Geografia Neopositivista no/do Brasil
Por Juciane Bezerra | 17/06/2011 | GeografiaConsiderações a respeito da Geografia Neopositivista no Brasil
Resumo: A Geografia neopositivista surgiu da incorporação de pilares filosóficos do neo- positivismo, e da tentativa de racionalizar e sistematizar a categoria de espaço assim como suas classificações regionais, e além dessas duas incorporações, passou a ser empregado na nova geografia o método Cientifico como algo intimamente ligado a todas as Ciências Naturais, inicialmente foram essas as características norteadoras do surgimento da nova geografia neopositivista e que melhor a definiram no momento de sua criação que foi em meados dos anos cinquenta e sessenta quando se começou a empregar técnicas matemáticos ? estatísticas na tentativa de buscar de um corpo teórico para a geografia usando termos fisicistas, que aos olhos do neo positivismo a Física foi uma das ciências que forneceu um referencial bastante teórico para a constituição da nova geografia, no uso de referencias Físicas passou-se a usar termos denominando as regiões geográficas como "sistemas abertos" que eram delimitados a partir de variáveis e atributos de cada região, fazendo-se uso de termos como "entropia", "estado estacionário", "tempo de relaxamento" e "equifinalidade" são argumentos incorporados a nova geografia, porem a Geografia Tradicional até então totalmente empírica e descritiva foi um dos motores motivadores do surgimento dos novos paradigmas geográficos já que a tradicional não conseguia responder as exigências da sociedade que a partir pós-guerra começou a modernizar a agricultura o crescimento urbano/industrial e o êxodo rural provocaram inúmeras mudanças no espaço geográfico fazendo com que a geografia tivesse que reformular profundamente suas teorias pois o estudo acerca da dinâmica urbano/regional melhor se enquadrava na teoria fisicistas de sistemas gerais.
Palavras Chave: Geografia; Neopositivismo;Quantificação; Geografia Tradicional; IBGE; AGETEO
Para alguns autores a geografia deveria ser nomotética, ou seja, deveria produzir leis e teorias se voltando assim para os processos evolutivos apoiando-se nos aspectos quantificantes deixando de lado o excepcionalismo que há muito tempo deixou a geografia sem tendências explicativas. Na Geografia Física a área que aderiu rapidamente e fez uso das técnicas de quantificação foi a Geomorfologia que teve seus processos descritos e analisados a partir de índices morfométricos, no entanto a geografia humana enfrentou divergências de ordem epistemológica já que vários cientistas levantaram questionamentos pertinentes à dificuldade do emprego do Método Cientifico e da quantificação aos fenômenos humanos, e o enquadramento desses métodos as ciências socais, porem logo vieram as respostas e como solução passaram a aplicar comumente a teórica probabilística intrínseca a geografia. Os grandes números de dados obrigaram os geógrafos neopositivistas a fazerem uso de computadores e os empregos de modelos configurados em abstrações devem dar conta como os elementos compreendidos interagem e como tendem a funcionar, outro paradigma da nova geografia é o matricial uma técnica desenvolvida para correlacionar uma enorme quantidade de dados tornando possível seu uso em computadores, tais técnicas foram desenvolvidas por estatísticos e acabaram encantando geógrafos do neo positivismo que passaram a usar em inúmeros trabalhos, a partir dai a geografia tornou-se uma nova ciência programática e valorizada diante de órgãos públicos fato este que fez entender por que o IBGE a incorporou e fez sua difusão Brasil afora, confirmando também que o positivismo trouxe vários benefícios para a geografia possibilitando a discussão dos seus aspectos filosóficos metodológicos até então nunca discutidos proporcionando assim o surgimento de outras correntes de pensamento geográficos como a Geografia Radical ou Critica e a Humanística, e embora e geografia neopositivista tenha sido a norteadora do dinamismo posterior da disciplina, a qual alcançou o nível das demais ciências acabou sofrendo varias criticas vindas de geógrafos adeptos da Geografia Tradicional pois muitos deles