Fracasso escolar: de quem é a culpa?

Por Audrei A. Motta | 12/11/2011 | Educação

Introdução

O fracasso escolar aparece entre os problemas mais discutidos e estudados do sistema educacional, várias pesquisas foram realizadas, buscando identificar as causas e as soluções para a situação ora vivenciada. Segundo ALAM (2009), “O fracasso escolar não tem uma única causa, mas um conjunto de fatores que concorrem para que tal situação ocorra”. Por isso à necessidade de analisá-lo de forma mais ampla, considerando-o como peça resultante de muitas variáveis, tais como: problema mental, neurológico, motor, social, afetivo, desigualdades sociais, políticas, raciais etc.

A pesquisa desenvolveu-se baseada numa abordagem qualitativa- interpretativa uma vez que trabalhou com sujeitos e espaços que não permitem a simples quantificação de dados, mas a interpretação e compreensão dos fatos e a dinâmica das relações sociais e desenvolveu-se em duas escolas de rede estadual de ensino do município de Guarapuava-PR.

Este artigo é apresentado em 4 partes. A primeira constitui-se de uma reflexão sobre a importância da família frente o insucesso escolar. A segunda refere-se às influências que a sociedade promove para o surgimento e a permanência do fracasso escolar, e a terceira, aborda o papel da escola diante do tema em questão. Ao final do trabalho serão expostos os relatos dos profissionais quando indagados a respeito das causas, estratégias de ensino e dificuldades enfrentadas diante do fracasso escolar. Assim este artigo foi elaborado com o objetivo de contribuir, mesmo que minimamente para um melhor entendimento, reflexões que promovam a transformação ou aprimoramento das práticas pedagógicas, interação família-aluno buscando uma possível reversão dos altos índices de fracasso escolar.

 

1 - FRACASSO ESCOLAR E A FAMÍLIA

Para desenvolver-se de maneira adequada os aspectos biológicos, motores, fisiológicos e também psicológicos, a criança necessita da intervenção e mediação dos pais.  A mediação entre a criança e a realidade social se dá, na maioria das vezes, pela vivencia familiar. A tarefa de educar a criança é, pois, primeiramente da família. Desta maneira, é necessário que haja bons vínculos familiares, para o bom desenvolvimento da pessoa. 

De acordo com Barone (apud OLIVEIRA, 2003), na família, a mãe é a mediadora entre a criança e o mundo. A criança, ao nascer, diferentemente dos animais, não consegue sobreviver sozinha. Ela necessita, desde o primeiro instante da mediação de outra pessoa para auxiliá-la a satisfazer suas necessidades. Tal mediação se dá primeiramente, e mais diretamente, pela mãe e, em seguida, pela cultura que a cerca e que compreende através da linguagem e do conhecimento.

A família é a mediadora entre a criança e a realidade externa e esta é uma realidade essencial na criação das bases para que a criança tenha um desenvolvimento mental saudável. O afeto familiar produz um clima emocional para que o desenvolvimento da criança seja favorável em todos os seus aspectos. Para Winnicott (2005), a criança necessita dessa troca de afeto para ter bom desenvolvimento.

As crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família. Sabe-se que a família é a base para qualquer ser, não se refere aqui somente família de sangue, mas também famílias construídas através de laços de afeto. Família, no sentido mais amplo, é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de modo mais adequado.

É no âmbito familiar que a criança desenvolve suas habilidades, valores e comportamento sociais que irá auxiliá-la em sua adaptação a sociedade em que está inserida.

Atualmente, os pais devem estar cada vez mais atentos aos filhos, ao que eles falam, o que eles fazem, as suas atitudes e comportamentos. Eles se comunicam conosco de várias formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu afastamento, recolhimento, choro, silêncio. Outras vezes, grito, zanga por pouca coisa, fugas, notas baixas na escola, mudanças na maneira de se vestir, nos gestos e atitudes. Os pais devem perceber os filhos. Muitas vezes, através do comportamento, estão querendo dizer alguma coisa aos pais. E estes, na correria do dia-a-dia, nem prestam atenção àqueles pequenos detalhes.

