Formação continuada e o processo de desenvolvimento profissional de professores
Por Adailson Sena | 24/06/2011 | HistóriaFormação continuada e o processo de desenvolvimento profissional de professores
Adailson dos Santos Sena
RESUMO
Este artigo tratará a respeito da formação dos docentes. Como ponto de partida reflexões sobre o processo formativo dos educadores e futuros professores para a mediação do processo ensino-aprendizagem. Nesse aspecto, o professor torna-se um dos principais atores dessas mudanças, portanto, sua formação e sua prática tem sido e continua sendo motivo de estudo.
Percebemos que a profissão de professor é muito árdua, mas que para quem realmente quer fazer a diferença vai em busca de novas possibilidades de incluir em sua prática novas metodologias, que irão contribuir no seu trabalho e na qualidade do ensino. Entre essas alternativas incluem os processos de formação, como a história de vida de alguns professores, alguns que decidem entrar na carreira somente pelo fato de não ter outra opção, outros porque gostam , amam a profissão. Nesse sentido há necessidades de refletir sobre essa prática docente e a partir do momento que há uma reflexão sobre as experiências de vida já esta havendo uma relação com o processo de formação.
A formação teórica e a prática poderão contribuir para o melhoramento da qualidade de ensino visto que as mudanças sociais que poderão gerar transformações no que tange ao ensino-aprendizagem são decorrentes de um ensino de qualidade, onde será necessária uma qualificação profissional e pessoal.
Nesse sentido os educadores poderão refletir sobre sua prática e a partir daí procurar aperfeiçoamentos que poderão ser cursos de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado ou até mesmo palestras, seminários, leituras de livros entre eles os de grandes teóricos da educação. A partir do estudo dos mesmos confrontar as idéias, experiências vivenciadas pelos mesmos e fazer a associação com os problemas enfrentados na prática docente a fim de uma resposta para os problemas enfrentados em sala de aula. Por isso, há a necessidade do educador fazer um paralelo entre a teoria e a prática, visto que, um depende do outro.
Sabemos que o educador não é valorizado o suficiente pelo trabalho que desenvolve, no entanto, nem por isso o mesmo deixará de ir em busca de formação para melhor desempenhar o seu trabalho.
Palavras-chave: Formação, Professores, Metodologia, e Ensino de história.
1. Formação e valorização do docente
A formação e o trabalho docente é uma questão importante uma vez que o mesmo deve estar consciente que sua formação deve ser contínua e está relacionada ao seu dia-a-dia, segundo Nóvoa (2003 p.23) "O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola como lugar de crescimento profissional permanente". Para este estudioso a formação continuada se dar de maneira coletiva e depende de experiência, reflexões como instrumentos de análise.
O docente não pode se privar de estudar, grande são os desafios que o profissional enfrenta, mas manter-se atualizado e desenvolver prática pedagógica é indispensável para que haja maior mobilização na formação de professores, é necessário criar condições favoráveis tanto na formação continuada quanto na valorização do mesmo.
Para Romanowski (2009,p. 138)
"A formação continuada é uma exigência para os tempos atuais.Desse modo, pode-se afirmar que a formação docente acontece em continuum,iniciada com a escolarização básica, que de pois se complementa nos cursos de formação inicial, com instrumentalização do professor para agir na prática social, para atuar no mundo e no mercado de trabalho".
As universidades vêm ocupando um papel essencial, mas não é o único, para a formação de professores. O desenvolvimento profissional não corresponde só a cursos de formação de professores mas soma ao conhecimento adquiridos ao longo da vida. A formação não conduz só no saber na sala de aula é preciso garantir uma gestão escolar de qualidade e diversas práticas pedagógicas e na perspectiva histórico, sócio-cultural.
Os docentes precisam de qualificação tanto na área pedagógica como nos campos específicos do conhecimento.A formação inicial deve passar por reformulação profundas .Isso implica em garantir ao profissional um conhecimento básico para a sua atuação no âmbito escolar, pois a aprendizagem ocorre quando por meio de uma experiência mudamos nosso conhecimento anterior sobre uma idéia , comportamento ou conceito.Nesse sentido procuramos sempre adquirir conhecimentos seja através de uma graduação, pós-graduação, seminários , palestras , encontros pedagógicos em fim todos os cursos que venham contribuir para a nossa formação pessoal e profissional.Além disso, colocamos em prática o que aprendemos no exercício da profissão com o desejo de contribuir para um melhor desempenho ,uma melhor aprendizagem dos alunos .
