FLORESTA DE VÁRZEA E MATA DE IGAPÓ DO AMAPÁ

Por Emanuel Silva Cavalcante | 21/06/2011 | Ambiental

FLORESTA DE VÁRZEA E MATA DE IGAPÓ DO AMAPÁ
Emanuel Cavalcante
Pesquisador da Embrapa Amapá

O Estado do Amapá está localizado no extremo norte do Brasil, entre as coordenadas geográficas 4º 15? 50? de Latitude Norte (Cabo Orange-Oiapoque) a 1º 13? 54? de Latitude Sul (Foz do Rio Jari-Vitória do Jari); e 49º 52? 54? (Cabo Norte ? Amapá) a 54º52? 30? de Longitude Oeste (Nascente do Rio Jari- Laranjal do Jari). Limita-se ao a Noroeste (NW) com o Suriname e Guiana Francesa, a Nordeste (NE) com o Oceano Atlântico, a Sudeste (SE) com o sistema de ilhas Estuarinas do Rio Amazonas e a Sudoeste (SW) com o Estado do Pará.
Pela interação dos componentes do meio físico e biótico, em diferentes escalas espaciais e temporais, originam-se os ecossistemas e as grandes unidades paisagísticas. Assim, considerando-se os macrocenários que compõem o espaço amapaense, seus ecossistemas predominantes podem ser assim visualizados: a) unidade da paisagem florestal (floresta de terra firme, floresta de várzea, mata de igapó e manguezal) e b) unidade da paisagem campestre (cerrado e campo de várzea).
No Estado do Amapá, a floresta de várzea ocupa aproximadamente 4,8% da superfície do Estado. Corresponde a paisagem típica da bacia hidrográfica da amazônica e ocupa os terrenos recentes da margem esquerda do Canal Norte do Amazonas e grande parte das áreas de influência dos principais rios que entrecortam a região.
Fisionomicamente, a floresta de várzea é marcada pela presença de espécies de alto porte e pela riqueza de palmeiras, que constituem um dos elementos mais característicos desses ambientes.
Na funcionalidade desse ecossistema, destaca-se a periodicidade de seu regime de inundação, que em maior grau, é ocasionado pelo movimento das marés. Submetida a esta condição, a floresta de várzea caracteriza um sistema de fluxo de energia aberto, onde a natureza e o condicionamento de suas águas, originam um modelo particular de reciclagem do substrato, enriquecido a cada maré pelas descargas de sedimentos fluviais.
Guardada as devidas proporções, este ecossistema apresenta alta biodiversidade, elevada riqueza em essências econômicas e uma marcante função social, tendo em vista as facilidades que oferece para as práticas extrativistas e, consequentemente, para o processo de ocupação e uso dos recursos naturais necessários à subsistência das populações residentes. Essa característica, que em muito influenciou o modelo de ocupação ribeirinha, ainda hoje persiste na forma intensificada da exploração indiscriminada. Assim, a extração seletiva de madeiras e o abate de açaizeiros (Euterpe oleracea Mart.) constituem em demandas ambientais preocupantes, pelos riscos que representam tanto para o equilíbrio do ambiente quanto para a sustentabilidade das populações ribeirinhas, pela diminuição do aporte de matéria prima comercial e da própria suplementação alimentar.
Por fim, pelo grau de vulnerabilidade que marca toda a fisiográfia e funcionamento desse ecossistema, maior atenção deve ser dada ao controle dos níveis de interferência, à intensidade e forma de manejo de suas espécies, de modo a garantir maior proteção ao seu equilíbrio dinâmico.
O termo igapó, conceitualmente na Amazônia, designa ambientes muito especializados, caracterizados pelo regime de alagamento permanente ou pelo menos com alto grau de encharcamento do solo durante todo o ano.
Algumas condições básicas podem ocorrer para originar a formação de igapós: 1- diz respeito aos entornos de nascentes de rios e igarapés silvestres; 2- refere-se às áreas de influência da variação da lâmina d?água em rios de águas transparentes; 3- diz respeito a locais transicionais entre áreas deprimidas e a terra firme. Em todos os casos, a vegetação é marcada por acentuado grau de endemismo, denotando muitas adaptações morfológicas, dentre as quais se destaca a intensa produção de raízes aéreas e adventícias.
Os igapós, no Estado do Amapá, são representados por áreas disjuntas, de difícil precisão de seus limites e dimensões, com grandes limitações naturais em termo de uso e ocupação, e por conseqüência, não resistindo, até o momento, de grandes pressões predatórias.

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