GEOGRAFIA E OS MOVIMENTOS SOCIAIS: CONSEQUÊNCIAS PARA A HUMANIDADE

Por Ademir Felix Dalmarco | 14/08/2024 | Geografia

 

LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

 

GEOGRAFIA E OS MOVIMENTOS SOCIAIS: CONSEQUÊNCIAS PARA A HUMANIDADE

Ademir Felix Dalmarco

 

 

RESUMO

 

Os movimentos sociais têm um papel fundamental na transformação do espaço geográfico e nas dinâmicas sociais contemporâneas, influenciando direta e indiretamente a vida das comunidades e a configuração dos territórios. Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre geografia e movimentos sociais, investigando como as lutas sociais moldam e são moldadas pelo espaço geográfico, com o intuito de compreender suas implicações para a humanidade. Para alcançar esse objetivo, será realizada uma revisão da literatura, utilizando como base os trabalhos de diversos autores que abordam essa temática. Serão analisadas suas perspectivas e contribuições para a compreensão das interações entre movimentos sociais e espaço geográfico. A análise dos estudos revelou uma ampla gama de perspectivas e contribuições dos autores, destacando a complexidade das relações entre movimentos sociais e espaço geográfico e suas implicações para a sociedade contemporânea. Os movimentos sociais atuam na transformação do espaço geográfico, promovendo mudanças sociais e políticas que impactam diretamente a vida das pessoas e o futuro da humanidade. A compreensão dessas dinâmicas é essencial para o desenvolvimento de políticas mais inclusivas e sustentáveis.

 

Palavras-chave: Movimentos sociais; Espaço geográfico; Territorialidade.

 

1 INTRODUÇÃO

 

A relação entre geografia e movimentos sociais é um tema de grande relevância dentro dos estudos sociais e geográficos, pois envolve a interação entre as dinâmicas espaciais e as lutas por justiça social e transformação política. No contexto contemporâneo, os movimentos sociais têm desafiado as estruturas de poder estabelecidas e reivindicado mudanças significativas na organização do espaço e na distribuição de recursos. Essa interseção entre geografia e movimentos sociais se torna ainda mais diante dos desafios globais, como as desigualdades socioespaciais, as crises ambientais e as transformações econômicas.

Diante desse contexto, o presente trabalho tem como foco investigar a influência dos movimentos sociais na configuração do espaço geográfico e suas

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consequências para a humanidade. O problema de pesquisa que orienta este estudo consiste em compreender como os movimentos sociais contribuem para a transformação das paisagens urbanas e rurais, bem como para a reconfiguração das relações de poder e exclusão espacial.

Como possíveis respostas para este problema de pesquisa, levanta-se a hipótese de que os movimentos sociais atuam como agentes de mudança na organização do espaço, promovendo práticas alternativas de ocupação e uso do território e reivindicando uma maior justiça social e ambiental. Sugere-se que esses movimentos podem desafiar as estruturas de poder dominantes e contribuir para a construção de uma geografia mais inclusiva e democrática.

O objetivo geral deste trabalho é analisar a relação entre geografia e movimentos sociais, investigando como as lutas sociais influenciam a configuração do espaço geográfico e suas consequências para a humanidade. Como objetivos específicos, pretende-se identificar os principais temas e abordagens teóricas relacionadas a essa temática, analisar estudos de caso que exemplifiquem a atuação dos movimentos sociais na transformação do espaço e discutir o papel da geografia crítica na compreensão das dinâmicas sociais e espaciais contemporâneas.

A relevância deste trabalho acadêmico reside na sua contribuição para o avanço do conhecimento sobre a relação entre geografia e movimentos sociais, oferecendo dados para a compreensão das dinâmicas sociais e espaciais da contemporaneidade. Ao investigar como os movimentos sociais impactam a organização do espaço geográfico, este estudo também pode fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e para a promoção de uma maior justiça social e ambiental.

A metodologia utilizada neste trabalho consistiu principalmente em uma pesquisa bibliográfica, com análise de literatura especializada nas áreas de direito de família. Foram consultados livros, artigos científicos e legislação pertinente para embasar teoricamente as discussões apresentadas.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

 

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2.1 Geografia Crítica e Movimentos Sociais

 

Para Correa, Fernandes, Paini (2010), o ensino da geografia é de suma importância já que estuda a relação do ‘homem e natureza’, e essa relação enfatiza o contexto histórico cultural e social, impulsionando toda uma ciência responsável pela compreensão de processos naturais e históricos.