É inegável o importante papel que a família desempenha no processo de aprendizagem, tendo em vista que se constitui como elemento mediador entre a criança e a sociedade. Segundo Marques (2006) “nasce à criança necessitada de inserir-se humano genérico, de indivíduo aculturado e de sujeito singular”.

Reforçamos aqui a necessidade de se estudar a relação família/escola, onde o educador procura considerar o educando, não perdendo de vista a globalidade da pessoa, percebendo que, a criança, quando ingressa no sistema escolar, não deixa de ser filho, irmão, amigo, etc. A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola e se evite ou minimize o fracasso escolar desses indivíduos.

1.2 - fracasso escolar x sociedade

Alguns autores acreditam que a maior causa do fracasso escolar é a sociedade. Seguindo este raciocínio Costa complementa:

 

“A causa do fracasso passa, assim, a ser situada na própria criança que de vítima se transforma em réu. Dizemos vítima porque, segundo este ponto de vista, esquecemos de considerar que esta criança sofre as conseqüências de um sistema social e educacional perverso, que não lhe oferece as condições necessárias para se apropriar do conhecimento dito formal, cientifico ou padronizado (ou seja, o conhecimento que a escola objetiva transmitir).” (COSTA, 2003)

 

Isto ocorre pelo fato da sociedade impor cada vez mais uma formação profissional dos indivíduos buscando a competência a qualquer custo e assim vitimizando a criança que passa a estudar durante grande parte de seu dia, indo da escola para o curso de inglês, de computação, de natação, ballet, e etc. deixando o “brincar” de lado. A partir da década de 50 a causa para o problema “fracasso escolar” passa a ter outro foco, que foi atribuído ao meio sócio-familiar onde à criança esta inserida o que a colocaria em condições favoráveis ou não para a aprendizagem. Mas infelizmente ainda hoje é possível perceber que o julgamento negativo que a escola atribui aos alunos dos meios menos favorecidos, e estendendo-o ás suas famílias, ainda persistem.

A situação econômica das famílias do educando, também pode desencadear o fracasso escolar, isso porque muitas crianças começam a trabalhar muito cedo pra ajudar aos pais no sustento da família, quando deveriam estar na escola, estudando, nesta situação o aluno chega à escola, com a mente cansada, com sono por ter acordado cedo, e totalmente desestimulado. A falta de condições financeiras dos pais de sustentarem e educarem seus filhos torna a escola supérflua, uma segunda opção, algo que não desperta o interesse e nem o prazer da criança.

A respeito disto Hogart descreve:

“Para os estudiosos que conceituam o fracasso dos indivíduos, a privação cultural seria a causa desencadeante das dificuldades escolares, devido estes alunos não serem bem estruturados em seu seio familiar a cognição necessária para desenvolver habilidades matemáticas e lingüísticas. Quanto ao fracasso de uma classe social, os autores conceituam que os próprios membros da classe pobre não valorizam a educação, para estes a evasão escolar não é um problema, visto ser mais importante uma ocupação monetária do aluno para auxiliar no rendimento familiar.” (Hogart, 1957).

 

Porém a sociedade busca cada vez mais o êxito profissional, a competência a qualquer custo e a escola segue esta mesma concepção, e aqueles que não conseguem responder as exigências da instituição podem sofrer com um problema de aprendizagem. A busca incansável e imediata pela perfeição leva a rotulação daqueles que não se encaixam nos parâmetros impostos.

E sendo assim, a única saída encontrada pelas famílias carentes é a escola, onde depositam suas esperanças de um futuro, se não melhor, pelo menos diferente para seus filhos, pois através da escola e do conhecimento de fatos e situações diferentes daquelas que vivenciam no seu dia a dia, poderão mais tarde ter uma oportunidade no mercado de trabalho e consequentemente a sua ascensão social.

