GASTRONOMIA COMO PRODUTO TURÍSTICO
Por Zuleide Regis da Costa | 27/09/2012 | Geografia1 INTRODUÇÃO
Cabo Frio, principal pólo turístico da Região dos Lagos, pela beleza de suas praias de águas límpidas e claras, além das dunas que são um espetáculo maravilhoso, ilhas de raras belezas, enseadas, incluindo entre outros atrativos tesouros históricos e arqueológicos que se integram à beleza natural da região. O turismo é uma atividade, que impulsiona o desenvolvimento de uma localidade e foi conceituado de formas diferentes ao longo dos anos. Assim vamos trabalhar em cima de uma nova vocação, o turismo gastronômico. O turismo e a gastronomia são inseparáveis, pois não tem como pensar em turismo, sem prever entre outros itens, a alimentação para curta e longa permanência, onde o viajante não pode abster-se e desta forma, sempre tende experimentar a cozinha local. A gastronomia vem tomando lugar de destaque dentro do setor turístico, uma vez que não apenas oferece alternativas de lazer e entretenimento, como se beneficia do fluxo turístico que se cria em torno de roteiros e destinos. Além disso, a culinária passou a ser tratada como patrimônio cultural e, portanto, capaz de vincular-se a imagens de um país, região ou grupo. A cultura de um país é sem dúvida sua gastronomia, pois, está integrada com a alma de uma povo, seu patrimônio, seus valores, costumes, história, religião, aspectos históricos e geográficos. Dessa forma a cultura de um lugar e sua comida típica estão intimamente ligados. (CORNER, 2003) A gastronomia é um componente importante da oferta de um destino turístico, pois todos os turistas necessitam de se alimentar. Podendo tratar-se da principal motivação ou de uma simples necessidade, a gastronomia pode ter um elevado peso no consumo efetuado pelos turistas. A gastronomia como produto, ou até mesmo um atrativo de uma determinada localidade, é muito importante do ponto de vista turístico, pois apresenta novas possibilidades, na verdade, não tão novas, mas nem sempre bem exploradas, que são as diversas formas de turismo, voltadas para as características gastronômicas de cada região (FURTADO, 2004, p. 99) O ato de se alimentar não é apenas biológico, mas também social e cultural, possui um significado simbólico para cada sociedade, e para cada cultura. É fator de diferenciação cultural, uma vez que a identidade é comunicada pelas pessoas através dos alimentos, que refletem as preferências, as aversões, identificações e discriminações. Através da alimentação é possível, visualizar e sentir tradições que não são ditas. A alimentação é também memória, opera muito fortemente no imaginário de cada pessoa: e está associado aos sentidos: o odor, a visão, o sabor e até a audição. Destaca as diferenças as semelhanças, as crenças e a classe social a que se pertence, por carregar as marcas da cultura. 1.1 A Gastronomia como Produto Turístico Para analisarmos essas possibilidades, é preciso entender o porque dessas características diferentes, o porque cada comunidade, localidade ou mesmo grupos populacionais próximos, têm características gastronômicas diferentes, retornando até a satisfação alimentar do ser humano, apenas como necessidade de sobrevivência e sua, posterior, evolução para chegar às diferenças atuais, aos rituais de integração e prazer que a gastronomia nos proporciona, sendo até uma “válvula” de escape para o stress da vida urbana. O que se pode verificar é que essa (r)evolução é recente, sendo uma característica das sociedades urbanas, que foram modificando o espaço natural e se reconstruindo, ignorando com isso a evolução natural e passando a ter uma alimentação conveniente a seu espaço, sua cultura e principalmente à sua rotina. É possível notar, que o ser humano tinha um tipo de alimentação em seus primórdios e essa foi evoluindo, ou modificando-se, de acordo com a própria evolução humana e do espaço em que está inserido, passando a ser um elemento simbólico e não apenas de subsistência. Existem também casos, de populações próximas, inseridas em um mesmo ambiente natural, expostas ao mesmo tipo de clima e que estariam propícias a terem as mesmas culturas alimentares, cultivando os mesmos grãos, mas que passam a ter costumes diferentes. O que prova que o homem alimenta-se de acordo com a sociedade a que pertence. Esse tipo de característica humana, na maioria das vezes, não leva em conta as qualidades nutricionais dos alimentos e sim as características culturais, religiosas e tradições. As exceções são em relação à alimentação infantil, onde, normalmente, a questão nutricional é levada em conta e só posteriormente a essa fase a pessoa é inserida na cultura local, sendo isso repetido através das gerações. A quebra dessa rotina se dá quando se consomem alimentos característicos de outras culturas, e porque isso acontece? Pode ser por curiosidade, monotonia, entre outras razões. A familiaridade com determinada alimentação é confortadora, e essa quebra de rotina, normalmente, acontece através de algum evento social, que pode ser uma festa, um encontro, uma viagem. Chegando a esse ponto e possível analisar as razões que levam o homem a experimentar alimentos culturais. A começar por ser dado como certo, que a gastronomia estar ligada ao prazer, dessa forma, o homem sente curiosidade de conhecer novas culturas, sendo uma das formas para isso a alimentação típica dessas culturas, com isso saciando seu prazer. Além disso, ao conhecer novas culturas, alimentos e sabores, o homem tem a necessidade que esse momento seja um evento especial, como se fosse um ritual de prazer, ou seja, o mesmo alimento, saboreado sozinho (sem outras