Concorda Luz Neto (2019), ao afirmar que o ensino de Geografia é primordial, já que os professores de Geografia podem desenvolver a capacidade cognitiva dos alunos de interpretarem as contradições espaciais e de visualizarem possibilidades de transformação da realidade por meio do raciocínio geográfico.

A geografia crítica emerge como uma abordagem teórica que busca compreender as relações entre espaço, poder e sociedade, desafiando as concepções tradicionais de neutralidade e objetividade na análise do espaço geográfico. No contexto dos movimentos sociais, essa perspectiva se mostra fundamental, pois enfatiza a importância das dinâmicas socioespaciais na produção e contestação das desigualdades sociais (CASTILHO, 2017).

Um dos principais conceitos explorados pela geografia crítica é o de espaço de resistência, que se refere aos locais onde ocorrem práticas e discursos que desafiam as estruturas de poder estabelecidas. Esses espaços podem ser tanto físicos, como praças públicas ocupadas por manifestantes, quanto simbólicos, como as redes sociais e os meios de comunicação alternativos que amplificam as vozes dos movimentos sociais. A geografia crítica destaca a importância desses espaços de resistência na construção de identidades coletivas e na articulação de demandas por justiça social e transformação política (SILVA, 2022).

Segundo Santos (2020), um conceito central é o de territorialidade, que se refere às estratégias de apropriação e controle do espaço por parte dos grupos sociais. Os movimentos sociais frequentemente reivindicam o direito à cidade e à terra como formas de resistência e emancipação, buscando transformar as relações de poder que estruturam o espaço urbano e rural. Nesse sentido, a geografia crítica destaca a importância de analisar não apenas a distribuição espacial dos recursos, mas também os processos de produção e contestação do espaço pelos diferentes atores sociais.

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A geografia crítica problematiza as noções tradicionais de neutralidade e objetividade na análise do espaço geográfico, reconhecendo a posição política do pesquisador e sua influência na produção do conhecimento, implica em uma reflexão constante sobre os valores, interesses e preconceitos que permeiam a pesquisa geográfica, buscando uma abordagem mais engajada e comprometida com a transformação social (THOMAZ, 2018).

A geografia crítica oferece ferramentas conceituais e analíticas fundamentais para compreender as dinâmicas socioespaciais dos movimentos sociais, destacando a importância das relações de poder, dos espaços de resistência e da territorialidade na construção de uma geografia mais justa e democrática (SANTOS, 2020).

 

 

Espaço e Poder

 

No contexto dos movimentos sociais, as relações entre espaço e poder tem um papel central na compreensão das dinâmicas de contestação e resistência por parte dos grupos sociais. Essas relações refletem a maneira como o espaço geográfico é utilizado, controlado e disputado pelos diversos atores sociais, refletindo e reproduzindo as desigualdades sociais existentes.

De acordo com Weissbock (2017), uma das teorias fundamentais para analisar essas relações é a da produção do espaço, que destaca como o espaço geográfico não é um mero contêiner passivo, mas sim um produto das relações sociais e das forças políticas e econômicas que atuam sobre ele. Nesse sentido, os movimentos sociais são agentes ativos na produção e transformação do espaço, reivindicando novos usos e significados para determinados lugares e territórios.

A noção de hegemonia e contra-hegemonia, desenvolvida por Antonio Gramsci, também é relevante para compreender as dinâmicas de poder nos movimentos sociais. A hegemonia refere-se à dominação cultural e ideológica exercida pelas classes dominantes sobre as classes subalternas, enquanto a contra-hegemonia diz respeito às estratégias de resistência e contestação desenvolvidas pelos grupos subalternos. No contexto dos movimentos sociais, essas teorias ajudam a elucidar como as lutas por poder e representação se desdobram no

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espaço geográfico, tanto em níveis locais quanto globais (RAMOS; MILANI, 2022).

Para Straforini (2018), as disputas territoriais constituem outro aspecto importante das relações entre espaço e poder nos movimentos sociais. Essas disputas podem envolver questões como o direito à moradia, o acesso aos recursos naturais e a defesa do patrimônio cultural, refletindo as desigualdades socioespaciais e as tensões entre diferentes grupos sociais. A análise dessas disputas territoriais permite compreender como as estratégias de resistência dos movimentos sociais se manifestam no espaço geográfico e como são enfrentadas pelas estruturas de poder estabelecidas.