Um dos resultados quase sempre atribuídos a essas desigualdades é o fracasso escolar, que é muito evidenciado como conseqüência natural da pobreza, porém sabemos que esse é um fator que pode contribuir, mas não é um fator determinante.

Um dos motivos de a maior incidência de fracasso estar entre as crianças de famílias sócio-economicamente desfavorecidas, esteja no fato de que estas não têm acesso a tratamentos especializados que preencham lacunas deixadas por determinadas práticas pedagógicas escolares. Colello (2004) afirma que grande parte do fracasso escolar é, ainda hoje, tributário de um sistema impessoal que, desconsiderando as diferenças individuais ou culturais, volta-se apenas para o grupo de alunos já em sintonia com o universo escolar. Diz que a redução dos interlocutores e a apologia do silêncio em sala de aula acabam por se configurar como mecanismos de incompreensão e abandono, cujos resultados se fazem sentir nos índices de evasão, repetência, problemas de aprendizagem ou comportamento.

 

1.3 - FRACASSO ESCOLAR X ESCOLA

Existem algumas teorias que colocam a escola como causa do fracasso escolar. Para Costa (2003), a realidade mostra um cenário totalmente diferente onde à escola, principal instrumento para a veiculação de conhecimento, não permite que crianças pobres se apropriem deste conhecimento, já que não criam as condições mínimas necessárias para que isto ocorra.

Existem escolas que atendem crianças pobres e não podemos generalizar, porém com algumas raras exceções estas escolas possuem uma qualidade dos serviços destinados a essa clientela muito baixa o que contribui para agravar o problema do fracasso escolar.   Podemos observar também que o fracasso em se tratando da alfabetização é mais freqüente em alunos de camadas sociais mais baixas e que as escolas com suas condições de ensino precário na realidade acabam sendo as responsáveis pelo fracasso da criança.

Seguindo este raciocínio Costa complementa:

 

“Enquanto as crianças de classes sociais mais favorecidas têm oportunidade de acesso á escola desde cedo, condições de aquisição de brinquedos pedagógicos, material pedagógico diversificado, computador, livros privilegiado pela escola etc, grande parte das crianças pobres vislumbra na escola o lugar privilegiado para acesso a esses bens, tendo, na maioria das vezes, sua expectativa frustrada.” (Costa, 2003).

 

Também para Perrenoud (2000), que diz que é a própria organização escolar do trabalho pedagógico que gera o fracasso escolar, isto significa que o aluno encontra na escola um ambiente bem diferente do que esperava e que por este motivo acaba desmotivado, sendo reprovado ou se evadindo. Também buscando uma causa para o fracasso escolar Holt (1995), argumenta que as crianças têm “medo entediado e confuso” e que isso combinado com estratégias de ensino equivocadas e de um ambiente escolar que está desconectado da realidade (aprendizagem real), resulta em um sistema escolar que mata o desejo de aprender das crianças. Muitas vezes a escola não leva em consideração a visão de mundo do aluno, a realidade em que vive e as discrepâncias entre o desempenho escolar dentro e fora da escola que são muito significativas.

Sendo assim a escola precisa rever seus conceitos, porque recebe uma clientela variada e consequentemente a solução de um mesmo problema tem formas diferentes de resolução. Além disso, é necessário conhecer quais são as vivências anteriores e atuais desses alunos, para poder contextualizar o conteúdo de forma mais significativa para os mesmos. 

Algumas escolas, por acreditarem não ser possível reverter à situação de não aprendizagem, preocupam-se apenas em facilitar as coisas ao aluno para passar de série, tentando eliminar o problema da reprovação, sem resolvê-lo. E essa criança terá problemas na série seguinte. As escolas, com suas estruturas disciplinares e seriadas, limitam-se a ensinar para aprovar ou reprovar, muitas vezes sem os critérios necessários à percepção da aprendizagem. Segundo Moll :

 

