AS GEOTECNOLOGIAS E O ENSINO DA GEOGRAFIA

Por Gerson Pereira Boy | 20/05/2017 | Geografia

Gerson Pereira Boy

boychas@hotmail.com

Pâmela Guimarães

pamelaguimaraes139@gmail.com

RESUMO

O tema deste artigo, fundamentado em revisão literária, aborda a importância que as geotecnologias apresentam em relação ao ensino de Geografia, e também para outras disciplinas. O objetivo da pesquisa é mostrar como as geotecnologias são importantes e indispensáveis para alavancar o ensino dos conteúdos de Geografia nas instituições de ensino. O presente artigo apresenta e traça algumas características acerca do uso das geotecnologias, pelos docentes, como recursos didáticos, principalmente para o desenvolvimento de atividades dentro da sala de aula. Usar tais recursos é de grande importância pois facilita a compreensão de conceitos por parte dos alunos. Entender como funciona o movimento tectônico torna-se bem mais simples quando são usados vídeos e recursos em 3D para explicar sua dinâmica, por exemplo. Cabe ressaltar a necessidade do profissional docente dominar estas ferramentas para melhorar sua dinâmica de ensino.

PALAVRAS – CHAVES: Geotecnologias. Tecnologias. Geografia. Ensino. Aprendizagem. Professor.

ABSTRACT The theme of this article, based on a literary review, addresses the importance of geotechnologies in relation to geography teaching, as well as to other disciplines. The objective of the research is to show how geotechnologies are important and indispensable to leverage the teaching of geography contents in educational institutions. This article presents and outlines some characteristics about the use of geotechnologies by teachers as didactic resources, mainly for the development of activities within the classroom. Using such resources is of great importance because it facilitates students' understanding of concepts. Understanding how the tectonic movement works becomes much simpler when 3D videos and resources are used to explain their dynamics, for example. It is important to emphasize the need of the teaching professional to master these tools to improve their teaching dynamics.

PALAVRAS – CHAVES: Geotechnology. Technology. Geography. Teaching. Learning. Teacher. Introdução Atualmente o ensino da Geografia busca contemplar as dinâmicas mundiais e a realidade local do estudante. Devido ao crescimento tecnológico observado nas últimas décadas, a gama de recursos disponíveis é animadora. Contudo muitas escolas carecem de estrutura para atender a demanda. Salas equipadas com Data Show, computador, impressora não fazem parte da realidade de muitas escolas públicas. Somente as escolas maiores ou as construídas recentemente possuem. É um processo lento de obtenção de estrutura que muitas vezes esbarra em burocracia e corrupção. Além da falta de estrutura, outra barreira a ser vencida é a falta de conhecimento de alguns Professores. Com isso se busca no sistema educacional, num primeiro momento, desconstruir esta concepção enraizada. Foi-se o tempo que o Professor poderia usar a desculpa de não conhecer a ferramenta tecnológica. Nos dias atuais os profissionais podem buscar um vídeo explicando a utilização de um programa, de um Hardware ou outra ferramenta, até mesmo no Youtube. O professor tem papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem; ele pode ser o mediador entre o aluno e o conhecimento. Sua atuação vai além da sala de aula e tem influência direta no cotidiano do aluno, daí a sua importância para a apropriação do conhecimento científico historicamente acumulado, afirma Correa et al (2010 p. 94). A expansão da informática trouxe inúmeros impactos, que, por sua vez, atingiram vários setores da sociedade. As TICs, Tecnologias de Informação e Comunicação, desempenham um papel fundamental no aprendizado dos alunos, através da utilização de meios tecnológicos que agregam valor ao material escolhido pelo professor. Macêdo et al (2012 p. 141) afirmam que no contexto atual, vive-se num mundo em que todos os dias surgem novas tecnologias e, atreladas a estas, surgem outras milhares, o chamado meio técnico - científico - informacional, que trás para a sociedade contemporânea o desafio de conviver com as novas tecnologias que estão em constante mudança, podendo-se até falar de um novo paradigma, o da informação. Os autores ainda salientam que "para acompanhar as mudanças que vem ocorrendo no mundo atual com o advento das tecnologias, a