Foro De São Paulo: Um Onagro Que Não Ousa Dizer Seu Nome

Por Félix Maier | 01/10/2006 | Política

Durante a sessão de inauguração do XII Encontro do Foro de São Paulo (FSP), que se realizou em São Paulo de 1 a 4 de julho do corrente ano, estranhei que os noticiários de TV tivessem se referido ao onagro apenas como sendo uma simples "reunião das esquerdas latino-americanas", esquecendo de informar à população que se tratava de uma organização fundada há 15 anos. Como se pode deduzir, uma moça já bem crescidinha, dançando há tempos nos salões da política esquerdista da América Latina, não só agora, já com direito às cartelas de pílula anticoncepcional distribuídas gratuitamente pelo governo Lula aos adolescentes nas escolas. Por que houve a desinformação da mídia, tentando esconder esse onagro que tem o tamanho de toda a América Latina? A ética de nossos jornalistas é toda pautada em Lenin?

No site do PC do B lê-se que o presidente Lula, na reunião inaugural do XII Encontro, disse que " a América Latina é um continente em que a esquerda deu um passo extraordinário ao provar que é possível chegar ao poder e exercê-lo pela via democrática. O Fórum de São Paulo nos ensinou a agir como companheiros, mesmo na diversidade, sintetizou o presidente Luiz Inácio da Silva em ato político comemorativo aos 15 anos do Fórum, na manhã deste sábado, em São Paulo, Lula disse que o diálogo estabelecido no Foro permitiu a evolução política e a consolidação da democracia no continente. Era um continente marcado por golpes militares, era um continente marcado por ausência de democracia, discursou, na presença de lideranças como Roberto Regalo, do Partido Comunista de Cuba, o vice-chanceler uruguaio Belela Herrera, o senador Carlos Baraiba, da Frente Ampla do Uruguai, o senador colombiano Antonio Navarro e o salvadorenho Schafik Handal, da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional e José Reinaldo Carvalho, vice-presidente do PCdoB e secretário de Relações Internacionais do Partido". Das palavras de nosso presidente, que vive com o PT atolado em um tsunâmi de acusações de corrupção, "era um continente marcado por golpes militares" e por "ausência de democracia", depreende-se que, para Lula, Fidel Castro é um democrata e que Collor era um ditador e não sabíamos... De novo, Lenin puro.

Mas, o que é, enfim, o Foro de São Paulo, que até pouco tempo atrás era tido pela imprensa como uma invencionice da direita, uma alucinação que perseguia o filósofo e escritor Olavo de Carvalho, um dos poucos a escrever sobre o onagro latino-americano, o que provavelmente ocasionou sua demissão do jornal "O Globo" no dia 5 de julho deste pantanoso Annus Lulae 3?

O Informe especial da Executive Intelligence Review, da 1ª quinzena de dezembro de 1995, edição em espanhol, à pg. 13, informa que "O Partido Comunista Cubano iniciou a fundação do Foro de São Paulo depois que a queda do Muro de Berlim deixou patente que a desintegração do bloco soviético ameaçava provocar o desmoronamento de todos os movimentos socialistas e partidos aliados da União Soviética. Em julho de 1990, o Partido dos Trabalhadores do Brasil patrocinou a primeira conferência, na qual representantes de 40 organizações e partidos de 13 nações da América Latina e Caribe se reuniram em São Paulo com funcionários cubanos, para discutir como revisar a estratégia revolucionária em meio à crise do socialismo em todo o mundo".

O advogado José Carlos Graça Wagner, em 1º de setembro de 1997, em painel realizado na Escola Superior de Guerra, sobre o tema "Movimentos Sociais e Contestação Sócio-Política a Questão Fundiária no Brasil", no item O que é o Foro de São Paulo, assim escreve:

"O Foro de São Paulo só veio a se tornar público, praticamente apenas no seu 7º Encontro, realizado em Porto Alegre, no fim do mês de julho passado. Suas reuniões anteriores foram sempre bem reservadas e o noticiário a ele relativo resumia-se no que era publicado no jornal Granma, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba. O 6º Encontro, em El Salvador, teve uma pequena publicidade em alguns órgãos da América Central. Foi fundado em São Paulo, por convocação do PT, a pedido do Partido Comunista Cubano. Reúne partidos de esquerda da América Latina, inclusive alguns que se dedicam a guerrilhas, bem como movimentos populares do continente, além de manter ligações com partidos de esquerda com o resto do mundo e entidades africanas. Sua primeira idéia surgiu em reunião em Havana, entre a cúpula do PT e do PC de Cuba, em janeiro de 1989, conforme descreve Frei Betto, em seu livro O Paraíso Perdido. Já se antevia uma certa crise do comunismo nos países do Leste europeu, o que indicava uma especial atenção para a América Latina e África. Nele, por indicação de Fidel Castro, surgiu a idéia de, se Lula perdesse a eleição naquele ano (pensava-se em Brizola e não em Collor), seria aconselhável que fosse formada uma entidade para coordenar a ação de toda a esquerda, na América Latina. Fidel recomendou uma aproximação com as Forças Armadas. Se não perdesse a eleição, a coordenação seria feita a partir do próprio governo" (pg. 10 e 11).

