FORMAÇÃO PROFISSIONAL COMO PRÁTICA DE ENSINO

Por Jedida Melo | 03/08/2018 | Educação

FORMAÇÃO PROFISSIONAL COMO PRÁTICA DE ENSINO

ARIADNE LINS DA SILVA & IVANI SANTOS

Prof.ª Dra. Jedida Melo

Introdução

O que se avalia através da pesquisa “Estágio docente: formação profissional, preparação para o ensino ou docência em caráter precário?” é a escassez de preocupação com a formação do docente, o qual acaba obtendo apenas um “saber prático”, uma “semiformação”. Algo que se perpetuou historicamente no cenário brasileiro, essa ausência tem se demonstrado cancerígena para o desenvolvimento pedagógico.

Desde o princípio histórico nacional, a prioridade da formação de professores é a pesquisa, faltando a ela a contemplação do desenvolvimento didático do docente, transformando-se em um “professor pesquisador”. Pode-se constatar tal enunciação através do fato de que, até 1999, não se tocou no assunto de estágio para alunos de pós-graduação stricto sensu. Ao finalmente definir esse estágio, a base se deu apenas no saber prático, em detrimento dos saberes teóricos. Percebe-se, assim, uma sobreposição da imagem do pesquisador sobre a imagem do professor.

Esse processo, presente no meio acadêmico, tem se demonstrado nocivo não somente à formação dos professores, mas também à formação de todo profissional, cujo conhecimento e, assim, competência no exercício de sua profissão depende do que é absorvido em sala. Sob esse aspecto, como os professores não tem uma forte base didática, a transmissão de seus conhecimentos é danificada. Portanto, como consequência, seus alunos acabam obtendo lacunas preocupantes no processo de aprendizado.

Desenvolvimento

Na abordagem do texto a experiência mostra que não é suficiente simplesmente a substituição do professor orientador, sem preparo adequado, pois além de comprometer a qualidade do ensino de graduação e a formação de mestres na pós-graduação, torna precária a execução da docência.

Ademais, esse sistema atual provoca uma cultura de descaso ao ensino nas universidades, uma vez que os professores que atravessaram esse cenário em sua formação,

por não haver essa preocupação com a didática, muitas vezes criam seus próprios métodos de ensino, completamente esquizofrênicos, causando prejuízos ainda maiores aos discentes, que de tanto presenciarem isso no ambiente universitário, chegam a desmotivar-se ou até mesmo a desistir do curso.

O que torna esse cenário ainda pior, é que sua perpetuação é absurdamente facilitada pela própria natureza do ambiente em que se encontra. Isso porque, por falta de prioridade com a propagação de conhecimento, é inevitável que não exista uma evolução nos métodos pedagógicos, que dependem do indivíduo o qual não passou por nenhuma discussão ou formação adequada e especializada no desenvolvimento da qualidade dos métodos de ensino e relações aluno-professor.

Sob esse aspecto, evidencia-se o erro deste modelo ao reforçar a ideia de que se deve aprender a ensinar ensinando. O resultado, professores ineficazes didaticamente preparando futuros docentes a perpetuação dessa falha tão presente e atual no meio das universidades brasileiras.

Conclusão

O que se compreende da realidade brasileira quanto à formação docente é uma espécie de sabotagem interna por falta de acomodação e amadorismo que só conservam as falhas e perpetuam-nas. Gerações de estudantes são afetadas e então fragilizadas. Criam-se pontos de estrangulamento que tornam ainda mais tortuosos os caminhos para o aprendizado. O conhecimento como o conhecemos e como é perpetrado acaba se tornando chato, enjoativo e desestimulante. Sofrem os alunos, os professores e o país, que não desenvolve suas potencialidades acadêmicas. Talvez agora dê pra identificar o porquê de nenhuma universidade brasileira, apesar de termos duas (USP e Unicamp) entre as cinco melhores da América Latina, ter prêmio Nobel.

Como mudar este status quo? Relembrando aos professores a essência do que é ser professor, para que eles saiam de zonas de conforto que criaram como forma de se defender e passem a cobrar mais de suas instituições. Das instituições... O equilíbrio entre a teoria e a prática. Não queremos enciclopédias ambulantes. Queremos líderes que inspirem a construção, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do saber, não detentores do saber. Criar uma formação continuada e equilibrada é essencial à redução do Hiato entre o bom teórico e o bom professor.

Referência Bibliográfica

JOAQUIM, N. F., BOAS, A.A.V; CARRIERI, A.P. , Estágio docente: Formação Profissional, preparação para o ensino ou docência em caráter precário?. Educ. Pesqui. vol.39 no.2 São Paulo April/June 2013

Artigo completo: