jordano alertou um operacional da CIA que o bombista suicida não era seguro e apesar de os americanos desde há anos confiarem nos serviços secretos jordanos, inclusive na tomada de decisões complexas, este não reportou a informação internamente, o que é uma falha grave do Ciclo de Produção de Informações, e o bombista obteve não só livre acesso às instalações como aos responsáveis da Agência[20]. Doravante, as operações no Afeganistão e no Paquistão estiveram sempre enquadradas pelos preceitos das Regras de Moscovo[21] [22].

IMINT[23]

A adopção de um ferramental tecnológico foi a saída natural, pelo menos no início e enquanto se criava um serviço HUMINT adequado e fiável, apesar de OBL e seus correligionários rapidamente terem compreendido que mantendo-se afastados das comunicações electrónicas e fora do alcance da vista, incluindo da observação satélite e de drones, seriam um alvo muito difícil de localizar. E que toda a comunicação entre eles deveriam ser efectuada por carta e transmitida por correios[24]. Mas há sempre falhas. Os paquistaneses terão fornecido à NSA[25], a principal agência norte-americana de COMINT[26], informações que permitiram monitorizar telefonemas de SIMs que estabelecessem comunicações frequentes com a Arábia Saudita e em 2010 a NSA interceptou uma chamada telefónica para al-Kuawaiti, o alegado correio de OBL, e a partir daí passaram a seguir as comunicações (telefonemas) dele, do irmão e outros familiares, e seguiram-no, ie., ao telefone, até às imediações do complexo de Abbottabad, até ao momento em que ele retirou a bateria do telefone[27] [28].

Contudo, a segurança operacional praticada pelos dois irmãos fez do seu controlo e rastreamento um verdadeiro desafio. Essa segurança operacional consistiu, sobretudo, em retirar a bateria dos telemóveis após a sua utilização e utilizá-los somente a uma conveniente distância de Abbottabad[29], afastando-se para uma isócrona de 90 minutos, e só aí voltavam a recolocar a bateria[30]. Ainda no âmbito das práticas de segurança da al-Qaeda, não era permitido a aproximação de ninguém que não fosse familiar, amigo íntimo ou da confiança de OBL e outros líderes. Quem os quisesse ver ou entrevistar, como efectivamente aconteceu, teria primeiro de deixar uma mensagem, que era retransmitida por uma série de correios da organização e caso o encontro fosse facilitado, a pessoa era vendada e levada em circuito circular para um local onde eram despistadas as escutas e outros equipamentos electrónicos, sujeita a polígrafo, vendada novamente e levada em circuito circular ao local do encontro[31]. Além do mais OBL terá mesmo aconselhado que qualquer deslocação em campo aberto ocorresse sempre com nuvens espessas por cima:

Make sure to tell Hamza[32] that I am of the opinion he should get out of Waziristan … he should move only when the clouds are heavy[33]

A partir de determinado momento, i.e. depois de identificado o complexo de Abbottabad, este passou a ser controlado pela NGA[34], por satélite, e por drones RQ-170, versões furtivas de UAVs[35] miniatura que indetectáveis repetidamente sobrevoaram o complexo, tirando fotografias e enviando sinal vídeo em tempo real para a base local da CIA[36]. Estes UAVs são tão convincentes e tecnologicamente perfeitos que há notícia de um deles ter sido atacado por uma águia[37]. Com o recurso dos satélites foi possível observar em contínuo quem entrava e saía do complexo e até os alegados passeios matinais de OBL, embora dada a definição e outros constrangimentos nunca tivesse sido possível confirmar com rigor a sua identidade. A NGA apoiou o JSOC[38] nomeadamente criando simuladores de voo para os pilotos e analisando os dados recolhidos pelos drones RQ-170, antes, durante e depois do assalto ao complexo. Criou mapas tridimensionais do complexo, descreveu padrões de tráfego dos residentes e avaliou o número, compleição e sexo dos residentes[39].

Segundo Peter Bergen, os drones (UAV) visualizaram as roupas estendidas a secar, para deduzir o número de ocupantes do complexo, o lixo que queimavam no quintal (em vez de o colocarem à porta para recolha), a inexistência de ligações telefónicas ou internet e o misterioso passeante que quase diariamente circulava pelo jardim da casa e a quem chamaram “the pacer”, que seria presumivelmente OBL mas de cujas feições nunca tiveram o contacto visual suficiente para inequivocamente garantir ser OBL[40].

As imagens de satélite capturadas pelo Google Earth mostram que o complexo de Abbottabad não estava construído em 2001 e que já aparecia em 2005, do que se deduz ter sido construído entre 2002 e 2004 mas não se percebe porque se afirma a data de construção em 2004 se não havia imagens do Google Earth nesse ano[41].

INTERROGATÓRIOS

Os interrogatórios foram outro dos métodos utilizados pela intelligence norte-americana. A tortura foi considerada como uma técnica de rápida acumulação de intelligence[42] e aplicada não só aos detidos em Guantánamo como também aos detidos no Afeganistão e outros locais secretos da CIA. Claro que a informação daí recolhida poderá estar deliberadamente enviesada seja porque os interrogados respondem desinformando, seja porque, alguns, para não mais serem torturados confessam e revelam aquilo que lhes parecem ser as expectativas dos interrogadores. Vários tipos de tortura foram utilizados destacando-se a simulação de afogamento, privação de sono, projecção contra paredes e a manutenção em pé por várias horas[43]. Desagradável mas ainda assim longe daquilo que a espécie humana foi capaz de fazer nos tempos clássicos e medievais.

Em 2002 os interrogadores terão sabido que o correio de confiança de OBL era um tal Abu Ahmed al-Kuwaiti, também referenciado como Sheikh Abu Ahmed do Kuwait[44]. Em 2003 Khalid Sheikh Mohammed, o alegado chefe operacional da al-Qaeda, revelou sob interrogatório que conhecia al-Kuwaiti mas que este não era operacional da al-Qaeda[45]. Em contradição com a asserção anterior, Michael Mukasey, Procurador-Geral ao tempo da administração Bush, declarou ter sido o interrogatório por “simulação de afogamento”, a Khalid Sheikh Mohammed, que permitiu obter as informações cruciais à identificação do correio de bin Laden[46].