O II Encontro foi realizado no México (1991), onde se consagrou o nome "Foro de São Paulo", cuja reunião preparatória "definiu o Foro como órgão deliberativo" (pg. 11). O III Encontro realizou-se em Manágua (1992), para "coincidir com as celebrações de aniversário da tomada do poder sandinista na Nicarágua, em 1979" (pg. 14). No mesmo ano, o Foro condenou a política de Alberto Fujimori no Peru, o que eqüivalia a apoiar o grupo terrorista Sendero Luminoso, cujos principais dirigentes haviam sido presos naquele ano.

Realizado em Havana (1993), "o IV Encontro foi fundamental na formulação de uma estratégia global para a AL e Caribe. A URSS já se tinha desmontado. Os subsídios a Cuba desapareceram. Tinham recebido quantia similar ao do Plano Marshall, ao longo de trinta anos, mas foi consumida na luta armada e na atividade política contestatória nos países da AL, Caribe e África e, internamente, com um sentido propagandístico, na educação e saúde, mas sempre condicionadas à lealdade do regime. Teve início, desde 1990, o chamado período especial, pelo qual Fidel pedia sacrifícios imensos da população, por falta do apoio soviético e por quebras na colheita de cana" (pg. 11). Realizado de 21 a 24 de julho, esse Encontro "coincidiu com as celebrações do quadragésimo aniversário do assalto de Fidel Castro ao Quartel Moncada. (...) Nessa reunião, participaram 112 organizações integrantes e 25 grupos de observadores da região, assim como 44 instituições e forças políticas da América do Norte, Europa, Ásia e África. Quando foi concluída, haviam-se somado ao Foro outras 31 organizações, sendo 21 do Caribe" (pg. 14).

A "solidariedade a Cuba" foi imediata: "Lula, após o referido Encontro, conseguiu de Itamar a compra de 300 milhões de dólares de remédios, esvaziando as farmácias cubanas, e o envio de foguetes ar-terra para o governo de Angola, que era um compromisso de Fidel, após a retirada das tropas cubanas daquele país. Toda a esquerda foi mobilizada para promover o turismo para Cuba e realizar o maior número de convênios de todos os tipos com entidades similares cubanas. Uma revoada de autoridades brasileiras, de primeiro escalão também, não cessou, desde então, de visitar Cuba para promover convênios e estabelecer auxílios em suas respectivas áreas. Foi realizado, em janeiro de 1994, um Congresso Internacional de Solidariedade a Cuba, sendo a delegação brasileira dirigida pelo ex-senador Amir Lando, com a presença de 1.200 delegados de todas as partes do mundo, mas principalmente da AL" (pg. 11).

Em dezembro de 1993, "foi colocada em marcha uma ofensiva centralizada para organizar forças entre os militares da região. Quando visitou Cuba, deu-se ao tenente-coronel da reserva Hugo Chávez, da Venezuela, a responsabilidade de coordenar o flanco militar" (pg. 14). O Movimiento Bolivariano Revolucionário-200 (MBR-200), da Venezuela, havia sido fundado por Hugo Chávez Frías, em 24 Jul 1983, em comemoração do 200º aniversário de Simón Bolívar, libertador da Venezuela e de outros países latino-americanos. É também conhecido como MBR-Civil. O MBR-Militar digamos assim foi criado por Chávez quando se elegeu Presidente da Venezuela, com a implantação dos "Círculos Bolivarianos", que são grupos de defesa da "Revolução Bolivariana", nos moldes dos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs) (1), de Fidel Castro. Recentemente, Chávez encomendou dezenas de milhares de fuzis à Rússia, e aviões à Espanha, ao mesmo tempo em que criava um aparato militar paralelo, convocando milhares de "soldados de Bolívar". É o gérmen do futuro Exército das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas para interferir nos países da região, quando necessário for, nos mesmos moldes do Movimento Islâmico Armado de Bin Laden e outros fundamentalistas, de alcance mundial. Chávez é acusado de interferir na Colômbia, onde tem laços de camaradagem com os narcoterroristas das FARC, e na Bolívia, onde apóia as ações dos "cocaleros" indígenas, que já derrubaram dois presidentes em curto espaço de tempo.

