FORMAÇÃO CONTINUADA DOS COORDENADORES PEDAGÓGICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: Desafios e possibilidades
Por Vanessa França de Jesus | 27/08/2019 | EducaçãoFORMAÇÃO CONTINUADA DOS COORDENADORES PEDAGÓGICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: desafios e possibilidades
Vanessa França de Jesus[1]
Gisela de Moura Bluma Marques[2]
RESUMO
Formação continuada é sempre um tema em discussão quando se trata de educadores. Geralmente, é função do Coordenador Pedagógico promover, na escola onde trabalha, os mecanismos que permitem uma formação continuada reflexiva de qualidade. No entanto, quando se trata do próprio Coordenador Pedagógico, como fica sua formação continuada? Em especial no Ensino Fundamental II, quais dificuldades que esse profissional enfrenta? Este trabalho traz uma reflexão acerca da identidade profissional do Coordenador Pedagógico, e trata da formação inicial nos cursos de Pedagogia que respaldam sua prática na coordenação pedagógica, uma vez que, a formação inicial prepara o profissional para a docência e não para a gestão pedagógica. Essa pesquisa é de base bibliográfica e a luz de diversos autores, dialoga com a realidade de Iaçu, cidade do semiárido baiano, tendo em vista as dificuldades que muitos profissionais encontram ao exercer sua profissão.
PALAVRAS-CHAVE: 1 Coordenador Pedagógico. 2 Pedagogo. 3 Formação Continuada.
INTRODUÇÃO
A formação continuada, constantemente, tem sido tema de pesquisa, debates e reflexões sobre a prática dos docentes nas escolas por vários teóricos e estudiosos no Brasil. Geralmente, se destaca a relevância dessa formação continuada como essencial para a organização da escola e da qualidade do ensino oferecido nas instituições públicas e particulares.
Entre os muitos atores participantes na escola, um educador se destaca nesse processo: o Coordenador Pedagógico. A este profissional cabe a tarefa árdua de prover a formação continuada dos docentes e garantir a qualidade da formação pedagógica, deles e inclusive dos discentes.
Vale a ressalva, pois, o problema que motivou esta pesquisa que inquieta muitos profissionais da área é: Como prover a formação continuada dos docentes, enquanto se mantém num processo constante de formação-reflexão-ação-reflexão, principalmente no Ensino Fundamental II, onde se tem muitas disciplinas para o coordenador pedagógico contribuir com a formação continuada dos docentes?
Enquanto, coordenadora pedagógica em Iaçu, cidade do semiárido baiano, entendi a necessidade de formação continuada específica para a função que exerço, pois a formação inicial dada ao pedagogo não oferece subsídios suficientes para sua prática. A inquietação citada, permeia o grupo de coordenadores pedagógicos do Ensino Fundamental II do município, que enfrentam dificuldades para realizar a formação continuada e, também, auxiliar os docentes nas muitas áreas de conhecimento sem mencionar as outras “tarefas” que este profissional assume na escola.
Portanto, torna-se imprescindível refletirmos acerca da formação inicial e continuada do coordenador pedagógico. Propõe-se neste trabalho de conclusão de curso a reflexão sobre alguns aspectos dessa profissão objetivando entender: os desafios da formação inicial do Coordenador Pedagógico nos cursos de Pedagogia; a formação continuada do Coordenador Pedagógico e os desafios no Ensino Fundamental II, bem como o discernimento sobre a prática e as expectativas da formação continuada deste profissional.
1 DESAFIOS DA FORMAÇÃO INICIAL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
A atuação do Coordenador Pedagógico como profissional da educação ainda é um papel confuso dentro das escolas pela multiplicidade de tarefas. Muitas vezes, ele acaba sendo àquele que faz de tudo um pouco dentro da escola (assessora no planejamento, substitui professores, auxilia no financeiro e administrativo, intermedia sempre com os pais, assiste na merenda, na portaria, soluciona problemas de indisciplina, entre outros) e, por vezes, não consegue “dar conta de nada”. Em alguns momentos, fica tão sobrecarregado de atividades que deixa de ter clareza do papel que realmente deve exercer. Portanto, para entender melhor tudo isso, analisar a formação inicial desse especialista é de suma importância, sendo que normalmente, os cursos de Pedagogia não preparam o profissional especificamente para a Coordenação Pedagógica, pelo contrário, às vezes, nem se quer, há uma disciplina que trate da temática. Visto que é um curso superior de 3 visão ampla, o tempo destinado aos estudos da função de coordenação pedagógica é muito reduzido e não há estágios que permitam ao cursista o contato com essa parte da profissão do pedagogo (SOUZA, 2013). Ao pesquisar sobre o histórico dos cursos de Pedagogia, nota-se que, no decorrer de sua história, já preparou indivíduos para exercerem diversas funções relacionadas ao pedagógico como: técnicos em Educação, especialistas e bacharéis (BRZEZINSKI, 1996). Porém, o curso de Pedagogia, geralmente, na conjuntura atual, prepara os sujeitos para atuarem principalmente, como professores na educação formal (Infantil e Séries Iniciais) e para atuarem em espaços não-formais o que inclui em sua formação, a gestão. Assim, estudiosos que discutem a formação do pedagogo e do coordenador pedagógico, como Libâneo (2004), Pimenta (2011) e Rossetto (2012), que ainda complementam [...] “outras atuações do pedagogo que não somente o espaço da educação formal e informal, mas também, a educação informal que não apresentam conscientemente uma intencionalidade educativa”. (ROSSETTO; BAPTANGLIN, 2012, p.4). Diante deste amplo rol de formações creditadas ao curso de Pedagogia, enquanto formação inicial é preciso questionar sua identidade e, consequentemente, a do Coordenador Pedagógico. Desta forma, quando pensamos no Coordenador Pedagógico e na função que exerce na escola, percebem-se as idiossincrasias da formação inicial desse sujeito. Pois, para exercer essa profissão na escola, ele precisa estar ciente de sua função, que segundo Paiva (2001) apud Pires (2004, p.182) coloca que: A função primeira do coordenador pedagógico é planejar e acompanhar a execução de todo o processos didático pedagógico da instituição, tarefa de importância primordial e de inegável responsabilidade e que encerra todas as possibilidades como também os limites da atuação desse profissional. (PAIVA, 2001, p.3). Sendo assim, sua responsabilidade é todo processo pedagógico da instituição escolar, em especial, a formação continuada de professores e o Projeto Político-Pedagógico. Porém, devido à falta de formação inicial que garanta ao Coordenador Pedagógico transparência das demandas de sua profissão, sobretudo, a própria legislação (Federal, Estadual e Municipal) atribui-lhe muitas obrigações, além disso, não há clareza sobre a identidade desse profissional. Temos, portanto, uma “crise de identidade”, uma vez que, não se sabe ao certo o que faz este “individuo”: se é supervisor, inspetor, orientador ou coordenador no espaço escolar. 4 Considerando-se tantas demandas abarcadas pelo curso de Pedagogia, é possível perceber o porquê da identidade do curso ainda está em discussão, pois diante de tantas formações já atribuídas e mudanças na legislação que ocorreram ao longo do tempo, principalmente na década de 1990, no que diz respeito à formação inicial, visto que, precisa de uma identidade definida. Tendo em vista os fatores abordados, busca-se realizar uma análise mais detalhada dos cursos de Pedagogia à luz das mudanças na Legislação Brasileira que afetam diretamente a função coordenadora nas escolas brasileiras. [...]