“Se cada disciplina e cada série são conjuntos de saberes e métodos cujo domínio garantiria a cada cidadão o direito ao conjunto do saber total [...] tem de haver uma permanente avaliação da capacidade de cada educando de aprender esses saberes e essas disciplinas. O domínio insuficiente de um desses recortes disciplinares e seriados exclui da possibilidade de prosseguir no direito ao saber socialmente produzido. Justifica-se a reprovação e a repetência ou retenção-negação do direito ao saber e à cultura em nome da concepção disciplinar e seriada, da vulgarização-facilitação pedagógica do direito ao saber total.” (Moll, 1996, p.20)

 

Um dos problemas que se percebem nas escolas, ocorre no momento da elaboração do PPP (Projeto Político-pedagógico), que é um documento que deve retratar a identidade da escola, sendo elaborado e pensado a partir das necessidades dos sujeitos nela envolvidos, e a sua concretização deve promover o atendimento dessas necessidades. Como por exemplo, formação continuada dos professores para superar dificuldades no que se refere à teoria e prática.

Segundo Medel (2008, p. 42-43), o PPP sempre parte do que já existe na escola e propõe outros significados à sua realidade. [...] O PPP deve ocorrer por meio de ações planejadas e sistemáticas para que práticas fragmentadas e improvisadas sejam evitadas. Daí a concepção do PPP como o elemento que será o responsável pela sistematização do trabalho que a escola desenvolve. [...] A escola não deve elaborar seu PPP apenas em razão de sua exigência legal, mas sim a partir da necessidade de inovar a ação coletiva no cotidiano de seu trabalho. [...] O PPP é, portanto, o PPP é o instrumento que explicita a intencionalidade da escola como instituição, indicando seu rumo e sua direção.

Se a escola não pensa, não planeja coletivamente as suas ações, não vê o aluno na sua singularidade, não organiza sua metodologia e seus conteúdos considerando inclusive a situação sócio-econômica dos alunos, como pode compreender e enfrentar o fracasso dos alunos?

Não estamos querendo dizer que a escola deva ensinar só o que interessa aos alunos e à sua comunidade, mas que se os conteúdos científicos estiverem relacionados com a vivência dos alunos, com seu cotidiano e sua cultura, muitas das dificuldades que eles desenvolvem podem ser evitadas. E isto deve ser objeto de discussão das propostas para o desenvolvimento curricular na escola, no momento da elaboração do PPP.

Para que a escola consiga enfrentar, e tentar reverter fracasso escolar, precisa de um comprometimento sério por parte do Estado, com verbas suficientes, políticas educacionais e governamentais sérias e comprometidas com a educação, garantindo-se o necessário apoio aos professores, com salários dignos e oportunidades de formação continuada com materiais de qualidade, acesso a novas tecnologias, de modo que estejam atualizados. Para Moll (1996, p. 140), “Em relação à política governamental destaca-se a idéia de que o estado não garante, na prática, o que prioriza no discurso para a área educacional. Inclui-se, nessa crítica, a falta de recursos materiais para a escola, a ausências de políticas sistemáticas de formação de professores e a política para magistério público estatal”.

3. MÉTODO

Foram realizadas entrevistas, com o objetivo de coletar dados que viessem contribuir para elaboração do artigo.

3.1. LOCAL

A pesquisa foi desenvolvida em duas escolas de rede estadual de ensino do município de Guarapuava-PR.

3.2. CASUÍSTICA

Foi constituída por uma amostra de 6 indivíduos sendo  1 diretor, 1 pedagogo e 1 professor da escola (A) e 1 diretor, 1 pedagogo e 1 professor da escola (B) da rede pública de ensino do município de Guarapuava - PR. Foi necessário para a coleta de dados deste artigo, que todos os profissionais respondessem a 1 pergunta cada um. (APÊNCE)

Após a análise dos dados encontrados, os resultados obtidos foram:

▪ Podemos ressaltar vários fatores, tais como: superlotação das salas de aula, onde o professor não consegue atender os alunos individualmente, capacitação para os professores a fim de conhecer as diferentes formas de se trabalhar com a individualidade de cada aluno.

▪ A maior dificuldade é conseguir dar mais atenção aos professores por falta de tempo, uma vez que, temos muitos pais e alunos para atender.