escola deve se adequar e utilizá-las de forma a que possam contribuir para o aprendizado dos discentes, fazendo menção ao que diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) pela qual a compreensão das tecnologias faz parte da formação básica do cidadão." Para Oliveira (2013 p. 16) o uso das geotecnologias nos ensinos fundamental e médio pode envolver um problema de embasamento teórico e prático por parte dos professores. Eles podem não estar preparados para lidar com esta tecnologia, bem como com outras, que são igualmente necessárias, tais como a Cartografia. "Mas, para tanto, é necessário que haja maior esforço no sentido de capacitar e fornecer subsídios teóricos aos docentes para a utilização de tais recursos. Somente dessa forma poderemos contar com professores sensatos diante da utilização de recursos geotecnológicos" enfatiza Oliveira (2013 p. 42). Essa quebra de paradigma também será abordada no presente artigo e serão apresentadas algumas soluções para que o professor possa atuar de forma consistente e a escola, apoiada pelo poder público, possa subsidiar a estrutura necessária com salas equipadas e capacitação para os docentes. Também serão abordados algumas ferramentas úteis de geoprocessamento , como o SIG (Sistema de Informação Geográfica). Diante do tema, despertou-nos o interesse numa discussão que apresentasse os desafios dos "novos professores", que precisarão lidar cada vez mais com as tecnologias, e o papel da escola, oferecendo estrutura adequada para alunos e docentes. Dessa forma, apresentaremos neste artigo, como a tecnologia pode ser usada no processo de ensino-aprendizagem na escola. O objetivo desse estudo é descrever a utilização das tecnologias da informação na educação básica, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB - 9.394/96), e o papel dos “novos” professores frente ao desafio imposto com o surgimento dessas “novas tecnologias”. Metodologia O trabalho foi dividido em três momentos: primeiramente realizamos uma pesquisa bibliográfica acerca da utilização das geotecnologias para o ensino de geografia. Também foi pesquisado temas referentes a estrutura nas salas de aula. Em um segundo momento realizamos uma busca por autores que fundamentavam o papel do professor e sua responsabilidade de manter-se atualizado e utilizar as ferramentas tecnológicas. Finalmente buscamos atividades que possam ser desempenhadas pelos professores, juntamente com os alunos, no auditório com a utilização da Data Show para mostrar em tamanho grande e em uma sala de computadores, manipulando os Sistemas de Informação Geográficas, o Google Maps, o Google Earth, além de outros exemplos, como ferramenta para o ensino da Geografia, Cartografia e Sensoriamento Remoto . A geotecnologia como recurso didático usado em sala de aula Observamos ao longo dos últimos anos uma evolução na estrutura educacional, com o uso da TV, DVD, computadores, música e jogos. E com essa evolução, muitas tecnologias começaram a ser usadas para pesquisas e auxílio de estudos, como é o caso dos satélites de sensoriamento remoto que auxiliam em pesquisas geográficas. A importância do uso de recursos didáticos no ensino da Geografia, é destacada pelos autores Sousa e Jordão: A inserção do SIG na educação básica permite trabalhar questões relacionadas ao espaço de vivência do aluno, [...]; entretanto, o uso das geotecnologias nas escolas ainda é muito limitado devido às barreiras estruturais [...] e sociais (dificuldades dos professores para participar de cursos de capacitação [...] para desenvolver atividades com esta geotecnologia). (Sousa e Jordão, 2015, p. 159) Porém um dos problemas enfrentados pelos professores atualmente é a falta de recursos financeiros para a compra de novos equipamentos. No setor privado, a estrutura está mais presente, porém nas escolas públicas, é percebido essa carência. É preciso investir na educação. Com alunos e professores desmotivados devido as longas aulas, quase sempre sem uma boa dinâmica que possa prender a atenção dos estudantes, a utilização das Geotecnologias pode ser uma chance de vencer esse obstáculo. Por isso os recursos didáticos que despertam a curiosidade e deixam as aulas mais dinâmicas e participativas, fazem com que os alunos se interessem mais pelos assuntos ministrados e, por conseguinte, aprendam mais. Esses recursos didáticos começam a ser aproveitados para o ensino, uma vez que a