Fundamentação Ontológica e Personalista da Sociedade na Visão de Lourenço Flaviano Kambalu

Por Fidel Jaime Jorge | 22/05/2018 | Filosofia

Resumo:

Este artigo apresenta a concepção de Lourenço Kambalu sobre a sociedade.
Na visão deste filósofo angolano, a sociedade deve ser entendida qualitativamente, isto é, numa perspectiva ontológica e personalista, contrariamente às ideias que a definem como a simples soma de indivíduos que trabalham para o bem comum.
Palavras-chave: sociedade, personalista, ontologia, Kambalu.

1. Considerações Iniciais

O século XX é marcado por um conjunto de acontecimentos inauditos que mudaram drasticamente o curso das sociedades humanas e, perverteram profundamente a compreensão da verdade, ao ponto de, tomar-se por verdadeiro o falso, por substancial o acidental, por espiritual o efémero, e continuamente, até reduzir-se a própria sociedade à mera materialidade e a pessoa humana, a simples objecto.
Diante deste panorama desolador, Lourenço Flaviano Kambalu repensa a sociedade a partir da sua essência, não a sociedade empírica, acessível sensorialmente e imediatamente, nem tão pouco uma sociedade particular (a angolana por exemplo), tal como fê-lo, Imbamba (2010), antes pelo contrário, repensa e propõe uma abordagem ontológica e personalista da sociedade enquanto sociedade, inspirada em Pietro Pavan.
A escolha deste tema interessou-nos particularmente, porque, para mitigarmos os grandes problemas que enfrentamos hoje, é imprescindível uma profunda reflexão sobre os fundamentos da própria sociedade. Parece que a sociedade é um dado óbvio para a sociologia, devendo-se apenas estudar as suas tipologias, porém, isso não é verdade. A sociedade é um problema filosófico perene.
A nossa pergunta de partida é exactamente esta: Como se fundamenta a sociedade na filosofia de Kambalu?
A sociedade não deve ser entendida como simples conglomerado de pessoas que acidentalmente partilham interesses comuns, à imagem de um conjunto de adeptos num estádio de futebol apoiando a mesma equipa. Sociedade não se define pela quantidade e espontaneidade, mas essencialmente pela qualidade e substancialidade. É esta perspectiva que constitui a razão suficiente de termos escolhido este tema.
Nesta pesquisa temos como objectivo geral, compreender a abordagem do filósofo Kambalu sobre os fundamentos da sociedade, no capítulo segundo do seu livro: “A Democracia Personalista – Os Fundamentos Onto-antropológicos da Política à Luz de Pietro Pavan”. Outras abordagens do autor que não estejam ligadas directamente ao tema, não serão tratadas neste artigo.
Subordinados ao desiderato acima apresentado, pretendemos igualmente: perceber como Kambalu descreve a sociedade e; analisar os princípios que a estruturam.
Como não é possível atingir fins, abstendo-se dos meios, durante a pesquisa optamos pelo método qualitativo, consubstanciado numa pesquisa, bibliográfica, analítica, interpretativa e crítica. Dito de outra forma, lemos, analisamos, interpretamos e finalmente, fizemos um uso autônomo da nossa razão.
Estruturamos o nosso artigo em 6 (seis) pontos fundamentais, nomeadamente:
1. Considerações Iniciais; 2. Como se define a sociedade? 3. Perspectiva onto-personalista da sociedade; 4. Princípios estruturantes da Sociedade; 5. Crítica ao Pensamento de Kambalu; 6. Considerações finais, e bibliografia.
Tendo sido feita a apresentação e a visão macroscópica do trabalho, passemos, portanto, ao estudo microscópico dos respectivos subtemas que o constituem.

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