No entanto vários responsáveis de intelligence afirmaram que a verdadeira “lança em África” dos interrogatórios terá ocorrido em 2004, quando a CIAobteve de um dos detidos chamado Hassan Ghul a preciosa informação para se concentrarem em al-Kuwaiti. Quase tudo sobre Ghul se mantém obscuro mas presumivelmente ele terá sido libertado sob custódia para as autoridades paquistanesas, que em 2007 os paquistaneses o libertaram da custódia e que ele se juntou novamente aos jihadistas como combatente[47].

 


ANÁLISE DE INFORMAÇÕES

 

 

Ano do

Facto

Mês Dia

Notícia

Fonte

C

V

Obsv..

1996

7 Nov

O ISI paquistanês está altamente envolvido no apoio e treino dos talibãs afegãos

Time Magazine, 6 Abril 1996

A

1

 

1998

 

A primeira directiva da administração norte-americana, ainda a de Clinton, foi capturar Bin Laden e trazê-lo vivo à justiça federal... posteriormente, Bush emitiu uma ordem para a CIA no sentido de esta utilizar todos os métodos à sua disposição para capturar os líderes da al-Qaeda

Reuters, 12 Maio 2011, Special report: The bin Laden kill plan

A

1

 

2000

 

Os responsáveis americanos estavam informados do crescente radicalismo de OBL antes dos ataques de 11/09 e começaram a elaborar um dossier a seu respeito

NBC News 3/05/2011

A

1

 

2001

 

Bush proclamou que os EUA pretendiam bin Laden “dead or alive”

Reuters, 12 Maio 2011, Special report: The bin Laden kill plan

A

1

 

2001

Março

Na sua visita à Europa Ahmad Shah Massoud, o líder da Liga do Norte, alerta estar em preparação um ataque de grandes proporções contra os EUA, maior que os atentados às embaixadas de Dar-es-Salam e Nairobi que tinham causado mais de 500 mortes.

Defense Intelligence Report, 21/11/2001, Massoud in the European Parliement

A

1

 

2001

9 Nov

Queda de Mazer-I-Shariff

The New York Times, 10/11/2001,  The battle for Mazer-I-Shariff

A

1

 

2001

12 Nov

Queda de Kabul tomada pela Liga do Norte e forças americanas

Time Magazine, 16/12/2001, Inside Tora-Bora: the final hours

A

1

 

2001

13 Nov

Reagrupamento Taliban em Tora-Bora

Time Magazine, 16/12/2001, Inside Tora-Bora: the final hours

A

1

 

2001

16 Nov

Em Kunduz os paquistaneses evacuam mais de 5.000 pessoas entre os quais pessoal militar e de intelligence que apoiava os talibans contra a Aliança do Norte. Foram também evacuados talibans e tropas da al-Qaeda.

BBC News, 16/11/2001

A

1

 

2001

25 Nov

Rendição de Kunduz e revolta dos prisioneiros taliban do Forte Qala-I-Janghi. Morte do primeiro americano, operacional da CIA.

Time Magazine, 1/12/2001,  Inside the battle of Qala-I-Janghi

A

1

 

2001

7 Dez

Queda de Kandahar. Fuga de Omar. Fim do controlo taliban

New Yorker.com, 27/02/2002

F

1

 

2001

17 Dez

Queda de Tora-Bora. Fuga dos talibans e provavelmente de OBL. Fury Dalton, ex-comandante da Força Delta afirma que OBL escapou porque: 1) Os EUA estavam convencidos que os paquistaneses guardavam a fronteira, 2) os aliados NATO recusaram o uso de bombas GATOR, 3) houve excesso de confiança nos aliados afegãos

New York Post, 5/10/2008, The most dangerous game: what went wrong in the hunt for OBL?

F

2

 

2001

10 Dez

A CIA localiza bin-Laden em Tora-Bora

Time Magazine, 16/12/2001, Inside Tora-Bora: the final hours

A

2

 

2001

12 Set

O Governo dos EUA tem-me culpado constantemente de estar envolvido em todos os ataques. Eu gostava de garantir ao Mundo que não planeei os recentes ataques, que parecem ter sido planeados por pessoas por razões pessoais. Tenho vivido no Emirado Islâmico do Afeganistão e tenho seguido as regras dos seus líderes. O líder do momento não me permite exercer actividades deste tipo

CNN 16/09/2001, (citando a Al Jazeera), Bin Laden says he wasn't behind attacks

A

1

 

2001

15 Set

Eu já disse que somos contra o sistema americano, não contra seu povo, ao passo que nestes ataques, as pessoas comuns norte-americanos foram mortos. De acordo com minhas informações, o número de mortos é muito maior do que o que o governo dos EUA declarou. Mas a administração Bush não quer que o pânico se espalhe. Os Estados Unidos devem tentar rastrear os autores destes ataques internamente, entre as pessoas que fazem parte do sistema dos EUA, (...) pessoas que querem fazer do presente século um século de conflito entre o Islã e o Cristianismo (...) Mesmo dentro dos Estados Unidos existem dezenas de grupos bem organizados e bem equipados, que são capazes de causar uma destruição em larga escala

CNN 16/09/2001, (citando o jornal paquistanês Ummat)

A

1

 

2001

6 Out

Hani al-Sabai, director do Al-Maqrizi Centre for Historical Studies contesta a autenticidade da gravação vídeo distribuída pelo governo americano na qual bin Laden comemora os ataques de 11/09

Folha de São Paulo, 6/10/2001

B

6

Não consegui encontrar a transcrição da notícia, o que é uma notícia per se

2002

 

Os interrogadores souberam que o correio de confiança de OBL era um tal Abu Ahmed al-Kuwaiti, também referenciado como Sheikh Abu Ahmed do Kuwait

Associated Press, 3 Maio 2011, Phone call by Kuwaiti courier led to Bin Laden

A

3

Notícia passada pela CIA

2002

 

A CIA obtém dos sauditas uma amostra do DNA da família de Bin Laden, para no caso de o encontrarem poderem atestar a sua identidade.