principal forma dos alunos pesquisarem atualmente é utilizando o site de busca ‘Google’. Entretanto, porque as novas tecnologias se tornam um incômodo para muitos professores? Porque muitos ainda preferem ignorar o uso de tais ferramentas? Porque ao invés de, promoverem oficinas ensinando seus alunos a usarem as tecnologias e apresentando-os a essas novas mídias, muitos ainda continuam com as aulas normais e consideradas chatas? Existem muitos motivos para não haver maior uso de recursos tecnológicos nas salas de aula, como por exemplo, a falta de equipamento, a falta de manutenção dessas ferramentas, e até mesmo a falta de conhecimento por parte de professores. Contudo promover o uso das tecnologias para o ensino deve ser visto de forma positiva, uma vez que não se pode mais ignorar esses novos métodos de ensino-aprendizagem. Além disso, o valor agregado as aulas é notório quando se utiliza tais ferramentas. Para o desenvolvimento do projeto pedagógico para o ensino de Geografia serão abordados assuntos referente ao uso do geoprocessamento, que é tecnologia usada no tratamento de dados geográficos. Daremos destaque as principais geotecnologias como: Sistema de Informação Geográfica (SIG), Sensoriamento Remoto, Sistema de Posicionamento Global (GPS), Google Earth, dentre outros. O autor Roberto Rosa define ainda geoprocessamento e geotecnologias como sendo uma coisa só, segundo o autor: Também conhecidas como "geoprocessamento", as geotecnologias são o conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e oferta de informações com referência geográfica. As geotecnologias são compostas por soluções em hardware, software e peopleware que juntos constituem poderosas ferramentas para tomada de decisões. Dentre as geotecnologias podemos destacar: sistemas de informação geográfica, cartografia digital, sensoriamento remoto, sistema de posicionamento global e a topografia (Rosa, 2005. p. 81). O geoprocessamento é usado para diversas geociências, como a Geologia, Topografia, Geofísica, Cartografia e outros. Além disso, a geotecnologia têm uma grande importância para o monitoramento de áreas de proteção ambiental, áreas de queimadas, monitoramento do solo, cartografia e áreas de risco. Por isso o projeto pedagógico que utiliza as ferramentas de geoprocessamento são tão importantes. Essa tecnologia é de uso interdisciplinar, mas para a Geografia se tornou indispensável visto a relevância e grande potencial de uso dessa ferramenta tecnológica para o ensino dessa Ciência, e suas diversas finalidades. Segundo Correa et al (2010 p. 94) o aluno pode ter contato direto com o objeto e manusear os mapas, os softwares de análise espacial, o GPS e tantas outras ferramentas que auxiliam nesse processo de conhecimento da realidade espacial. Essa relação pode ser mediada por uma pessoa, no caso, o professor, que tem subsídios para mostrar ao aluno a aplicabilidade de todas essas ferramentas. No entanto, a falta de infraestrutura nas escolas coloca em risco o desenvolvimento de diversos projetos tecnológicos que poderiam auxiliar os alunos e professores no processo ensino-aprendizagem. Em vez de termos escolas com laboratórios de física e informática, o que temos é escolas sem infraestrutura alguma. Prova do atraso causado pela falta de condições nas escolas, é que segundo o relatório divulgado pela Controladoria Geral da União, o principal motivo para a falta de uso das tecnologias e geotecnologias é a má estrutura nas escolas. Outro problema é o despreparo de muitos professores para utilizarem as ferramentas tecnológicas, ou simplesmente, a displicência na utilização dessas alternativas de ensino por parte de muitos docentes. Infelizmente muitos professores vêem as novas tecnologias apenas como um problema, quando na verdade poderiam estar lidando com a solução. Os autores Pazine e Montanha afirmam que: A iniciativa é um desafio, pois o geoprocessamento ainda é modesto nas grades de ensino dos cursos de graduação, quando deveria ser obrigatório. Ele traz uma maneira diferente de interpretar o dado, criando um choque cultural no próprio ambiente de ensino. Estamos acostumados a analisar “o que” somos e “como” somos, com o geoprocessamento identificamos “onde” estamos. ( Pazine e Montanha, 2005, p. 7). Para mudar esse conceito de profissional arcaico, que não se adapta as rápidas mudanças que a tecnologia impõe, é preciso que ocorra uma quebra de paradigma. Os