As relações entre espaço e poder nos movimentos sociais são complexas e multifacetadas, refletindo as dinâmicas sociais, políticas e econômicas que permeiam a sociedade. A análise dessas relações, através de teorias como a produção do espaço, hegemonia e contra-hegemonia, permite uma compreensão mais profunda das estratégias de contestação e resistência desenvolvidas pelos grupos sociais e de como essas estratégias se manifestam e são contestadas nos diferentes contextos geográficos (PAVANI; ANDREIS, 2017).

Destaca-se que os movimentos sociais inauguram novas articulações supranacionais, ate hoje patrimônio exclusivo das classes dominantes. Nesse sentido, destacam o caráter contraditório do processo de globalização, não por seu caráter socialmente excludente, mas sim porque põem em evidencia que a fragilização do Estado e somente uma das vertentes possíveis inscritas nesse processo (PEDON, 2013).

 

 

Movimentos Sociais e Transformação Urbana

 

Os movimentos sociais tem um papel significativo na transformação das paisagens urbanas, influenciando diretamente a configuração do espaço urbano e as políticas urbanas. No contexto das cidades, esses movimentos articulam demandas por moradia digna, transporte acessível, meio ambiente saudável e serviços públicos de qualidade, desafiando as estruturas de poder e buscando construir espaços mais

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justos e democráticos (SOUZA; SANTOS, 2020).

Segundo Nascimento (2017), as demandas por moradia são frequentemente uma das principais pautas dos movimentos sociais urbanos. Diante da especulação imobiliária, do aumento dos preços dos aluguéis e da falta de políticas habitacionais adequadas, muitas comunidades organizam-se para reivindicar o direito à moradia digna. Esses movimentos podem se manifestar através de ocupações de prédios abandonados, protestos nas ruas e negociações com autoridades locais, buscando soluções para a crise habitacional e a garantia do acesso à moradia para todos.

O transporte público também é uma questão central para os movimentos sociais urbanos, especialmente em cidades onde a mobilidade é prejudicada pela falta de investimentos em infraestrutura e pela priorização do transporte individual em detrimento do coletivo. Movimentos por tarifas acessíveis, expansão do transporte público e melhoria das condições de mobilidade são frequentes em diversas partes do mundo, visando garantir o direito de todos os cidadãos à cidade e à circulação urbana digna (STRAFORINI, 2018).

Souza e Santos (2020) ressalta que os movimentos também atuam na defesa do meio ambiente e na promoção de práticas sustentáveis no espaço urbano. A luta contra a poluição, o desmatamento, a degradação dos recursos naturais e a expansão desordenada das cidades é uma preocupação constante desses movimentos, que buscam sensibilizar a população e pressionar as autoridades para a implementação de políticas ambientais mais eficazes e inclusivas.

Os movimentos contribuem para uma análise crítica das políticas urbanas e do planejamento territorial, questionando as decisões tomadas de forma centralizada e sem participação popular. Através da mobilização social e da organização comunitária, esses movimentos buscam democratizar o processo de tomada de decisão, ampliando o acesso à informação, promovendo o diálogo entre diferentes atores e defendendo a gestão participativa e transparente dos recursos públicos (NASCIMENTO, 2017).

Os movimentos sociais atuam na transformação das paisagens urbanas, articulando demandas por moradia, transporte, meio ambiente e serviços públicos e contribuindo para uma análise crítica das políticas urbanas e do planejamento territorial. Suas ações visam construir espaços mais justos, democráticos e

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sustentáveis, onde todos os cidadãos possam viver com dignidade e participar ativamente da vida urbana (WEISSBOCK, 2017).

 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

Os procedimentos metodológicos adotados neste trabalho consistiram em uma pesquisa bibliográfica abrangente e crítica sobre a relação entre geografia e movimentos sociais, com o objetivo de analisar as principais contribuições teóricas e empíricas dentro dessa área de estudo.

Foi realizada uma revisão da literatura existente em periódicos acadêmicos, livros, teses e dissertações relacionadas ao tema, utilizando bases de dados eletrônicas como PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar. A seleção dos trabalhos incluiu critérios de relevância, atualidade e rigor metodológico, visando abranger uma ampla gama de perspectivas teóricas e empíricas sobre a relação entre geografia e movimentos sociais.

Foram identificadas e analisadas as principais abordagens teóricas utilizadas para compreender essa relação, destacando-se a geografia crítica, a teoria social dos movimentos sociais e os estudos sobre espaço e poder. Foram explorados conceitos-chave como espaço de resistência, territorialidade, produção do espaço, hegemonia e contra-hegemonia, visando desenvolver uma compreensão mais profunda das dinâmicas socioespaciais dos movimentos sociais.