Com efeito,os grandes pensadores tem contribuído muito no processo educacional,sabemos que muitos tem procurado desvendar problemas que ora para muitos profissionais da educação não sabiam como resolver, lidar com determinados problemas enfrentados na prática pedagógica.E é percebível que muitos tem procurado por em prática essas teorias e tem obtido resultado satisfatórios pois sabemos que por trás de cada professor , em qualquer sala do mundo, estão séculos de reflexões sobre o ofício de educar e o trabalho desses profissionais vem sendo desenvolvidos através das idéias desses teóricos que passaram a ser incorporadas a prática pedagógica desses profissionais. Quem não conhece Vygotsky? O teórico que aos educadores interessa em particular os estudos sobre o desenvolvimento intelectual?
Na teoria de desenvolvimento intelectual de Vygotsky, sustenta que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas.Essa teoria tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento ,sendo essa teoria considerada, histórico social. O conhecimento que permite o desenvolvimento mental se dá na relação com os outros .Nessa perspectiva o professor constrói sua formação , fortalece e enriquece seu aprendizado.Portanto é importante ver a pessoa do professor e valorizar o saber de sua experiência. Nesse sentido para Nóvoa (1997.p.26).
"A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar simultaneamente, o papel de formador e de formando".
Estudos indicam que existe necessidade de que o professor seja capaz de refletir sobre a sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua, voltada aos interesses e das necessidades dos alunos. Nesse aspecto, Freire, (1996, p.43) afirma que : " É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que pode melhorar a próxima prática".Dessa forma há uma necessidade de o educador adequar o conteúdo ao nível cognitivo e a experiência das crianças para que os mesmos possam ser compreendidos por qualquer aluno.
Para maior mobilização de conceito de reflexão na formação de professores é necessário criar condições de trabalho em equipe entre discente.Sendo assim isso sugere que a escola deve criar espaço para seu crescimento .Além de bons salários e de formação adequada é preciso garantir uma gestão escolar competente, onde acabe com o isolamento da sala de aula.Nesse sentido, Shôn (1997,p.87)nos diz que :
(...) O desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto institucional. O professor tem que se tornar um navegador atento a burocracia. E os responsáveis escolares que queiram encorajar os professores a tornarem-se profissionais reflexivos devem criar espaços de liberdade tranquila onde a reflexão seja possível.Estes são os dois lados da questão, aprender a ouvir os alunos e aprender a fazer da escola um lugar no qual seja possível ouvir alunos e devem ser olhados como inseparáveis".
A formação de professores socialmente legitimada é feita em espaços destinados especialmente para esses fins. Trata-se de espaços externos da escola, em tempos que divergem do efetivo trabalho do professor.Nessa mesma linha de pensamento , a formação dos professores é questionada e colocada em xeque sempre que surge um novo método ou uma nova política imposta pelo Estado.
Nesse contexto a consequência mais imediata que o professor é constantemente submetido a cursos de capacitação para aprimorar e reavaliar seus saberes. Carvalho (1990,p.19-20) aponta que, para os investigadores:
Os professores são agentes ativos na construção de sua própria prática ( sem esquecer que estão em interação com os demais e imersos nas limitações da escola ) e que adquirem e utilizam um corpo de conhecimento, as vezes chamado profissional ou destreza, em suas atividades docentes.
O conhecimento profissional docente tem sido caracterizado como complexo dinâmico e multifacetado. O conhecimento de si mesmo e de seu processo pessoal de aprendizagem profissional da docência também tem sido identificado como componente do conhecimento profissional do professor.
De certa forma, o repensar a concepção da formação dos professores, que até pouco tempo objetivava a capacitação, através da transmissão do conhecimento , a fim de que "aprendessem" a atuar eficazmente na sala de aula vem sendo substituído pela abordagem de analisar a prática que este professor vem desenvolvendo , enfatizando a temática do saber docente e a busca de uma base de conhecimentos para os professores, considerando os saberes da experiência.