▪ Atividades diferenciadas, interagir com o aluno de forma amigável inspirando–lhe confiança, recursos metodológicos adaptados as dificuldades de cada aluno. Vale ressaltar que muitas vezes, não se coloca em prática tais recursos devido à falta de tempo para preparar.

▪ A falta de acompanhamento do desenvolvimento do aluno na escola por parte da família, assim como a cultura de cada uma,e também a ausência de vinculo afetivo professor x aluno.

▪ A principal dificuldade é a falta de comprometimento profissional e assiduidade, a maioria dos professores não cumpre os combinados estabelecidos nas reuniões pedagógicas.

▪ As crianças que apresentam dificuldades recebem apoio pedagógico individualizado, são encaminhadas para psicopedagoga da escola que posteriormente encaminha para o psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, onde é investigado a causa do fracasso, depois são elaboradas atividades extras – diferenciadas.

Perrenoud (2000), que diz que é a própria organização escolar do trabalho pedagógico que gera o fracasso escolar, isto significa que o aluno encontra na escola um ambiente bem diferente do que esperava e que por este motivo acaba desmotivado, sendo reprovado ou se evadindo.

Winnicott (2005), a criança necessita dessa troca de afeto para ter bom desenvolvimento.

Colello (2004) afirma que grande parte do fracasso escolar é, ainda hoje, tributário de um sistema impessoal que, desconsiderando as diferenças individuais ou culturais, volta-se apenas para o grupo de alunos já em sintonia com o universo escolar. Diz que a redução dos interlocutores e a apologia do silêncio em sala de aula acabam por se configurar como mecanismos de incompreensão e abandono, cujos resultados se fazem sentir nos índices de evasão, repetência, problemas de aprendizagem ou comportamento.

Percebemos em algumas respostas a importância da família, do afeto, e do uso de atividades diferenciadas, da assiduidade e do comprometimento dos profissionais. Outra reclamação são as salas superlotadas, capacitação dos professores deixando claro que o “Sistema” é um grande aliado no fracasso escolar.

Para que a escola consiga enfrentar, e tentar reverter fracasso escolar, precisa de um comprometimento sério por parte do Estado, com verbas suficientes, políticas educacionais e governamentais sérias e comprometidas com a educação, garantindo-se o necessário apoio aos professores, com salários dignos e oportunidades de formação continuada com materiais de qualidade, acesso a novas tecnologias, de modo que estejam atualizados.  

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas escolas, por acreditarem não ser possível reverter à situação de não aprendizagem, preocupam-se apenas em facilitar as coisas ao aluno para passar de série, tentando eliminar o problema da reprovação, sem resolvê-lo. E essa criança terá problemas na série seguinte. As escolas, com suas estruturas disciplinares e seriadas, limitam-se a ensinar para aprovar ou reprovar, muitas vezes sem os critérios necessários à percepção da aprendizagem.

Se a escola não pensa, não planeja coletivamente as suas ações, não vê o aluno na sua singularidade, não organiza sua metodologia e seus conteúdos considerando inclusive a situação sócio-econômica dos alunos, como pode compreender e enfrentar o fracasso dos alunos?

As crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família. Sabe-se que a família é a base para qualquer ser, não se refere aqui somente família de sangue, mas também famílias construídas através de laços de afeto. Família, no sentido mais amplo, é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de modo mais adequado.

Para que exista capacidade de aprender é necessário que a criança forme ações mentais adequadas, inicialmente existentes sob a forma de eventos externos que são apropriados pelo indivíduo e gradativamente interiorizados. Deste modo, a aprendizagem é um conteúdo da experiência humana e das ações compartilhadas que a criança apropria-se ao manter contato com seu grupo.

Portanto, ao pensarmos nos alunos como filhos e cidadãos, veremos que é impossível colocar à parte escola, família e sociedade, pois a tarefa de ensinar não compete apenas ao professor, até mesmo porque o aluno não aprende apenas na escola, entre outras coisas, ele aprende também através da família, dos amigos, das pessoas consideradas significativas, dos meios de comunicação, do cotidiano. Por isso, é preciso que professores, família e comunidade tenham claro que a escola, por sua complexidade, precisa contar com o envolvimento de todos no que diz respeito ao fracasso escolar.