Reuters, 12 Maio 2011, Special report: The bin Laden kill plan

A

2

 

2002

 

A tortura foi considerada pela CIA como uma técnica de rápida acumulação de intelligence

Stratfor, 20 Abril 2009, George Friedman, Torture and the US intelligence failure

A

1

 

2003

 

Responsáveis norte-americanos não identificados afirmam que a CIA desenvolveu pistas do paradeiro de OBL a partir de interrogatórios em prisões secretas

Associated Press cit por NBC News 3/05/11

A

3

Pode fazer parte de plano de desinformação

2003

 

Khalid Sheikh Mohammed, o alegado chefe operacional da al-Qaeda, revelou sob interrogatório que conhecia al-Kuwaiti mas que este não era operacional da al-Qaeda

The New York Times, 4 Maio 2011, Bin Laden Raid Revives Debate on Value of Torture

A

4

Contradição com a notícia do Wall Street Journal de 15 de Maio 2011

2003

 

Michael Mukasey, ex-procurador geral ao tempo da administração Bush declara ter sido o interrogatório por “simulação de afogamento” a Khalid Sheikh Mohammed que permitiu obter os detalhes cruciais à identificação do correio de bin Laden

The Wall Street Journal, 15 Maio 2011, Michael Mukasey, The waterboarding trait to bin Laden,

A

4

Esta declaração contrasta com a declaração do New York Times de 4 de Maio

2003

 

A CIA soube a identidade do correio de OBL através de um interrogatório a um preso, que também indicou a presença de OBL em Abbottabad em 2003

Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012, citando Wikileaks

A

3

Em 2003?

2004

 

Imagens de satélite do Google Earth mostram que o complexo de Abbottabad não estava construído em 2001 e que já aparecia em 2005

The New York Times, 3 Maio 2011, Obama calls the world safer

A

1

Do que se deduz ter sido construído entre 2002 e 2005. Não se percebe porque algumas fontes afirmam a data de construção em 2004 se não havia imagens do Google Earth nesse ano.

2004

 

Apesar da sua dimensão e ter sido construído num local visível à época livre de outras construções, nenhuma licença de construção foi alguma vez pedida para a construção do complexo de Abbottabad

Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

A

2

 

2004

 

Vários responsáveis de intelligence afirmaram que a verdadeira “lança em África” dos interrogatórios terá ocorrido em 2004, quando a CIA obteve de um dos detidos chamado Hassan Ghul a preciosa informação de se concentrarem em al-Kuwaiti. Quase tudo sobre Ghul se mantém obscuro mas presumivelmente ele terá sido libertado sob custódia para as autoridades paquistanesas e que em 2007 estas libertaram-no de custódia e que ele se juntou novamente aos jihadistas como combatente

Reuters, 12 Maio 2011, Special report: The bin Laden kill plan

A

2

Após 2004 se começasse a fazer mais luz sobre OBL. Esta data não confere com outras que dão as confissões relevantes ora em 2002 ou em 2007

2007

 

Em 2007 alguns dos detidos em Guantánamo terão fornecido o pseudónimo do correio de OBL, identificando-o como um protegido de Khalid Shaikh Mohammed, o confesso cérebro dos ataques de 09/11

New York Times 2/05/11

A

3

Parece estranho que só após 5 anos de interrogatório se obtivesse uma confissão conveniente

2007

 

Não está claro onde e como foi obtida a informação que deu início à operação Kill

NBC News 3/05/2011

A

2

 

2007

 

Não era permitido a aproximação de ninguém que não fosse familiar ou da confiança a OBL e outros líderes. Quem os quisesse ver ou entrevistar, como efectivamente aconteceu, teria de primeiro deixar uma mensagem, que era retransmitida por uma série de correios da organização e caso o encontro fosse facilitado, a pessoa era vendada e levada em circuito circular para um local onde eram despistadas as escutas e outros equipamentos electrónicos, sujeita a polígrafo, vendada novamente e levada em circuito circular ao local do encontro.

Stratfor Global Intelligence, 12 Setembro 2007, Fred Burton e Scott Stewart, The obstacles to the capture of Osama bin Laden

A

2

 

2009

 

“Identificámos as áreas no Paquistão onde o “correio” e o seu irmão operam”

NBC News 3/05/2011

A

2

Verosímil em certo enquadramento

2010

 

A segurança é extraordinária: paredes de 5 a 6 m de altura, áreas muradas, acesso restrito por dois portões de segurança. Os residentes queimam o lixo, ao contrário dos vizinhos. Não há janelas para a rua. Uma parte do complexo uma parede de proteção autónoma.

Invulgar para uma construção de 1 milhão de dólares – não tem telefone nem internet.

NBC News 3/05/2011

A

1

 

2010

08/10

“encontrámos a sua casa em Abbottabad a 40 milhas da capital. O lote era 8 vezes maior que as outras casas da zona. Foi construído em 2005 na periferia da cidade mas agora há mais casa em redor”

NBC News 3/05/2011

A

1

 

2010

 

Operação por satélite permitiu observar em contínuo quem entrava e saía do complexo e até os passeios matinais de OBL, embora dada a definição e outros constrangimentos nunca tivesse sido possível confirmar com rigor a sua identidade

Security Weekly, 26/05/2011

B

1

 

2010

 

Os paquistaneses terão fornecido à NSA, a principal agência norte-americana de COMINT, informações que permitiriam monitorizar telefonemas de SIM que estabelecessem comunicações frequentes com a Arábia Saudita e em 2010 a NSA interceptou uma chamada telefónica de al-Kuawaiti e a partir dessa passaram a seguir as comunicações (telefonemas) dele, do irmão e outros familiares

Security Weekly, 26/05/2011

B

3

Muito conveniente

2010

 

O complexo de Abbottabad passou a ser controlado por satélite e por sentinelas RQ-170 que repetidamente sobrevoaram o complexo.