Considerando que a tarefa do professor tem como característica ser um trabalho interativo, a dificuldade de trabalhar com os saberes formalizados sugere assim contribuir para o aperfeiçoamento da prática docente e formação de professores.FRIGOTTO (1991) discute a necessidade de que a reorganização dos cursos de formação seja pensada num contexto de transformação de todo o sistema escolar, para que tais cursos não tenham que se converter., simplesmente em um espaço de compensação de déficit deixados por uma diferente educação.Dessa forma, FRIGOTTO (1991,p.131 ) afirma que :
[...] A aprendizagem dos professores não começando primeiro dia de sua formação como professor Começa em sua infância, no lar e quando esse futuro professor vai a escola.O mau sistema escolar forma não só maus alunos , como maus professores que, por sua vez , reproduzirão o circulo vicioso e empobrecerão cada vez mais a educação.Hoje, começa-se enfim a reconhecer que uma profunda reforma escolar é necessária, também do ponto de vista da formação do professorado, não apenas do ponto de vista dos alunos. Assim como a reforma escolar não é possível sem mudança da formação docente, esta é impossível desacompanhada de uma reforma escolar.Ambas são interdependentes.Somente a partir da compreensão desses processos será possível repensar os cursos de formação , de modo que possam promovê-los.
Diante disso, se fala muito em educação de qualidade, e que para isso acontecer precisa-se do compromisso de todos para que essas mudanças venham ocorrer de fato .Sabemos que muito já mudou na educação ,principalmente relacionados a formação do educador , onde a maioria não possuía uma formação adequada de acordo com a LDB, hoje já se percebe essa mudança .
No entanto, somente a formação do professor não é o suficiente para a melhoria do ensino, é necessário o desenvolvimento de políticas públicas que visem melhorar todo o sistema educacional, desde : servidores , recursos didáticos infra-estrutura, enfim ,tudo que contribui para melhorar o interesse e o desempenho do aluno na escola.Além disso, é necessário o envolvimento da família, escola e comunidade pois isso também interferem no processo de aprendizagem escolar.
Todos esses fatores, o modo como a família vê a escola e fala dela é um dos principais fatores no processo. Segundo Perrenoud , o valor que a família dá à unidade de ensino, a forma como os pais vivenciaram a própria escolarização e as expectativas em relação aos filhos influem muito no sucesso das crianças.
Dessa forma, é necessário um trabalho em equipe onde a escola possa desenvolver projetos que venham envolver família ,escola e comunidade.Pois sabemos que para uma educação de boa qualidade não depende só do educador ,só da formação continuada dos mesmos , mas de todo o sistema social.
2. Relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem
Atualmente inúmeros estudos têm focalizado aspectos relacionados ao comportamento de alguns professores e a formação dos alunos estabelecida através de uma ligação contínua , estreita e extensa em sala de aula .Uma vez que nós os docentes temos o poder de tomar decisões e influenciar os alunos diretamente e indiretamente .E muitas vezes somos vistos como emissor da informação ,organizador de atividade e realimentador por excelência do sistema educacional.
Nesse sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos nossos alunos.Logo, a relação que traçamos entre nós e os discentes depende fundamentalmente da afetividade, confiança, empatia e respeito entre ambas parte para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem; por outros,SIQUEIRA (2005,p.01),"afirma que os educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor".Assim situações diferenciadas que formamos comum determinado aluno,como por exemplo melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação, norteadas as vezes pelo fator amizade ou empatia , não deveria existir nas atitudes de um formador de opiniões.
Segundo FREIRE (1996,p.96) "o bom professor é o que consegue ,enquanto falar, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento".Sua aula se torna um desafio para manter aluno em sintonia com o que está mediando na sala de aula.Logo não podemos pensar que a construção do conhecimento é individual e sim uma via dupla , onde o professor em sala de aula é um intermediário entre conteúdos da aprendizagem e discente.
