FRUTOS, AMARGOS FRUTOS

Por Cilas Emilio de Oliveira | 29/03/2014 | Crônicas

FRUTOS, AMARGOS FRUTOS

                                                                                                                       

                 Nossa sociedade colhe os resultados de um sistema psico-pedagógico insano, o qual contemplou a aposentadoria do relho e da palmatória. Pesquisas revelam o quadro assustador de menores que não obedecem a seus pais, não param em casa, muito menos querem algo com o estudo e o trabalho. Se bem que o trabalho de menores nesta terra de Cabral passou a ser considerado afronta à dignidade humana, caso de polícia até! O melhor que os filhos fazem é freqüentar os antros de jogos eletrônicos, e as más companhias que os induzem às drogas. Em decorrência da aplicação de novas técnicas de ensino e de normas familiares da modernidade, os pais perderam a autoridade ante os filhos. Estes, pelo status que ganharam de mão beijada, não se submetem à pouca autoridade que sobrou. Por sua vez, os pais “amoleceram”, como temendo o jugo pesado da lei. Com razão! Se insistirem em recorrer às formas do passado, seus nomes serão colocados em destaque no rol dos infratores.

Lembramos do nosso tempo de criança, quando éramos instados a trabalhar para fazer jus ao que comíamos, ao que vestíamos e ao teto sob o qual nos abrigávamos.  Sentíamos a dureza do trabalho de sol a sol, mas nem por isso crescemos frustrados, inibidos, nem com traumas irrecuperáveis.  Se temos hoje um comportamento digno de nota, devemos a nossos pais que nos fizeram cidadãos sob a égide de um cristianismo puro, daquele cristianismo que coloca a responsabilidade do ser humano sob seus ombros, bem como sua condição responsável perante Deus. Não o “cristianismo” que retira do indivíduo sua responsabilidade, passando a outros o encargo de leva-lo a bom termo junto ao divino Ser quando o homem deixa este mundo.

Se bem nos lembramos, nesse tempo ainda não havia a moderna didática, o modernismo imposto à docência, que hoje aufere ao aluno um tremendo status, que lhe dá direitos sem deveres. Desgraçado do professor que tocar num aluno!  Sua carreira sofrerá os reveses do castigo por tentar aplicar o corretivo na hora oportuna. Graças a esta poda na educação os frutos da imposição de normas estúpidas, engendradas pelos tecnocratas do saber, estão transformando a sociedade na detentora de cifras alarmantes no campo da marginalidade. Quase metade do contingente escolar sai sem um mínimo de conhecimento do que seja instrução fundamental. Parte da outra metade permeia nos labirintos da irresponsabilidade, sendo presa fácil de traficantes e marginais. Somem-se a isto a degradação familiar com as permissividades que a modernidade apresenta. Neste patamar o pecado tornou-se legalizado em formas de uniões ilícitas.

O horrendo quadro que se descortina no cenário da vida, tem por geratriz as normas empregadas ao longo de pouco mais de duas décadas. Estas “diretrizes” não apenas deram aos educandos uma posição cômoda, ainda de quebra retiraram dos pais o que de melhor poderiam fazer por seus filhos: a educação nos moldes bíblicos: “Poupe a vara e estrague a criança”. Isso, contudo, não lhes dá o direito de atentar contra a integridade físico-moral da criança e do adolescente.  O que está em jogo é a forma sob a qual se aplica uma resolução, que deu mostras de que não há eficácia em seus postulados. Ao contrário, os inúmeros pontos negativos falam por si mesmos.

Uma das normas da moderna ciência escolar é não deixar o aluno na repetência. O pobre do mestre é obrigado a passar o aluno de ano, sem que este esteja em condição. Caso contrário sofrerá as conseqüências de seus atos. Como se não bastasse esse quadro desalentador, ainda por cima os meios de comunicação destroem o pouco que o professor conseguiu passar à classe.  A televisão tem sido a maior assassina de nossa herança lítero-cultural. Pobre do nosso Português! A tendência, com o passar do tempo, é ver a juventude descambar para o caos social. Como os valores que respondem pela virtude, pela moral e pela razão são desprezados, não se deve estranhar se as barbáries da Idade Média nos presentearem com suas manifestações animalescas.  Criminalidade que avança; corrupção – a escola dos políticos e colarinhos brancos - que ensina a sociedade a se mirar em seus exemplos. Que nos reserva o futuro?