professores precisam buscar cursos, seminários, workshop e estarem sempre atualizados. Na própria internet existem ótimos cursos. Muitos Softwares são intuitivos e podem ser compreendidos com um tutorial em vídeo disponibilizado no site Youtube. Além disso, a cada ano, docentes se aposentam e os "novos professores" chegam ao mercado de trabalho com uma enorme carga tecnológica. São jovens que vivenciaram o crescimento da tecnologia e possuem uma certa facilidade na usabilidade de tais ferramentas tecnológicas. Sendo assim, não há motivos para a não utilização das Geotecnologias nas aulas ministradas. Os alunos estão cada vez mais conectados e podem até mesmo contribuir com a aula, ajudando outros que possuírem dificuldades para o domínio dos aplicativos. Vários desses programas são gratuitos e estão disponibilizados para downloads na internet. Nesse sentido Macêdo et al (2012 p. 142) salientam que ancorado nas categorias de análise da Geografia, o uso de softwares livres, a exemplo do Google Earth, pelo qual se obtêm imagens em três dimensões do espaço terrestre, é possível perceber os padrões de ocupação do espaço, fazer estudos de população e de sua distribuição no espaço geográfico, a configuração dos territórios, os elementos do meio físico em sua dinâmica constante, enfim, é possível ao professor de Geografia utilizar uma ferramenta que possibilite mais concretude e aplicabilidade as suas aulas. Portanto as possibilidades de utilização são inúmeras. Usando o programa citado acima como exemplo, pode-se fazer o estudo de declividade de uma área e verificar se o mesmo é propício para moradia, agricultura ou para preservação. Na Imagem 01, observa-se o perfil de elevação da bacia do Rio Macaé, que nasce na divisa de Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu, e deságua no mar, no município de Macaé. Fica claro a exibição da serra, na nascente e da planificação do terreno, quando aproxima-se da baixada litorânea. Imagem 01 - Bacia do Rio Macaé - Perfil de Elevação - Programa Google Earth A Figura 1 pode ser usada para explicar o perfil morfogenético da Região Serrana, sua transição para a parte plana verificada nas proximidades do litoral fluminense bem como as áreas propícias para agricultura, pecuária, preservação e moradia. Dessa forma, percebe-se que com apenas uma imagem, vários temas são abordados, e o melhor, demonstrando a realidade que os alunos vivenciam. SIG, Geoprocessamento e a estrutura escolar Melo e Oliveira (2010 p. 10) destacam que o primeiro software comercialmente disponível para SIGs ficou acessível aos usuários no final da década de 1970 e estimulou muitas experiências, assim como a disseminação dos microcomputadores no início da década de 1980. De qualquer forma, desde esse período muitas transformações vêm ocorrendo no mundo em geral, requerendo novas posturas por parte da escola e do ensino, para acompanhar tais mudanças. Trabalhar com Geografia é ter a certeza de que em algum momento utilizaremos o geoprocessamento, por isso os Parâmetros Curriculares Nacionais constatam que este trabalha com a fusão de múltiplos tempos, apoiando-se em linguagens e técnicas diferentes na busca por informações. Outros autores como Gomes e Archela destacam mais uma vez o uso de novas tecnologias para facilitar o ensino, e entre essas novas tecnologias encontra-se o geoprocessamento. Os autores reforçam dados dos Parâmetros Curriculares Nacionais, quando afirmam que: [...] Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC) reforçam a importância do uso de novas tecnologias, ressaltando que neste documento a geografia é uma área inserida nas “Ciências Humanas e suas Tecnologias”, ou ainda que entre os critérios de avaliação aí previstos, constam à leitura, analise e interpretação de diferentes linguagens geográficas. ( Gomes e Archela, 2010, p. 73). Observa-se atualmente que praticamente todos os livros de Geografia já possuem imagens de satélites geradas a partir de sensoriamento remoto, ou de outras geotecnologias. Contudo, são poucas escolas onde percebem-se uma boa relação entre os alunos e as ferramentas do geoprocessamento. Um dos meios utilizados pelos professores em suas aulas, sãos os SIGs (Sistema de Informação Geográfica). Estes programas fornecem dados resultantes de pesquisas em seus respectivos banco de dados. De acordo com Burrough e McDonnel (apudFITZ, 2005) citado por Correa et al (2010 p. 93), o SIG/GIS é