Com base na teoria de WALLON (2008,P.68) um teórico que muito contribuiu falando a respeito da afetividade,do social e intelectual diz que:
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A escola é a instituição que tem por finalidade prover atividades para desenvolver esses aspectos.Sendo a educação um fator social, ela deve refletir a realidade concreta na qual esse ser social vive, atua e, muitas vezes procura modificar .A função da educação é integrar a formação da pessoa e a sua inserção na sociedade e, assim, assegurar sua plena realização.Cabe à educação,dessa forma, formar indivíduos autônomos, pensantes, ativos ,capazes de participar da construção de uma sociedade contextualizada .Os métodos pedagógicos não podem ser dissociados desses enfoques , eles devem ser apoiados no conhecimento do aluno e no seu meio, pois "todas as crianças,sejam quais forem suas origens familiares, sociais, étnicas, têm direito igual ao desenvolvimento máximo que sua personalidade comporta.Elas comporta. Elas não devem ter outra limitação além de suas aptidões".
3.Considerações Finais
A escola representa um lugar em constante movimentação e transformação, em que os atores sociais envolvidos no processo educativo são agentes da dinâmica social que ocorre no interior do espaço escolar, em um processo de saberes. Considerando isso é necessário que os mesmos envolvidos procure buscar alternativas que venham a mudar o processo educacional.
Através do estudo das disciplinas formação e profissionalização docente e Teorias cognitivas da aprendizagem contribuíram ainda mais, para a profissionalização docente, visto que o docente precisa está constantemente se atualizando, procurando melhorar sua prática. E através da leitura dos livros e as aulas dessas disciplinas que o docente vai adquirindo mais conhecimento.
O processo de formação continuada, trata-se efetivamente de um processo continuo que toma como partida o saber experiencial dos professores, os problemas e desafios da prática escolar. Nesse contexto a pratica pedagógica estará sempre nesse processo continuo em busca da construção do saber, o que significa a constituição de uma conduta de vida profissional. Tal conduta era conduzir o processo educativo dos níveis da prática reflexiva e da ciência aplicada.
A importância dessa mudança na prática pedagógica implica a releitura da função do professor como profissional reflexivo e da escola como organização promotora do desenvolvimento do processo educativo.
A valorização e melhor remuneração que o profissional docente almeja em boa parte de sua formação e atuação inicial como ainda de sua formação continuada além de boas condições de trabalho, salário e carreira.
Munido desses elementos o ambiente dentro e fora da sala de aula dará bons frutos. Essa caminhada em busca de renovação de conhecimento o implicou e se processa durante toda a vida profissional. Esse processo partiu de pressupostos de que o ensino de um nível estreita correlação com outros níveis que complete o outro.
Munidos desses saberes elementares, os frutos serão colhidos tanto por parte do docente que estará alcançando seus objetivos quanto ao discente.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, R.Q. e Schmitz, H.O fordismo está vivo no Brasil. novos estudos Cebrap, São Paulo, nº 27, 1990.
FREIRE, Paulo, pedagogia da autonomia: Saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FRIGOTTO, G. Tecnologia, relações sociais e educação. Revista tempo Brasileiro. Rio de Janeiro. Abril. Nº 222. p. 89, maio 2009.
AKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. Curitiba: Ibpex,2008.
ROMANOWSKI, Joana Paulin.Formação e Profissionalização docente. Curitiba: Ibpex, 2007.
LOIOLA, Rita. Formação continuada. Revista nova escola. São Paulo: Editora Abril. nº: 222.p.89, maio 2009.
NÓVOA, Antônio. Escola nova. A revista do Professor. Ed. Abril. Ano. 2002, p,23.
NÓVOA, Antônio (Cood.) professores e sua formação Lisboa-Portugal, D, Quixote. 1995.
SENA, Adailson dos Santos. Pós-graduado em Metodologia do Ensino de História e Geografia pela Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER). Licenciado Pleno em História pela Faculdade de Itaituba/PA e Professor de História na mesma Instituição e Professor de ensino Médio.
-Pós-Graduando em Docência do Magistério no ensino superior pela Faculdade de Itaituba.
SIQUEIRA, Denise de Cássia Trevisan. relação professor- aluno : uma revista crítica. Disponível em: conteúdo escola. Acesso em 14 de março de 2005.