É o mesmo sistema de autoritarismo falangista visto em ditaduras como as de Portugal sob Salazar, Alemanha sob Hitler (as "SS"), Itália sob Mussolini ("Balilas" e "Filhos da Loba"), Espanha sob Franco, Argentina sob Perón ("Soldados de Perón"), e todos os demais sistemas comunistas, como o Camboja sob Pol Pot, a União Soviética, a China e os "Guardas Vermelhos" de Mao Tsé-Tung, a Coréia do Norte etc. Esse sistema de defesa do ditador foi também visto no Chile sob Salvador Allende ("Grupos de Amigos Personales GAP", a "Guarda Pretoriana" de Allende), no Brasil sob João Goulart ("República Sindicalista"), no Peru sob Fujimori (grupo paramilitar "Colina", apoiado pelo SIN). Atualmente, o MST é a "falange" mais importante do Brasil, podendo mobilizar centenas de milhares de "militantes" em todo o território nacional em questão de horas. São os "soldados" de João Pedro Stédile, que irão engrossar o contingente armado de Hugo Chávez, a serviço do Foro de São Paulo.

O V Encontro foi realizado em Montevidéu (1995), o VI em San Salvador (1996), o VII em Porto Alegre (1997), o VIII no México (1998), o IX em Manágua (2000), o X em Cuba (2001), o XI em Antigua, Guatemala (2002) e o XII, como já foi dito, em São Paulo (2005). No encontro realizado em Cuba, em 2001, o FSP apresentou projeto de estender a todos os países da América Latina os padrões de "liberdade de imprensa" existentes em Cuba. Está mais do que explicado por que o governo Lula tentou implantar no Brasil um sistema de controle do jornalismo (Conselho) e da mídia (Ancinav), além de distribuir uma cartilha "politicamente correta", para a população falar apenas a novilíngua petista. Esses projetos totalitários foram exemplarmente repudiados por todos os meios de comunicação, inclusive por intelectuais de esquerda, porém não totalitários, como João Ubaldo Ribeiro e Arnaldo Jabor. Porém, não nos esqueçamos do slogan do governo Lula: "sou brasileiro (petista) e não desisto nunca"...

Se a primeira estratégia do Foro era salvar o regime de Fidel a qualquer custo, sem exigência de avanço democrático na Ilha, a segunda foi trabalhar a eleição presidencial de Lula e de outros líderes de esquerda da América Latina, como Cuauhtémoc Cárdenas, do México. Atualmente, com líderes de esquerda governando Cuba, Venezuela, Brasil, Argentina e Uruguai um novo "eixo do mal" -, e a Bolívia sendo dizimada pelos líderes "cocaleros", o cerco ao continente latino vai-se ampliando. Uma peça-chave das esquerdas é tomar o poder na Colômbia, em guerra contra os narcoterroristas co-irmãos do Foro, as FARC.

A terceira estratégia do Foro era impedir a entrada do México no NAFTA, ao lado dos EUA e Canadá. Para isso, o Foro criou em laboratório um líder que nunca mostra seu rosto, o subcomandante Marcos, que fez explodir no México uma revolução exatamente na data de início do acordo de livre comércio, 1º de janeiro de 1994. Com fuzil a tiracolo e pente de balas em torno do tórax, com o rosto encoberto por pano e um inseparável cachimbo, Marcos é uma perfeita simbiose de cangaceiro, ninja e exterminador do futuro. Mais um ícone foi criado pelas esquerdas, o ninja de cachimbo competindo com a boina de Guevara no imaginário popular. O grupo guerrilheiro do Exército Zapatista não impediu a entrada do México no novo bloco, porém conseguiu ajuda financeira de inúmeras ONGs européias, entidades católicas e luteranas da Alemanha e apoio de personalidades esquerdistas como o romancista espanhol Manuel Vázquez Montalbán, o espanhol Ignacio Ramonet (diretor do Le Monde Diplomatique, fundador da ATTAC e promotor do Fórum Social Mundial), a revolucionária guatemalteca Rigoberta Menchú (Nobel da Paz), o escritor português José Saramago (Nobel de Literatura), o cientista político francês Alain Touraine, a francesa Danielle Mitterrand, presidente da Fondation France-Libertés, o lingüista norte-americano Noam Chomsky, o escritor mexicano Carlos Monsiváis, entre outros.