um poderoso conjunto de ferramentas que auxilia na coleta, armazenamento, recuperação, transformação e visualização de dados espaciais do mundo real. Em sala de aula, o trabalho com as imagens pode ser empreendido a partir de técnicas para a leitura do comportamento espectral dos alvos da superfície, isso no caso de se trabalhar com imagens com resolução espacial de 20 ou 30 m, que é o caso respectivo da CBERS -2 e CBERS-2B e Landsat -7, satélites que produzem imagens disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, afirmam Melo e Oliveira (2010 p. 11). Os autores ainda destacam que "no contexto do semi-árido brasileiro, por exemplo, o uso de imagens de satélites pode auxiliar o professor na abordagem e explicação de conceitos que com mapas geralmente não se mostram tão evidenciados, tais como uso/ocupação do solo, as feições do relevo, densidade da vegetação, os diferentes tipos de cultivo, percentual de solo exposto, dentre outros agravantes que podem conduzir à desertificação, um dos principais riscos a que está exposto o ambiente e a população local, historicamente vulnerável". Contudo tais programas requerem uma estrutura adequada para que possam funcionar. Os computadores são pré-requisitos importantes desde que estejam sendo utilizados adequadamente e possuam uma boa configuração. Além disso, como já foi citado antes, além de outros aspectos, o Professor precisa estar capacitado. Oliveira (2013 p. 42) corrobora que isto só poderá ser implementado se as condições de efetivo exercício dos professores forem garantidas. De modo a possibilitar condições de tempo para preparação das aulas, salários e carreira atraentes, número adequado de alunos por sala de aula, infraestrutura, treinamentos e condições de trabalho. Sem que isso seja garantido, toda e qualquer proposta de adoção de uma inovação tecnológica torna-se mero discurso vazio. Ainda sobre estrutura, o ideal seria se toda escola dispusesse de sala de informática com pelo menos 15 computadores, impressora, auditório com Data Show e acesso a internet banda larga. Um profissional de informática para cada período escolar promovendo a manutenção dos equipamentos e auxiliando os professores. Analisando a proposta, o valor para aquisição dessas ferramentas, salvo obras, móveis, funcionários e instalações, não ultrapassariam 35 mil Reais. Percebe-se com isso que, com um pouco de boa vontade do poder público, todas as escolas possuiriam facilmente essa estrutura. Mas, infelizmente não é isso que vemos na prática. As escolas ainda esbarram em burocracia e corrupção, que atrapalham o desenvolvimento pleno da mesma. Roteiro para utilização de recursos didáticos em sala de aula Para demonstrar o uso dos recursos didáticos, explanaremos aqui sobre seu uso na Geografia, com enfoque na disciplina de Geomorfologia Continental. Exemplificando um roteiro de aula utilizando recursos didáticos, podemos citar o uso de slides para explicar os movimentos de massa, como ocorre a sua dinâmica, qual sua relação com a vegetação e suas ameaças a vida humana. Como os agentes endógenos e exógenos se manifestam no relevo e como o alteram. Pode ser feito uma exibição de vídeos, mostrando um morro com vegetação e outro sem, para explicar aos alunos o fluxo da chuva em uma área desmatada e o mesmo fluxo em uma área com vegetação. Existem vários vídeos no Youtube que demonstram essa situação. Durante a apresentação, pode ser oferecido aos alunos a visualização por satélite de áreas desmatadas no Brasil, sugerindo problemas que a falta de vegetação proporciona, como ela atua na vertente e como as ações antrópicas têm alterado esse ambiente. Podemos fazer uso de vídeos para mostrar aos alunos conceitos sobre intemperismo, erosão e sedimentação, bem como influenciam no relevo. Para elucidar o aprendizado do aluno, deve ser utilizado o recurso da apresentação de imagens e vídeos para visualização de quadros, mapas, gráficos e figuras de exemplo do relevo. Para explicar como essas formas de relevos funcionam e se alteram ao longo do tempo, podemos apresentar aos alunos um documentário com o auxílio de uma TV e um DVD, ou de um computador com acesso a banda larga. Dessa forma os alunos podem construir mapas a partir da utilização de alguns SIGs. Um bom exemplo a ser utilizado é o aplicativo SIG-IBGE, totalmente online, que gera rapidamente 10 mapas interativos como o mapa da imagem 02 abaixo, que demonstra o perfil