Com a observação por satélite foi possível observar em contínuo quem entrava e saía do complexo e até os passeios matinais de OBL, embora nunca tivesse sido possível confirmar com rigor a sua identidade.

Security Weekly, 26/05/2011

B

1

 

2010

 

Uma escuta telefónica a outro suspeito, localizou uma conversação de al-Kuwaiti e daí seguiram-no até às imediações do complexo de Abbottabad

The Wall Street Journal, 28 Maio 2011, Tracking use of bin Laden’s satellite phone.

BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

A

3

 

2010

 

Presença de agentes localizados numa casa alugada, imediatamente abandonada após a morte de bin Laden

The Washington Post, 6 Maio 2011, Greg Miller, CIA spied on bin Laden from safe house,

A

1

 

2010

 

A CIA utilizou sistematicamente o processo “red teaming” na recolha e análise de intelligence a fim de forma independente avaliar as provas circunstanciais e factos disponíveis de que OBL estivesse acantonado em Abbottabad.

Time Magazine, 2 Maio 2011, The CIA gets a rare public victory

A

2

 

2010

 

Make sure to tell Hamza that I am of the opinion he should get out of Waziristan … he should move only when the clouds are heavy

Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

A

1

 

2011

11 Fev

“A conclusão a que chegámos é de uma elevada convicção de que o complexo havia sido construído para abrigar um alvo terrorista de grande valor. A probabilidade se ser OBL é muito elevada”

NBC News 3/05/2011

A

2

 

2011

 

A NGA apoiou o JSOC criando simuladores de voo para os pilotos e analisando dados recolhidos por drones RQ-170, antes, durante e depois do assalto ao complexo. Criou mapas tridimensionais do complexo, descreveu padrões de tráfego dos residentes e avaliou o número, alturas e sexos dos residentes.

The Atlantic, 8 Maio 2011, The little known agency that helped kill bin Laden

F

1

 

2011

 

Drones RQ-170, versões furtivas de UAVs, que indetectáveis repetidamente sobrevoaram o complexo, tirando fotografias e enviando sinal vídeo em tempo real para a base local da CIA. Eram capazes de tirar fotografias sobrevoando em ângulos afastados não sendo por isso necessário sobrevoar rigorosamente por cima do complexo

BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

A

1

 

2011

 

A CIA nunca conseguiu detectar a existência de algum tipo de bunker subterrâneo ou mecanismo de evasão

The New York Times, 3 Maio 2011, por Mark Mazzetti, Behind the hunt for bin Laden

A

1

 

2011

 

Chuck Pfarrer contradiz com veemência a versão oficial afirmando não ter existido qualquer queda de helicóptero durante o assalto pois o Razor 1 terá aterrado na cobertura do complexo e daí os SEAL terão descido directamente para o terceiro andar e morto Bin Laden por ser essa a finalidade da missão, assim como o filho Khalid quando este subia as escadas para o terceiro andar

New York Post, 6 Novembro 2011, Susannah Cahalan Real story of team 6’s charge

F

6

A versão oficial atesta que o Razor 1 teve uma aterragem forçada no pátio do complexo e que a equipa SEAL daí oriunda subiu as escadas até ao terceiro andar tendo morto al-Kuwaiti e Khalid de caminho

2011

 

Al-Kuwaiti terá sido abatido à distância por snipers do Razor 2, como resposta aos seus disparos de AK47 da porta da guesthouse, antes da aterragem deste fora do complexo

New Yor Post, 6 Novembro 2011, Susannah Cahalan Real story of team 6’s charge

F

6

A versão oficial atesta que al-Kuwaiti foi abatido pela equipa SEAL do Razor 1 depois da malograda aterragem deste no pátio do complexo

2011

 

Sohaib Athar, um engenheiro informático na precisa hora do assalto tweetou “Helicopter hovering above Abbottabad at 1am is a rare event”.

BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

A

1

Estranho é que OBL e seus companheiros não tivessem também notado e se tivessem precavido e armado

2011

 

Al-Kuwaiti afastava-se do complexo para uma isócrona de 90 minutos, para fazer telefonemas e só aí voltava a recolocar a bateria

BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

A

3

 

2011

 

Um oficial de counter terrorism de elevada patente da Casa Branca diz presumir que depois do malogro de Tora Bora, OBL passou algum tempo na província de Kunar no Afeganistão, atravessou a fronteira para o Paquistão no final do verão de 2002, residiu numa aldeia paquistanesa em 2003 durante alguns anos para depois de esconder num local tão visível quanto Abbottabad no início de 2005 ou 2006

Reuters, 12 Maio 2011, Special report: The bin Laden kill plan

A

3

 

2011

27/01

O incidente com Raymond Davis, operacional da CIA responsável pela segurança dos agentes paquistaneses, na sequência de este ter abatido dois homens armados em Lahore, e a subsequente pedido do governo paquistanês para a CIA afastar outros 300 agentes, semelhantes...

The New York Times, 2 Maio 2011, Detective work on courier led to breakthrough on bin Laden

A

1

 

2012

15 Maio

Se OBL estivesse uma residência segura da ISI, isso ajudaria a explicar a deterioração das relações americano-paquistanesas nos 18 meses anteriores à sua liquidação.

Outras evidências circunstanciais sugerem a cumplicidade paquistanesa na ocultação de OBL. Passou mais de cinco anos, com a sua família, numa cidade militar cheia de generais reformados, a menos de uma milha da mais prestigiada Academia Militar paquistanesa, com praticamente nenhuma segurança (a sua guarda pessoal eram 2 homens e a família usava telemóveis) e os moradores das redondezas reportaram controlos periódicos das suas casas por agentes de segurança paquistanesa.