A mesma ênfase de repúdio ao NAFTA se fez repetir, recentemente, com a oposição acirrada das esquerdas do continente latino-americano à criação da ALCA, com destaque para a atuação do PT e do "Barbaroxa" de Lula, Marco Aurélio Garcia, o embaixador brasileiro do Foro, que tem uma predileção especial por governos totalitários, como o de Fidel, e de regimes terroristas, como os da Líbia e da Síria. Em reportagem da Agência de Notícias da EIR, de 30 de julho de 1996, o "Barbaroxa" brasileiro foi descrito como o principal organizador do Foro em San Salvador naquele ano. (No XII Encontro, coube ao "Barbaroxa" tupiniquim abrir as sessões de trabalho, com a palestra "Os processos de integração na América Latina: uma visão da esquerda".) A mesma reportagem do EIR afirma que Larry Rohter, do New York Times, também enviou um relatório, publicado em seu jornal em 29 de julho, dizendo que "é uma grande mentira e um embuste, a começar pela afirmativa de que o FSP é uma organização regional de responsabilidade brasileira ". Trata-se do mesmo jornalista que escreveu, em reportagem recente, que Lula bebe muito, o que fez com que nosso presidente criasse um tornado dentro de um copo de cachaça...

Detenhamo-nos um pouco em Manuel Piñeiro, o "Barbaroja" original. Durante 4 décadas, o "sicário de Fidel Castro" esteve pessoalmente encarregado do serviço sujo em todo o hemisfério ocidental, como coordenar e dirigir assassinatos, promover seqüestros e atos terroristas em toda a região. Piñeiro fundou a Dirección General de Inteligencia (DGI) de Cuba depois que Fidel tomou o poder em 1959 e manteve vínculos com essa central de arapongagem mesmo quando foi Vice-ministro do Interior (1961-74). Em 1974 deixou o posto no Ministério do Interior para encarregar-se do Departamento das Américas, recém-criado pelo Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, unidade destinada a centralizar as operações de Cuba na América Latina, sob controle direto de Fidel, a quem Piñeiro devia prestar contas. Para tal, em 1967 foi criada a Organización Latinoamericana de Solidaridad (OLAS) (2).

No início dos anos 70, Piñeiro viveu no Chile por vários meses, coordenando os 14.000 "internacionalistas" (desde capangas do Leste europeu, quanto de grupos terroristas de toda a América Latina, incluindo terroristas brasileiros como José Dirceu - trocados por diplomata que havia sido seqüestrado no Brasil por organizações terroristas de esquerda), entre os quais havia membros das tropas especiais do Ministério do Interior cubano, deslocadas para defender o governo socialista de Salvador Allende. É famosa a carta que Fidel Castro enviou a Allende pelas mãos do "Barbaroja", colocando os préstimos cubanos para a liquidação final da democracia no Chile. Em 1974, a OLAS foi substituída pela Junta Coordinadora Revolucionaria (JCR), destinada a promover uma "violência revolucionária justa e necessária no continente" (pg. 12). Esse comando estava a cargo dos Tupamaros, do Uruguai; do Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), do Chile; do Ejército Revolucionario Popular (ERP), da Argentina, e do Ejército Nacional de Liberación, da Bolívia.

"A mais bem-sucedida operação de Piñeiro foi a revolução sandinista de 1979 na Nicarágua. Seu Departamento das Américas deu aos sandinistas a Inteligência, as comunicações, as armas e até militares chilenos exilados que haviam se incorporado às Forças Armadas Cubanas. A primeira operação narcoterrorista pública de Cuba, que foi o acordo de armas por drogas com o movimento colombiano M-19, também esteve a cargo de Piñeiro e foi tornado público com a prisão de Jaime Guillot Lara em 1981. O embaixador de Cuba nessa época, Fernando Ravelo, teve que sair da Colômbia depois do escândalo e passou a tomar parte do Departamento das Américas que Piñeiro dirigia" (pg. 12).

No "Informe especial" da EIR, citado acima, o título do artigo é bem sugestivo: "El Foro de São Paulo, las tropas de choque de Fidel Castro". Nesse artigo, podemos conhecer um pouco mais sobre o onagro que a mídia brasileira esconde há tanto tempo.