 

 

REFERÊNCIAS

ALAM, N. S. Assumindo o Fracasso Escolar. Texto publicado no Diário da Manhã. Pelotas, 03 de maio de 2009.

CARRAHER, T. N. Et al. Na Vida Dez, na Escola Zero. São Paulo: Cortez, 1990, p 23 a 43.

COSTA, D. A. F, Fracasso escolar: diferença ou deficiência? Porto Alegre; kuarup, 1994.

COLELO, Silvia M.G. Alfabetização em questão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.

HOLT, J. Como as Crianças Falham -  Clássicos em Desenvolvimento Infantil. Perseus, 1995.

MARQUES, M.; O. A Aprendizagem na Mediação Social do Aprendido e da Docência. 3 ed. Ijuí- RS/Brasília-DF: Unijuí, 2006.

 MOLL, Jaqueline. Alfabetização possível - Reinventando o ensinar e o aprender. Porto Alegre: Mediação, 1996.

MEDEL, Cássia R. M. Projeto Político – Pedagógico: construção e implementação na escola. SP: Autores Associados, 2008.

OLIVEIRA, V. B. de. et al. Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis

_________. Avaliação Psicopedagógica da criança de sete a onze anos. Editora Vozes, 2003.

PERRENOUD, P. PEDAGOGIA DIFERENCIADA: Das Intenções a Ação. Porto Alegre: Artmed, 2000.

WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

__________. A criança e o seu mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC Editora 1982.

 

APÊNDICE

Questões para produção do artigo Escola A

1 - Diretor: O que você considera como causa para o fracasso escolar?

 

Podemos ressaltar vários fatores, tais como: superlotação das salas de aula, onde o professor não consegue atender os alunos individualmente, capacitação para os professores a fim de conhecer as diferentes formas de se trabalhar com a individualidade de cada aluno. 

 

2 - Pedagogo: Quais dificuldades encontradas ao orientar a prática dos professores para promover o sucesso escolar?

 

 

A maior dificuldade é conseguir dar mais atenção aos professores por falta de tempo, uma vez que, temos muitos pais e alunos para atender.

 

3 - Professores: Quais as estratégias de ensino utilizadas para suprir as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar?

 

Atividades diferenciadas, interagir com o aluno de forma amigável inspirando–lhe confiança, recursos metodológicos adaptados as dificuldades de cada aluno. Vale ressaltar que muitas vezes, não se coloca em prática tais recursos devido à falta de tempo para preparar.

 

Questões para produção do artigo Escola B

1)           Diretor: O que você considera como causa para o fracasso escolar?

A falta de acompanhamento do desenvolvimento do aluno na escola por parte da família, assim como a cultura de cada uma,e também a ausência de vínculo afetivo professor x aluno.

2)           Pedagogo: Quais dificuldades encontradas ao orientar a prática dos professores para promover o sucesso escolar?

A principal dificuldade é a falta de comprometimento profissional e assiduidade, a maioria dos professores não cumprem os combinados estabelecidos nas reuniões pedagógicas.

3)           Professores: Quais as estratégias de ensino utilizadas para suprir as dificuldades de aprendizagem e o fracasso escolar?

As crianças que apresentam dificuldades recebem apoio pedagógico individualizado, são encaminhadas para psicopedagoga da escola que posteriormente encaminha para o psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo onde é investigado a causa do fracasso, depois são elaboradas atividades extras – diferenciadas.

 Autores: 

ADRIANA VILCZAK - Bióloga

AUDREI MOTTA- Fonoaudióloga CRFa 9751

JOSIANE APARECIDA BORCHADT- Pedagoga

MARIUCE AGUSTIN DE OLIVEIRA- Pedaoga

                                       SIMONY PEDROSO- Pedagoga