O Curso de Pedagogia no Brasil um breve histórico

Izabel Delgado da silva Matos

O Curso de Pedagogia no Brasil um breve histórico

A formação inicial de professores, a qual me refiro é a formação de professores do Curso de Pedagogia. Considerando que a primeira fase da Pedagogia teve seu início no ano de 1939 e se estendeu até a reforma universitária de 1968, estudos de Maciel e Neto (2011) apontam que a primeira fase foi configurada pelo “esquema 3+1” ou seja, com a duração de três anos no primeiro momento com formação em bacharel, e no segundo momento estudos voltados a práticas com duração de um ano formavam o licenciado. Era uma formação que se dava no período de três anos para o bacharel, mas com a possibilidade de mais um ano de estudos para a licenciatura.

Ainda com base nestes estudos, abordo a segunda fase, que vai da reforma universitária até a LDB de 9.394/96. O Curso sofreu mudanças e passou a ser regulamentado pelo parecer n°252, as habilitações profissionais foram instituídas e os alunos tiveram a opção de escolher se tornarem especialistas em algumas áreas do trabalho escolar. Conforme Maciel e Neto (2011, p.16) “em ambas as fases, é notória a inspiração epistemológica no paradigma da racionalidade técnica”. Percebe-se então que a atuação do professor centrava se ao domínio do conteúdo e a técnica para a aplicação tendo em vista que a formação inicial tinha a capacidade de suprir a necessidade da formação dos profissionais da educação.

Concluindo estas fases, de acordo com o pensamento dos autores, o Curso de Pedagogia estruturou-se em ambas as fases de maneira conteudista e fragmentária. A primeira, de base teórica com profissionais

atuando de forma técnica e a segunda relacionada ao magistério, com as funções da realidade escolar desempenhando funções como a docência, administração, supervisão, orientação educacional e outras.

No entanto, a formação de professores tendo como referência o Curso de Pedagogia tornou-se transitória ao passar de uma realidade técnica para uma função específica, levando um ensino para a construção do conhecimento. Assim partindo da promulgação da LDB n°9.394/96, o que antes era concebido como conhecimento nocional e imutável, passa-se a partir de então a ter uma nova visão, no sentido de construir o conhecimento e relacionar-se com o ambiente e com as mudanças que ocorreram em relação ao papel da escola e conhecimento escolar na formação de professores.

Gatti (2009) desenvolvendo pesquisas sobre as licenciaturas aborda a respeito da pedagogia, como sendo um Curso que apresenta grandes fragilidades desta forma, salienta que:

A estrutura e o desenvolvimento curricular das licenciaturas, entre nós, aí incluídos os cursos de pedagogia, não têm mostrado inovações e avanços que permitem ao licenciando enfrentar o início de uma carreira docente com uma base consistente de conhecimentos, sejam os disciplinares, sejam os de contextos sócio-educacionais, sejam os das práticas possíveis, em seus fundamentos e técnicas. (GATTI, 2009, p. 95)

 

E possível perceber diante da afirmação da autora que o Curso precisa ser mais inovador, ter uma formação que venha propor ao licenciando um vasto conhecimento para o ingresso na prática, desta forma o professor pode se sentir mais preparado para lidar com os desafios. Propor disciplinas que venham contemplar e enriquecer o conhecimento do graduando, ainda que os mestres da universidade se esforcem, a realidade é que ainda sim sentiremos a necessidade de faltou algo, enquanto aprendizado ou conhecimento, diante do ofício e responsabilidade inerentes à função de ser professor, sabe-se que para isso não existe receita pronta, mas com base nas teorias encontradas e nas práticas desenvolvidas é que vamos aos poucos nos constituindo professores.

Apresento assim a matriz curricular do Curso de Pedagogia da UFMT/CUR, uma vez que meu interesse parte em saber se a mesma contempla em sua matriz a formação, o uso das tecnologias. Diante do assunto discorrerei um pouco sobre o Curso de Pedagogia, com foco na matriz curricular do ano de 2009.