Sabemos que o Foro de São Paulo foi fundado no período de 1 a 4 de julho de 1990 e que tem como principal fonte de difusão de sua política a revista América Libre, criada por Frei Betto em 1992 para comemorar os 65 anos de nascimento de Ernesto Che Guevara. Segundo as palavras do religioso apóstata, defensor da "teologia da libertação", a revista "é esboçada no Brasil, redigida na Argentina, impressa no Chile e distribuída em todo o mundo". A revista já apresentou entrevistas exclusivas com o comandante das FARC, Manuel Marulanda Vélez, "escondido nas montanhas da Colômbia", emitiu comunicados da URNG e instruções sobre a organização do MST.

Os campos de atividade do Foro são a subversão política e social de todo o continente latino-americano, como atesta a EIR: "Organizações integrantes do Foro encabeçam atualmente insurreições armadas no México (tanto em Guerrero como em Chiapas), Colômbia e várias zonas fronteiriças da Venezuela; nas regiões cocaleras do Peru e Bolívia avançam rapidamente nessa direção. Há preparativos insurrecionais na região norte argentina do Chaco e no Brasil; na Nicarágua, El Salvador e Chile o Foro conserva intactos importantes recursos para a ação armada" (pg. 10).

A insurreição do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em Chiapas que a América Libre qualifica de "a primeira revolução pós-moderna" e de "movimento político armado" -, é apresentada como modelo para toda a Iberoamérica. No México, os índios são armados de propósito com "fuzis de madeira", de modo a apresentá-los como pobres diabos, para obter respaldo político em seu objetivo primordial, o do separatismo étnico. No Brasil "se realizam ocupações massivas de terras agrícolas para tomar território, que se retém por meio do terror, para criar bases logísticas e centros de lavagem cerebral fora do alcance do Estado nacional" (pg. 10). É de interesse do Foro a universalização dos conflitos sociais, seja de sem-terra, de sem-teto ou de sem-emprego, de modo a liquidar a segurança jurídica. "O MST assume uma verdadeira guerra indireta contra o Estado, sob alegação de luta de classes contra os fazendeiros. Na verdade, é uma guerra civil limitada, ainda sem armas como fator principal de luta. A arma, por enquanto, é o uso de famílias inteiras, com crianças, de tal modo a conter a reação dos invadidos, da polícia, da Justiça e das autoridades administrativas, com receio de repercussões, inclusive internacional, das conseqüências das medidas de defesa da propriedade e da ordem jurídica, tendo em vista a disposição dos invasores de provocar uma reação violenta" (José Wagner, op. cit., pg. 7). O episódio de Eldorado do Carajás é um exemplo acabado dessa "guerrilha desarmada".

O Foro também teve papel preponderante no apoio à campanha dos "500 anos de resistência", uma anti-comemoração do Descobrimento da América, ou seja, "a campanha suja engendrada pela ONU contra a evangelização da Iberoamérica e sua incorporação à civilização cristã, assim como dos Estados nacionais soberanos resultantes" (in "El Foro de São Paulo", pg. 13). A mesma estultice viu-se no Brasil por ocasião das comemorações do Descobrimento do Brasil, quando sociólogos de última categoria condenaram a existência do povo brasileiro como ele é hoje, e a intelectualidade esquerdosa esqueceu-se de lembrar as obras literárias e artísticas que tanto orgulham nossa nação, como os romances de Machado de Assis, as igrejas de Minas e as obras de Aleijadinho só para citar alguns exemplos , para apenas se debruçar sobre a Inquisição e alguns fatos pitorescos envolvendo padres jesuítas. Na mesma ocasião, vândalos do PT e do MST destruíram relógios que as Organizações Globo haviam colocado em praças de várias capitais, para contagem regressiva do evento. Uma missa celebrada em Porto Seguro apresentou um índio fazendo um sermão de demonização da Igreja Católica. Só faltou ele reunir os pataxós e abater os bispos a flechadas, para depois serem cozidos e comidos como ocorreu com o mal afortunado bispo Sardinha. O seriado A Grande Muralha, da TV Globo, prestou-se ao mesmo objetivo, o de dinamitar a Igreja.

No artigo da EIR são dados os nomes aos bois. A revista América Libre é o principal órgão difusor do Foro. Fidel Castro é a figura máxima, acolitado pelo redator da revista, Frei Betto, membro do PT, e pela chefe de redação, Claudia Korol, militante do Partido Comunista da Argentina. Vejamos o resto da manada que em 1995 formava o conselho de redação:

Argentina: Luis Brunati (Encontro Popular), Patricio Echegaray (secretário-geral do Partido Comunista), Miguel Monserrat (Frente Sur), Federico Pagura (presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas CLAI), Lisandro Viale (secretário-geral do Partido Revolucionário pela Independência Social da Argentina PRISA), Néstor Vicente, David Viñas (escritor).