pessoas), não teria o mesmo sabor, ou não proporcionaria o mesmo prazer. Isso mostra a importância dos rituais gastronômicos para o ser humano, são novas descobertas. Com a globalização, essas trocas de experiências ficaram mais fáceis, já é possível conhecer quaisquer alimentos, de todas as culturas, sem precisar conhecer às suas respectivas localidades, está quase tudo a alcance da mão. Mas só conhecer os alimentos, sem conhecer o local e sua cultura, para muitos, não é o bastante, é a partir daí que o turismo gastronômico passa a ser um diferencial e abre um grande leque de possibilidades. As pessoas buscam novos conhecimentos, querem experimentar novos sabores, vivenciar outras culturas e a gastronomia pode ser o motivo principal, ou o inicial, para se conhecer determinado local. Por exemplo, ir a uma festa típica, como a Oktoberfest, e experimentar comidas típicas alemãs, a festa e a localidade têm as suas atrações, mas a comida pode ser o diferencial para a escolha desse local, a partir daí temos diversos exemplos 2 OBJETIVOS Redescobrir a gastronomia do centro da cidade de Cabo Frio através dos sentidos: ver, ouvir, provas e sentir, além identificar e analisar a representatividade da gastronomia do local para o turismo Indicar ações de marketing turístico para a gastronomia como divulgação em roteiros turísticos Valorizar a cozinha regional e suas especificidades 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A proposta inicial foi delimitar a área do centro da cidade de Cabo Frio, onde está inserido o universo de estabelecimentos gastronômicos. Os dados obtidos para a pesquisa foram através de estudo de caso, de caráter exploratório, bibliográfico. Resultando assim inúmeras visitas ao Boulevard Canal, onde tivemos conversas informais com proprietários, funcionários e clientes de diversos estabelecimentos gastronômicos, assim, como a cobertura fotográfica, além de pesquisas em sites da cidade de Cabo Frio, leitura de artigos relacionados e obras publicadas. 4 RESULTADOS Justificamos o turismo na cidade de Cabo Frio, focalizando a importância da gastronomia dentro do setor turístico, num primeiro instante. No seguimento abordamos a gastronomia de Cabo Frio e sua repercussão em escala turística, suas características, e finalizando a pesquisa apresentamos o universo dos estabelecimentos gastronômicos da área, os critérios de seleção, os fatores de atração e um breve comentário sobre sua elaboração. Através desta pesquisa, constatou-se que vários problemas inviabilizam esta proposta, tais como: Conscientização dos proprietários dos estabelecimentos, sobre o potencial turístico; Necessidade de oferecer variedade gastronômica, como atrativo para o turismo; A importância da divulgação na mídia; A dificuldade em atender uma demanda maior que a pretendida. Além desse agravante, percebemos o qual carente de opões, o centro gastronômico de Cabo Frio está pautado, embora a quantidade de estabelecimentos seja significante, as variações não são representativas 5 PROPOSTA A fim de viabilizar os problemas encontrados nossa proposta é: - Alavancar a propaganda através da mídia, eletrônica e impressa, em revistas especializadas, aliando a comida regional à valorização da natureza como um dos canais para aumentar a visitação. - Contratar pessoal temporário, qualificado, nos períodos de maior demanda para garantir a boa qualidade no atendimento e evitando a ociosidade nos períodos de baixa. - Conscientizar os proprietários dos estabelecimentos encontrados, sobre a gestão e a dinamização em relação ao potencial turístico, propondo uma Associação dos Estabelecimentos Gastronômicos onde pudessem unificar as forças já existentes, formando um roteiro gastronômico. - Necessidade de oferecer variedade gastronômica, como atrativo para o destino turismo, como fator de competitividade, diferenciando-o de outros destinos concorrentes tendo como característica, pratos estritamente locais, criando novas receitas, buscando novos sabores, pois a valorização das especificidades da cozinha local e imprescindível para dinamizar o mercado gastronômico. - Criar vínculos entre os estabelecimentos de estudos com o intuito de um maior acesso entre a qualificação dos funcionários, através de realização de oficinas de capacitação profissional na área de Gastronomia em Cabo Frio. - Incentivar de forma relevante as festas típicas na cidade, (como a já conhecida festa gastronômica do camarão, realizada na Praia do Siqueira; do Marisco no Bairro Peró) dentro de um calendário programado, mobilizando o comércio local, dando estrutura e suporte, de forma a atrair um público alvo, que alavanque a economia da cidade. - Propiciar maiores alternativas, abrindo novos estabelecimentos, para grupos seletos e apreciadores de uma culinária exótica, com um diferencial que só é encontrado cidade de Cabo Frio 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos que a gastronomia é muito importante e relevante para o turismo e possibilita inúmeras oportunidades para todos aqueles que souberem explorar esse nicho de mercado, direta ou indiretamente. Os exemplos citados mostram que a gastronomia como produto turístico é um importante motivador e mesmo quando não é o motivo e/ou elemento principal, sempre estará inserida no contexto e terá o seu papel de destaque num evento turístico, como uma viagem, passeio, feira, ou reuniões. Diante do que foi apresentado, concordamos que a prática de um planejamento eficaz, com abordagens claras e tenacidade nos objetivos levaria a um absoluto sucesso no que se trata de representatividade gastronômica como produto turístico da cidade de Cabo Frio.