climático do Brasil. Podem ser gerados os seguintes mapas: biomas, clima, fauna ameaçada, geologia, potencial agrícola, regiões hidrográficas, relevo, solos, uso da terra e vegetação. Os computadores só precisarão de internet banda larga para utilização do aplicativo. Outro muito útil é o SIG floresta, da prefeitura do Rio de Janeiro, demonstrado na Imagem 03. Está disponibilizado na internet e pode ser visualizados mapas de diferentes perspectivas. Também vale citar o SIG RB, da Bacia do Ribeira, com uma imensa gama de opções de informações a serem visualizadas. Pena que este se refere apenas a região do litoral Sul de São Paulo, como mostra a Imagem 04. Imagem 02 - Perfil climático do Brasil - Fonte: http://mapasinterativos.ibge.gov.br/sigibge/ Imagem 03 - Cobertura Florestal da Cidade do Rio de Janeiro - Fonte: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/2370398/DLFE-237617.pdf/MAPASMAC_baixa.pdf Imagem 04 - Mapa de capitação de águas - Fonte: http://mapas.sigrb.com.br/mapas/interface/ Aproveitando que o Professor está abordando sobre o relevo terrestre, pode ser feito uma breve introdução sobre placas tectônicas e seus movimentos, como estes esculturam e alteram a paisagem. Usar um pote de plástico claro para mostrar as várias camadas de solo e explicar cada um. Pode-se mais uma vez apresentar slides, vídeos-aula, ou mesmo desenhos e maquetes com figuras de placas tectônicas, desde a época do super continente Pangéia até os dias atuais, dando ênfase e destacando como o movimento tectônico influencia em fenômenos como vulcões, terremotos e a formação das grandes cordilheiras montanhosas. A utilização do Google Earth também é indispensável para apresentar o choque de placas, as convergências e divergências terrestres (vide Imagem 05 e Imagem 06) representado pelo Vale do Rift Africano e, claro, o círculo de fogo do pacífico. Imagem 05 - Vale do Rift Africano - Fonte: https://pt.slideshare.net/jaugustoss/dinmica-da-crosta-terrestre-19346945 Imagem 06 - Visualização da África no Google Earth - Fonte: https://mybroadband.co.za/vb/showthread.php/26034-More-High-Resolution-SA-Cities-for-Google-Earth Com isso o professor pode produzir uma aula tecnicista, dinâmica, interativa e que prende a atenção do aluno, criando novas perspectivas no processo ensino-aprendizagem. Além disso aproxima o aluno a realidade espacial, conceituando uma nova forma de enxergar a própria região, o país e o planeta. Considerações Finais Existem muitos obstáculos para que a educação em nosso país seja de ponta. Porém não podemos ficar parados, é preciso ir além, superar expectativas e produzir melhorias. A geografia carrega uma enorme potencialidade, um conteúdo espacial que guarda informações indispensáveis para o desenvolvimento social, econômico, cultural, ambiental, e político do Brasil. Unindo essa riqueza conteudista da Geografia com as Tecnologias disponíveis atualmente, podemos exercer a função docente com excelência. O desenvolvimento da visão crítica do aluno, através de uma abordagem tecnológica, torna-se fundamental para os dias atuais. Os alunos muitas vezes chegam na escola distraídos, pela própria tecnologia, e precisam de um estímulo. A visualização de mapas 3D, do relevo terrestre, de dados que resultam de pesquisa, despertam a curiosidade e a reflexão nos estudantes. Mais dois obstáculos a serem superados são: a falta de capacitação dos professores e de estrutura nas escolas. O primeiro pode ser solucionado com a participação dos docentes e da escola na forma de treinamentos. Os "novos professores" carregam consigo um bom conhecimento de tecnologia e conseguem utilizar softwares mais sofisticados com maior facilidade. Basta força de vontade. O segundo obstáculo requer a participação do poder público. Devemos sempre estar em contato com os diretores das escolas e com aqueles que votamos, como os vereadores, prefeitos e deputados. Muitos disponibilizam lojas físicas e sites para receberem seus eleitores. A participação de todos na política é um dever de todo cidadão. Com isso pode-se criar um canal de comunicação, conseguindo verbas para estabelecer uma maior estrutura nas escolas para o ensino da Geografia e de outras ciências. Sugerimos que novas pesquisas sobre o tema sejam realizadas e dessa forma possamos seguir um melhoramento contínuo, para aumentar o nível educacional do nosso país. 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