Brasil: Leonardo Boff (um dos fundadores da "Teologia da Libertação"), Chico Buarque de Holanda (escritor de canções de protesto e amigo de Fidel Castro), Antonio Candido (membro do PT), Roberto Drummond (escritor), Paulo Freire (membro do PT), Luis Eduardo Greenhalgh (advogado de "direitos humanos" do PT, que na época defendia os terroristas canadenses acusados de seqüestrar em 1989 o empresário Abilio Diniz), Fernando Morais (escritor e íntimo de Castro), Eric Nepomuceno (jornalista), Emir Sader (tido pela EIR como ecologista...).

Chile: Manuel Cabieses (diretor da revista Punto Final), Volodia Teitelboim (ex-secretário-geral do Partido Comunista).

Colômbia: Gilberto Viera (secretário-geral do Partido Comunsita).

Costa Rica: Daniel Camacho.

Cuba: Marta Harnecker (chilena, esposa de Manuel Piñero), Fernando Martínez Heredia, Manuel Piñeiro, Silvio Rodríguez.

Equador: Osvaldo León.

El Salvador: Schafik Jorge Handal (secretário- geral do Partido Comunista).

Guatemala: Rigoberta Menchú Tum (vencedora do Nobel da Paz de 1992, dirigente da URNG desde os anos 70, prega a "guerra popular revolucionária"), Guillermo Torriello Garrido (ministro de relações exteriores 1950-54 do governo de Jacobo Arbenz e fundador do Comitê Guatelmateco de Unidade Patriótica CGUP, criado em janeiro de 1992 para servir de fachada política aos mandos militares da URNG).

Haiti: Gerard Pierre Charles (coordenador do movimento Lavalas, encabeçado por Jean-Bertrand Aristide).

México: Alonso Aguilar (professor), Adolfo Gilly (membro do PRD), Pablo González Casanova (membro da Convenção Nacional Democrática, dos zapatistas), Carlos Núñez (presidente do Conselho de Educação de Adultos da América Latina CEAAL, que afirma que a "educação popular" inspirada nos modelos de José Carlos Mariátegui, César Augusto Sandino, Lázaro Cárdenas e Paulo Freire é "um componente estratégico indispensável das novas formas de política que surgem no continente" (pg. 11).

Nicarágua: Fernando Cardenal (ministro de educação do governo sandinista), Mirna Cunningham, Miguel DEscoto (ministro de relações exteriores do governo sandinista).

Panamá: Nils Castro (atual embaixador do Panamá no México; durante certo tempo, Nils foi assessor de Fidel Castro).

Paraguai: Joel Cazal.

Peru: Javier Diez Canseco (ex-secretário-geral do Partido Unificado Mariateguista PUM).

Uruguai: Mario Benedetti (escritor), Hugo Cores (parlamentar do Partido Victoria Popular PVP), Eleuterio Fernández Huidobro ("líder histórico" do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros).

Venezuela: Alí Rodríguez (Causa R).

Convém acrescentar o nome de outros líderes religiosos que apóiam o Foro de São Paulo: Pedro Casaldáliga (Bispo de São Félix do Araguaia, MT), Werner Sienbernbrock (Bispo de Nova Iguaçu, RJ) e Samuel Ruiz Garcia (Bispo de San Cristóbal de las Casas, Chiapas, México - um dos líderes do EZLN).

Entre aliados nacionais e internacionais do Foro de São Paulo, destacam-se:

- ETA (movimento separatista basco, da Espanha).

- O Foro mantém relações com partidos comunistas da Coréia do Norte, China, Estados Unidos, Canadá, Áustria, Grã-Bretanha, França, Alemanha (tanto o Partido Comunista Alemão como o Partido Democrático Socialista), Grécia, Itália (Refundação Comunista) e Portugal.

- Líbia: Muammar Qaddaffi enviou mensagem pessoal ao V Encontro, em Montevidéu, na qual concitava para formar "uma frente popular mundial de forças, partidos e organizações populares políticas e revolucionárias". O embaixador da Líbia em Cuba, Saaid Hafianna, assistiu às 4ª e 5ª conferências, da mesma forma que o embaixador itinerante para a América Latina, Alí Ahmed Agili.

- Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina (COPPAL).

- O Novo Partido Democrata, do Canadá, enviou representantes a diversos Encontros do Foro e apóia a insurreição em Chiapas.

- Diálogo Interamericano (Cfr. artigo de MSM sobre sua ligação com o Foro).