Bergen, Peter, Manhunt: The ten-year seach for Bin Laden – from 9/11 to Abbottabad, New York: Crown, 2012

C

2

A serem verdadeiros os controlos de segurança periódicos deve-se procurar explicar:

1) se foram ou não feitos e porquê os controlos ao complexo de OBL

2) se foram ou não feitos e porquê os controlos à base da CIA localizada perto do complexo

2012

 

Abbottabad é uma localização de arsenal nuclear paquistanês

Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012, citando Wikileaks

A

1

Esta asserção está em linha com os controlos referidos por Peter Bergen

 

 

Confiança/Segurança da Fonte

Verosimilhança/Credibilidade da Fonte

A

Completamente fiável e segura

1

Confirmada por outras fontes

B

Normalmente segura

2

Provavelmente verdadeira

C

Razoavelmente segura

3

Possivelmente verdadeira

D

Normalmente não-segura

4

Duvidosa

E

Insegura

5

Improvável

F

Segurança e fiabilidade indeterminável

6

Verosimilhança indeterminável


DISCUSSÃO

Inconsistência 1

Se OBL estivesse numa residência segura da ISI, isso ajudaria a explicar a deterioração das relações americano-paquistanesas nos 18 meses anteriores à sua liquidação. Outras evidências circunstanciais sugerem a cumplicidade paquistanesa na ocultação de OBL. Segundo Peter Bergen[48] passou mais de cinco anos, com a sua família, numa cidade militar cheia de generais reformados, a menos de uma milha da mais prestigiada Academia Militar paquistanesa, sem nenhuma segurança especial (a sua guarda pessoal eram 2 homens e a família usava telemóveis), os moradores das redondezas reportaram controlos periódicos das suas casas por agentes de segurança paquistanesa[49] e ainda mais grave, Abbottabad é também arsenal de armas nucleares[50] pelo que é certamente um local de máxima segurança.

Presume-se hoje, depois do malogro de Tora Bora, que OBL passou algum tempo na província de Kunar no Afeganistão, atravessou a fronteira para o Paquistão no final do verão de 2002, residiu em algum local do Paquistão desde 2003 e por alguns anos, para depois se esconder num local tão visível quanto Abbottabad entre 2004 e 2006[51]. A questão que se põe é: será possível a um país que desconhece a presença de bin-Laden no seu território durante mais de 6 anos, sendo que ele se deslocou mais de 5 vezes com as suas 3 mulheres e 4 filhos, dois quais nasceram em hospitais locais, que se acantonava numa cidade militar e militarizada, com arsenal nuclear, é o mesmo país que tem sob o seu controlo mais de 100 ogivas nucleares? Pouco provável. Pelo que acredito que os paquistaneses senão todos, pelo menos alguns, estavam ao corrente da sua presença, até porque é inverosímil que fazendo buscas periódicas nas casas das imediações, não as fizessem ao complexo a não ser que estivessem devidamente instruídos para tal. Também é pouco verosímil que os americanos não tenham efectuado este raciocínio o que explica que os paquistaneses não tivessem sido informados da operação Neptune Spear. E ainda é pouco verosímil que os paquistanês não fizessem buscas e controlos de segurança à casa daCIA, o que pode significar que essa base estava autorizada ou ainda que todos soubessem da presença de OBL.

Inconsistência 2

Chuck Pfarrer, analista norte-americano, contradiz com veemência a versão oficial do assalto ao complexo de Abbottabad, afirmando não se ter verificado a queda do helicóptero no início do assalto e sim no final, pois o Razor 1 terá primeiro aterrado na cobertura do complexo e daí os SEAL terão descido directamente para o andar superior, o terceiro, e morto Bin Laden por ser essa a finalidade da missão, assim como liquidaram o filho Khalid quando este subia as escadas para socorrer o pai[52]. Ainda segundo a mesma fonte, o lapso de tempo decorrido entre a aterragem na cobertura e a morte de OBL foi entre 30 a 90 segundos, o que ajuda a explicar a circunstância de OBL não ter oferecido resistência nem sequer ter-se socorrido da sua espingarda AKSU ou pistola Makarov[53]. Quanto a al-Kuwaiti, terá sido abatido à distância por snipers do Razor 2, ainda em voo, como resposta aos seus disparos de AK47 da porta da guesthouse, antes da aterragem fora do complexo[54].

O que não se percebe é a atitude passiva de OBL o qual, a confiar nas crónicas era um guerreiro atrevido e destemido. Porque não usou as armas? Porque aos primeiros indícios de assalto (a aproximação dos helicópteros foi ouvida pelos residentes de outras casas e o complexo não tinha insonorização acústica) não se barricou nem organizou a sua defesa? Aparentemente as melhores razões para explicar esse comportamento são o excesso de confiança na sua protecção. Mas porque tinha esse excesso de confiança? Por estar numa cidade militarizada? Mas os paquistaneses não se deslocam de helicóptero na cidade e conhecendo a história das operações americanas, os helicópteros só poderiam ser hostis e americanos? Helicópteros a voar a baixa altitude à 01:00 são um acontecimento extremamente raro e foram notados pelos habitantes. Há relatos dos locais, como o de Sohaib Athar, um engenheiro informático que a essa hora tweetou “Helicopter hovering above Abbottabad at 1amis a rare event”. Mais uma vez é estranho que OBL e seus companheiros não tivessem também notado e se tivessem precavido e armado[55]. Mas será que OBL também confiava nos americanos? E se aceitarmos como verídica a afirmação de Chuck Pfarrer, porque haverá uma história oficial diferente da verdadeira para a táctica e operações de assalto? E porque OBL foi imediatamente liquidado? Retomarei esta questão adiante na inconsistência 5.