apontaram que sentiram certa dificuldade em assimilar as novas técnicas tendo que deter-se ao estudo da matemática para utilização e compreensão das novas ferramentas de analise geográfica o que para eles se caracterizava como algo frustrante já que nem todos conseguiram compreender as profundas mudanças que a geografia sofreu fazendo uso de criticas a nova geografia quantitativa como o exagero da matematização e a importância atribuída aos métodos técnicos do que aos resultados obtidos , acusando-se geógrafos quantitativos de serem puramente tecnicistas, ou seja, praticantes de uma "ciência neutra" e alienados aos problemas sócio- ambientais de seu pais e da sua época, Rui Moreira foi um dos Geógrafos contra o movimento que se propôs a quantificar a geografia, já Faissol afirmou que a geografia neopositivista foi uma espécie de vitima do "terrorismo ideológico" terrorismo este atribuído pelos geógrafos tradicionais, e depois de combatidas tantas criticas hoje a quantificação não é tida como um fim de pesquisa, mas sim um instrumento (meio) técnico para obtenção dos resultados de analise de dados desejados sendo assim os juízos feitos pelos críticos como também a defesa emotiva das técnicas quantificativas perderam completamente o sentindo. No Brasil a difusão da Geografia neopositivista teve seus métodos e técnicas de analises empregadas a partir dos anos setenta usados pelo IBGE, pois sempre houve uma preocupação com a sistemátização da regionalização existente na época e que se desenvolveu no período pós-guerra que foi a urbano/industrialização que trouxe como consequência os desequilíbrios entre as regiões fazendo com que os elementos técnicos quantitativos servissem de base para o planejamento das escalas espaço regionais sendo possível o melhor conhecimento das mesma, difundindo assim a geografia neopositivista em todo âmbito nacional pois foi a partir desses usos que ela encontrou subsídios para se desenvolver, embora muito antes dos anos setenta já existisse indícios favoráveis para o processo de planejamento do território brasileiro o que propiciou o conhecimento cientifico computacional da época. Dentre os órgãos brasileiros que ajudaram a difundir a geografia positivista está o IBGE incumbido de organizar informações de interesse do governo e atuou/atua como órgão especializado em varias gestões, sendo rotineiramente marcado por rotinas cartográficas e estatísticas pontos de grande relevância dentro do instituto dando suporte a grandes empreendimentos na esfera executiva, como interiorização, colonização e diversos estudos regionais além de lidar com indicadores sócio ? econômicos apreendendo, identificando e diferenciando as regiões, pois para conhecer o Brasil era necessário que os geógrafos trabalhassem com técnicas matemático computacionais e para que isso ocorresse o IBGE promoveu vindas de geógrafos estrangeiros para o Brasil para ministrarem cursos sobre as varias técnicas geográficas que surgiam na epoca, possibilitando a interação da Geografia nacional com a internacional, com isso o Instituto passou a divulgar os trabalhos dos geógrafos brasileiros internacionalmente. Houve também no Brasil mais um grupo difusor da geografia neopositivista eu foram os geógrafos da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Rio Claro-SP que hoje é um campi da UNESP, onde alguns professores liderados por Cristofoleti estudaram e passaram divulgar inúmeros trabalhos na da corrente neopositivista e eles no foram só assimiladores nem propagadores eles também fermentaram varias das ideias teoricas técnicas quantificantes da geografia que permitiu a fundação da Associação de Geografia Teorética(AGETEO) que foi uma bandeira a favor da quantificação e da geografia neopositivista como um todo, a AGETEO existe até hoje e no encaminhar dessa difusão da nova geografia existe vários geógrafos responsáveis pelo a divulgação da mesma e os mais importantes pertencia a Faculdade de Rio Claro-SP e ao IBGE e foram extremamente importantes na consolidação da Geografia Neopositivista no Brasil.
Considerações a respeito da Geografia Neopositivista no Brasil
José Carlos Godoy CAMARGO, Dante Flávio da Costa REIS JÚNIOR