FRANCESCO BRUNOCILLA, artista italiano com alma artística brasileira

Por RICARDO V. BARRADAS | 28/09/2008 | Arte

Francesco Brunocilla ( 1948 )

Nasceu em Luzzi ,uma pequena comuna italiana da Região da Calábria com pouco mais de 10.000 habitantes, que se estende por uma área de 77 Km.
Terra dadivosa de grandes expoentes da história universal. Berço natal de Pitágoras que tantos legados nos deixou na arte da Matemática e da Filosofia como também de Mattia Preti , grande mestre pintor do movimento barroco italiano do século XV e de Tommaso Campanella, incontestavelmente o maior poeta italiano do século XVII.
De lá também vem Brunocilla , para morar no Brasil juntamente com a família, com apenas um ano de idade. Inicialmente escolheram o tradicional bairro carioca de Santa Teresa, localidade prodigiosa onde intelectuais e artistas internacionais como Maria Helena Vieira da Silva, Arpad e Djanira da Mota e Silva tiveram por muito tempo, seus ateliers.
O ofício da Arte como virtude, despontou no jovem italiano muito cedo. Mas foi aos onze anos de idade que começou com mais dedicação a desenhar e a pintar.
Iniciou seus estudos acadêmicos na Escola Panamericana de Arte do Rio de Janeiro. Posteriormente na Sociedade Brasileira de Belas Artes que se localiza num Corredor Cultural, no centro da cidade do Rio de Janeiro - Brasil, foi aluno, mestre e jurado.
Desde então, iniciou uma brilhante carreira nas artes plásticas tendo recebido importantes premiações, medalhas e honras no âmbito das Belas Artes brasileira e internacional.
Eu particularmente, não acredito que a arte mude a sociedade e seu tempo. Acredito sim, que as obras primas de certos artistas privilegiados , seja por suas temáticas por suas cores ou luzes transformem a alma provocando novas emoções em cada espectador.
E assim, como pessoas renovadas podem modificar a sociedade. Abrilhantar-nos com suas idéias tornando-a mais justa e mais próxima de tudo de bom que era rogado originalmente a nós por nosso Criador.
A exemplo de Grandes Nomes da Arte no Brasil, como Eliseu Visconti, Alfredo Andersen e Giovanni Battista Castagneto, estrangeiros de nascimento que tomaram o Brasil como a verdadeira terra natal , Brunocilla vê sua arte acolhida e celebrada como uma das mais importantes e conceituadas manifestações artísticas brasileiras de seu tempo.
Neste clima dadivoso de tantas cores e cantos, o artista toma posse do solo fértil e variado, para modelar delicadamente uma inigualável e boa obra de arte. Ele com muita sensibilidade e uma palheta original, em atenta percepção, retrata a natureza justa do homem comum, dos meninos, meninas e mulheres. Dos trabalhadores rurais, urbanos e dos pescadores. Personagens simples dos cotidianos, e importantes nas historias familiares de cada um, da vida de todos os lugares do mundo. Capta com sua arte os ciclos da terra, o semear, o plantar e o colher. As paisagens bucólicas que tanto podem ser do Brasil, de Portugal ou de qualquer outro lugar do mundo. A emoção pujante de atos que conduzem à uma alegria constante dentro do milagre da vida.
O dia a dia de cada um de nós, nosso legado, nosso cotidiano mais comum, puro e poético.

Os simples são também poéticos na mais fina essência como mostrou o Grande Poeta da Lingua Portuguesa nos versos a seguir :

“Abrigo a mesma crença e guardo o mesmo ideal.
O horizonte é infinito e o olhar humano é estreito:
Creio que Deus é eterno e que a alma é imortal.”

Aos Simples - Antologia para Juventude, Guerra Junqueiro.
Lello&Irmão,editores - Porto - 1950.

Assim como na poesia verdadeira o caminho das palavras mais fortes, é simples e preciso, o verdadeiro artista a cada pincelada curta e correta, consegue expressar a vida, a luz e a cor. E por este feito, ele e sua obra, tornam-se eternos, atuais e imortais.
Esta é a Verdadeira Magia encontrada nas obras realizadas por Francesco Brunocilla.
A força da luz parece sair de dentro de cada quadro. É simples e ao mesmo tempo enigmático. Sua pintura com cores vivas e luminosas, renasce diferente a cada novo ângulo de visão do mais crítico espectador.
Como se a pintura estivesse magicamente viva e seus elementos imortalizados em cada quadro, como se mudassem de lugar e de posição a cada novo amanhã.
Os trabalhos do artista renovam-se dentro de si mesmo, refletidos a cada nova luz e a cada meia luz. Mesmo na penumbra, as apagadas silhuetas se acendem iluminando o lugar em que estão, com força, luz e calor.
Qualquer um de seus trabalhos são resultado de caprichado esforço e atenção. E quando os adquirimos, silenciosamente percebemos isto. Por conta deste feito, parece ser que levamos um pedacinho da vida para nossa casa, para nosso trabalho, para nossos dias. Como se a imortalidade passasse a ser nossa aliada.

A vida nada mais é que o corriqueiro movimento de nossas particularidades e das universalidades do mundo. E se podemos aprisionar o movimento das nossas recordações mais frágeis; dos nossos melhores momentos; das lembranças mais caras; das cenas simples de nossas vidas; de nosso ser comum, dentro dos limites infinitos de uma tela, em comunhão perfeita com um grande artista e com sua obra, por que não fazê-lo ?
Infelizes daqueles que não o fazem quando têm uma oportunidade exata de levarem a própria vida para dentro de nosso acaso.
Afinal vivemos dias muito rápidos, uma época muito acelerada, onde o sublime e o verdadeiro passam a ser cada vez mais raro e caro.

O amanhã, sem percebermos já é agora.

O artista a cada obra, convida-nos à esta oportunidade.
O Grande Mestre da pintura Francesco Brunocilla, nos dá uma verdadeira oportunidade com suas maravilhosas obras, sempre maduras, simples e luminosas. Na obediência exata da Trilogia da Harmonia da Beleza Universal, de todos os lugares, de todas as vidas, a qualquer tempo:

Ontem, hoje e sempre.

Brasil, Rio de Janeiro, agosto de 2007.

Ricardo Barradas
Marchand, Curador e Avaliador de Arte