Inconsistência 3

Porque fizeram um complexo de 1 milhão de dólares sem ter equacionado a hipótese de fuga por túnel para o exterior do complexo, com firewalls de contenção, que no máximo teriam custado 50.000USD? Porque, apesar da sua dimensão e ter sido construído num local visível, à época livre de outras construções, nenhuma licença de construção foi alguma vez pedida para a construção do complexo de Abbottabad[56]? A não existência de licenciamento a anteriori ou a posteriori é facilmente explicada pela intervenção da “cunha”, de alguém suficientemente poderoso ou influente para numa cidade militar com arsenal nuclear não ser preciso licenciar uma construção e tampouco supervisioná-la sobre o que ela pudesse conter. O ISI ou elementos do ISI cabem facilmente neste conceito de “cunha” como cabem quaisquer outras autoridades administrativas ou militares o que vem corroborar a tese do envolvimento paquistanês.

 

 

Inconsistência 4

Menos de uma semana antes do assalto, o New York Times publicou notícias do Wikileaks, e citando milhares de páginas classificadas, afirmou que a CIAtinha sabido a identidade do correio de OBL através de um interrogatório a um preso, que também tinha indicado a presença de OBL em Abbottabad desde 2003[57]. Se há fonte credível é o Wikileaks pois a informação não era suposta de ser divulgada. Assim, se aceitarmos como verdadeiro que os americanos sabiam a localização de OBL desde 2003, porque demoraram 7 anos a divulgar que sabiam onde estava? Uma hipótese plausível é que houvesse algum tipo de entendimento com o informador ou mesmo com OBL. Recordemos a notícia sobre Hassan Ghul, de 2004, em que este teria delatado a presença de OBL em Abbottabad e curiosamente foi entregue aos paquistaneses que ainda mais estranhamente o libertaram em 2007, voltando a incorporar, dizem, as forças jihadistas. Será Hassan o informador que se procurou proteger criando uma névoa em redor do assunto e deixando o tempo adormecê-lo? Porque se não fosse para proteger o informador ou OBL não seria necessário esperar tantos anos e montar uma história oficial.

Inconsistência 5

Bush declarou que pretendia bin Laden “dead or alive”[58], na boa tradição do Wild West norte-americano. O normal seria que um estado de direito com as características dos USA o quisessem trazer vivo para julgamento e posterior execução ainda que isso custasse muita révanche jihadista. E na verdade a primeira directiva da administração norte-americana, ainda ao tempo de Clinton, foi capturar bin Laden e trazê-lo vivo à justiça, posteriormente Bush emitiu uma ordem para a CIA no sentido de esta utilizar todos os métodos à sua disposição para capturar os líderes da al-Qaeda e uma vez que uma ordem presidencial de covert action se mantém activa até que uma nova ordem presidencial a suspenda ou anule, estas ordens continuaram legais e em vigor durante todos este anos[59].

Osama bin Laden foi acusado, desde o 11 de Setembro, como o responsável pelos ataques às Torres Gémeas, contudo não foram mostradas provas credíveis para apoiar esta alegação e o próprio OBL reafirmou na sua primeira entrevista após os acontecimentos 9/11, a 15 de Setembro, ao jornal paquistanês Ummat, que nada teve a ver com os ataques, sugerindo a existência de "um governo dentro do governo" dos Estados Unidos :

"Eu já disse que somos contra o sistema americano, não contra seu povo, ao passo que nestes ataques, as pessoas comuns norte-americanos foram mortos. De acordo com minhas informações, o número de mortos é muito maior do que o que o governo dos EUA declarou. Mas a administração Bush não quer que o pânico se espalhe. Os Estados Unidos devem tentar rastrear os autores destes ataques internamente, entre as pessoas que fazem parte do sistema dos EUA, (...) pessoas que querem fazer do presente século um século de conflito entre o Islã e o Cristianismo (...) Mesmo dentro dos Estados Unidos existem dezenas de grupos bem organizados e bem equipados, que são capazes de causar uma destruição em larga escala."[60]

O perfil de OBL que nos foi transmitido não encaixa nestas declarações, contudo num comunicado distribuído à Al Jazeera, no dia seguinte, bin Laden acrescentou:

O Governo dos EUA tem-me culpado constantemente de estar envolvido em todos os ataques. Eu gostava de garantir ao Mundo que não planeei os recentes ataques, que parecem ter sido planeados por pessoas por razões pessoais. Tenho vivido no Emirado Islâmico do Afeganistão e tenho seguido as regras dos seus líderes. O líder do momento não me permite exercer actividades deste tipo[61]

Posteriormente o governo americano distribuiu um vídeo, no qual bin Laden comemora os ataques, todavia a autenticidade dessa gravação foi contestada por Hani al-Sabai, director do Al-Maqrizi Centre for Historical Studies, de Londres, enquanto o governo do Afeganistão, à época, solicitava provas aos americanos sobre a autoria dos ataques, comprometendo-se a deter e entregar bin Laden, caso essas provas fossem apresentadas[62]. Ainda assim, em Outubro de 2001, o governo Bush lançou a guerra contra o terrorismo, escolheu o Afeganistão como primeiro alvo da "cruzada contra o terror" e invadiu o país com o objectivo confesso de caçar Osama bin Laden e desmantelar a Al-Qaeda.

Mais recentemente Obama deu a ordem para a operação Neptune Spear e se podemos discutir indefinidamente se deu a ordem para matar at first sight ou, como se diz, que liquidá-lo seria uma opção legítima em caso de resistência ou legítima defesa, o que não posso acreditar, e falo com conhecimento de causa[63], é que os SEAL, homens treinados a reagir em fracções de segundo, quaisquer que sejam as situações de stress, tenham confundido um homem desarmado e passivo com um comportamento de resistência. Mais estranho ainda é que sendo os EUA um estado de direito com os pergaminhos morais e justicialistas que lhe assistem não tivessem ponderado a opção de disparar uma rede de caça grossa, um dardo tranquilizante ou um teaser, com o propósito de trazer bin Laden preferencialmente alive para ser julgado pela justiça federal. Não. Não foi considerada a opção de neutralizar porque essa nunca foi a opção – a opção em cima da mesa que explica este comportamento é a única ordem emanada ter sido “kill at first sight” e EKIA é o que esperamos ouvir. Porquê? O que haveria tão perigoso ou ameaçador em trazer OBL vivo? O que poderia ele confessar que não pudesse ser ouvido? Porque OBL começou por afirmar não ser o autor moral do 9/11? Porque mudou ou foi mudado o discurso posteriormente? De que forma esta inconsistência se pode articular com as inconsistências 1, 2 e 3?