O Curso de Pedagogia tem sua trajetória na cidade de Rondonópolis-Mato Grosso, primeiro com a criação do Centro Pedagógico de Rondonópolis (CPR) oferecendo simultaneamente os cursos de Ciências e Estudos Sociais, na forma de Licenciatura Curta, iniciou suas atividades em maio de 1976. Hoje denominado Câmpus Universitário (CUR).

O Câmpus teve sua criação e homologação em de 31 de março de 1976 com a resolução n°01/76 do Conselho Universitário da Universidade Estadual de Mato Grosso, a partir de então ocorreram muitas mudanças, mas é com base no Projeto político do curso (PPC) de 2009 que apresentarei a história do Curso de Pedagogia da UFMT/CUR de Rondonópolis.

Assim de acordo com o PPC da UFMT/CUR de 2009:

 

O Curso de Pedagogia do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Universitário de Rondonópolis, desde 1981, data de sua implantação, tem passado por reformulações, derivadas, obviamente, das preocupações apresentadas pelos seus professores quanto a essas exigências e em função das demandas locais e regionais apresentadas. (UFMT/CUR, 2009 p.9)

 

De acordo com o PPC, os primeiros cursos funcionavam inicialmente em algumas salas de aula da Escola Estadual Adolfo Augusto de Moraes e no Salão Paroquial da Igreja Santa Cruz e, posteriormente, na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Joaquim Nunes Rocha. Já o curso de Ciências Contábeis encontrou lugar no prédio da APAE. Com a criação de novos cursos foi necessário a exigência da construção de uma sede própria para o Centro, ocorrendo, em abril de 1983, a inauguração da primeira etapa do prédio e a transferência dos cursos existentes para as novas instalações.

Com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) o Curso passou então por reestruturação em sua organização, estabelecendo assim formação do pedagogo:

 

[...] para atuar na Educação Básica, especificamente na Educação Infantil, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, em conformidade com o que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia – Resolução CNE/CP N° 1, de 15 de maio de 2006. (UFMT/CUR, 2009, p.3)

 

A partir dessa reestruturação, com o intuito de melhorar a formação do professor e de prepará-lo para lidar com as exigências estabelecidas, o Projeto Político do Curso (PPC) da UFMT/CUR apresentou como objetivo geral:

Garantir a formação de competências profissionais relativas aos cuidados, educação, ensino, pesquisa e gestão formando, para tanto, o professor reflexivo, autônomo, criativo flexível e consciente da necessidade de continuar a investir na sua formação (UFMT/CUR, 2009, p.27).

Sobre o exposto acima, os professores precisam estar mais abertos às novas propostas de ensino, de maneira autônoma e criativa, com a finalidade de propor um ensino com responsabilidade e de forma reflexiva. Além de tudo isto, o professor ainda tem que inovar suas aulas e lidar com a tecnologia que avança cada vez mais em nossa realidade.

Após este breve histórico em que a instituição passou por muitas reformulações, para melhoria do ensino, meu foco recai na matriz curricular, a partir de 2009, com o intuito de saber se a mesma contempla de alguma maneira o ensino para a utilização dos recursos tecnológicos em sala de aula, propondo ao aluno uma aprendizagem significativa.

No capítulo seguinte busco saber se a matriz curricular do Curso de Pedagogia UFMT/CUR contempla o ensino da tecnologia para educação.

Referências 

UFMT/CUR – Universidade Federal de Mato Grosso. Graduação em Pedagogia – Licenciatura: Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Rondonópolis, MT: UFMT/CUR, 2009.

MACIEL, Lizete Shizu e Bomura; NETO, Alexandre Shigunov. Orgs. Formação de professores passado presente e futuro.2.ed.São Paulo: Cortez,2011.

GATTI, Bernadete A. Formação de professores para o ensino fundamental: estudo de currículos das licenciaturas em pedagogia, língua portuguesa, matemática e ciências bilogicas. São Paulo: FCC/DPE,2009.