Os resultados da pesquisa bibliográfica e da análise dos estudos sintetizados e discutidos à luz dos objetivos propostos neste trabalho, visando construir uma análise crítica e fundamentada sobre a relação entre geografia e movimentos sociais. Essa abordagem metodológica permitiu uma compreensão mais abrangente e aprofundada das dinâmicas socioespaciais dos movimentos sociais, contribuindo para o avanço do conhecimento nessa área de estudo.

 

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

A análise da relação entre geografia e movimentos sociais, considerando autores como Castilho (2017), Silva (2022), Santos (2020), Ramos e Milani (2022), Pavani e Andreis (2017), Thomaz Jr (2018), Straforini (2018), Nascimento (2017),

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Menezes e Cardoso (2017), Bartholl (2018), Fuini (2018), Camacho (2017), Weissbock (2017) e Souza e Santos (2020), revela uma ampla gama de perspectivas e contribuições para compreender como as lutas sociais moldam e são moldadas pelo espaço geográfico, com profundas implicações para a humanidade.

Castilho (2017) destaca a atualidade do pensamento geográfico de Jean Brunhes, oferecendo informações sobre como as dinâmicas sociais contemporâneas podem ser compreendidas à luz de suas ideias. Silva (2022), por sua vez, aborda a relação entre movimentos sociais, ambiente e governança urbana democrática, destacando a importância da participação cidadã na gestão do espaço urbano.

Santos (2020) traz reflexões pertinentes sobre as mulheres e a geografia, evidenciando a necessidade de considerar as questões de gênero na análise das dinâmicas espaciais. Ramos e Milani (2022) discutem a transformação do corpo fora de lugar na geografia contemporânea, explorando como as experiências individuais influenciam e são influenciadas pelo espaço geográfico.

Pavani e Andreis (2017) apresentam um estudo sobre o processo de nucleação e fechamento de escolas no campo, destacando a luta dos movimentos sociais pela Educação do Campo e sua relação com a organização do espaço rural. Thomaz Jr (2018) aborda a geografia do trabalho por inteiro, examinando as transformações no mundo do trabalho e suas repercussões espaciais.

Straforini (2018) discute o ensino de geografia como prática espacial de significação, enfatizando a importância da educação geográfica na formação de cidadãos críticos e engajados. Nascimento (2017) realiza um estudo das disciplinas sobre gênero e sexualidade na formação inicial de professores de geografia, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e diversificada no ensino da disciplina.

Menezes e Cardoso (2017) exploram questões conceituais sobre território e territorialização, analisando como esses conceitos são mobilizados pelos movimentos sociais em suas lutas por reconhecimento e autonomia. Bartholl (2018) defende uma geografia em movimento, que se engaja nas lutas sociais e utiliza a ciência como ferramenta de transformação.

Fuini (2018) examina as mutações do conceito de território na geografia brasileira, destacando as diferentes abordagens teóricas e suas implicações para a

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compreensão das relações sociedade-natureza. Camacho (2017) analisa a relação dos movimentos socioterritoriais camponeses com a universidade, evidenciando os diálogos e tensionamentos presentes nessa interação.

Weissbock (2017) estuda os territórios da cidadania, enfocando os movimentos sociais juvenis no Brasil e sua atuação na construção de espaços de participação e protagonismo. Souza e Santos (2020) abordam a geografia escolar e o ensino das relações étnico-raciais, ressaltando a importância de uma educação antirracista e inclusiva.

Castilho (2017) destaca a atualidade do pensamento geográfico de Jean Brunhes, oferecendo informações sobre como as dinâmicas sociais contemporâneas podem ser compreendidas à luz de suas ideias. Silva (2022) corrobora essa perspectiva ao abordar a relação entre movimentos sociais, ambiente e governança urbana democrática, ressaltando a importância da participação cidadã na gestão do espaço urbano.

Santos (2020) traz reflexões pertinentes sobre as mulheres e a geografia, evidenciando a necessidade de considerar as questões de gênero na análise das dinâmicas espaciais. Ramos e Milani (2022) complementam essa abordagem ao discutir a transformação do corpo fora de lugar na geografia contemporânea, explorando como as experiências individuais influenciam e são influenciadas pelo espaço geográfico.