Portanto e em síntese:

Não sabemos quem foram os agentes e informadores HUMINT locais mas há uma fortíssima probabilidade de eles terem existido.

Não sabemos se os dispositivos SIGINT e IMINT utilizados foram apenas os anunciados.

Sabemos que OSINT não terá sido utilizado.

Percebemos que provavelmente há outros factos por trás da verdade oficial.

Verificamos que há fortes inconsistências nas notícias divulgadas.

Constamos a utilização encoberta mais que provável de PSYOPS.


CONCLUSÃO

Independentemente das inconsistências verificadas o trabalho de intelligence contribuiu considerável senão totalmente para a localização e captura com êxito de OBL, ainda que a informação disponível careça de total veracidade.

Mesmo que consideremos a existência de desinformação, quanto aos métodos e meios utilizados, o êxito da missão deveu-se ao trabalho de intelligence. Provavelmente há agentes e informadores que importa proteger e isso é natural em intelligence até porque alguns dos agentes utilizados podem agora estar na condição de adormecidos.

Ainda considerando a hipótese de OBL ter sido eliminado devido ao perigo que representava, sejam quais forem as razões por detrás desse perigo, também aí o trabalho dos serviços de intelligence foi inegavelmente substantivo na consecução desse desiderato, assim como eficaz foi o seu trabalho no âmbito da Deception e PSYOPS.

O provável objectivo de branquear os interrogatórios sob tortura foi de algum modo alcançado pelas alegadas contribuições para o desfecho final e a sanha persecutória aos voos e técnicas daCIAfoi mitigada.

Não consegui encontrar qualquer pista ou menção relativamente aos 50 milhões de dólares de recompensa, o que nada significa per se. Mas o silêncio grita muitas vezes mais alto e pessoalmente conheço muitos indivíduos, insuspeitos e de bons costumes, que estariam dispostos a mudar de vida, país e identidade por muito menos que metade desse valor.

O mundo da intelligence e counter-intelligence é de uma enorme incerteza daí referirmo-nos aos factos como probabilidades. Tem muito da arte da prestidigitação em que é criada uma ilusão para distrair o observador do que se pretende ocultar. A ilusão pode ser uma cortina de fumo, uma acção vistosa e chamativa em outro quadrante, ou poderá ser uma dose maciça de informação sistematizada e distribuída criteriosamente por orgãos de comunicação social de inegável credibilidade, que reforcem as notícias de uns e outros, de maneira a absorver e concentrar a atenção das audiências numa cadeia de notícias, ligadas entre si, que consubstanciem uma história credível e sobretudo uma história que as audiências queiram ouvir, à qual não faltará o suspense e emoção (there is no limit to a human being's ability to rationalize the truth). E compreende-se. Não podemos esperar que os protagonistas abram o jogo e revelem o que lhes custou a construir e que tornado conhecido os fragilizaria a eles e ao interesse nacional.

Portanto, sobre a informação disponível da saga bin Laden há uma probabilidade significativa, eu diria superior a 70%, que maior parte dessa informação faça parte de um constructo daCIAe do JSOC com o objectivo de esconder fontes, métodos e até acontecimentos. Descobri-lo é tarefa hercúlea mas possível embora não caiba no âmbito do presente trabalho.

As principais conclusões que podemos tirar são que 1) a generalidade dos serviços de intelligence norte-americanos, em conjunto e individualmente, estão com um excelente desempenho e no seu melhor nível; 2) o trabalho de equipa e coordenação das várias agências e ramos militares de forças especiais está igualmente com um excelente desempenho, particularmente se for coordenado pelaCIAcomo foi o caso vertente; e 3) que as capacidades de counter-intelligence dos serviços norte-americanos estão também testadas como exímias e capazes das mais díspares missões.

Deixo pistas de investigação suplementares respeitantes a esses temas que poderão ser objecto de ulterior análise e estudo:

  • Qual a mais provável distribuição e utilização de meios e métodos utilizados na captura de OBL?
  • Qual o provável papel da ISI e dos paquistaneses em todo este processo?
  • Qual o protagonista alternativo a OBL nos acontecimentos de 9/11?
  • Por que motivo Geronimo foi eliminado at first sight?

ANEXOS

Regras de Moscovo

No International Spy Museum em Washington, D.C., estão patentes ao público as famosas Moscow Rules – que nunca foram aceites como doutrina oficial mas sempre foram operacionalmente aceites como máximas a observar: 1) Assume nothing; 2) Never go against your gut; 3) Everyone is potentially under opposition control; 4) Don't look back; you are never completely alone; 5) Go with the flow, blend in; 6) Vary your pattern and stay within your cover; 7) Lull them into a sense of complacency; 8) Don't harass the opposition; 9) Pick the time and place for action; 10) Keep your options open.

Ou esta versão alternativa, informal mas sabiamente utilizada:

  1. Assume nothing.
  2. Murphy is right.
  3. Never go against your gut; it is your operational antenna.
  4. Don't look back; you are never completely alone.
  5. Everyone is potentially under opposition control.
  6. Go with the flow, blend in.
  7. Vary your pattern and stay within your cover.
  8. Any operation can be aborted. If it feels wrong, it is wrong.
  9. Maintain a natural pace.
  10. Lull them into a sense of complacency.
  11. Build in opportunity, but use it sparingly.
  12. Float like a butterfly, sting like a bee. (borrowed from Muhammad Ali Aka, Cassius Clay.)
  13. Don't harass the opposition.
  14. There is no limit to a human being's ability to rationalize the truth.
  15. Pick the time and place for action.
  16. Keep your options open.
  17. Once is an accident. Twice is coincidence. Three times is an enemy action. (taken from Ian Fleming's novel Goldfinger)

 



[1] Senha convencionada para indicar contacto visual com Bin Laden

[2] Enemy Killed In Action

[3] Mike Allen, “Osama Bin Laden raid yields Trove of Computer Data”, in Politico

[4] McElroy, Damien, Osama Bin Laden Dead: US Built replica of Bin Laden Compound”, in The Telegraph

[5] Processo que consiste na avaliação dos problemas Segundo a óptica adversária, colocando entidades independentes a desempenhar o papel de “advogado do diabo”.

