GEOGRAFIA, ÉTICA AMBIENTAL E ÉTICA PROFISSIONAL
Por Alexandre de Oliveira Gangorra | 02/08/2009 | Ambiental
Boa parte das decisões referentes à questão ambiental ainda hoje decorrem de
uma racionalidade econômica. Mesmo existindo uma legislação ambiental rigorosa
e criteriosa, percebe-se que há dificuldades de implementação da mesma, tendo
em vista uma série de pontos frágeis (dentre os quais a questão ética!)
observados nas instituições públicas responsáveis pela conservação ambiental.
Originária do termo grego "ethos", a ética é entendida com um
conjunto de princípios básicos que visam disciplinar a moral das pessoas e se
baseia na liberdade de se agir de forma correta e consciente. Ela proporciona,
sobretudo, uma orientação para o estabelecimento de um nível de conduta
profissional coerente.
A Ética ambiental, que é definida como uma conduta do ser humano em relação
à natureza, cuja base está na conscientização ambiental e no compromisso
preservacionista que tem por objetivo a proteção da vida global, também é
reflexo da vida em sociedade e está pautada na responsabilidade coletiva.
A partir dessa definição, pode-se fazer uma reflexão da ética ambiental no
âmbito profissional dos Geógrafos, pois o Código de Ética Profissional para o
Geógrafo (Brasília, 06 de novembro de 2002), em seu Art. 8º - sobre os
princípios éticos, diz (parágrafos I e IV):
I - A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos maiores a preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;
VI - A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes natural e construído e da incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores;
Esse profissional deve ter uma ação mais comprometida uma vez que uma série de transformações exigem do geógrafo (que também faz Estudos e Relatórios de Impactos Ambientais) um maior cuidado nos procedimentos éticos de tomadas de decisão.
Cada ação feita ou omitida, em relação ao meio ambiente, causa impactos positivos ou negativos para o futuro da humanidade. Boa parte dessas ações é orientada por uma ética que prioriza as necessidades de um progresso econômico em detrimento do desenvolvimento sustentável. Porém, o desenvolvimento orientado por uma ética ambiental (não apenas antropocêntrica) traz muitos benefícios, como por exemplo, a melhoria da imagem das instituições, a economia de custos decorrentes da redução de desperdícios, entre outros.
O posicionamento do Geógrafo também deve ser o de identificar e compreender que tipo de ética conduziu as ações coletivas do homem no espaço geográfico, em uma sociedade capitalista e de consumo, pois constata-se que boa parte da produção do espaço geográfico atualmente se faz com base nos interesses de grupos privilegiados, que controlam meios de produção de riquezas e exploram um espaço, administrado sob uma conduta ética, as vezes, questionável.
É importante, portanto, o desenvolvimento de uma educação que propicie uma visão abrangente da questão ética ambiental. Uma visão que no lugar do "progresso" e do desenvolvimento a qualquer custo, mostre as inter-relações entre os diferentes aspectos que envolvem a realidade, tais como físicos, humanos, econômicos, sociais, políticos e culturais, visando a melhor qualidade de vida e equilíbrio ecológico.
Em outras palavras, a postura ética de um profissional, comprometida ou não com a questão ética ambiental, também está associada à formação educacional do mesmo.
Professor Alexandre de Oliveira Gangorra
Graduado em Geografia pela UFPE
Especialização em andamento em Perícia e Auditoria Ambiental