Furioso
Por caio fonseca | 02/10/2007 | ContosFurioso
POR
Caio Fonseca
Um homem pode ter a vida que for, mas um dia ele pode ter um desgaste mental que possa provocar um ataque de fúria, uma ira tão incontrolável que é difícil ser contida, mas vamos aos fatos.
Tudo aconteceu numa segunda-feira, pela manhã, um trabalhador normal vai para seu emprego, ao chegar no local de trabalho, seu chefe o recebe de forma inusitada, o enchendo de elogios, ele fica pasmo, pois durante anos de trabalho e luta, nunca havia sido nem cumprimentado pelo mesmo, ele percebeu que alguma coisa estava pra acontecer.
Na hora de ir embora ele é chamado para ir ao departamento pessoal, onde já estão suas coisas, prontas dentro de uma caixa de papelão e o funcionário já com suas contas em mãos, ele fica parado diante do ex-colega de empresa, sem acreditar no que estava acontecendo, e sai pela porta de cabeça baixa sem dizer uma palavra.
Dirige quase a noite toda, tentando entender o que havia acontecido para ele ser demitido sem justificativa alguma, quando chega em casa finalmente, sua mulher percebe seu rosto pálido e suado e com uma voz calma pergunta o que houve com ele,
Porque está chegando essa hora e coisas desse tipo.
Seu filho está olhando por entre as escadas, quando ele grita desesperado "e agora", sua mulher tenta consolar, mas não tem efeito, ele diz para a mulher ir dormir com o filho, vai até a garagem e procura numa velha caixa de ferramentas um pé de cabra, coloca dentro de seu carro, volta até a cozinha para pegar a chave do carro e vê a foto de sua família e chora calado.
Entra no carro e começa uma jornada inconsciente, a procura de justiça com as próprias mãos, seu olhar meteria medo até no maior dos criminosos e ele continua na estrada as duas da manhã, quando está perto de um bairro de classe media alta ele estaciona o veiculo e sai andando.
De longe ele vê a casa de seu ex-patrão, numa investida de sorte ele consegue burlar a segurança e pula o muro da residência, no caminho da casa, de longe em uma das janelas ele observa o seu algoz, com a esposa na cama, ele entra na casa pela porta dos fundos e uma luz no corredor se acende, ele olha fixamente, pensando se realmente é isso que ele quer fazer, mas logo ele pensa nos anos de trabalho duro e se decide, para infortúnio de seu ex-patrão.
Cuidadosamente ele espera a luz se apagar, corta todas as linhas telefônicas da casa e tranca todas as portas, quebra as câmeras de segurança, um dos vigilantes percebe que as câmeras não funcionam, e passa um radio para um colega, que por sua vez se preocupa de verdade com a situação, então numa sobriedade intrigante o ex-funcionário acorda toda família aos berros, quando o dono da casa se acorda vê o homem mais furioso que ele já havia visto em toda sua vida empunhando um pé de cabra e dos grandes, ali sua vida começou a passar diante dos seus olhos como um raio.
O homem disse que iria matar apenas ele, pois ele não sabia o que tinha feito para ser tão humilhado depois de ter trabalhado tanto na vida, para nada, logo não teria como sustentar sua família, e agora, dizia o homem com lagrimas de fúria nos olhos.
O dono da casa diz para ele não cometer uma loucura e com medo da situação ali presente, prometera o emprego de volta, mas o homem já não acreditava mais em nada, nem em seu futuro, morto ou na cadeia já não fazia diferença para ele.
Ele só queria uma coisa, bater e bater até estourar os miolos do capitalista que o desacreditou da vida, a policia já tinha cercado toda a casa, até a mulher do desempregado lunático foi chamada pra tentar convencer nas negociações de rendição.
E então o inesperado acontece, o lunático escuta a voz de seu único filho pelo megafone da policia, pedindo para o pai voltar para casa, distraído no momento de emoção, o dono da casa abre devagar uma gaveta do móvel ao lado da cama, e saca um revolver e dispara contra o invasor, mas não acerta e então começam os problemas de verdade, o lunático consegue desarmar o sujeito com um golpe violento no braço, quebra o membro na mesma hora, aos gritos o dono da casa pede ajuda em companhia da esposa amedrontada, o homem louco estava fora de controle, não ouvia mais nada, nem o apelo emocionado da própria família.
E implorando o dono da casa pede para ele não fazer nada, e cada vez que pede e implora leva golpes muito dolorosos na cabeça, já muito ensangüentado e sem alguns dentes ele sussurra, alguns policiais conseguem entrar na casa, ao perceber o movimento o louco investe mortalmente contra o ex-patrão empalando o objeto de metal pela garganta, logo empunha o revolver caído no chão do quarto, apontando para a própria boca ele se olha perante o espelho, e vê a cena mais bizarra que alguém pode ver, consegue enxergar seu cérebro saindo da cabeça no momento do disparo.
A empresa que o suicida trabalhava hoje paga pensão para viúva,a esposa do ex-patrão enlouqueceu e vive a base de sedativos, os filhos de ambos são policiais.