Pavani e Andreis (2017) apresentam um estudo sobre o processo de nucleação e fechamento de escolas no campo, destacando a luta dos movimentos sociais pela Educação do Campo e sua relação com a organização do espaço rural. Thomaz Jr (2018) contribui para essa discussão ao abordar a geografia do trabalho por inteiro, examinando as transformações no mundo do trabalho e suas repercussões espaciais.

Straforini (2018) discute o ensino de geografia como prática espacial de significação, enfatizando a importância da educação geográfica na formação de cidadãos críticos e engajados. Nascimento (2017) complementa essa visão ao realizar um estudo das disciplinas sobre gênero e sexualidade na formação inicial de professores de geografia, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e diversificada no ensino da disciplina.

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Menezes e Cardoso (2017) exploram questões conceituais sobre território e territorialização, analisando como esses conceitos são mobilizados pelos movimentos sociais em suas lutas por reconhecimento e autonomia. Bartholl (2018) reforça essa perspectiva ao defender uma geografia em movimento, que se engaja nas lutas sociais e utiliza a ciência como ferramenta de transformação.

Fuini (2018) examina as mutações do conceito de território na geografia brasileira, destacando as diferentes abordagens teóricas e suas implicações para a compreensão das relações sociedade-natureza. Camacho (2017) analisa a relação dos movimentos socioterritoriais camponeses com a universidade, evidenciando os diálogos e tensionamentos presentes nessa interação.

Dessa forma, ao considerar as contribuições desses diversos autores, é possível compreender a complexidade das interações entre movimentos sociais e espaço geográfico, bem como suas implicações para a construção de sociedades mais justas, democráticas e sustentáveis.

Esses estudos abordam uma diversidade de temas que refletem a complexidade das interações entre movimentos sociais e espaço geográfico. Desde reflexões sobre a atualidade do pensamento geográfico, passando por análises dos movimentos sociais urbanos e suas demandas por acesso à cidade e a serviços básicos, até discussões sobre gênero, sexualidade, educação do campo, relações étnico-raciais e territorialidade, os autores contribuem para uma compreensão mais completa das dinâmicas sociais e espaciais contemporâneas.

Por meio da análise de estudos de caso, como os apresentados por Pavani e Andreis (2017) e Camacho (2017), é possível observar como os movimentos sociais agem de forma concreta na transformação do espaço geográfico. Esses estudos destacam o papel ativo dos movimentos sociais na reconfiguração das paisagens urbanas e rurais, na luta por direitos básicos e na promoção de uma distribuição mais equitativa de recursos e oportunidades. Dessa forma, evidenciam o potencial transformador desses movimentos na construção de sociedades mais justas e inclusivas.

Essa abordagem multidisciplinar e contextualizada, presente nos trabalhos dos autores mencionados, ressalta a importância de uma visão ampla e integrada para compreender as interações entre movimentos sociais e espaço geográfico. Ao

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considerar não apenas as dimensões políticas e sociais, mas também as dimensões econômicas, culturais e ambientais, esses estudos contribuem para uma compreensão mais holística das dinâmicas sociais e espaciais contemporâneas, oferecendo dados para a promoção do desenvolvimento sustentável e da justiça social.

 

5 Considerações Finais

 

Ao longo desta análise, foi possível observar a riqueza e a diversidade de perspectivas presentes nos estudos sobre a relação entre geografia e movimentos sociais. Os trabalhos examinados oferecem uma ampla gama de informações e contribuições para compreender como as lutas sociais influenciam a configuração do espaço geográfico e suas implicações para a humanidade.

Uma das principais conclusões é a importância de uma abordagem multidisciplinar e contextualizada para compreender as interações entre movimentos sociais e espaço geográfico. Ao considerar não apenas as dimensões políticas e sociais, mas também as dimensões econômicas, culturais e ambientais, os estudos analisados oferecem uma visão mais completa das dinâmicas sociais e espaciais contemporâneas.

A importância da geografia crítica na compreensão das dinâmicas sociais e espaciais contemporâneas é revelada ao enfatizar as relações de poder, a produção do espaço e as lutas sociais como elementos centrais para entender a configuração do espaço geográfico, a geografia crítica oferece uma base teórica para uma análise mais profunda das desigualdades socioespaciais e das estratégias de resistência dos grupos sociais. Diante disso, fica evidente a relevância e a urgência de continuar explorando e aprofundando os estudos sobre a relação entre geografia e movimentos sociais.

 

 

REFERÊNCIAS

BARTHOLL, Timo. Por uma geografia em movimento. A ciência Como Ferramenta de Luta, 2018.

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