- Instituto Democrático Nacional, Fundação Nacional pela Democracia, dos EUA.

- Internacional Socialista

- Centro Tricontinental, Universidade de Lovaina, Bélgica.

Para a EIR, a ideologia do Foro "é um amálgama de indigenismo, teologia da libertação e ecologia. O denominador comum mais significativo dos grupos integrantes é a defesa de Cuba castrista. Os membros do Foro recebem ordens para realizar manifestações, exercer pressão política internacional e remeter ajuda financeira e material para ajudar o regime de Castro. Shafik Handal afirmou na reunião de Montevidéu, em maio de 1995: Cuba é a esperança... Haverá socialismo e revolução cubana para sempre " (pg. 12).

A EIR calcula que, em 1995, o Foro era formado por 107 partidos, grupos e grupelhos, com mais de 250.000 quadros e seguidores mobilizáveis sob seu comando, com 20.000 a 30.000 deles armados. Quantos soldados armados o onagro teria neste ano de 1995?

Para a revista de LaRouche, "o destacado papel que desempenha na estrutura do Foro o terceiro cartel da Colômbia as FARC exemplifica a relação integral do Foro com o narcotráfico" e os grupos do Foro deveriam adotar "o modelo do M-19, ou seja, a auto-sustentabilidade por meio do narcotráfico" (pg. 13). Em 1995, na Conferência celebrada pela revista América Libre em Buenos Aires, o líder boliviano Evo Morales anunciou "uma estratégia de resistência continental à erradicação da coca e de uma campanha internacional coordenada para a legalização da coca" (pg. 13). O Novo Movimento pela Independência de Porto Rico, que aderiu na época ao Foro, "ameaça realizar ações terroristas contra a instalação de um radar para combater o tráfico de drogas" (pg. 13).

Do apanhado feito até agora, pode-se compreender como funciona o Foro de São Paulo e qual é o seu objetivo estratégico a longo prazo: construir em nosso continente uma nova União Soviética, a União das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas. Para a construção desta Internacional Socialista no continente, o Foro não é nada mais do que a segunda geração da OLAS, de 1967, criada por Cuba para promover movimentos guerrilheiros, "criar um Vietnã em todos os países latino-americanos" no dizer de Fidel Castro. Está explicado por que houve tantos grupos terroristas atuantes no Brasil, a partir de 1968, o ano da "Revolução Estudantil", eco da "Revolução Cultural" de Mao Tsé-Tung que infernizou Paris, São Paulo e Rio de Janeiro.

Entende-se, depois de conhecer um pouco mais o onagro pan-americano, por que os ditos "movimentos sociais" no Brasil são todos contra a criação da ALCA. Eles não são contra a globalização, como alardeiam, pois são os mais globalizados de todo o planeta, com o poder de reunir, em qualquer parte do mundo, centenas de organizações para defender a utopia socialista fato observado, também, nas reuniões do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. O rancor anti-americano pôde ser comprovado nas palavras do secretário de Juventude do PT paulista, Ramón Szermeta, no último Encontro: "São ações que integram as lutas em toda a América Latina, como a luta contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), pelo fortalecimento do Mercosul, pela formação de um parlamento latino-americano e por uma integração continental que não seja só comercial, mas que envolva outros aspectos como o de uma política cultural". Se o Foro de São Paulo é a segunda geração da OLAS, o Fórum Social Mundial não é nada mais do que a ressurreição do Movimento Comunista Internacional (MCI), mais precisamente a V Internacional Comunista.

Entende-se porquê os líderes do Foro queiram esconder do público o pavoroso onagro que criaram: as ligações espúrias com grupos terroristas e traficantes de drogas, como as FARC e o ETA espanhol. Graça Salgueiro, editora do blog Notalatina e articulista do Mídia Sem Máscara, assim se pronunciou sobre o onagro vermelho: "De obscura organização criminosa e existente apenas nas cabeças de picaretas e mentirosos fanáticos de extrema-direita, como fomos rotulados os que sempre denunciaram este monstro, o FSP passa a existir (depois de 15 anos de intensas atividades) e ser divulgado como um encontro de partidos de esquerda, preocupados com o futuro da América Latina e Caribe, tudo muito limpo e inofensivo. Nada se fala acerca das Resoluções e Deliberações que são aí tomadas, e seguidas à risca, muito menos que o seu fundador não foi apenas Lula, mas também o abutre do Caribe, Fidel Castro. Observem que o nome da besta sequer é citado, em qualquer matéria que se encontre na mídia falando sobre o 12º Encontro e 15º Aniversário de existência da tal organização".