[6] Calabresi, Massimo, The CIA gets a rare public victory, Time, 2 Maio 2011

[7] Mazzetti, Mark, Behind the hunt for bin Laden, The New York Times, 3 Maio 2011

[8] Bergen, Peter, Manhunt: The ten-year seach for Bin Laden – from 9/11 to Abbottabad, New York: Crown, 2012

[9] Miller, Greg, CIA spied on bin Laden from safe house, The Washington Post, 6 Maio 2011

[10] The Economist, 26/05/2012, Pakistan and the United States a fateful call

[11] O médico foi identificado e preso por agentes paquistaneses e no decurso do presente trabalho condenado a 33 anos de prisão.

[12] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

[13] Serviços de intelligence paquistaneses

[14]Burton, Fred, “The Bin Laden Operation: Tapping Human Intelligence”, Security Weekly, 26 Maio 2011

[15] White Anglo-Saxon Protestant. Historicamente os agentes daCIA e outras agências têm sido do sexo masculino e brancos.

[16] Time Magazine, Inside theBattle of Qala-I-Janghi, 1 Dez 2001

[17] É a utilização do modelo M.I.C.E., acrónimo para Money, ideology, coercion/compromise, ego.

[18] The New York Times, 2 Maio 2011, Detective work on courier led to breakthrough on bin Laden

[19] General Intelligence Department – serviços secretos jordanos

[20] “CIA ignored Jordanian Intelligence before suicide bombing inKhost,Afghanistan”, The Christian Science Monitor, 20 Out 2010

[21] No International Spy Museum em Washington, D.C., estão patentes ao público as famosas 10 Moscow Rules – que nunca foram aceites como doutrina oficial mas sempre foram operacionalmente aceites como máximas a observar: 1) Assume nothing; 2) Never go against your gut; 3) Everyone is potentially under opposition control; 4) Don't look back; you are never completely alone; 5) Go with the flow, blend in; 6) Vary your pattern and stay within your cover; 7) Lull them into a sense of complacency; 8) Don't harass the opposition; 9) Pick the time and place for action; 10) Keep your options open.

[22]Burton, Fred, “The Bin Laden Operation: Tapping Human Intelligence”, Security Weekly, 26 Maio 2011

[23] IMINT – Imagery Intelligence

[24] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

[25] National Security Agency

[26] COMINT – Communicatiosn Intelligence

[27] Tracking use of bin Laden’s satellite phone, The Wall Street Journal, 28 Maio 2008

[28] BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

[29]Burton, Fred, “The Bin Laden Operation: Tapping Human Intelligence”, Security Weekly, 26 Maio 2011

[30] BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

[31] Burton, Fred e Stewart, Scott, The obstacles to the capture of Osama bin Laden, Stratfor Global Intelligence, 12 Setembro 2007

[32] Um dos filhos de bin-Laden

[33] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

[34] National Geospatial-Intelligence Agency

[35] UAV – Unmanned Aerial Vehicle

[36] BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

[37] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

[38] Joint Special Operations Command

[39] The little known agency that helped kill bin Laden, TheAtlantic, 8 Maio 2011

[40] Bergen, Peter, Manhunt: The ten-year seach for Bin Laden – from 9/11 to Abbottabad, New York: Crown, 2012

[41] Obama calls the world safer, The New York Times, 3 Maio 2011

[42] Friedman, George, Torture and the US intelligence failure, Stratfor, 20 Abril 2009

[43] Reuters, Special report: The bin Laden kill plan, 12 Maio 2011

[44] Phone call by Kuwaiti courier led to Bin Laden, Associated Press, 3 Maio 2011

[45] Bin Laden Raid Revives Debate on Value of Torture, The New York Times, 4 Maio 2011,

[46] Mukasey, Michael, The waterboarding trait to bin Laden, The Wall Street Journal, 15 Maio 2011

[47] Reuters, Special report: The bin Laden kill plan, 12 Maio 2011

[48] Bergen, Peter, Manhunt: The ten-year seach for Bin Laden – from 9/11 to Abbottabad, New York: Crown, 2012

[49] Bergen, Peter, Manhunt: The ten-year seach for Bin Laden – from 9/11 to Abbottabad, New York: Crown, 2012

[50] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012, citando Wikileaks

[51] Reuters, Special report: The bin Laden kill plan, 12 Maio 2011

[52] Citado por Susannah Cahalan em New Yor Post, 6 Novembro 2011, Real story of team 6’s charge

[53] Op.cit. Susannah Cahalan em New Yor Post, 6 Novembro 2011

[54] Op.cit. Susannah Cahalan em New Yor Post, 6 Novembro 2011

[55] BBC News, 7 Jun 2011, Obama Bin Laden’s Death: How it happened

[56] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

[57] Time Magazine, Special Report, 7 Maio 2012

[58] Reuters, Special report: The bin Laden kill plan, 12 Maio 2011

[59] Reuters, Special report: The bin Laden kill plan, 12 Maio 2011

[60] Bin Laden says he wasn't behind attacks, CNN, 16 Setembro 2001, (citando o jornal paquistanês Ummat)

[61] CNN 16/09/2001, (citando a Al Jazzera)

[62] Folha de São Paulo, 6/10/2001

[63] O meu serviço militar passei-o no Regimento de Comandos onde tive treino militar de guerrilha e contra-guerrilha com a especialidade “Comando”.

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