Ganhei uma sombrinha!

Por Carlos José Esteves Gondim | 14/08/2018 | Crônicas

Estava me preparando pra partir de volta no Triciclo Feliz da porta de um cartório na av. Pedro Miranda, Belém, Pará, quando fui abordado por uma jovem com uma sombrinha:
-- Tio! Tiiiooo!!! O senhor quer esta sombrinha?-- Falou ela, mostrando uma sombrinha, daquelas que se fecham toda para serem guardadas na bolsa, na mochila, etc. Claro, made in China!
Olhei pra ela surpreso e antes de dar a minha resposta, perguntei:
-- Estás me dando ou me vendendo?
-- Estou lhes dando.
-- Mas por que queres me dar? -- Retruquei, apressadamente.
-- É que ela está fedendo! -- Falou, já querendo se desfazer do objeto.
Eu, sem receio de confirmar a afirmação da jovem, aproximei cuidadosamente a sombrinha, que à essa altura já estava fechada, mas ainda na mão da jovem e tasquei um cheiro narigal! Não senti nada! Não exalou nenhum odor, quer seja de cocô, xixi, vômito ou outra coisa do gênero. Percebi que o objeto estava em perfeita condição de uso e cheirabilidade!
-- Aceito! -- Respondi , agora já segurando a sombrinha definitivamente.
Sentei no banco do Triciclo Feliz e quando procurei a jovem, ela já tinha sumido! Suponho que entrara no mesmo cartório.
Guardei a sombrinha na cesta e fui embora para casa.
          Ao chegar, ainda na entrada do prédio, comentei com um dos funcionários do condomínio, o fato acontecido há pouco. Ele me falou que esse gesto é comum, especialmente nas portas de casas de shows e festas. Que a pessoa, especialmente a mulher jovem, ao chegar de sombrinha, vai à entregando ao próprio mototaxista que à transportou, entra e some!
Tentei analisar a situação. Não cheguei a nenhuma conclusão. Porém, uma que suponho, faça certo sentido: Será por vergonha? Uma jovem andar com uma sombrinha na rua ou entrar em um ambiente portando uma, é encarado como uma postura arcaica, antiga, ou velha? Francamente não sei a resposta. Só sei que a sobrinha que ganhei passou a integrar os equipamentos de proteção e comodidade do Triciclo Feliz, contra as chuvas e o sol escaldante do cotidiano belenense.
Obrigado jovem!

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