A mentira, a dissimulação, o embuste e a corrupção são marcas registradas de todas as organizações comunistas, hoje espertamente auto-denominadas de "socialistas". Assim, não deve causar espanto a biografia mentirosa de Rigoberta Menchú, ganhadora de Nobel da Paz, hoje elevada a "mito" entre a gangue esquerdista. Está em seu DNA. Da mesma forma, a corrupção que se abateu sobre os sandinistas, no episódio denominado "la piñata" (3), também não causa espanto nem trauma nas mentes esquerdistas. Nem deve causar espanto, entre os brasileiros, o tsunâmi de lama que se abateu sobre o Partido dos Trabalhadores, denunciado por Roberto Jefferson, em que malas de dinheiro de um empresário mineiro eram levadas a Brasília para o PT comprar o voto de parlamentares. Os josésdirceus, os genoínos, o próprio Lula foram todos discípulos aplicados de Lenin, que os ensinou a mentir candidamente, desde que os meios justifiquem o fim maior que todos têm em mente a implantação do totalitarismo socialista, não só na sociedade brasileira, mas em toda a América Latina.

Informações sobre o onagro sãopaulino, sonegadas criminosamente pela mídia, podem ser obtidas clicando em "Foro de São Paulo", na homepage do Mídia Sem Máscara, onde o leitor encontrará antigos textos sobre o Foro hoje não mais disponíveis no site oficial do monstrengo pan-americano. Como convém a todo ato criminoso, as pegadas e as digitais do onagro foram apagadas das páginas virtuais.

Para o Foro, tudo é justificado para atingir o objetivo. Vale repetir pela enésima vez que, para isso, seus líderes valem-se da máxima de Lenin, sem escrúpulos de consciência, de que "a verdade é preconceito pequeno-burguês e que uma mentira é justificada pelo fim". Está explicado porque líderes como Lula já se locupletam com a mentira e o embuste há tanto tempo.

 

Notas:

(1) CDR - Comité de Defensa a la Revolución (Comitê de Defesa da Revolução Cubana). A partir dos 14 anos de idade, todos os cubanos são obrigados a aderir ao CDR. "Cerca de 8 milhões de cubanos são membros do comitê de defesa da revolução de seu quarteirão, dirigido por um presidente, um responsável pela vigilância e um responsável ideológico. Além de seu papel de vigilância dos inimigos da revolução e dos anti-sociais, os cerca de 120 mil comitês que controlam o país constituem uma grande força de impulsão para mobilizar o bairro por ocasião das reuniões e desfiles para defesa da revolução, afirmam os textos oficiais" (in A Ilha do doutor Castro, pg 55). Não é de admirar que o povo cubano vá em massa às ruas para apoiar Fidel Castro; ninguém teria coragem de contestar "el comandante". Nas eleições para presidente, Fidel costuma ter 100% dos votos dos delegados uma marca que, certamente, nenhum Papa teve até hoje.

(2) OLAS - Organización Latinoamericana de Solidaridad: no dia 16 Jan 1966, 1 dia após o término da Tricontinental, em Havana, Cuba, as 27 delegações latino-americanas reuniram-se para a criação da OLAS, proposta por Salvador Allende. O terrorista brasileiro Carlos Marighella foi convidado oficial para a Conferência da OLAS em 1967. Ola, em espanhol, significa "onda"; seriam, pois, ondas, vagalhões de focos guerrilheiros espalhados por toda a América Latina, como disse o próprio Fidel Castro: "Faremos um Vietnã em cada país da América Latina". Após a Conferência, começam a surgir movimentos guerrilheiros em vários países da América Latina, principalmente no Chile, Peru, Colômbia, Bolívia, Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela. A OLAS, substituída pela JCR, tem sua continuidade no Foro de São Paulo (FSP) e no Fórum Social Mundial (FSM).

(3) La Piñata - Conflito causado pela "expropriação" de cerca de 5.000 propriedades de nicaragüenses e estrangeiros, na Nicarágua, durante o Governo sandinista de Daniel Ortega (1979-1990), quando os guerrilheiros transferiram bens confiscados durante a Revolução para si próprios, a exemplo de Daniel Ortega, que se apropriou de uma mansão de US 1,5 milhão. O termo "piñata" refere-se à tradição mexicana de distribuição de presentes no fim das festas de crianças. O Brasil também criou sua "piñata", ao retirar do erário o equivalente a mais de US 40 milhões de dólares para "doar" a familiares de terroristas mortos ou desaparecidos.